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MAREMOTO ARRASA OCEANO ÍNDICO E SUL DA ÁSIA

Fernando Fernandes

 

A ilha tailandesa de Phuket (foto), até o dia de Natal de 2004 era um paraíso ecológico onde turistas europeus vinham mergulhar nas águas transparentes. No dia seguinte, tudo estava reduzido a escombros. A força uraniana da tsunami também passara por ali. Em treze diferentes países, o flagelo deixou 150 mil mortos.

Há 40 anos o mundo não via um terremoto assim. Uma acomodação de placas tectônicas a grande profundidade e a 160km da costa de Sumatra desencadeou uma série de tsunamis, ou ondas concêntricas gigantescas que, viajando a enorme velocidade sobre a superfície do Oceano Índico, provocaram devastação e mais de 23 mil mortes em pelo menos nove diferentes países. Foi um desastre de enormes proporções que, em sua fúria destruidora, democraticamente ceifou as vidas de todos que se encontravam no caminho das águas, de pescadores miseráveis a milionários do Ocidente em férias. Os países mais atingidos foram a Indonésia (em cuja costa estava o epicentro do terremoto), Sri Lanka e Índia, mas a violência do fenômeno foi tamanha que ondas de grandes proporções chegaram a atingir a costa do Somália e do Quênia, no litoral africano, seis mil quilômetros a oeste.

O terremoto, de 9,0 graus na escala Richter, foi registrado no domingo, 26 de dezembro de 2004, às 0h58 GMT. As agências internacionais de notícias apresentavam diversos infográficos mostrando a localização do epicentro, cada um com ligeiras diferenças em relação aos demais. Considerando que a cidade mais atingida foi Banda Aceh, no extremo norte de Sumatra, e tomando-a como ponto de partida para a localização aproximada do ponto do Oceano Índico em que o terremoto começou, trabalhamos com as coordenadas de 5°34'N e de 093°E20' para o levantamento de uma carta astrológica. A latitude é a mesma de Banda Aceh, enquanto a longitude difere em apenas dois graus para oeste. Com isso chegamos a um Ascendente em 18°52' de Capricórnio e a um Meio-Céu em 24°31' de Libra, sendo que a margem de erro aqui pode variar em até dois graus, no máximo. Ou seja: o mapa utilizado neste artigo é suficientemente preciso para permitir uma análise detalhada.

Início do terremoto - 26.12.2004, 0h58 GMT - Oceano Índico ao largo da costa de Banda Aceh, Indonésia - 5n34, 93e20.

O Ascendente é Capricórnio mas seu regente, Saturno, encontra-se na casa 7, enfraquecido por estar no signo oposto, Câncer (exílio), e ainda em movimento retrógrado. É um Ascendente adequado para um evento que se dá numa região onde a estrutura geológica (associada a Saturno e Capricórnio) é instável e sujeita a acomodações. Saturno apresenta em quadratura quase exata com o Meio-Céu, mostrando que um problema estrutural (a acomodação de placas tectônicas) estaria na raiz da modificação do destino de milhares de vidas.

Chama a atenção de imediato a presença de seis planetas em signos mutáveis, associados ao movimento, à troca e à adaptação. Um maremoto implica diversos movimentos de adaptação, que começam pelo deslocamento de placas submarinas e ganham dramaticidade pelos reflexos nas regiões costeiras (abalos sísmicos, desabamentos) e pela formação do fenômeno chamado tsunami - ondas gigantescas viajando em alta velocidade e projetando-se sobre o litoral com enorme impacto. Quatro planetas em Sagitário e a presença de seu dispositor, Júpiter, como planeta mais elevado da carta ajudam a entender por que o fenômeno teve tantos traços sagitarianos: a rapidez, a grande extensão geográfica de propagação das ondas, o elevado número de vítimas (Júpiter é o planeta da hipertrofia, dos exageros) e a morte de muitos turistas ocidentais na Tailândia (Sagitário rege estrangeiros, viajantes e ambientes esportivos de lazer).

A grande mesquita de Banda Aceh, cidade da ilha de Sumatra (Indonesia) próxima do epicentro do terremoto e onde se concentrou a maior quantidade de vítimas.

O aspecto tenso mais preciso desse mapa é a quadratura entre Marte em Sagitário e Urano em Peixes. Marte rege a casa 4 (a base, o subsolo) e está num signo mutável e de Fogo - turbulento, portanto. Urano em Peixes tem uma notória relação com maremotos, como veremos a seguir. A quadratura Marte-Urano é considerada, em qualquer circunstância, um aspecto de ação fulminante e violenta.

Outro aspecto que merece toda a atenção é a oposição entre o Sol na casa 12 (dos processos fora de controle consciente) e a Lua na casa 6 (das crises e doenças agudas - inclusive do meio ambiente!). Nem é preciso lembrar que a Lua em Gêmeos é um fator de rapidez e de disseminação, além de que, em Astrologia Mundial, pode ser associada a áreas densamente povoadas (a Lua simboliza o povo, a massa, enquanto Gêmeos simboliza áreas urbanas, caminhos e mercados).

Levantando o mapa da lunação anterior (a Lua Nova que antecedeu imediatamente o maremoto), encontramos a data de 12 de dezembro de 2004. Naquele dia, à 1h28 GMT, Lua e Sol se encontraram na casa 12 sobre as águas do Oceano Índico, com o mesmo Ascendente em Capricórnio e com Lua e Sol em fechada conjunção com Plutão. A casa 12 se associa a Peixes, às águas oceânicas e ao infinitamente grande, enquanto Plutão, na mitologia grega, é Hades, o deus do submundo. Júpiter, regente da 12 nesta carta de lunação, está no Meio-Céu (tal como na própria carta do maremoto). Toda essa ênfase em valores de casa 12 fala de algo que se desdobra em surdina e que se manifesta durante aquele mês lunar, evidenciando (Meio-Céu) algo que não se pode controlar ou que até então se desconhecia.

Lua Nova anterior ao maremoto - 12.12.2004, 1h28min55s GMT - Oceano Índico ao largo da costa de Banda Aceh, Indonésia - 5n34, 93e20.

Quem olharia para o mapa do início do desastre e teria coragem de afirmar tratar-se de um terremoto de vastas conseqüências? Naturalmente, mapas são estruturas simbólicas abertas, que não comportam uma única tradução. Terremoto e tsunami são apenas algumas das possibilidades para a carta em questão. Mas o intrigante é a existência de um forte paralelismo com outro terremoto, também nascido nas profundezas do oceano e também seguido de ondas gigantescas que destruíram cidades inteiras.

O grande terremoto de Lisboa

Atalhos de Constelar 79 - janeiro/2005

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