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ABORDAGENS DIDÁTICAS

O que é Psicoterapia?

Angela Schnoor

 

Neste pequeno artigo, a astróloga e psicóloga Angela Schnoor dá resposta para algumas dúvidas básicas sobre as práticas psicoterápicas e ajuda a situar o papel da astrologia no trabalho do psicoterapeuta.

Por que e quando buscar a psicoterapia
Responsabilidades do cliente e do terapeuta
Qual seu objetivo, o que é possível, o que esperar
Tempo de duração
Tipos de abordagem
A astrologia como fonte diagnóstica

(direita: a autora do artigo, Angela Schnoor)

Em minha prática como psicoterapeuta encontro, na maioria das vezes, clientes em total ignorância a respeito do que estão buscando e com idéias equivocadas tanto sobre o processo terapêutico quanto aos resultados a alcançar.
Numa dessas ocasiões tive que explicitar para um cliente estas questões e então surgiu-me a idéia de repassar o conteúdo deste diálogo para outros que possam ter as mesmas dúvidas ou pensamentos pouco claros.

Então vejamos.

Para os antigos gregos, terapia não incluía noções de erro, defeito ou doença como entendemos hoje. A palavra grega significa cuidado, atendimento, ajuda.

A noção de doença aparece claramente no processo da etimologia da palavra diagnóstico. Este conceito, que nasce no grego como discernimento = ação e faculdade de discernir, derivado do verbo distinguir, formado pelas palavras 'através' e 'conhecer', começa a adquirir, mais tarde, o significado de 'arte de distinguir doenças'.

Pessoalmente, prefiro o enfoque na Saúde e no conhecimento dos potenciais individuais ao conceito de Doença.

Psicoterapia, portanto, é uma ajuda ou cuidado com o psiquismo, com os fenômenos mentais e emocionais.

Em nossa cultura, infelizmente, não temos o hábito de procurar um profissional para conhecer nossas características individuais, o que, pelo caráter preventivo, nos ajudaria a viver melhor, de forma mais saudável com nosso corpo, nossa alma, na relação com as pessoas e com a cultura onde vivemos.

Caso possamos vir, no futuro, a valorizar este enfoque, em lugar de nos enquadrarmos em números padronizados e em estatísticas quase sempre fora de nosso ambiente geo-sócio-cultural, deveríamos examinar e conhecer nossas qualidades individuais desde o nascimento.

Hoje, este fato só ocorre quando uma característica física ou de comportamento é plenamente identificável como fora dos padrões esperados e, taxativamente rotulada de anomalia ou doença.

Em minha opinião, o desejável seria que, logo ao nascer, toda criança tivesse uma ficha médica com seus padrões pessoais como pressão arterial, taxas dos componentes do sangue e outras características pessoais de temperamento, hábitos alimentares, etc. Na puberdade, novas medidas seriam aferidas e se completariam na idade adulta. Desta forma, cada um seria avaliado segundo seus próprios padrões em lugar de, roboticamente, ter que se enquadrar em medidas tidas como padrões universais.

Tive uma experiência que poderia ter evitado vários eventos desagradáveis em minha vida se tivessem analisado desde cedo uma característica incomum de comportamento digestivo que, sendo absolutamente natural dentro das especificidades genéticas com que nasci, foram tratadas erroneamente como um sintoma doentio.

Uma colega de faculdade me contou suas dificuldades de criança extremamente míope desde o nascimento, característica esta que foi ignorada até bem tarde e cuja descoberta, absolutamente circunstancial, veio a lhe trazer muitos benefícios na escola e na vida.

Hoje a tecnologia e a informação reduzem bastante estes desconfortos, mas ainda, dentro do que chamamos de "normalidade", se cometem muitos absurdos como, por exemplo, considerar alguém com pressão baixa ou alta com "problemas" quando a pessoa se sente completamente bem e à vontade com esta forma natural de resposta do seu organismo.

Para facilitar o entendimento do processo psicoterapêutico, vou fazer um paralelo com a Terapia do Corpo, ou seja, a que buscamos na figura do médico, do fisioterapeuta, da enfermeira e profissionais afins.

Por que e quando buscar a Psicoterapia

- Há pessoas que praticam a medicina preventiva. Estas procuram conhecer seu organismo, os alimentos mais adequados ao seu metabolismo, exercícios com os quais se sentem mais saudáveis etc., sem que qualquer desconforto as esteja motivando.

No plano psíquico esta é a busca dos que vêm à psicoterapia como uma forma de autoconhecimento embora não estejam especialmente em algum momento de vida que as incomode. São raros os que assim procedem, embora os meios à disposição dos indivíduos sejam variados e não exijam, necessariamente, a ajuda de um profissional de saúde.

No caso de algum acidente leve como um tombo, um corte não muito grave ou profundo, um pronto-socorro ou mesmo providências domésticas podem resolver.

Este é o caso de pequenos choques emocionais, uma briga com um amigo, a perda de um emprego ou de um namoro recente etc. A terapia ou ajuda pode vir de uma pequena e breve consulta com um profissional, assim como podemos encontrar alívio conversando com alguém que inspire confiança, seja um professor, um parente, um amigo, um religioso...

Quando nosso corpo apresenta sinais de abusos e desrespeito ao seu funcionamento, seja pela continuidade de hábitos incompatíveis com nossas características ou por alguma agressão mais forte, aparecem dores, mal estar e esses sintomas mais graves pedem tratamento mais demorado e especializado.
O profissional de saúde nos ouve, examina e recomenda repouso, medicamentos, dietas e exercícios.

É nesses momentos de mal estar emocional oriundo de medos, traumas, violências, quando sofremos e não conseguimos alívio, que a psicoterapia tem a nos oferecer uma ajuda mais específica, de acordo com as características de nossa queixa. Para isto a psicologia dispõe de vários enfoques que podem se adequar melhor tanto aos sintomas quanto ao tipo de pessoa que busca ajuda.

Ainda restam os casos de graves desequilíbrios, ou onde outras tentativas falharam que podem levar o médico a um procedimento cirúrgico. Estas cirurgias também variam de intensidade e profundidade. Algumas são feitas em consultório, outras requerem internação. Da mesma forma existem psicoterapias mais profundas e que não são para todos os casos.

Conforme disse o Dr. Carl Gustav Jung em The Psychology of Transference, CW 16, par. 381:

Um apoio consistente da atitude consciente contém, em si mesmo, um alto valor terapêutico e, com freqüência, traz bons resultados. Seria um perigoso preconceito imaginar que a análise do inconsciente é a panacéia que deva, por isso, ser usada em todos os casos. É, antes, como uma operação cirúrgica, e só apelamos para o bisturi quando os outros métodos falharam. Enquanto não se impuser por si mesmo, é melhor que o inconsciente seja deixado em paz.

Responsabilidades do cliente e do terapeuta

Atalhos de Constelar 76 - outubro/2004

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