A lunação
de abril de 2005 e o mapa do Credo do Concílio de Nicéia
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Mapa interno e estrutura
de casas: lunação de 8 de abril de 2005. Planetas
no círculo externo: aprovação do Credo
do Concílio de Nicéia, em 19.6.325. |
Plutão, um planeta importante na história
da Igreja Católica e co-regente (junto com Marte) do mapa
da lunação de 8 de abril calculado para Roma, faz
oposição à forte conjunção Sol-Saturno
do mapa do dia em que o Concílio de Nicéia aprovou
o Credo, base da liturgia e marco inicial da organização
do Catolicismo. A igualmente forte conjunção Júpiter-Urano-Plutão
do mapa do Credo ativa Marte (co-regente do Ascendente da lunação),
além de aspectar também Netuno (conjunção)
e Júpiter (trígono).
A combinação mostra uma boa dose de
fluência: uma grande energia expansiva é posta em movimento,
indicando, talvez, um novo papa comprometido com o crescimento do
rebanho católico e com a expansão de fronteiras da
Igreja. Por outro lado, a oposição de Plutão
a Sol-Saturno fala de tensão, inflexibilidade, polarização
radical e risco de destruição de estruturas criadas
na época da própria implantação da Igreja.
A lunação
de abril de 2005 e o mapa da oficialização da Igreja
Católica
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Planetas no círculo
interno: oficialização da Igreja Católica
por Teodósio, em 28.2.380; planetas no círculo
externo: eclipse de 8.4.2005 (dia do funeral de João
Paulo II). A estrutura de casas utlizada deriva do sistema de
casas geodésicas de Sepharial e corresponde às
coordenadas de Constantinopla, onde o decreto imperial foi assinado.
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A comparação do mapa do eclipse de
8 de abril com o da oficialização da Igreja Católica,
no distante ano de 380, mostra um resultado surpreendente: O eclipse
do dia do funeral do papa cai sobre a importante conjunção
Saturno-Plutão do mapa de 380, enquanto o Urano da lunação
cai sobre a conjunção Sol-Netuno de 380. Além
do mais, Marte da lunação forma oposição
ao Ascendente geodésico da oficialização da
Igreja.
No conjunto, esta comparação fala de
um conclave que se realizaria sob forte clima de radicalização,
com resultados inesperados e escolha de um papa que teria de enfrentar
- seja por suas escolhas políticas seja pelas circunstâncias
do momento - pesadas questões relacionadas a violência,
terrorismo e polarizações político-religiosas.
A lunação
de abril de 2005 e o início do poder do pontífice
romano
Quando comparamos a lunação de abril
de 2005 com o período em que se afirma o poder do bispo de
Roma - já agora chamado papa - sobre o restante da Igreja,
temos de nos restringir a trabalhar com o grau em que ocorre a conjunção
Urano-Plutão que dá início ao pontificado de
Leão, o Magno, em 440, já que não temos datas
mais precisas.
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Lunação
de 8 de abril de 2005, calculada para Roma, comparada com a
conjunção Urano-Plutão em 22° de Gêmeos
do ano 440 (início do pontificado do primeiro papa a
ser visto como líder único da Igreja). |
Alguns aspectos aqui são realmente impactantes,
a começar pela oposição de Urano-Plutão
de 440 com a atual posição de Plutão. A destacar
também o quincunce da conjunção de 440 com
o Ascendente da lunação e o grande trígono
que forma com Marte, Netuno e Júpiter.
A escolha do novo papa frente
ao ciclo iniciado pelo Vaticano II
Quando aplicamos a conjunção Urano-Plutão
de 1965 sobre o mapa da lunação de 8 de abril de 2005,
vemos que aquela conjunção, ocorrida em 17° de
Virgem, não chega a formar nenhum aspecto maior com a lunação
do conclave. Contudo, forma quincunces - aspectos de retificação
- com Netuno, Sol e Lua, configurações que permitem
prever que os grandes desafios da Igreja nos anos 60 (modernização
da liturgia, diálogo com os jovens, ecumenismo etc.) voltarão
à tona e serão motivo de muita discussão e
alguns ajustes nos rumos da Igreja.
Já se considerarmos a conjunção
Saturno-Plutão de 1982, cujos desdobramentos ainda vivenciamos,
basta lembrar que aquela conjunção ocorreu em 27°
de Libra, junto à cúspide da casa 12 da lunação
do conclave. Seria talvez uma indicação de que os
cardeais, ao escolherem o novo papa, subestimarão a importância
do tema do terrorismo e do confronto com o fundamentalismo islâmico?
Só o tempo dirá.
Conclusões
O conclave para a escolha do sucessor de João
Paulo II acontece num momento em que a Igreja está muito
mais em ressonância com suas origens e raízes mais
profundas, nos séculos IV e V, do que com temas recentes,
relacionados às últimas conjunções Urano-Plutão
e Saturno-Plutão. De qualquer forma, é Plutão
quem dá a tônica, já que este planeta ocupa
lugar de destaque em todas as comparações do conclave
com os "mapas-matrizes" do Catolicismo.
É como se a Igreja, subitamente privada da
figura de um pai carismático, fosse agitada por uma onda
de motivações arcaicas, remotas, como um cachorro
que de repente resolvesse morder o próprio rabo. Num movimento
circular, o conclave estará sintonizado com as grandes questões
que já assombravam a Igreja naqueles séculos iniciais:
a mistura entre a religião e o poder temporal, o conflito
entre centralização e descentralização
administrativa, as velhas desconfianças entre a Igreja Católica
e a Igreja Ortodoxa, a afirmação dos dogmas e da liturgia
e a discussão de estratégias para o enfrentamento
dos "bárbaros".
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Com os concílios de Nicéia e Constantinopla,
a Igreja ganhou força porque os imperadores romanos precisavam
de uma fé que cimentasse outra vez a combalida unidade do
império. A Igreja nasce numa época conturbada, em
que godos, vândalos, hunos e eslavos ameaçam os grandes
centros da fé. Hoje os "bárbaros" mudaram
de nome, mas o quadro não é diferente. Todas as comparações
mostram um conclave que se encaminha para a escolha de um papa mais
guerreiro e mais "duro" do que seus antecessores. As três
sinastrias diferem nos detalhes, mas concordam ao destacar um tom
de inflexibilidade e de risco de confrontos na gestão daquele
que São Malaquias já chamava, há muitos séculos,
De Gloria Olivae. Ao escrevermos este artigo ainda não
sabemos quem será este personagem. Mas já temos o
suficiente para sabermos que, com ele, a Igreja entrará no
olho do furacão.
Leia outros artigos de Fernando
Fernandes.
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