• Quem somos
  • Escola Astroletiva
  • Contato

Constelar

Um olhar brasileiro em Astrologia

  • Astrologia Aplicada
    • Cinema e TV
    • Comportamento
    • Esporte
    • Literatura e Arte
    • Personalidades
    • Saúde
  • Comunidade
    • Astrólogos
    • Memória
    • Multimídia
    • Profissão
    • Livros
  • Técnica
    • Bases
    • Novas Propostas
    • Símbolo e Mito
    • Teoria
    • Tradicional
  • Colunas
    • O Céu e Você
    • Agenda
    • Fernando
  • Astrologia Mundial
    • Brasil
    • História e Cultura
    • Mapas nacionais
    • Previsões
    • Presságios
Você está em: Home / Técnica / Símbolo e Mito / Iansã, a guerreira do vento

Iansã, a guerreira do vento

04/12/2024 por Fernando Fernandse

Dezembro é o mês em que se comemora, na cultura afro-brasileira, Iansã ou Oiá, orixá feminino sincretizado com Santa Bárbara. Conheça o mito, seu significado e as correspondências astrológicas.
Iansã

Representação de Iansã em ilustração estilizada (fonte: site https://www.axenews.com.br/)

Iansã, ou Oiá, é um orixá feminino, deusa do Rio Níger, na África, cujo nome iorubano é Odo Oya. Considerada em alguns mitos como filha de Iemanjá, é a divindade dos ventos e das tempestades, sendo, na tradição africana, o único orixá capaz de enfrentar os egungun (espíritos desencarnados, em geral, e, em especial, os mais atrasados). No Brasil é mais conhecida como Iansã, termo que significa mãe dos que habitam os nove espaços do plano espiritual.

Há, em verdade, uma série de lendas que mostram Iansã, uma das esposas de Ogum, como uma guerreira ardente e impulsiva, mãe de nove filhos, o que provocou o ciúme das outras esposas de seu marido. Tendo de enfrentá-las, Iansã transformou-se em búfalo e matou-as. Em seguida, entregou os chifres a seus filhos, orientado-os para que, em caso de necessidade, batessem os chifres um contra o outro, para que ela viesse socorrê-los.

O dom de Iansã para transformar-se em búfalo, ou proteger-se sob a pele deste animal, pode ser entendido, em termos míticos, como uma referência à capacidade de criar uma couraça de guerra. As  falanges de entidades que atuam na linha de Iansã são descritas na Umbanda como aquelas que descem às regiões inferiores para enfrentar, em seus próprios redutos, os espíritos mais perigosos e sombrios, com vistas a realizar trabalhos de resgate e de neutralização do mal. Nessa descida, o espírito precisa proteger-se e adaptar-se ao ambiente mais pesado, criando em torno de si uma capa vibratória de natureza mais densa.

A descida aos infernos, um mito universal

Neste ponto, o mito africano não difere em essência daqueles encontrados em outras tradições religiosos — do Egito ao Cristianismo, passando por Grécia e Roma. Em todas, são recorrentes os relatos de descida aos infernos, de resgate de almas perdidas no inframundo e de libertação de seres aprisionados. Na própria literatura espírita de orientação kardecista, que tem uma base filosófica europeia e profundamente racional, estes exemplos também são recorrentes. Basta lembrar a obra do espírito André Luiz, psicografada pelo médium Chico Xavier, que contém inúmeros relatos desta técnica de atuação socorrista.

Santa Bárbara sendo degolada.Já na tradição brasileira, a identificação de Iansã é com Santa Bárbara, uma figura cuja existência histórica jamais foi claramente comprovada. Segundo a lenda, seria uma virgem filha de um cidadão romano da província da Bitínia (atual Turquia), no século III, que afrontou o próprio pai e as autoridades do império ao aceitar a fé cristã.

