IGREJA CATÓLICA, DOS PRIMÓRDIOS AO NOVO PAPA

Os santos e os brutos:
a Igreja de Urano e Plutão

Fernando Fernandes

 

A lunação de abril de 2005 e o mapa do Credo do Concílio de Nicéia

Mapa interno e estrutura de casas: lunação de 8 de abril de 2005. Planetas no círculo externo: aprovação do Credo do Concílio de Nicéia, em 19.6.325.

Plutão, um planeta importante na história da Igreja Católica e co-regente (junto com Marte) do mapa da lunação de 8 de abril calculado para Roma, faz oposição à forte conjunção Sol-Saturno do mapa do dia em que o Concílio de Nicéia aprovou o Credo, base da liturgia e marco inicial da organização do Catolicismo. A igualmente forte conjunção Júpiter-Urano-Plutão do mapa do Credo ativa Marte (co-regente do Ascendente da lunação), além de aspectar também Netuno (conjunção) e Júpiter (trígono).

A combinação mostra uma boa dose de fluência: uma grande energia expansiva é posta em movimento, indicando, talvez, um novo papa comprometido com o crescimento do rebanho católico e com a expansão de fronteiras da Igreja. Por outro lado, a oposição de Plutão a Sol-Saturno fala de tensão, inflexibilidade, polarização radical e risco de destruição de estruturas criadas na época da própria implantação da Igreja.

A lunação de abril de 2005 e o mapa da oficialização da Igreja Católica

Planetas no círculo interno: oficialização da Igreja Católica por Teodósio, em 28.2.380; planetas no círculo externo: eclipse de 8.4.2005 (dia do funeral de João Paulo II). A estrutura de casas utlizada deriva do sistema de casas geodésicas de Sepharial e corresponde às coordenadas de Constantinopla, onde o decreto imperial foi assinado.

A comparação do mapa do eclipse de 8 de abril com o da oficialização da Igreja Católica, no distante ano de 380, mostra um resultado surpreendente: O eclipse do dia do funeral do papa cai sobre a importante conjunção Saturno-Plutão do mapa de 380, enquanto o Urano da lunação cai sobre a conjunção Sol-Netuno de 380. Além do mais, Marte da lunação forma oposição ao Ascendente geodésico da oficialização da Igreja.

No conjunto, esta comparação fala de um conclave que se realizaria sob forte clima de radicalização, com resultados inesperados e escolha de um papa que teria de enfrentar - seja por suas escolhas políticas seja pelas circunstâncias do momento - pesadas questões relacionadas a violência, terrorismo e polarizações político-religiosas.

A lunação de abril de 2005 e o início do poder do pontífice romano

Quando comparamos a lunação de abril de 2005 com o período em que se afirma o poder do bispo de Roma - já agora chamado papa - sobre o restante da Igreja, temos de nos restringir a trabalhar com o grau em que ocorre a conjunção Urano-Plutão que dá início ao pontificado de Leão, o Magno, em 440, já que não temos datas mais precisas.

Lunação de 8 de abril de 2005, calculada para Roma, comparada com a conjunção Urano-Plutão em 22° de Gêmeos do ano 440 (início do pontificado do primeiro papa a ser visto como líder único da Igreja).

Alguns aspectos aqui são realmente impactantes, a começar pela oposição de Urano-Plutão de 440 com a atual posição de Plutão. A destacar também o quincunce da conjunção de 440 com o Ascendente da lunação e o grande trígono que forma com Marte, Netuno e Júpiter.

A escolha do novo papa frente ao ciclo iniciado pelo Vaticano II

Quando aplicamos a conjunção Urano-Plutão de 1965 sobre o mapa da lunação de 8 de abril de 2005, vemos que aquela conjunção, ocorrida em 17° de Virgem, não chega a formar nenhum aspecto maior com a lunação do conclave. Contudo, forma quincunces - aspectos de retificação - com Netuno, Sol e Lua, configurações que permitem prever que os grandes desafios da Igreja nos anos 60 (modernização da liturgia, diálogo com os jovens, ecumenismo etc.) voltarão à tona e serão motivo de muita discussão e alguns ajustes nos rumos da Igreja.

Já se considerarmos a conjunção Saturno-Plutão de 1982, cujos desdobramentos ainda vivenciamos, basta lembrar que aquela conjunção ocorreu em 27° de Libra, junto à cúspide da casa 12 da lunação do conclave. Seria talvez uma indicação de que os cardeais, ao escolherem o novo papa, subestimarão a importância do tema do terrorismo e do confronto com o fundamentalismo islâmico? Só o tempo dirá.

Conclusões

O conclave para a escolha do sucessor de João Paulo II acontece num momento em que a Igreja está muito mais em ressonância com suas origens e raízes mais profundas, nos séculos IV e V, do que com temas recentes, relacionados às últimas conjunções Urano-Plutão e Saturno-Plutão. De qualquer forma, é Plutão quem dá a tônica, já que este planeta ocupa lugar de destaque em todas as comparações do conclave com os "mapas-matrizes" do Catolicismo.

É como se a Igreja, subitamente privada da figura de um pai carismático, fosse agitada por uma onda de motivações arcaicas, remotas, como um cachorro que de repente resolvesse morder o próprio rabo. Num movimento circular, o conclave estará sintonizado com as grandes questões que já assombravam a Igreja naqueles séculos iniciais: a mistura entre a religião e o poder temporal, o conflito entre centralização e descentralização administrativa, as velhas desconfianças entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa, a afirmação dos dogmas e da liturgia e a discussão de estratégias para o enfrentamento dos "bárbaros".

Com os concílios de Nicéia e Constantinopla, a Igreja ganhou força porque os imperadores romanos precisavam de uma fé que cimentasse outra vez a combalida unidade do império. A Igreja nasce numa época conturbada, em que godos, vândalos, hunos e eslavos ameaçam os grandes centros da fé. Hoje os "bárbaros" mudaram de nome, mas o quadro não é diferente. Todas as comparações mostram um conclave que se encaminha para a escolha de um papa mais guerreiro e mais "duro" do que seus antecessores. As três sinastrias diferem nos detalhes, mas concordam ao destacar um tom de inflexibilidade e de risco de confrontos na gestão daquele que São Malaquias já chamava, há muitos séculos, De Gloria Olivae. Ao escrevermos este artigo ainda não sabemos quem será este personagem. Mas já temos o suficiente para sabermos que, com ele, a Igreja entrará no olho do furacão.

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Atalhos de Constelar 82 - abril/2005

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