Os significadores astrológicos
dependem do contexto cultural
A coerência de um hábito cultural somente
pode ser analisada a partir do sistema a que pertence. Só
a forma de expressão de cada uma dessas instituições
(casamento etc) muda de uma cultura para outra. Extraí um
trecho do livro Cultura, um Conceito Antropológico,
do professor Roque de Barros Laraia, para mostrar como estas expressões,
apesar de diferentes, são identificáveis por planetas
ou significadores astrológicos:
Para os habitantes das ilhas Trobriand, no Pacífico,
não existe nenhuma relação entre a cópula
e a concepção. Sabem, apenas, que uma jovem não
deve mais ser virgem para ser penetrada por um "espírito"
de sua linhagem materna, que vai gerar em seu útero uma criança.
Esta criança estará ligada por laços de parentesco,
apenas, aos parentes da jovem, não existindo em Trobriand
nenhuma palavra correspondente à que utilizamos para definir
o pai.
O homem que vive com a mulher será chamado
pela criança por um termo que podemos traduzir como "companheiro
da mãe".
Os praticantes e estudiosos de Astrologia hão
de notar que, ainda que a noção de paternidade ou
parentesco com a figura masculina não exista para aquele
povo, temos os seguintes atributos análogos:
· A noção de
ancestralidade - a casa 4, portanto, determinada
pela família ou linhagem materna. As linhas mais puristas
de astrólogos consideram a casa 4 como a casa do pai,
e não da mãe. Isto é correto do ponto
de vista da origem e da herança familiar em nossa cultura
(algo que vem mudando radicalmente). Por muitos séculos,
era o pai quem dava o nome à criança. A esposa
trocava de nome, seguindo um costume que remonta aos povos
formadores da civilização greco-romana.
(foto: Ilhas Trobriand na atualidade)
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Na Antigüidade os deuses a quem o filho devia
devoção eram os ancestrais do pai. O filho, ainda
em tempos atuais, assume o nome do pai, e não o da mãe.
Dentro deste contexto, é lógico e óbvio que
a casa 4 seja associada ao pai e não à mãe.
Mas no contexto da sociedade das ilhas Trobriand, quem confere a
ancestralidade é a família materna, o que faz, portanto,
para aquela sociedade, a casa 4 ser indicativa da mãe, e
não do pai.
· O companheiro da
mãe - a casa 7 (parceiros, cônjuge) derivada
da 4 (para o povo de Trobriand, a mãe). No caso da cultura
de Trobriand, o "companheiro da mãe" é a
casa 10 (por ser a sétima a partir da 4).
· Saturno e Sol
invariavelmente representarão a idéia do componente
masculino e adulto que, segundo o professor Laraia, convive diariamente
com a criança. Este componente, de um modo ou de outro, regula
uma parte da vida da criança e funciona como referencial.
Tem similaridade com certos aspectos paternos como os conhecemos.
No caso das ilhas Trobriand, a Lua tem uma relação
muito mais favorável e intensa para aquela sociedade, e suas
correspondências simbólicas apresentam mais afinidade
com a cultura local.
Entre os índios Jê, do Brasil,
considera-se que apenas uma cópula não é suficiente
para formar um novo ser. São necessárias muitas para
que a criança se forme totalmente. A criança pertencerá
tanto ao pai quanto à mãe. Entretanto, se a mulher
tiver relações sexuais com outros homens antes do
nascimento, todos eles serão considerados pais e agirão
como tal. Mesmo assim podemos afirmar que a imagem paterna de provedor
está de acordo com a expressão da cultura. Neste caso,
a Lua tem condição menos poderosa que no exemplo das
ilhas Trobriand, e a imagem paterna adquire uma conotação
coletiva, mas continua sendo uma imagem paterna.
A relação
da cultura com símbolos zodiacais
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