Seu destino teria sido o martírio e, quando sua cabeça foi cortada e rolou no chão, um poderoso trovão fez tremer a terra enquanto um relâmpago cortava o céu, fulminando o pai da condenada. Por isso, é invocada em Portugal e no Brasil como protetora contra tempestades, relâmpagos e trovões. Na verdade, os únicos pontos de contato entre os mitos africano e cristão são as tempestades e e o espírito de independência, que não admite imposições.

O papel de Iansã no universo religioso

Iansã faz parte, portanto, da tropa de choque dos orixás que conduzem as lutas pela redenção dos espíritos estacionados no mal e responsáveis pelos chamados processos obsessivos e atos de magia negra. Por isso, é tão comum na Umbanda cantar para Iansã no decorrer de trabalhos de desobsessão.

Há outra lenda iorubá que explica de maneira diferente a relação entre Iansã-Oiá e o número nove. Ogum, marido de Oiá, possuía uma vara mágica, feita de ferro (metal que lhe está associado), que tinha a propriedade de dividir em sete partes os homens e em nove partes as mulheres que tocasse. Em sua oficina de ferreiro, Ogum confeccionou outra vara idêntica e deu-a de presente a Oiá. Algum tempo depois, porém, Oiá fugiu com Xangô e foi perseguida pelo furioso marido traído. Quando se encontraram, entraram em combate com suas varas mágicas, dividindo-se Ogum em sete parte e Oiá em nove. Por isso ela é chamada de Iansã, termo composto de duas palavras iorubanas: Iá ou Inhá (mãe) e messan (nove).

É o conhecimento dessas lendas que explica por que, no Brasil, Ogum Mejê (termo iorubano que significa o Ogum que é sete, ou o Ogum de Sete Partes) é considerado guardião dos cemitérios e colaborador de Iansã.

Na mitologia grega, há relatos da mesma natureza que opõem dois deuses que também viviam aos tapas: a poderosa Atena, que reunia força e inteligência, e o brutal Ares, um guerreiro que se lançava cegamente ao combate, com fúria incontrolável. Não é preciso lembrar que Atena sempre levava vantagem sobre Ares, havendo, inclusive, variantes do mito que se assemelham ipsis litteris aos detalhes da narrativa iorubá.

Os bantos de Congo e Angola e os iorubás da Nigéria e do Benin tinham divindades de sentido análogo, se bem que cultuadas com nomes diferentes. Matamba é o nome da divindade dos povos bantos que corresponde à Oiá-Iansã dos iorubá. O culto a Matamba praticamente desapareceu no Brasil, sobrevivendo, porém, em alguns pontos (cantigas) de Umbanda e nos candomblés da nação angola-congo.

Quer a chamemos de Oiá, Iansã ou Matamba, não faz diferença: ela será sempre o orixá dos ventos e das tempestades, que promove a limpeza através de poderosas descargas de energia através do elemento Ar.

Correspondências astrológicas: Urano e elemento Ar

Astrologicamente, existe uma forte correspondência entre Iansã e o planeta Urano, regente moderno de Aquário, cuja ação está ligada, entre outros conceitos, ao despertar da consciência. São os trânsitos de Urano que levantam a poeira na vida dos acomodados e provocam o ímpeto necessário para a realização das grandes transformações. Urano simboliza o rompimento com a mesmice, com o conservadorismo, e a abertura para o novo. Urano e Iansã têm muita afinidade com momentos em que as velhas e carcomidas estruturas sociais criadas pelo egoísmo, pelo sectarismo e pelo apego à tradição dão lugar a formas de vida mais fraternas e solidárias.

tempestada

Iansã simboliza as energias transformadoras que desarrumam situações estagnadas e oxigenam a vida.

É um processo que tanto pode acontecer de forma violenta e destrutiva (Revolução Francesa, por exemplo) quanto através das ações mais elevadas, no espírito do ideal cristão do amai-vos uns aos outros.

Não há como traçar correlações automáticas entre o simbolismo astrológico e o dos orixás, mas é inegável que há muitos pontos de contato entre o arquétipo africano e os valores associados a Urano e aos signos de Ar, especialmente Aquário e Libra. Por outro lado, o modus operandi de Iansã tem também um toque taurino: é um orixá encouraçado.

