A oposição
entre Plutão e Saturno no eixo Gêmeos-Sagitário
A complexidade da linguagem insere elementos de raciocínio
que permitem a troca com outras culturas e amplia o escopo ou a
abrangência da mesma. Assim, novamente caímos na função
oposta, que é Sagitário. Criamos novos sistemas de
crença (Sagitário) à medida em que incorporamos
novos elementos de linguagem (Gêmeos). E assim o circuito
se completa, com a conservação e legitimação
desses parâmetros em Câncer e Capricórnio.
A linguagem (Gêmeos - Mercúrio) também
tem a particularidade de atribuir símbolos às coisas.
Relacionamos o universo circundante a significados que nos dizem
respeito. Isto é curioso, quando, por coincidência
ou não, notamos que no Gênesis é dito que "Adão
dá nome às coisas e aos animais e sobre eles adquire
poder". Podemos interpretar isto como a atribuição
de significado a cada coisa existente e a uma ampliação
do potencial de atuação humana sobre a realidade percebida.
É, então, a linguagem e, por conseguinte, a mente,
que predomina no universo tangível do Homem. Este, invariavelmente,
mesmo sendo um cético absoluto, terá um sistema de
crenças condicionado pela cultura, pela linguagem e pelas
experiências que o fazem constatar e legitimar suas crenças.
"Não crer" por si só já é
uma crença, pois o descrente adota referenciais nos quais
se apóia para rejeitar os outros. Ele acredita de fato naquilo
que para ele contraria a noção alheia.
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A lógica, seja ela formal ou por analogia,
só poderá ser feita mediante o uso de definições
concretas que cada um tenha em seu repertório vocabular.
Se não há, no sistema de referências lingüísticas
de um indivíduo, elementos adequados ao raciocínio
sobre um dado tema, sua lógica o levará a caminhos
radicalmente diferentes dos de alguém que possua um
outro referencial lingüístico e/ou cultural que
abranja tais realidades. E isto independe do nível
de escolaridade. Um doutor em Física pode entender
muito de cálculos de forças em ação,
mas pode não ter referencial algum em técnicas
artísticas. A reputação de que goza a
Física junto à opinião pública
tende a criar uma expectativa que legitima qualquer físico
como um indivíduo capacitado para aplicar adequadamente
as regras do pensamento lógico. Contudo, o doutor em
Física de nosso exemplo pode fazer uma afirmação
completamente absurda ao falar de elementos estéticos,
se não dispuser de informações adequadas
para tanto.
Tomando como exemplo um tema como a Astrologia,
não é de se admirar que a ciência oficial
se oponha com tanta veemência ao assunto. Pelas mais
diversas razões, muitos cientistas não chegam
nem mesmo a inteirar-se do contexto sobre o qual a Astrologia
se fundamenta. Graças a isso, não a entenderão
e nem a quem a adota como sistema de conhecimento, enquanto
não se dispuserem a testá-la segundo seus próprios
parâmetros e linguagem.
Trânsitos e progressões que ativam
determinados pontos de nosso mapa também dão
relevo às reações culturais padronizadas
ante aquela situação. Quando estes eixos são
"estimulados" por movimetos planetários,
os costumes e tradições do mundo inteiro podem
ser abalados ou, ao contrário, crescer em vulto. Idem,
quanto ao comércio, ao Marketing, à mídia,
à Propaganda e ao Direito Civil, que são pilares
da civilização do Ocidente e são análogos
ao eixo Gêmeos-Sagitário (como vimos anteriormente).
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De meados de 2001 até agosto de 2002 vivemos
uma configuração planetária notável:
Saturno em oposição a Plutão, respectivamente
em Gêmeos e em Sagitário. Júpiter transitando
pelo signo de Câncer completa o quadro, intensificando ainda
mais o processo de mudança cultural, que se desdobra em duas
categorias: a mudança interna, resultante da dinâmica
do próprio sistema cultural, e a mudança em conseqüência
do contato de um sistema cultural com outro. No primeiro caso a
alteração dos padrões é quase imperceptível
para o observador desprovido de dados diacrônicos (aqueles
que lidam com a evolução temporal de determinado fato),
se bem que este ritmo lento possa ser alterado por eventos drásticos,
como uma guerra ou uma revolução tecnológica.
Já o segundo pode ser mais rápido e brusco, mesmo
quando a troca de padrões culturais ocorre sem maiores traumas.
Em geral, este segundo caso já é razoavelmente povoado
de tensões, mas uma configuração planetária
como Saturno-Plutão, de conotação tensa e explosiva,
dificilmente poderia ser significadora de um processo de "normalidade"
em se tratando de trocas culturais. O que ocorre durante esta fase
une os aspectos drásticos dos dois tipos de mudança
cultural.
Saturno representa a ordem estabelecida, enquanto
Plutão é o incontrolável, o que age segundo
suas próprias leis, o subreptício que irrompe numa
explosão de força irremovível. Com ambos agindo
no eixo transmissor de valores culturais, não é de
se admirar que estejamos vivenciando alterações tão
drásticas em nosso modo de vida e que sejamos obrigados a
reconsiderar nossas convicções, nossos sistemas de
crença e nossas tradições.
Os eventos desencadeados a partir do atentado de
11 de setembro de 2001 às torres do World Trade Center, em
Nova Iorque, forçaram-nos a repensar a questão da
morte e da religião. Mais do que isso: estamos nos deparando
com um questionamento sobre até que ponto a cultura influi
no instinto de autopreservação. Até que ponto
nossas certezas sobre a realidade da existência são
mesmo válidas?
A morte é um tabu tão poderoso
que acreditamos ser, por força da cultura, algo que prejudica
a quem morreu, e não a quem está vivo. Explicando
melhor: se alguém morre, imediatamente se diz: "coitado".
Mas com certeza quem é da família, quem conviveu com
esse alguém é quem sofre por mais tempo. Mas há
uma tendência em nossa cultura a rejeitar a morte, a relegá-la
a um tabu do qual até falar é pernicioso - herança
greco-romana de um sistema de crenças onde dizer "Hades"
tinha um significado e provocava uma reação semelhante.
Falar da morte poderia atraí-la ao "cosmo" daquela
cultura ou trazer a pestilência, desencadeando processos difíceis
ou impossíveis de controlar para manter o universo estável.
Ainda vamos conviver muitos séculos com o paradoxo de querermos
manter a vida a todo custo e negarmos a nós mesmos que a
morte é um processo natural que deve atingir a todos os seres
vivos.
O
ser humano como um ator múltiplo, mas inconsciente
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