Bush e Kerry disputando
votos no escuro
Já no caso dos Estados Unidos, que também
enfrenta um difícil processo eleitoral, não há
grandes ativações sobre o mapa radical da independência
americana. Contudo, se aplicarmos o mapa do eclipse sobre o mapa
da Independência dirigido, os aspectos logo começam
a saltar aos olhos. Nas direções por arco solar, uma
das técnica de previsão mais utilizadas, todos os
planetas avançam por ano o correspondente ao movimento do
Sol em um dia, que é de aproximadamente um grau. Assim, o
mapa dirigido para outubro de 2004 mostra os planetas quase 227
graus adiante de sua posição original, o que corresponde
aproximadamente aos 228 anos que já se passaram desde a Declaração
de Independência, em 1776.
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Círculo interno: Mapa da Declaração
da Independência dos EUA (4.7.1776, 16h50 LMT - Filadélfia
- 39n57, 75w10) dirigido por arco solar para 28.10.2004; círculo
externo: eclipse de 28.10.2004. |
O Ascendente dirigido dos Estados Unidos encontra-se,
em outubro de 2004, em 24°54' de Câncer, sofrendo um trânsito
de Saturno. A Lua do eclipse, em Touro, cai quase no Meio-Céu,
ativando Netuno dirigido. Interessante observar que a Lua dirigida
no mapa dos Estados Unidos também está em conjunção
com Saturno radical, reforçando mais ainda a teia de relações
Lua-Saturno que observamos tanto no mapa do Brasil quanto dos Estados
Unidos.
Considerando que Saturno, em sua manifestação
mais negativa, indica medo, barreiras, comportamentos defensivos
e rigidez, pode-se concluir que as eleições americanas
terão como pano de fundo a expectativa de segurança
e estabilidade a todo custo. É o voto a favor do isolacionismo
e de mais restrições à liberdade, desde que
o padrão de vida atual da sociedade americana seja preservado.
Uma observação que nada tem a ver com
o eclipse, mas que complementa o quadro das ativações
da carta americana, é que o Sol, seja por progressão
secundária, seja por arco solar, deixa em outubro de 2004
o signo de Aquário, onde esteve nos últimos trinta
anos, e entra em Peixes. Uma das conseqüências desta
transição pode ser a mudança do discurso americano
na política externa: em vez de promover intervenções
em outros países em nome da garantia da liberdade e da democracia,
as novas intervenções serão em nome da civilização
cristã e de princípios humanitários (para libertar
prisioneiros de condições subumanas ou impedir o extermínio
de minorias étnicas, por exemplo). É uma mudança
sutil, mas bastante real.
Na negra noite, o degelo
aumenta e a soja transgênica se espalha
No Brasil, é preciso lembrar que Saturno,
no mapa da Independência, opõe-se a Marte no eixo casa
3/casa 9. Entre outras possibilidades, este aspecto fala da tendência,
recorrente na história republicana, à repressão
violenta de reivindicações de grupos excluídos.
Contudo, a possibilidade mais séria que queremos enfocar
não é essa, e sim a de decisões de grande impacto
negativo na política de biossegurança.
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Detalhe de cartaz de movimentos ambientalistas
contra a Monsanto, poderosa multinacional dos transgênicos. |
A questão ambiental é um dos três
desafios mais sérios que a humanidade terá de enfrentar
nas próximas décadas. Os outros são a criação
de um novo equilíbrio internacional, que torne possível
a coexistência pacífica num mundo plural, e a redução
das desigualdades sociais no planeta, especialmente mediante o decidido
enfrentamento da fome e dos problemas de saneamento básico
que ainda afetam parte considerável do Terceiro Mundo. Fome,
guerra e desequilíbrio ecológico são três
questões profundamente inter-relacionadas, todas de solução
muito difícil. Destas, a que se vincula diretamente ao eixo
Touro-Escorpião é a questão ambiental, e não
é difícil entender por quê.
Touro é o signo da mãe-terra,
da produção de alimentos, da fixação
do homem ao solo e da conservação dos recursos naturais.
Escorpião, por outro lado, é o signo da reciclagem,
entendida como processo de desmonte ou decomposição
e reaproveitamento desses mesmos recursos. Em conjunto, Touro e
Escorpião constituem o eixo da sustentabilidade. A
continuidade da vida no planeta depende, fundamentalmente, da permanente
disponibilidade de recursos naturais, o que implica dizer: deve
haver um constante equilíbrio entre a capacidade de exploração
e a possibilidade de renovação.
