O surto de coronavírus, que surgiu na China e ganhou notoriedade mundial em janeiro de 2020, acaba de fazer seu primeiro estrago na área da Astrologia: pôs por terra a teoria, desenvolvida por astrólogos norte-americanos em 2009, que tentava explicar pandemias com base nos ciclos de Vênus, na atividade das manchas solares e nas tempestades magnéticas [1].
Na época, vivia-se o auge da chamada gripe suína, que, tal como o coronavírus, produziu um elevado número de vítimas e gerou pânico junto à opinião pública. Mas o que Vênus e as manchas solares podem ter a ver com uma pandemia? Para entender, é necessário resumir o estudo surgido nos Estados Unidos.
Vênus tem um campo magnético desprezível, quando comparado com o da Terra. Quando o movimento das manchas solares aumenta, acontecem grandes tempestades magnéticas. Se essas tempestades ocorrem nas proximidades das datas das conjunções inferiores Vênus-Sol (ou seja, as conjunções em que Vênus está entre o Sol e a Terra), o chamado “vento solar” incide fortemente sobre Vênus e faz com que esse planeta se comporte como se fosse um cometa, com a cauda apontando para o lado oposto ao Sol. Se a Terra está alinhada com Sol e Vênus, recebe em cheio o impacto do “vento solar”, que estaria também transportando matéria gasosa e partículas de poeira “apanhadas” nas camadas mais altas da atmosfera de Vênus.
A velocidade do vento solar é tamanha que bastariam poucas horas para que um vírus de origem venusiana pudesse atravessar o vácuo e penetrar na atmosfera terrestre. Isso poderia explicar o fato de que diversas pandemias de gripe irromperam exatamente no período subsequente às conjunções inferiores Vênus-Sol, numa faixa de tempo que pode ir de 35 a 67 dias entre o evento astronômico e a eclosão da pandemia.
Os defensores desta teoria associaram, portanto, os surtos de origem viral à ocorrência conjunta de duas condições:
- Uma conjunção inferior Vênus-Sol;
- O aumento da atividade solar, com tempestades magnéticas de maior vulto.
Parece loucura? Vamos aos fatos:
- A gripe espanhola de 1918 foi a mais devastadora virose do século XX. Só nos Estados Unidos, matou 600 mil pessoas, mais vítimas do que a soma total dos soldados americanos mortos nas duas guerras mundiais e nas guerras da Coreia e do Vietnã. O surto da pandemia começou no dia 8 de março de 1918, 28 dias após uma conjunção inferior de Vênus, em 9 de fevereiro do mesmo ano.
- A chamada gripe asiática de 1957, uma das mais mortais do século XX, teve início em 15 de janeiro de 1957, 210 dias depois da conjunção inferior Vênus-Sol de 21 de junho de 1956.
- O intervalo entre a perigosa Gripe de Hong-Kong, iniciada em 30 de outubro de 1967, e a conjunção inferior Vênus-Sol de 29 de agosto do mesmo ano foi de apenas 61 dias.
- O surto de gripe aviária surgido no oriente em 15 de novembro de 1996 foi precedido em 150 dias pela conjunção inferior Sol-Vênus de 11 de junho de 1996.
- A SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), uma forma grave de virose com sintomas semelhantes aos da pneumonia, muitas vezes confundida com a gripe aviária mas com características próprias, irrompeu na província de Guangdong, sul da China, em novembro de 2002. Ao longo de 2003 disseminou-se rapidamente pelo leste e sudeste da Ásia, além de também fazer vítimas no Canadá. O início do surto pode ser relacionado com a conjunção inferior Vênus-Sol ocorrida em 8º de Escorpião no dia 30 de outubro de 2002.
Doze epidemias dentro do mesmo padrão
No total, são doze epidemias e pandemias que, desde 1918, foram antecedidas por conjunções inferiores Vênus-Sol, inclusive a própria gripe suína, em 2009.
Pode-se argumentar que é possível creditar a ocorrência ao acaso, já que entre 1918 e 2009 ocorreram nada menos que 58 conjunções inferiores Vênus-Sol, uma média de aproximadamente uma conjunção a cada dois anos. Todavia, na busca de uma explicação para epidemias de graves desdobramentos, nenhuma hipótese poderia ser desprezada. Nem mesmo a de que os vírus que desencadearam a SARS e a gripe suína não vieram do agronegócio, mas sim de Vênus, viajando na cauda do vento solar (!).
Com a chegada do coronavírus, a sequência se quebra. A contaminação em massa, na China, e as primeiras centenas de mortes não foram antecedidas pela ocorrência das condições listadas pelos autores da teoria do vento solar: nem conjunção inferior Vênus-Sol, nem aumento significativo da atividade solar. Na verdade, o coronavírus surge num momento de atividade solar abaixo da média. A explicação, portanto, não está nestes fatores. Cumpre questionar, inclusive, se haverá um único padrão astrológico para todas as pandemias de efeito devastador. Enquanto ainda não temos a resposta, o mais seguro é não visitar o Extremo Oriente e ter à mão algumas máscaras de proteção…
NOTA:
[1] Esta teoria foi publicada em 2009 no site www.datasync.com/~rsf1/vel/1918ss.htm, hoje desativado.
Paula diz
E o que diríamos se realmente fosse comprovada essa hipótese, sobre Vênus ser o planeta do Amor?
Talvez nesse momento, em que não sabemos realmente de onde vem o vírus, Vênus esteja em uma posição favorável á Terra.
Silvio diz
https://constelar.com.br/astrologia-mundial/previsoes/2020-refundacao-do-capitalismo/
E essa previsão de pandemia e refundação do capitalismo?
Helena Elizardo diz
A cada informação como essa , paro pra pensar e acabo tendo que admitir que, nada podemos afirmar como verdade única! Tenho que admitir isso, apesar da grande concentração de planetas que tenho na casa 9 do meu mapa natal!
O bom é que, sendo assim, temos motivos de sobra pra continuar estudando e pesquisando!