• Quem somos
  • Escola Astroletiva
  • Contato

Constelar

Um olhar brasileiro em Astrologia

  • Astrologia Aplicada
    • Cinema e TV
    • Comportamento
    • Esporte
    • Literatura e Arte
    • Personalidades
    • Saúde
  • Comunidade
    • Astrólogos
    • Memória
    • Multimídia
    • Profissão
    • Livros
  • Técnica
    • Bases
    • Novas Propostas
    • Símbolo e Mito
    • Teoria
    • Tradicional
  • Colunas
    • O Céu e Você
    • Agenda
    • Fernando
  • Astrologia Mundial
    • Brasil
    • História e Cultura
    • Mapas nacionais
    • Previsões
    • Presságios
Você está em: Home / Técnica / Símbolo e Mito / São Jorge, Ogum e a Lua como campo de batalha

São Jorge, Ogum e a Lua como campo de batalha

23/04/2019 por Fernando Fernandse

Por que a cultura popular atribui o domínio da Lua a São Jorge, o santo guerreiro? E por que um santo tão vinculado a Marte e ao princípio masculino combateria o dragão exatamente sobre a superfície lunar?

Este artigo é uma sequência de:

  • Marte, Umbanda e o simbolismo dos pontos de Ogum

Tanto no Catolicismo Popular quanto no sincretismo da Umbanda as figuras de São Jorge e de sua versão afro-brasileira, Ogum, são marcadamente marciais. Contudo, são frequentes as associações do santo guerreiro e do orixá vencedor de demandas a doces figuras femininas, como neste ponto (cantiga litúrgica) umbandista:

São Jorge e o DragãoCavaleiro supremo,
mora dentro da lua.
Sua bandeira divina,
manto da Virgem pura.

A lenda de São Jorge, que teve origem no Império Bizantino e espalhou-se por toda a Europa durante a Idade Média, atribui-lhe o domínio da Lua, onde ele estaria em permanente combate com o dragão. É interessante notar que o símbolo da Lua, do ponto de vista astrológico, não é o desenho da Lua Cheia, mas do Crescente, que é formado por dois semicírculos. Enquanto o círculo – o Sol – representa o espírito enquanto instância permanente e perfeita, o semicírculo é a alma, ou seja, o espírito ainda submetido às experiências da evolução, aprisionado nas sombras da própria ignorância e no vendaval das paixões ainda não dominadas. A Lua não tem brilho próprio, apenas refletindo a luz do Sol. Da mesma forma, para tomar de empréstimo uma concepção do pensamento hinduísta, a alma que perambula nas experiências de aprendizagem expressa apenas um reflexo provisório de sua verdadeira identidade, que só brilhará de forma pura quando o espírito transcender o ciclo das reencarnações e alcançar os planos mais elevados da absoluta ausência de forma.

Sol e Lua, o casal divino de todas as religiões

Há um ditado do Catolicismo Popular que afirma que Maria é o atalho para Jesus. Da mesma maneira, muitos astrólogos medievais viam a Lua como um caminho para o Sol, assim como, na concepção hinduísta, a vida sob o domínio da emoção e dos sentimentos é a etapa necessária para a vida no plano da criação pura. Voltando aos astrólogos da Idade Média, era comum em textos da época a referência ao mundo sublunar para falar da mutável e inconstante realidade terrena, em contraste com a atemporalidade da perfeição espiritual simbolizada pelo Sol. Em todas as religiões antigas, Lua e Sol constituem um casal divino, cujo melhor exemplo é o mito de Ísis e Osíris no Egito. No sincretismo afro-brasileiro, a associação é com Iemanjá e Oxalá, identificados, aliás, com Nossa Senhora e Jesus Cristo.

São Jorge e o Dragão, Portinari

A eterna luta do Bem contra o Mal inspirou uma infinidade de grandes pintores. Aqui, São Jorge e o Dragão – pintura de Cândido Portinari, 1943.

Mas por que razão Ogum, orixá de conotação nitidamente masculina, assim como São Jorge, santo militar e pertencente a um universo dominado pelos homens, surgem tão frequentemente relacionados à Lua e aos orixás femininos das águas, como Iemanjá e Oxum? Há, pelo menos, duas explicações possíveis: em primeiro lugar, as demandas que Ogum enfrenta pertencem todas ao domínio das paixões inferiores, como o ódio, a inveja, o ciúme e o egoísmo. A Lua, cuja permanente mudança de fases bem representa a instabilidade da alma humana, é o campo de batalha onde os instintos precisam ser vencidos para que brilhe a natureza solar. Em segundo lugar, podemos lembrar o princípio da complementaridade dos opostos: masculino e feminino são polaridades que não podem existir de forma exclusiva, sem a complementaridade do outro polo.

