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História da Astrologia 2: da Idade Média ao Renascimento

10/10/2024 por Cristina de Amorim Machado

Nesta segunda parte da breve História da Astrologia em três capítulos, chegamos à Idade Média. Combatida pela Igreja, a Astrologia floresce entre os árabes, para voltar com toda força à Europa já no Renascimento, após o surgimento da imprensa e das universidades.

Mandala medieval

Este artigo é continuação de História da Astrologia 1: Mesopotâmia, Grécia e Roma

Idade Média: a astrologia e a Igreja

Na alta Idade Média, a astrologia representava uma alternativa à verdade da Igreja, logo, uma alternativa à sua autoridade, sendo providencialmente associada à heresia. Como muitos cristãos acreditavam que as estrelas realmente indicavam o futuro, eles não podiam permitir que os astrólogos tivessem tal conhecimento. O maior problema para a Igreja era a questão do livre-arbítrio. Em suas Confissões, Agostinho ilustra bem essa preocupação:

“Também afirmam [os astrólogos]: ‘Foi Vênus ou Saturno ou Marte quem praticou esta ação’. Evidentemente, para que o homem, carne, sangue e orgulhosa podridão, se tenha por irresponsável e atribua toda a culpa ao Criador e Ordenador do céu e dos astros.” [17]

Dessa maneira, o homem deixaria de assumir a responsabilidade por seus pecados, atribuindo-a aos astros e, consequentemente, a Deus. Com base nesse tipo de argumento, a Igreja tomou medidas duras contra a astrologia, chegando a recomendar a pena de morte aos astrólogos. Dessa maneira, entre os séculos V e X, houve uma diminuição da atividade astrológica na parte oriental do Império e um aparente desaparecimento na parte ocidental.

Entretanto, a literatura astrológica alexandrina que foi preservada mostra que o cristianismo não conseguiu realizar por completo seu intento contra a astrologia. Além disso, manteve-se uma tradição astrológica latina, baseada na tradução de textos gregos de astrologia popular. [18]

Abelardo e Heloísa e Alberto Magno

À esquerda: Detalhe do túmulo de Pedro Abelardo e sua amada Heloísa (tema do poema Abelardo e Heloísa) no cemitério Père-Lachaise, Paris; à direita: Alberto Magno, professor de Tomás de Aquino, em pintura de Tommaso da Modena (1352).

O teólogo Pedro Abelardo (1079-1142), os padres Alberto Magno (1193-1280) e seu aluno, Tomás de Aquino (1225-1274), e o franciscano Roger Bacon (1214-1294) contribuíram com suas ideias acerca da astrologia em relação ao cristianismo para um reavivamento da discussão sobre os fundamentos astrológicos e os problemas do livre-arbítrio. Cabe lembrar que o pensamento de Aristóteles, responsável por “validar” a astrologia por meio da obra de Ptolomeu, foi sendo adotado pela maioria dos pensadores da Igreja e compatibilizado com os pressupostos bíblicos.

[17] AGOSTINHO, S. Confissões/De magistro. Tradução de J. Oliveira Santos, A. Ambrósio de Pina e Angelo Ricci. SP: Nova Cultural, 1987 — p. 56 (Coleção Os Pensadores)
[18] cf. FUZEAU-BRAESCH, S. A astrologia. Tradução de Lucy Magalhães. RJ: Jorge Zahar Editor, 1990 — p. 54

Idade Média: o mundo árabe

A decadência do Império Romano (século V) e a perseguição aos astrólogos levaram a astrologia para o mundo árabe, que pouco a pouco foi se tornando um grande centro cultural e científico. Foram os árabes que conservaram todo o legado astrológico da antiguidade, agregando novos elementos [19] e permitindo que, posteriormente, a astrologia voltasse definitivamente para a Europa, por meio das Cruzadas.

