Quem é Bashar al-Assad, o presidente da Síria que, pressionado por um movimento popular por reformas e liberdade, promove um genocídio contra os próprios cidadãos de seu país?
Com seis planetas no eixo Virgem-Peixes, Bashar é um tipo tímido e de olhar assustado, formado em oftalmologia e amante de computadores. Mesmo assim, seu governo tem conduzido um dos mais cruéis massacres do século XXI. Se Bashar não é o responsável direto, tem sido ao menos conivente com o que ocorre na Síria.
Para entender o mapa do tirano, é preciso recorrer à mitologia grega, onde havia dois deuses que destruíam os próprios filhos: o primeiro foi o insaciável Urano (o céu), que obrigava Gaia (a terra) a submeter-se a ele dia após dia. Dessas intermináveis sessões de sexo forçado nasceram inúmeros filhos, alguns deles de aparência terrível e disforme, como os Ciclopes e os Hecatônquiros (gigantes de cem mãos). Temendo o poder desses filhos monstruosos, Urano os encerrou novamente no útero de Gaia, que passou a sofrer dores atrozes.
Para livrar-se do flagelo, Gaia pediu ajuda aos filhos ainda livres, mas só um deles teve coragem para o enfrentamento. Tratava-se de Cronos que, com a cumplicidade da mãe e a ajuda dos irmãos, os Titãs, castrou o pai, separando o céu da terra e tornando-se o primeiro rei dos deuses.
Contudo, uma profecia vaticinava que Cronos seria destronado por um de seus filhos. Temeroso, Cronos passou a devorar todas as crianças gerados por sua mulher, Reia, até que esta conseguiu salvar uma delas, Zeus. Ao crescer, Zeus arrebatou o trono e obrigou o pai a vomitar os outros filhos, ainda vivos. Em seguida, expulsou Cronos do Olimpo para um lugar de sofrimento, o Tártaro. O temível Cronos, retratado na mitologia grega de forma tão negativa, foi reabilitado pelos romanos na forma de Saturno, deus da agricultura.
Aspectos tensos de planetas pessoais com Urano e Saturno podem trazer à tona os sentimentos e atitudes presentes nos mitos. No caso de Urano, a irresponsabilidade com relação aos próprios filhos (ou criações); no caso de Saturno, o medo de perder o trono para alguém mais competente. Em ambos os casos, o comportamento cruel aflora como uma decorrência da necessidade de autopreservação.
Bashar, o mapa e a personalidade
Bashar al-Assad, nascido em Damasco em 11 de setembro de 1965, horário não conhecido, apresenta o Sol e a Lua diretamente envolvidos na configuração mais tensa daquela década: a conjunção Urano-Plutão em Virgem, agravada pela oposição a Saturno em Peixes. Temos aí a problemática do rei que vê seus súditos como monstros ameaçadores (Urano), que os persegue por medo (Saturno) e que lança mão da censura e do aparato policial para mantê-los sob controle (Plutão).
A configuração mais tensa da carta de Bashar envolve os dois planetas comumente associados ao princípio da autoridade e ao papel de pai: o Sol e Saturno. Bashar foi filho de um ditador, Hafez al-Assad, o “Leão de Damasco”, e é provável que tenha recebido do pai pouca atenção e afeto insuficiente. Na verdade, Bashar chegou ao poder quase por acaso. O filho que Hafez preparava para sucedê-lo era o primogênito Basil, de temperamento forte e mais preparado para o comando. Enquanto isso, Bashar levava uma vida mais adequada a seu temperamento Virgem-Peixes, interessando-se por informática, praticando windsurf e estudando medicina no exterior (formou-se em Oftalmologia em Londres).
Em 1994 o irmão Basil faleceu num acidente de automóvel. O presidente Hafez ordenou o retorno de Bashar à Síria e começou a prepará-lo às pressas para sucedê-lo. Ao assumir como presidente, aos 34 anos, Bashar era ainda um aprendiz de ditador — pouco talhado para o cargo, ao que tudo indica.
Entrevistas com políticos sírios que conviveram de perto com Bashar e hoje estão no exílio revelam um quadro bem sintomático: na infância, o atual presidente costumava ser vítima de bullying de seu cruel irmão mais velho, Basil. O pai, que governou a Síria com mão de ferro por trinta anos, só dava atenção ao favorito Basil, relegando Bashar ao segundo plano. Algumas outras informações completam o quadro:
Ele é muito diferente do pai. Hafaz era um líder, o cabeça de todo o regime, enquanto Bashar jamais chegou perto desse perfil. Apesar de visto como líder, na verdade ele apenas segue o que outros integrantes do regime decidem por ele. (Rifaat, tio de Bashar, exilado desde 1984, citado no site whatnewstoday.net).
O problema de Bashar é que ele ouve todo mundo, mas depois nega e esquece. Você discute um problema com ele de manhã e à tarde vem outra pessoa e muda a cabeça dele. Bashar é ao mesmo tempo cruel e indeciso. (Abdel Halim Khaddam, ex-vice presidente da Síria, no mesmo site).
Além do mais, como lembra o tio Rifaat, existe o fator medo: a família Assad pertence à minoria étnico-religiosa dos muçulmanos Alauitas (12% da população) que impõem seu comando sobre a imensa maioria de muçulmanos Sunitas. Para a família al-Assad, a ameaça da deposição advinda de um movimento de massas seria um fantasma sempre presente.
A repressão aos protestos populares na Síria atinge níveis de genocídio, incluindo bombardeios aéreos contra populações civis. Milhares morreram.
Bashar assumiu o poder demonstrando boas intenções quanto à liberalização do regime. Durante um ano, entre 2000 e 2001, permitiu e até mesmo estimulou a livre discussão de ideias políticas em toda a Síria. Dezenas de intelectuais aproveitaram essa abertura para organizar grupos de debate, dos quais começaram a sair propostas de mudança cada vez mais ousadas. Sentindo-se pressionado, Bashar al-Assad fez uma reviravolta: proibiu as discussões políticas, censurou a imprensa e em poucos dias mandou para o cárcere as principais lideranças intelectuais do país.
O terror de ser deposto é consistente com o mapa em que Sol e Lua aparecem diretamente envolvidos em aspectos desarmônicos com Urano, Plutão e Saturno. Não é difícil reconhecer aí manifestações de comportamento paranoide, a dimensão psicológica mais sombria dos contatos Saturno-Plutão.
Quanto à conhecida indecisão de Bashar e suas súbitas mudanças de opinião, basta observar a excessiva ênfase em signos mutáveis: nada menos que sete planetas, incluindo os luminares, sem contar o eixo dos Nodos.
Um ponto de contato com a criadora de Harry Potter
Uma personalidade com mapa semelhante ao de Bashar al-Assad, mas que conseguiu lidar com a problemática da paranoia de forma absolutamente distinta, é a escritora J. K. Rowling, criadora das aventuras de Harry Potter. Rowling, nascida apenas cinco semanas antes de Bashar, tem a Lua conjunta a Plutão e oposta a Saturno. Ela criou um personagem que enfrenta adversários cruéis e perigos inimagináveis, mas sem deixar-se contaminar pelo ambiente sombrio em que vive.
J. K. Rowling (que também tem sete planetas em signos mutáveis) fez do seu universo Saturno-Plutão-Urano uma aventura estética e uma oportunidade de catarse para o público leitor. Já Bashar al-Assad, frente à mesma configuração, despencou no abismo dos próprios fantasmas que temia. Podia ter sido Harry Potter, mas preferiu incorporar o psicopata Voldemort, transformando-se no carrasco de seu próprio povo.
Nathalia diz
Sensacional!