Guerras de orixás: processo de integração interior

Ogum, que carrega consigo tantas qualidades positivamente masculinas, como a força, a coragem, a energia do fogo e a carga de agressividade necessária para qualquer realização, precisa do tempero da receptividade, da doçura, da paciência e da devoção, atributos femininos dos orixás das águas. Sem esse tempero, o resultado é desequilíbrio. Os mitos africanos, ao mostrarem um Ogum guerreiro, violento, destruidor e, ao mesmo tempo, incapaz de compreender a alma feminina (ele perde, sucessivamente, suas esposas para Xangô), não estão falando verdadeiramente do orixá, mas de sua manifestação imperfeita e desequilibrada no próprio ser humano. Na medida em que as qualidades precisam ser integradas e harmonizadas, os conflitos míticos entre os orixás dramatizam exatamente a luta por essa integração interior, na busca da totalidade psíquica.

Ogum e Oiá

Nos mitos iorubanos, Ogum é um princípio masculino divorciado do feminino, como revelam seus combates míticos com Oiá, ou Iansã, uma versão africana da deusa grega Atena.

Por outro lado, o Ogum do sincretismo afro-brasileiro, que trabalha harmoniosamente associado a Oxum e Iemanjá, como demonstram os pontos, já expressa uma concepção mais integrativa do que aquela presente nas lendas iorubanas. É Marte em aspecto fluente com Lua, Vênus e Netuno.

O ponto atribui uma característica feminina à bandeira de São Jorge: não é mais o estandarte de guerra, mas o próprio manto da Virgem. Em todos os pontos em que Ogum aparece associado ao princípio feminino, seja sob a forma da Virgem Maria, de Iemanjá ou de Oxum, o sentido é sempre o da força dirigida pela sabedoria, a energia de luta colocada a serviço da misericórdia. Trata-se, portanto, de um belo simbolismo que reúne elementos das tradições cristã e iorubana.

Leia também:

  • Marte, do Ares grego ao São Jorge cristão
  • Ogum, Marte com roupagem africana
  • Marte, Umbanda e o simbolismo dos pontos de Ogum

Curso online: TRÂNSITOS, O MAPA EM MOVIMENTO – Início: 8 de maio. Inscrições abertas.

Trânsitos, o mapa em movimento

Curso online: INTERPRETAÇÃO DO MAPA SEM HORÁRIO – Início: 7/8 – Inscrições abertas

Interpretação de Mapas Sem Horário

Explore também:

Iansã, a guerreira do vento

Biden, Trump, Kamala e o mito da Medusa

Cosme e Damião, as crianças do outro mundo

Arquivado em: Símbolo e Mito Marcados com as tags: 2001, Lua, Marte, mitologia, religião

Sobre Fernando Fernandse

Jornalista, astrólogo, educador e profissional de RH. Editor de Constelar e diretor da Escola Astroletiva, pioneira na formação a distância em Astrologia. Foi Diretor Técnico do SINARJ - Sindicato dos Astrólogos do Estado do Rio de Janeiro. Nascido Fernando Fernandes, trocou as letras da última sílaba para não ser mais confundido com seus 87 homônimos. Veja a relação completa de artigos ou entre em contato com Fernando Fernandse.

Escola Astroletiva 2024

Seções

  • Astrologia Mundial
  • Astrólogos
  • Bases
  • Brasil
  • Cinema e TV
  • Colunas
  • Comportamento
  • Esporte
  • Fernando
  • História e Cultura
  • Literatura e Arte
  • Livros
  • Mapas nacionais
  • Memória
  • Multimídia
  • Novas Propostas
  • O Céu e Você
  • Personalidades
  • Presságios
  • Previsões
  • Profissão
  • Saúde
  • Símbolo e Mito
  • Teoria
  • Tradicional
  • Email
  • Facebook
  • Twitter

ACERVO 1998-2013

  • Arquivo por edição
  • Arquivo por autor
  • Índice Temático

Nuvem de Assuntos

1999 2000 2001 2002 2004 2007 2008 2011 2012 América Latina antiguidade Brasil cultura de massa eleições epidemias Estados Unidos Europa Futebol graus simbólicos Grécia guerras história Islamismo Júpiter lunações Marte mitologia Música Netuno perfis Plutão política previsões Psicologia Região Sul religião retificação Rio de Janeiro Saturno São Paulo tragédias trânsitos Urano Vênus Ásia

CONSTELAR, ANO 27

Constelar é um site voltado para a difusão da astrologia de boa qualidade produzida por autores brasileiros e do mundo latino. Em atividade desde 1998, reúne um dos maiores acervos em língua portuguesa. Logomarca: representação pré-histórica das constelações de Virgem-Libra, Pedra do Ingá, PB.

Últimos artigos

  • PC Farias, uma vida rocambolesca contada nos trânsitos
  • Américo Vespúcio e a certeza de um novo continente
  • Nana Caymmi, a voz de Touro na casa 4
  • O avesso do avesso: São Paulo, cidade aquariana
  • E foste um difícil começo: um mapa para São Paulo

Copyright © 2025 · Constelar, um olhar brasileiro em Astrologia · Editor: Fernando Fernandse · Terra do Juremá Comunicação Ltda.

Copyright © 2025 · Metro Pro Theme em Genesis Framework · WordPress · Login