PERFIL ASTROLÓGICO

João Paulo II, o papa da paz

Fernando Fernandes

 

Trânsitos e progressões na eleição de João Paulo II

Em 16 de outubro de 1978, às 18h16 (hora de Roma), o cardeal Karol Wojtyla foi escolhido papa, num desfecho surpreendente para o conclave.

Trânsito de planetas na data da eleição de Karol Wojtyla como Papa, em 16.10.1978 (círculo externo), sobre o mapa natal (planetas no círculo interno).

Algumas configurações ajudam a compreender que o resultado aparentemente inesperado escondia uma boa dose de lógica astrológica. A superposição de mapas mostra como o céu daquele dia ativava a carta natal do cardeal polonês:

 

- O Ascendente do momento da eleição, em 14°23' de Touro, estava exatamente sobre Vênus natal do novo papa, regente de seu Ascendente.

- Júpiter em trânsito ativava o Meio-Céu e o próprio Júpiter Natal de Wojtyla, em Leão. Naquele momento ele estava em evidência e no auge de seu carisma.

- O Sol em trânsito cruzava a posição do Marte natal, junto ao Ascendente, ajudando Karol Wojtyla a evidenciar para seus pares - os demais cardeais eleitores - uma imagem forte.

- Urano em trânsito energizava a casa 1 do novo papa e prometia mudanças inesperadas: Urano acabara de fazer oposição a Vênus natal, regente do Ascendente.

- Karol acabara de passar também pelo seu segundo retorno de Saturno, o que significa dizer que atravessava um momento de vida em que se sentia pronto para assumir novas tarefas e responsabilidades.

Ao observamos as progressões secundárias para aquele momento, novos aspectos ratificam a vivência de um momento especial:

Planetas progredidos na data da eleição de Karol Wojtyla como Papa, em 16.10.1978 (círculo externo), sobre o mapa natal (planetas no círculo interno).

O que chama a atenção de imediato é a concentração de planetas progredidos nas casas 9, das organizações religiosas, e 10, do exercício de uma função pública. São nada menos que oito planetas, metade em cada casa. Não se trata de uma configuração de curta duração, já que nas progressões o deslocamento dos planetas é muito lento. Podemos, assim, acompanhar pelas progressões alguns momentos importantes da vida de Karol Wojtyla antes de chegar ao trono pontifício.

Na realidade, o Sol progredido chegara à cúspide da casa 9 em 1946, mesmo ano em que Karol Wojtyla fora ordenado padre. É a imagem astrológica perfeita de sua vocação: o Sol, princípio de consciência e vontade, entrando na casa 9, significadora da Igreja como instituição organizada, no exato momento em que o jovem Karol abandonava para sempre a vida mundana para dedicar-se ao sacerdócio.

Em 1951, é a vez de Vênus progredida, regente do Ascendente na carta natal, chegar à cúspide da casa 9. Naquele ano, Karol, depois de passar alguns anos como pároco de igrejas em Cracóvia, na Polônia, retomou seus estudos de filosofia e teologia e iniciou algumas leituras que o levariam, dois anos depois, a apresentar à Universidade Católica de Lublin uma tese intitulada "Valoração da possibilidade de fundar una ética católica sobre a base do sistema ético de Max Scheler". Foi esta guinada para a vida acadêmica, indicada pelo ingresso de Vênus na casa 9, que permitiu que Wojtyla chegasse a professor de Teologia Moral e Ética Social no seminário de Cracóvia e na faculdade de Teologia de Lublin.

Quanto à Lua progredida, seu ingresso na casa 9 natal só acontece em 1976. Nesta época Wojtila já era cardeal de Cracóvia (fora nomeado em 1967). O avanço da Lua rumo ao Meio-Céu coincide com o período final do amadurecimento de Karol Wojtyla para o posto máximo da cristandade e também com uma fase de maior popularidade junto a seus pares. Ao ser eleito papa, ele tem oito planetas progredidos em torno do Meio-Céu, indicando absoluta dedicação a tarefas públicas e quase nenhuma vida privada. Daí em diante, passará a ser conhecido como João Paulo II e viverá apenas para suas obrigações eclesiásticas

O atentado de 1981

Trânsito de planetas na data do atentado contra o Papa, em 13.05.1981 (círculo externo), sobre o mapa natal (planetas no círculo interno).

Em 13 de maio de 1981, durante uma passagem em carro aberto pela praça de São Pedro, no Vaticano, o papa foi alvejado de surpresa por um jovem extremista turco. Um dos tiros varou os intestinos e saiu pelas costas, obrigando o papa a uma cirurgia seguida de uma longa fase de recuperação. Jamais a saúde do pontífice voltaria a ser como antes. O mapa dos trânsitos para aquele momento acentua duplamente o papel de Marte, que forma conjunção a Vênus natal na casa 7, regente do Ascendente, ao mesmo tempo tempo em que sofre a conjunção de Plutão na casa 12. Plutão-Marte é tradicionalmente visto como um aspecto violento, da mesma forma como a ativação de Marte ao regente do Ascendente. Observe-se que as casas em questão são a 7, dos inimigos abertos, e a 12, dos inimigos ocultos.

Por outro lado, naquele momento Vênus em trânsito fazia conjunção à Lua notal na casa 8, das cirurgias. O papa, apesar de submetido a uma delicada intervenção, sobreviveu e conseguiu retornar poucos meses depois a seus afazeres habituais.

Já considerando progressões secundárias, naquele momento a Lua progredida atingia a posição de Saturno natal, indicando uma fase de restrições, repouso e debilidade.

Entre 1991 e 1997, o Sol progredido cruzou sucessivamente o Meio-Céu, Netuno natal e Júpiter natal, formando três conjunções sobre poderosos fatores da carta de nascimento. Encerrado esse período, que coincidiu com momentos de apogeu, destaque e realização, a saúde do papa começou a dar sinais cada vez mais evidentes de deterioração. Após diversas complicações decorrentes do mal de Parkinson, sobreveio a morte em 2 de abril de 2005, às 21h37, hora de Roma (16h35, horário de Brasília).

Em sua carta natal, o papa carregava uma quadratura entre Lua e Saturno, aspecto de responsabilidade e, freqüentemente, de disposição sacrificial. É essa configuração restritiva que explica, por exemplo, o semblante sério e de poucos sorrisos de João Paulo II - apesar do posicionamento da Lua em Gêmeos, um signo "adolescente". No mapa da morte, por coincidência, a Lua está em oposição quase exata a Saturno, ambos em quadratura com Marte natal em Libra.

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