Até o século VIII, é possível identificar no mundo árabe uma cultura perso-helênica influenciada por sírios e judeus. A partir do século VIII, os árabes passaram a ter interesse pela astrologia, começando um movimento de tradução, que culmina nos séculos X e XI, com um grande desenvolvimento das ciências, inclusive da astrologia, principalmente em Bagdá e Alexandria, que foram os grandes centros intelectuais do mundo árabe. Houve também uma presença árabe importante na Europa até o século XV, principalmente na Espanha, devido às invasões mouras. Inúmeras traduções datam desse período. [20]

Os árabes usavam muito a astrologia horária, que é como um oráculo de perguntas e respostas, baseando-se no mapa astrológico da pergunta. Por isso, o islamismo aceitou a astrologia melhor do que o cristianismo, pois essa prática não teria nenhuma relação com o destino do indivíduo. Só para ilustrar, Mash’Allah e Nawbaht calcularam o mapa astral que determinou o dia inicial da construção da cidade de Bagdá (30 de julho de 762) [21], e Albumassar (falecido em 886) envolveu-se profundamente no movimento de tradução, compôs “tratados independentes e estabeleceu a astrologia como uma ciência na nascente civilização islâmica” . [22]

Avicena e Averröes

Esquerda: Avicena, ou ibne Sina (980-1037), erudito persa nascido no Uzbequistão; direita: Averröes, ou Ibn Rushd, filósofo muçulmano do Califado de Córdoba (1126-1198).

Por outro lado, os célebres Avicena (980-1037) e Averröes (1126-1198) hostilizaram a astrologia. Entretanto, Averröes desenvolveu um sistema cosmológico que, por sua base aristotélica, acaba fundamentando as bases da astrologia. Segundo Carlos Ziller Camenietzki [23], a tese da “dupla verdade” também é atribuída a Averröes.

É como se pudessem existir duas verdades diferentes sobre uma mesma coisa, a verdade dos homens e a verdade de Deus. Essa ideia era extremamente polêmica na época, pois invertia os valores sociais. Era inaceitável imaginar que a verdade de Deus não fosse a única verdade. Mas é justamente essa tese a condição de possibilidade para que se consolidem os alicerces da ciência moderna, como veremos a seguir.

[19] Segundo Martins, os árabes foram além de Ptolomeu, fundindo, definitivamente a filosofia aristotélica, a astrologia e a medicina. [cf. MARTINS, R. A. “A influência de Aristóteles na obra astrológica de Ptolomeu (O Tetrabiblos)” in Trans/Form/Ação. SP: 1995 — p. 76]

[20] cf. GUTAS, D. Greek thought, arabic culture. London & NY: Routledge, 1998
[21] ibid. — p. 16
[22] ibid. — p. 109 — minha tradução
[23] CAMENIETZKI, C.Z. A cruz e a luneta. RJ: Access, 2000 — p. 22

Renascimento

Três fatores parecem fundamentais para o boom astrológico desse período: as universidades, a imprensa e a penetração da astrologia mágica de origem árabe.

A partir do século XIII, com a criação das universidades na Europa, a astrologia era lecionada junto com a medicina, pois só assim se acreditava poder conhecer a constituição do paciente. Dessa maneira, foi sendo desenvolvida uma astrologia erudita, que participava das cortes dos soberanos e dos papas.

Em 1453, com o advento da imprensa, as efemérides e tábuas de casas passaram a ser publicadas. Assim, os astrólogos não precisavam mais fazer cálculos difíceis e demorados para estabelecer os mapas, i.e., não precisavam mais ser astrônomos ou matemáticos. Esse fato parece ser relevante para entender a popularização da astrologia nesse período.

Como mencionado anteriormente, no início da Idade Média, manteve-se uma astrologia latina de origem popular [24]. Além disso, com o declínio da expansão árabe, a astrologia misturou-se com elementos mágicos, penetrando na Europa também com um apelo popular.

Em sua contextualização do ideário da Renascença, Alexandre Koyré informa que a astrologia era mais importante que a astronomia, e que os astrólogos gozavam de um status de respeitabilidade, exercendo inclusive funções públicas. [25] Nesse período, a ciência começou a se expandir consideravelmente, estimulada talvez pelo retorno às fontes antigas e pelos grandes descobrimentos.

[24] cf. nota 22 — p. 14
[25] KOYRÉ, A. Estudos de história do pensamento científico. Tradução de Márcio Ramalho. RJ: Forense universitária, 1991 — p. 47

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Sobre Cristina de Amorim Machado

Cristina de Amorim Machado é bacharel em Filosofia pela UERJ, mestre em Filosofia pela PUC-Rio e doutora em Letras pela PUC-Rio. É professora na Universidade Estadual de Maringá (UEM) no Paraná, membro da Academia Celeste e autora do livro O papel da tradução na transmissão da ciência: o caso do Tetrabiblos de Ptolomeu. Desde a graduação, pesquisa a Astrologia e sua relação com as ciências. Veja todos os artigos ou entre em contato com Cristina.

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