IGREJA CATÓLICA, DOS PRIMÓRDIOS AO NOVO PAPA

Os santos e os brutos:
a Igreja de Urano e Plutão

Fernando Fernandes

 

A Igreja Católica e os ciclos Urano-Plutão

Conjunções Urano-Plutão indicam épocas de turbulência e de concentração de riquezas e de poder às custas dos mais fracos ou dos tecnologicamente desatualizados.

Conjunções Urano-Plutão estiveram por trás de momentos decisivos da história da Igreja, como as cruzadas.

Fica evidente a existência de uma constante plutoniana nos momentos decisivos para a constituição da Igreja Católica enquanto estrutura de poder. Tal constatação pode guiar-nos na interpretação do significado do momento atual, em que novo papa está prestes a ser escolhido.

Considerando que todo o conclave provavelmente ocorrerá sob a vigência da lunação de 8 de abril, dia do enterro do papa João Paulo II e também de um eclipse do Sol (não visível na Europa), pode-se comparar o mapa da lunação com os dos três grandes momentos da constituição da Igreja, verificando se as ativações permitem alguma inferência conclusiva.

Pode-se também comparar o mapa da lunação com a última conjunção Urano-Plutão, ou seja, a que inicia o ciclo ainda hoje em desdobramento. A conjunção mais recente aconteceu em Virgem, em meados dos anos 60, e corresponde a uma das maiores revoluções do pensamento católico. Vejamos o que diz a respeito o conhecido site Wikipedia (os destaques são nossos):

O Papa Paulo VI chefiou a Igreja numa época de transição entre as eras pré e pós-Vaticano II. À época [1962-1965] assistiu-se à revisão mais profunda da liturgia católica dos últimos séculos, a mudanças no sacerdócio, e a um mundo em mudança de valores com as taxas crescentes de divórcio, uniões de fato, liberdade sexual e legalização do aborto e das técnicas anti-concepcionais.

Colocando de outra forma: o último ciclo Urano-Plutão começa exatamente com uma tentativa de modernização da Igreja, que renova sua "tecnologia" com vistas a recuperar um público cada vez mais materialista. Mais até do que Paulo VI, a figura uraniana desta fase renovadora foi o Papa João XXIII, que morreu logo depois de convocar o concílio Vaticano II e dar a partida em uma verdadeira revolução na Santa Sé.

Subsidiariamente, pode-se pensar também em comparar a lunação de 8 de abril de 2005 com a última conjunção Saturno-Plutão, ocorrida em 1982. Tal conjunção, que teve lugar nos primeiros anos de pontificado de João Paulo II, corresponde a um momento em que o papa assume o papel de mediador de conflitos internacionais e viaja à Inglaterra e à Argentina na frustrada tentativa de evitar a guerra das Malvinas.

Por que usar o mapa da lunação de 8 de abril?

Lunações (mapas das conjunções Sol-Lua, ou seja, de cada Lua Nova) são tradicionalmente utilizadas para previsões de acontecimentos de natureza coletiva. Levanta-se o mapa da lunação para a sede do país que se quer analisar e considera-se o mapa como um todo: aspectos recebidos por Sol e Lua, casas enfatizadas etc. O alcance de um mapa de lunação é de aproximadamente um mês (até a lunação seguinte).

Ocorre que a lunação de 8 de abril tem importância especial por dois motivos: em primeiro lugar porque correspondeu à data do funeral do papa João Paulo II, um dia único na história recente, pela comoção que provocou no mundo e pela inédita afluência de quase todos os chefes de estado do mundo ao Vaticano; e, em segundo lugar, por ser também um eclipse do Sol, se bem que não visível da Europa. Raul V. Martinez, em artigo para Constelar, diz o seguinte sobre tais fenômenos:

A palavra eclipse vem do grego ekleípsis, que quer dizer desmaio, ou seja, desvanecimento de cor e de brilho, ou ainda desfalecimento, que é a perda das forças e dos sentidos. A astrologia antiga, voltada mais para governantes, atribuía significados parecidos com esses aos eclipses, principalmente aos eclipses solares.

