A palavra eclipse vem do grego ekleípsis,
que quer dizer desmaio, ou seja, desvanecimento de cor e
de brilho, ou ainda desfalecimento, que é a perda das forças
e dos sentidos. A astrologia antiga, voltada mais para governantes,
atribuía significados parecidos com esses aos eclipses, principalmente
aos eclipses solares.
Astronomicamente ocorre um eclipse quando um astro
deixa de ser visível, totalmente ou em parte, ou pela interposição
de outro entre ele e o observador, ou se um astro sem luz própria
deixa de ser iluminado ao entrar no cone de sombra de outro. Envolvendo
o Sol, a Terra e a Lua, os eclipses acontecem quando a sombra da
Lua é projetada pelo Sol sobre a Terra, ou quando a sombra
da Terra é projetada sobre a Lua. No primeiro caso o eclipse
é solar, no outro é lunar. Para que ocorra isso os
três astros devem estar alinhados, ou próximos de situação
de alinhamento. Os eclipses solares acontecem com o Sol e a Lua
em conjunção, e os lunares, com o Sol e a Lua em oposição.
Os nodos lunares são os pontos opostos do
Zodíaco onde a órbita da Lua corta a eclíptica
- o caminho aparente do Sol. Disso resulta que somente quando a
Lua estiver próxima de um dos seus nodos poderá eclipsar
o Sol. Se os nodos fossem fixos, o Sol passaria por um desses pontos
a cada seis meses, quando então poderia haver condições
para acontecer um eclipse, mas, devido ao movimento retrógrado
dos nodos, a cada ano o Sol passa pelo mesmo nodo 18 ou 19 dias
antes. Este é um dos elementos que dão origem ao ciclo
de saros (do assírio-babilônico sharu),
intervalo de tempo em que os eclipses se repetem na mesma seqüência,
embora com visibilidade deslocada em cerca de 120º para oeste
na superfície terrestre. Compreende 6.585,32 dias, ou 18
anos, 11 dias e 8 horas. Este período já era conhecido
pelos caldeus e assírios, que por intermédio dele
previam os eclipses.
|
O esquema mostra a formação
de um eclipse lunar. A Terra se interpõe entre o Sol
e a Lua e projeta sua sombra nesta última. A ocorrência
de um eclipse, assim como sua extensão, dependem de quão
próxima da eclíptica esteja a Lua. Na situação
indicada com o número 1, a Lua não é alcançada
pelo cone de sombra da Terra: não há eclipse;
o número 2 indica a situação de eclipse
parcial da Lua (parte no cone de sombra, parte na área
de penumbra); o número 3 mostra o eclipse total; o número
4, o eclipse penumbral: a Lua está na área de
penumbra, apresentando-se escurecida, mas não é
alcançada pelo cone de sombra. |
No eclipse lunar, todas as pessoas que estão
no hemisfério terrestre com condições de observá-lo
vêem a sombra que a Terra está projetando sobre seu
satélite naquele instante, ou seja, o eclipse lunar é
visto de forma idêntica por todos que o observam da superfície
da Terra. Já com o eclipse solar isso não ocorre,
pois a sombra da Lua fica localizada em uma região da superfície
terrestre. Para ser visto, o observador deve estar dentro dessa
sombra projetada pela Lua. Devido à rotação
da Terra e à translação da Lua, esta sombra
se desloca, fazendo com que o eclipse solar seja observado de forma
diferente em locais e horários distintos, dentro da faixa
gerada pelo deslocamento - a faixa do eclipse.
|
O esquema mostra a formação
de um eclipse solar, que acontece quando a Lua está cruzando
o plano da eclíptica entre a Terra e o Sol. Devido às
pequenas dimensões da Lua, o eclipse do Sol só
ocorre em áreas determinadas da Terra, onde a Lua projeta
sua sombra. |
Para que se entenda melhor a questão da sombra
projetada pela Lua, podem-se considerar inicialmente dois círculos,
no mesmo plano, separados um do outro. Um menor, representando corpo
sem luz própria, e outro maior, representando corpo que ilumina.
As quatro tangentes comuns a esses dois círculos geram atrás
do menor três áreas de sombra que se correlacionam
com os cones de sombra do espaço, que surgem quando os círculos
são substituídos por esferas, ou astros, como o Sol
e a Lua. As tangentes externas agora geram o cone de sombra
propriamente dito, e as tangentes internas geram o tronco de
cone de penumbra, que envolve o cone de sombra. Nos locais da
Terra, dentro do cone de sombra da Lua, o eclipse solar é
visto como total ou como anular. Total, quando o disco
lunar cobre totalmente o solar, e anular, quando o disco lunar,
concêntrico com o solar, é pouco menor que ele. Nas
regiões cobertas pelo cone de penumbra, o eclipse visto é
parcial - aquele que cobre apenas parte do Sol e de forma
mais difusa. Essa parte coberta torna-se menor conforme se afasta
do cone de sombra.
O cone de sombra da Lua tem por seção
normal máxima um círculo de 260 km de diâmetro
na superfície da Terra. Quando esta seção é
oblíqua tem-se uma oval, que pode ter eixo maior que 260
km. A faixa descrita pela seção do cone de sombra
na superfície da Terra é a faixa de totalidade
do eclipse, e a linha eqüidistante de suas bordas é
a linha central.
Os eclipses solares começam a ser vistos nas
regiões mais próximas do nascer do Sol e terminam
de serem vistos nas regiões mais próximas do por do
Sol. Ou seja, quando há um eclipse solar, sua faixa de sombra
é gerada do Oeste para o Leste.
Em astrologia mundial, os eclipses são considerados
juntamente com as configurações existentes na hora
em que ocorrem. É particularmente importante, no trato de
questões que envolvem determinado país, o eclipse
solar que tem sua faixa passando por esse país. A carta do
eclipse, neste caso, normalmente é construída para
a sede do governo e para o horário da conjunção
exata do Sol com a Lua. Essa figura é utilizada como elemento
complementar importante das cartas fundamentais da nação,
para determinado período após o eclipse. Henry Gouchon
diz que, em astrologia mundial, aos eclipses solares atribui-se
influência que pode estender-se por dois anos ou mais.
Leia outros artigos de Raul
V. Martinez.
|