
Fundação de São Paulo por Oscar Pereira da Silva, 1909. O padre Manuel da Nóbrega celebra a missa. Manuel de Paiva e José de Anchieta, ao fundo, benzem indígenas.
Do semanário Santuário de Aparecida, de 8 de junho de 1980 (ano 80 n° 3955) — edição especial dedicada a José de Anchieta:
José de Anchieta nasceu em São Cristóvão da Laguna, na Ilha de Tenerife, Arquipélago das Canárias, no dia 19 de março de 1534. Ingressou na Companhia de Jesus no dia 1° de maio de 1551. Junto aos jesuítas, após alguns meses de noviciado, teve problemas de saúde, agravados pela queda de uma escada sobre as costas, que lhe causou defeito físico para o resto da vida.
Em 13 de julho de 1553 chegou à Bahia, no Brasil, e na véspera do Natal desse ano aportou em São Vicente. Inácio de Loiola acabava de designar o Padre Manuel da Nóbrega para Provincial no Brasil, com a missão cuidar da formação de futuros missionários na piedade e nas letras.
Depois da festa da Epifania começou a casa de estudos do sertão de Piratininga, aos cuidados do Superior Manuel de Paiva e de José de Anchieta, que ia como mestre de humanidades de doze companheiros, entre padres, estudantes e noviços.
De acordo com esse texto, os padres começaram a construir a casa de estudos, onde seria celebrada a missa que consagraria o local ao apóstolo São Paulo, logo depois da festa da Epifania. Ou seja, os padres, inclusive Anchieta, chegaram ao local poucos dias após seis de janeiro, com tempo para construir a casa para a solenidade do dia 25.
Essa situação é muito mais plausível que aquela imaginada por um historiador, onde os padres teriam saído de Santo André no mesmo dia dessa missa, a tempo e com situação física para rezá-la, em local que não conheciam e que teria sido construído e preparado para a missa não se sabe por quem.
Palavras do próprio Anchieta, conforme o semanário Santuário de Aparecida:
A primeira Missa celebrou-se no dia da conversão de São Paulo, em um altarzinho que para isso se aparelhou, porque não havia ainda igreja: por esta causa se dedicou aquela casa a São Paulo e tem seu nome.
Aureliano Leite, em sua A Historia de Sam Pavlo , diz:
Aos 8 de setembro deste mesmo ano (1553), Santo-André da Borda do Campo (*) é promovida a vila e exerce o posto de alcaide-mor [um posto semelhante ao do atual prefeito] e capitão o luso João Ramalho.
Em Dezembro de 1553, governando o Brasil Duarte da Costa, desembarcam em São-Vicente, vindos da Bahia, os Padres Manuel de Paiva, José de Anchieta e outros, aos quais se confia a catequese dos indígenas da Capitania.

Assim devia ser a cabana que sediou, em 1554, o colégio dos jesuítas, primeira construção de São Paulo.
Mais tarde o colégio foi ampliado, ganhando pouco a pouco a aparência atual.
No ano seguinte (1554), passa pela localidade Ulrico Schmidt, aventureiro alemão, que, no seu regresso à Europa, faz imprimir notável relato sobre a região.
Aos 25 de Janeiro de 1554, funda-se São Paulo dos Campos de Piratininga, que começa em torno de um pequeno rancho coberto com folhas de palmeiras (com 14 pés de comprimento e 10 de largura), o qual serve ao mesmo tempo de residência de Anchieta e seus 12 companheiros, colégio e igreja. Só depois, seriam iniciadas, e porventura concluídas aos 1556, as definitivas construções de taipa. [LEITE, Aureliano. A Historia de Sam Pavlo, em Breve Resumo Chronologico, desde MD a MCMXXX. SP, Livraria Martins, 1944. A citação está na página 13.]
Neste ponto, Aureliano Leite insere a seguinte nota:
Baseado na informação de Diogo Ordonhez, reproduzida por Augusto de Saint-Hilaire (São Paulo nos tempos coloniais, tradução de L. Pereira), admitimos, em Pequena História da Casa Verde, o levantamento de dois pequenos ranchos em torno dos quais nasce o povoado paulopolitano. Acrescente-se que Anchieta profetiza então que aquele povoado, anos depois cercado de muro, com guaritas e portas trancadas a cadeado, haverá de ser a maior metrópole da metade meridional do continente americano.

Mais tarde o colégio foi ampliado, ganhando pouco a pouco a aparência atual.
São Paulo com Ascendente Aquário?
São Paulo, pelo que consta, é a única cidade que foi criada a partir de um lugar de ensino, ou seja, a partir de uma escola. Admitindo-se que a consagração do local a São Paulo, durante essa primeira missa, tenha se dado em torno das 6 horas da manhã (LMT), tem-se a seguinte carta astrológica para a cidade (figura SP-2):

São Paulo – carta especulativa para 6h LMT, segundo Raul V. Martinez. – 25.1.1554 – 046w37, 23s32.
- O Sol, Mercúrio e Marte, em Aquário, sobre o Ascendente.
- Sol, regente da VII — associações.
- Mercúrio, regente da V e da VIII — ensino, educação, transformação.
- Marte, regente da III e corregente da X — bandeirantes, comunicação, liderança.
- Urano, dispositor desses astros na IX, em Libra, próximo da Lua — equilíbrio cosmopolita.
- Saturno na cúspide da II, em Peixes — ganhos e realizações sólidas, com muito esforço; com componente pisciano ou oceânico.
- Plutão, regente do Meio do Céu, na I — a macrocidade.
- Júpiter na VIII, regendo a XI — grandes projetos e transformações.
- Netuno na III/IV, regendo a II, em oposição ao Meio do Céu — meios de transporte e locais caóticos; ganhos enganosos ou exagerados.
Imagens simbólicas
Seguem-se as imagens simbólicas do grau do Ascendente da hipótese SP-2, da Volosfera e do Calendário Tebaico.
A primeira indica solidariedade em uma situação trágica, e um componente estranho — um burro tentando ler. A segunda também é bem estranha.
Aquário 19. Sobre o mar encapelado, um barco desamparado, ao qual se agarra, por uma mão, um homem, a cabeça ainda fora d’água, e tendo a outra mão em gesto de supremo apelo a um homem que se aproxima correndo. Sobre a praia, um asno parece tentar ler uma inscrição gravada em grandes letras sobre uma pedra tombada.
ou — Um homem decapitado, levando sua cabeça na mão.
(*) Nota que não consta do livro de Aureliano Leite — A distância de Santo André a São Paulo é de 18 km por estrada de ferro e de 20 km por estrada de rodagem — conforme o Livro dos Municípios do Estado. O caminho, em 1554, certamente era maior que esses atuais. Os padres e as mulas de carga provavelmente poderiam percorrê-lo em pouco mais de 6 horas, incluindo algumas paradas inevitáveis. O local onde D. Pedro I proclamou a Independência, no Ipiranga, fica em torno do último quarto desse percurso.
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