Não é preciso pensar muito para associar o desfalecimento da luz ao funeral do Papa João Paulo II, inegavelmente uma figura de conotação solar ("De Laboris Solis").

Eclipses têm um alcance bem mais amplo do que uma lunação comum, e que se estende até o eclipse subseqüente. No já citado artigo, Raul V. Martinez acrescenta também o seguinte:

Em astrologia mundial, os eclipses são considerados juntamente com as configurações existentes na hora em que ocorrem. (...) A carta do eclipse, neste caso, normalmente é construída para a sede do governo e para o horário da conjunção exata do Sol com a Lua. Essa figura é utilizada como elemento complementar importante das cartas fundamentais da nação, para determinado período após o eclipse.

Pode-se argumentar que o eclipse de 8 de abril não foi visível na Itália, onde está a sede da Igreja. Mas parece-nos, por outro lado, que o impacto da morte do papa transcendeu a questão geográfica, afigurando-se como um evento de natureza global. Portanto, neste caso específico não há como desconsiderar a análise do fenômeno.

Lunação de 8 de abril de 2005, 22h31m53s (+02:00) - Cidade do Vaticano - 41n54, 12e29. Na manhã do mesmo dia ocorreu o funeral de João Paulo II.

Urano é o planeta mais angular do mapa da lunação calculado para o Vaticano. Como esta lunação tem uma força especial - trata-se de um eclipse do Sol - podemos pensar em um conclave onde a ânsia de dotar a Igreja de um sucessor à altura do carisma de João Paulo II leve a uma escolha radical, precipitada ou de um nome que se revele, mais adiante, excessivamente inflexível para lidar com as resistências às próprias ações que a Santa Sé desencadeará. A inflexibilidade pode ser deduzida também da quadratura de Saturno perto da cúspide da 9 à Lua Nova.

Este mapa com ênfase marciana (Escorpião no Ascendente e Sol-Lua em Áries) e uraniana (por angularidade de Urano) é eloqüente ao descrever a possibilidade um conclave polarizado, "quente", dominado por forças que se opõem um tanto cegamente (eclipse), levando a um "colapso da luz". O aspecto que compensa o clima de arena é o compassivo trígono Júpiter-Netuno, mostrando um momento único de entendimento e solidariedade. Como este aspecto também pode indicar fervor místico, o resultado pode ser a escolha, num ato de entusiasmo, de um papa militante que acabe acirrando antigos antagonismos.

Considerando os dois regentes do Ascendente, temos Plutão em Sagitário, signo de Júpiter, e Marte em Aquário em trígono com Júpiter. Há, portanto, também um visível toque jupiteriano nesta carta - mais acentuado ainda porque Júpiter se opõe à Lua Nova!

Júpiter é o próprio significador da atividade sacerdotal. Mostra, também, um ímpeto expansionista, uma atitude "espaçosa", que pode se traduzir por um conclave onde se afirme a idéia de que o novo papa deve ser alguém capaz de ocupar (ou recuperar) territórios.

Júpiter em conflito com Saturno contra um pano de fundo Marte-Urano: eis um retrato adequado para as atuais contradições da Igreja, onde movimentos conservadores e "linha-dura", como a organização Opus Dei, tentam frear a disposição ao compromisso social e à participação política dos setores de vanguarda. A escolha resultante será "nervosa", contribuindo a longo prazo mais para aprofundar divisões do que para unificar a Igreja.

Para conferir estas possibilidades, vamos confrontar o mapa da lunação com os mapas-matrizes da Igreja Católica, a começar pelo do Credo de Nicéia.

A lunação de abril de 2005 e o mapa do Credo do Concílio de Nicéia

Atalhos de Constelar 82 - abril/2005

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