
Em 1993 PC Farias era o foragido da Justiça mais conhecido do Brasil. Os trânsitos explicam.
PC Farias, o braço-direito de Collor
Paulo César Farias, conhecido como PC Farias, foi um empresário alagoano que ganhou notoriedade por atuar como tesoureiro na campanha eleitoral de Fernando Collor de Mello, em 1989. Ficou nacionalmente conhecido por diversos negócios escusos e pela comprovação de seu envolvimento no escândalo de corrupção que levou ao impeachment de Collor, em 1992.
Em 19 de junho de 1993, na iminência de ir para a prisão, PC foge do país num avião bimotor. Passa por várias cidades do interior até chegar a Assunção, no Paraguai, e posteriormente a Buenos Aires, de onde desaparece.
Em outubro de 1993 é localizado em Londres, mas, por mais uma vez, consegue evitar a prisão fugindo para a Tailândia. Em 29 de novembro é preso em Bangcoc (mas não vestido de mulher, como jornais da época chegaram a publicar) e trasladado de volta para o Brasil, para cumprir pena.
Em junho de 1995 consegue progressão para o regime semiaberto. Em 23 de junho de 1996 a polícia encontra os corpos de PC e de sua namorada numa casa de praia perto de Salvador. Ao que tudo indica, um duplo assassinato, jamais totalmente esclarecido.
A ousadia no mapa de um virginiano

PC Farias – 20.09.1945, 04:55 -03:00 – Passo de Camaragibe, AL – 035w29, 09s14.
Paulo César Farias tinha tanto o Sol quanto o Ascendente em Virgem, dando a Mercúrio um destaque excepcional: além de estar em domicílio e dispor do Sol e do Ascendente, é um planeta angular e ocupa a casa 12, aquela das situações que se deseja que permaneçam ocultas. Nada mais adequado para o homem que chegou a ser, em meados dos anos noventa, o foragido mais famoso do Brasil. Júpiter natal está na casa 1, conjunto a Netuno (desaparecimentos) e em quadratura com Marte na casa 10 (a autoridade policial).
Júpiter e Netuno na casa 1, em Libra, mostram PC como um homem amante do luxo, dos ambientes sofisticados, sendo ele próprio um homem de hábitos refinados (Júpiter rege a casa 4, mostrando que PC tinha raízes na oligarquia de sua terra natal). A quadratura com Marte na casa 10 tornava-o um homem ousado e aventureiro, apto para utilizar o intelecto (Marte rege a casa 3) para planejar ações (Marte outra vez) fraudulentas (Netuno).
O Sol, mesmo estando na casa 1, rege a casa 12, falando de alguém capaz de atuar muito bem nos bastidores. PC foi a sombra que administrou os esquemas financeiros que impulsionaram a candidatura de Fernando Collor. Para isso, utilizou toda a sua competência de economista virginiano: eficiente, minucioso e workaholic.
Os trânsitos em ação: sucesso e temeridade
Durante o primeiro semestre de 1989, já na campanha eleitoral de Collor, PC usou de todos os artifícios para levantar recursos em larga escala para a campanha (Júpiter, o exagerado), parte dos quais acabou desviada para o caixa 2. Quando Júpiter em trânsito fez conjunção com Urano natal na casa 9, PC estava envolvido na montagem da famosa Operação Uruguai, um esquema fraudulento que permaneceu encoberto durante algum tempo. O trânsito de Júpiter a Urano indica a disposição para jogadas criativas e de alto risco.
No início do segundo semestre de 1989, Júpiter cruza o Meio do Céu e transita pela casa 10 de PC Farias. Paralelamente, Urano em trânsito fecha uma quadratura T com a quadratura natal entre Júpiter e Marte. Ei-lo absolutamente envolvido com a atividade pública (casa 10) e atuando a todo vapor como tesoureiro da campanha. Trata-se de uma função que guarda relação com a casa 8, regida por Marte, na medida em que administra o dinheiro de terceiros (financiadores, doadores).

Trânsitos do início de julho de 1989 sobre o mapa natal de PC Farias: sua influência está no auge (Júpiter em trânsito no MC), mas Urano já começa a formar a quadratura T com Júpiter, Netuno, Quíron e Marte natais.
Esta quadratura T onde Urano em trânsito ativa simultaneamente Júpiter, Netuno e Marte natais é absolutamente explosiva: a natural disposição de Marte-Júpiter para a aventura e o risco chega a um nível paroxístico e temerário. É o momento em que PC abre a guarda e dá passos excessivamente ousados, que serão depois rastreados e contribuirão para o desgraça política dele e de Collor.
O caminho do fim
Como Urano é um planeta geracional, de movimento lento, a quadratura T dura até o final de 1990, e os resultados logo se farão visíveis: em outubro de 1990 o então presidente da Petrobras, Luiz Octávio de Motta Veiga, denuncia pressões de PC Farias para aprovar um empréstimo de US$ 40 milhões à companhia aérea VASP. Em fevereiro de 1991, logo depois de Urano fechar oposição exata com Marte natal e quadratura igualmente exata com Quíron, surgem as primeiras denúncias de compras superfaturadas. A partir daí será uma sucessão de escândalos, que acabarão levando à renúncia de Collor, em 1992, e à fuga de PC, em 1993.
Passadas as eleições, e com Júpiter em trânsito já na 11, PC Farias recolhe-se a uma discreta atuação de bastidores. Nos primeiros meses de 1990, pouco se ouve falar em seu nome. Os problemas começam a vir à tona quando Júpiter transita sobre Plutão, no final daquele ano (Plutão rege a casa 3, das revelações da imprensa). Aos poucos, vai ficando visível o papel de PC como manipulador de recursos ilegais. É como se Júpiter colocasse uma lente de aumento sobre a natureza das atividades subterrâneas (Plutão) do tesoureiro de Collor.

Mesmo prestando depoimento numa CPI, PC Farias não perdia a elegância.
Já em maio de 1992, o escândalo está formado: Júpiter transita pela casa 12, em oposição à Lua natal de PC Farias, em Peixes, na casa 6, das grandes crises. Na sequência, com Júpiter aspectando sucessivamente vários planetas por conjunção e quadratura, PC é obrigado a gastar rios de dinheiro para montar uma fuga espetacular do país. Viver como um foragido, sob disfarce, já era uma possibilidade indicada pela conjunção natal de Júpiter a Netuno e pelo Sol angular regendo a 12, casa do exílio.
Depois de preso, reconduzido ao país e beneficiado com prisão domiciliar, a misteriosa morte de PC Farias em sua casa de praia, ao lado da namorada, ocorre algum tempo depois, quando Plutão em trânsito, regente da 3 natal (a vizinhança, um local conhecido), entra em órbita de quadratura com a Lua natal de casa 6 (as grandes crises). A morte acontece perto de Maceió, cidade que ele conhecia muito bem, sendo muito provável que seus assassinos também tenham sido recrutados no entorno. Um fim rocambolesco para uma vida igualmente rocambolesca.
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