No sentido estrito, nem todos são filhos de Iansã. Contudo, ela representa um princípio universal, que faz parte da psique da humanidade. Todos precisamos da energia que ela representa, para que possamos crescer interiormente. Essa energia, quando vivenciada de maneira pouco amadurecida, não passa de turbulência e de rebeldia sem sentido. Contudo, quando bem direcionada e utilizada de forma construtiva, torna-se o vento que espalha as sementes do futuro e a tempestade benéfica que, ao limpar a atmosfera contaminada com o entulho do passado, permite-nos vislumbrar o sol do crescimento interior.

Curso online: Astrologia Vocacional – Início: 18 de junho. Inscrições abertas.

Astrologia e Trabalho

Explore também:

Biden, Trump, Kamala e o mito da Medusa

Cosme e Damião, as crianças do outro mundo

Como interpretar o planeta Éris?

Arquivado em: Símbolo e Mito Marcados com as tags: mitologia, religião, Urano

Sobre Fernando Fernandse

Jornalista, astrólogo, educador e profissional de RH. Editor de Constelar e diretor da Escola Astroletiva, pioneira na formação a distância em Astrologia. Foi Diretor Técnico do SINARJ - Sindicato dos Astrólogos do Estado do Rio de Janeiro. Nascido Fernando Fernandes, trocou as letras da última sílaba para não ser mais confundido com seus 87 homônimos. Veja a relação completa de artigos ou entre em contato com Fernando Fernandse.

Comentários

  1. Marcelo Parker diz

    04/12/2024 em 14:28

    Boa tarde, Fernando. Em dezembro também tem o dia de Oxum (8) e Obaluaê (17).

    • Redação Constelar diz

      04/12/2024 em 20:30

      O de Oxum já está na pauta, Marcelo, obrigado por lembrar!

Escola Astroletiva 2024

Seções

  • Astrologia Mundial
  • Astrólogos
  • Bases
  • Brasil
  • Cinema e TV
  • Colunas
  • Comportamento
  • Esporte
  • Fernando
  • História e Cultura
  • Literatura e Arte
  • Livros
  • Mapas nacionais
  • Memória
  • Multimídia
  • Novas Propostas
  • O Céu e Você
  • Personalidades
  • Presságios
  • Previsões
  • Profissão
  • Saúde
  • Símbolo e Mito
  • Teoria
  • Tradicional
  • Email
  • Facebook
  • Twitter

ACERVO 1998-2013

  • Arquivo por edição
  • Arquivo por autor
  • Índice Temático

Nuvem de Assuntos

1999 2000 2001 2002 2004 2007 2008 2011 2012 América Latina antiguidade Brasil cultura de massa eleições epidemias Estados Unidos Europa Futebol graus simbólicos Grécia guerras história Islamismo Júpiter lunações Marte mitologia Música Netuno perfis Plutão política previsões Psicologia Região Sul religião retificação Rio de Janeiro Saturno São Paulo tragédias trânsitos Urano Vênus Ásia

CONSTELAR, ANO 27

Constelar é um site voltado para a difusão da astrologia de boa qualidade produzida por autores brasileiros e do mundo latino. Em atividade desde 1998, reúne um dos maiores acervos em língua portuguesa. Logomarca: representação pré-histórica das constelações de Virgem-Libra, Pedra do Ingá, PB.

Últimos artigos

  • Bussunda, o humor jupiteriano dos Cassetas
  • Um mago na Lua Cheia em Sagitário
  • Sete pontos sobre Lilith
  • Paquistão e Índia, os gêmeos briguentos
  • Lua Nova de Gêmeos: a irresponsável leveza do cisne

Copyright © 2025 · Constelar, um olhar brasileiro em Astrologia · Editor: Fernando Fernandse · Terra do Juremá Comunicação Ltda.

Copyright © 2025 · Metro Pro Theme em Genesis Framework · WordPress · Login