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O ECLIPSE LUNAR DE OUTUBRO DE 2004

O que se esconde na escuridão

Fernando Fernandes

 

Um eclipse total da Lua, visível especialmente nas Américas, ocupou o eixo Touro-Escorpião e alertou para decisões equivocadas sobre a questão ambiental e para a finitude dos recursos naturais. No Brasil e nos Estados Unidos, o eclipse coincide com fortes ativações de Saturno, planeta que dá o tom do período.

Na noite de 27 para 28 de outubro de 2004 um eclipse lunar total opôs o Sol em Escorpião à Lua Cheia em Touro. Eclipses solares e lunares ocorrem com certa freqüência e se organizam em ciclos regulares. Não são exatamente geradores de eventos, mas focalizadores de processos simbolizados por outros fatores astrológicos. Para entender o significado de um eclipse, é preciso lembrar que Sol e Lua são fatores essenciais do mapa, recebendo a denominação de luminares exatamente pelo fato de constituírem os dois focos de luz que vitalizam (no caso do Sol) ou sensibilizam (no caso da Lua) os signos e casas pelos quais transitam, assim como os planetas que aspectam. Na Lua cheia, quando o Sol se opõe à Lua, qualquer planeta situado no eixo dos luminares, ou em quadratura com estes, estará simultaneamente ativado por ambos, o que significa dizer que estará ao mesmo tempo vitalizado e sensibilizado. Portanto, um planeta no eixo Sol-Lua sempre estará em destaque e fazendo sentir sua presença no mapa.

Durante um eclipse, a ativação continua a existir, mas a luz encontra-se provisoriamente ausente. Na medida em que a luz tem uma conotação de consciência - no sentido de lucidez, transparência e clareza - a falta dela fala de opacidade, invisibilidade, ocultação e colapso do discernimento.

Eclipses são apenas eclipses

Ao longo dos séculos, eclipses foram vistos quase sempre como eventos maléficos, que despertavam um supersticioso temor. Ainda hoje existem teorias as mais contraditórias sobre sua forma de atuação, a maioria delas supervalorizando o impacto do fenômeno ou atribuindo-lhe um alcance no tempo que a lógica não justifica. Assim, há quem atribua aos eclipses o poder de, isoladamente, disparar guerras e outros eventos de grande porte, mesmo que anos após o evento. Nada disso parece fazer muito sentido, exceto o fato de que, durante um eclipse, planetas em conjunção, quadratura ou oposição ao eixo Sol-Lua podem assumir uma expressão negativa, em função da perda momentânea de visibilidade em relação aos assuntos sob sua regência.

Quanto aos efeitos do eclipse, o mais natural é estendê-los apenas até a ocorrência de outro fenômeno semelhante, ou seja, outro eclipse, o que pode acontecer num intervalo médio de seis meses.

Consideramos também que, sendo um mapa de trânsitos como outro qualquer, a carta do eclipse pode mostrar ativações sobre outras cartas de qualquer natureza (radicais, dirigidas ou progredidas), valendo destacar especialmente as conjunções e oposições do planeta eclipsado aos planetas da carta considerada.

A angularidade é também defendida por alguns astrólogos como um fator de localização geográfica. Em outras palavras: as regiões da Terra onde os luminares estiverem transitando pelo eixo do horizonte ou do meridiano local seriam particularmente vulneráveis à ocorrência de eventos análogos à natureza do eclipse. Trata-se de uma tese que não conta com unanimidade de opiniões, mas que nos parece bastante pertinente.

O Brasil no escuro

No evento de 27 para 28 de outubro, o Brasil foi um dos países em que o obscurecimento da Lua foi mais visível, já que ocorreu enquanto ela transitava pelo Meio-Céu da maioria das grandes cidades. Além do mais, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo são exemplos de cidades que tiveram a Lua eclipsada no Meio-Céu no mesmo momento em que Saturno se levantava no Ascendente.

Eclipse Lunar Total - 28.10.2004, 00h04 - Brasília, DF - 15s47, 47w55.

Se compararmos o mapa do eclipse com o mapa da Independência do Brasil, veremos outra vez Saturno em evidência: a Lua do eclipse está sobre Saturno do Grito do Ipiranga e em oposição a Marte - e este é o aspecto que deve ser levado em conta se quisermos entender as inclinações do país na reta final do segundo turno das eleições municipais, três dias depois.

Círculo interno: Independência do Brasil - 7.9.1822, 16h30 LMT - 23s32, 46w37; círculo externo: planetas do eclipse de 28.10.2004. Observar a ativação do eclipse ao eixo Saturno-Marte do Grito do Ipiranga.
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