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A ministra Marina Silva em foto de divulgação
(site do Senado). |
No caso brasileiro, a oposição Saturno-Marte
no eixo Touro-Escorpião pode ser traduzida como o dilema
entre a agricultura em bases mais naturais (Saturno em Touro) e
os ganhos de produtividade a todo custo, com vistas a uma agressiva
política de exportações (Marte em Escorpião
na casa 9). Durante a semana do eclipse e nas semanas subseqüentes
é possível que os fortes interesses econômicos
ligados ao cultivo dos transgênicos consigam vitórias
importantes, se bem que pouco perceptíveis, que garantam
a plena liberdade para o cultivo das sementes modificadas em laboratório.
Os interesses ligados aos transgênicos envolvem multinacionais
poderosas, agressivas e com alto poder de manipulação
política (Marte em Escorpião na casa 9 do mapa da
Independência). Com isso, os defensores de uma política
ambiental transparente, como a ministra Marina Silva, tendem, infelizmente,
a perder terreno.
No mundo inteiro, aliás, este eclipse pode
ser associado a um período de decisões equivocadas
sobre o meio ambiente e a utilização de bens não
renováveis. Basta que lembremos que o eixo do eclipse ativa
a mais importante configuração astrológica
das últimas quatro décadas, que foi o alinhamento
dos sete planetas visíveis em Touro, em 3 de maio de 2000.
Naquela rara ocasião, a conjunção de Júpiter
e Saturno no signo dos recursos naturais fez-se acompanhar dos outros
cinco planetas clássicos - Sol, Lua, Mercúrio, Vênus
e Marte - num stellium que enfatizou sobremaneira o papel que as
relações entre o homem e a natureza teriam a partir
daí. No eclipse de outubro de 2004 a Lua repete sua posição
em 3 de maio de 2000, numa reiteração de significados
que alerta novamente para o jogo perigoso que estamos fazendo com
nosso lar planetário. Invisivelmente, como tendo a acontecer
na escuridão do eclipse, o quadro ambiental pode sofrer um
forte agravamento nos próximos seis meses, chegando, em algumas
regiões do globo, a níveis irreversíveis de
contaminação ou esgotamento. Desde o alinhamento de
2000, o foco já está nos produtos que vêm da
terra, o que pode ser confirmado pela rápida valorização
do petróleo no mercado internacional, pela queda das empresas
pontocom em relação à euforia dos anos
90 e pela eclosão, aqui e ali, de sinais de que a natureza
está sob severo estresse. Os Estados Unidos não assinaram
o Protocolo de Kioto, para redução de emissões
atmosféricas, enquanto a camada de ozônio reduz-se
cada vez mais e o degelo das calotas polares aumenta. Por mais que
a eleição americana e a eterna crise do Oriente Médio
estejam em primeiro plano, a questão central que o eclipse
coloca é a incapacidade humana para gerir recursos naturais
finitos.
Eleições:
no escuro, podem roubar a urna
Voltando ao Brasil: como a oposição
Saturno-Marte encontra-se no eixo das casas 3 e 9, o eclipse atinge
em cheio os significadores de forças armadas e polícias
militares (Marte), política de defesa de fronteiras (Saturno
na casa 3), comércio exterior e suas restrições,
contrabando, imprensa, estrutura de transportes, universidades e
funcionamento do Poder Judiciário. Em todas essas áreas,
é possível manifestar-se o sentido negativo da oposição
Marte-Saturno obscurecida por um eclipse lunar. Decisões
polêmicas sobre tais assuntos deveriam ser adiadas para depois
de abril de 2005, como as que se referem à reforma do Judiciário
ou à abertura dos arquivos referentes a presos políticos
durante o regime militar.
Quanto às eleições, ao
contrário do primeiro turno, onde prevaleceram as escolhas
racionais e de caráter mais pragmático, o segundo
turno se define por um clima bem mais emocional, favorecendo o voto
impulsivo ou ressentido. Literalmente, é uma eleição
no escuro. Esta mesma imagem, aplicada, aliás, aos Estados
Unidos, pode resultar em novos questionamentos sobre a legitimidade
dos resultados, da mesma forma como já aconteceu em 2000.
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