Seguindo o caminho da ênfase em signos de Terra (Saturno em Virgem em 2007, Júpiter e Plutão em Capricórnio em 2008), a Fórmula 1 via despontar dois novatos na temporada de 2007: o taurino Felipe Massa e o capricorniano Lewis Hamilton. Desta vez, buscaremos pelo perfil do inglês, a nova sensação da maior metáfora esportiva do próprio capitalismo.
No mapa de Lewis Hamilton, observamos uma conjunção entre Sol e Júpiter, em Capricórnio, envolvida numa configuração planetária que alguns astrólogos chamam de “Retângulo Místico”.
Hamilton em 2007: a promessa já é realidade
O Retângulo Místico caracteriza-se por dois trígonos interligados por dois sextis e duas oposições. No caso de Hamilton, vê-se que Sol e Júpiter recebem a oposição da Lua domiciliada em Câncer. Enquanto Júpiter aplica sextil a Saturno em Escorpião, este último recebe trígono da Lua. Do outro vértice, é o Nodo Norte quem recebe trígonos de Sol e Júpiter e sextil da Lua. Consequentemente, Saturno teria de estar muito próximo (no caso, uma conjunção exata) ao Nodo Sul. Está fechado o retângulo.
A experiência me leva a afirmar que esta configuração planetária formada pelo retângulo traduz uma aptidão específica para o manejo de recursos e talentos pessoais. Se digo “específica”, é porque ela envolve dois sextis e duas oposições, e é aí que justamente reside a sua riqueza. Se o retângulo é realmente “místico”, é outra história.
Em determinadas circunstâncias (que envolvam mais jogo de cintura e enfrentamento de adversidades), o nascido sob o Retângulo Místico pode se sobressair até mesmo em relação à perfeição (esta sim, reconhecidamente mística) do Grande Triângulo. Mas voltemos a Hamilton.
A oposição que a Lua em Câncer aplica ao Sol e a Júpiter em Capricórnio revela a trajetória clássica do menino que foi apadrinhado desde cedo para se tornar um profissional de ponta. Mas outros elementos biográficos também se adéquam ao caso.
Lewis Hamilton deve o nome a Carl Lewis, o genial campeão do atletismo. Foi a mãe quem escolheu seu nome. Seus pais separaram-se quando ele tinha dois anos. Primeiro morou com a mãe, depois com o pai, a madrasta e um meio-irmão que sofre de paralisia cerebral. Seu pai dividiu-se em três empregos para sustentar a carreira-mirim do filho no automobilismo, e ainda encontrou tempo para assistir todas as suas corridas. Pai e irmão acompanham-no nas competições até hoje.
Desde muito novo, Hamilton destacou-se no kart inglês e, com a idade de nove anos, chegou para o chefão da equipe Mc Laren, Ron Dennis, e disse: “um dia eu ainda correrei para você e a Mc Laren!”. Ron Dennis conta que “ele me encarou e disse onde iria chegar (…), sem desviar os olhos dos meus, me disse que seria um campeão. Aquilo me impressionou profundamente”.
Os retornos solares de 1994 e 1998
No retorno solar de 1994, ano do ocorrido, um stellium entre Mercúrio, Vênus, Marte, Urano e Netuno unia-se à conjunção Sol-Júpiter de Lewis Hamilton. Plutão estava sobre Saturno em Escorpião do piloto inglês, tendo a companhia da Lua. Júpiter aplicava conjunção ao Plutão natal de Hamilton, fazendo movimento retrógrado para novas conjunções exatas ao longo daquele ano.
Já uma promessa concreta do automobilismo, Hamilton parecia ter realmente consciência de onde chegaria. E tinha pressa, pois não havia tempo a perder e ele se sentia preparado. Saturno natal, em Escorpião, recebia conjunção do próprio Plutão e da Lua. Hamilton, que possui uma natural aptidão para o cálculo e o planejamento (Saturno em Escorpião) visando ao poder e ao sucesso (Sol-Júpiter em Capricórnio), se encontrava diante de uma oportunidade ímpar.
A conjunção de Plutão (ativando o retângulo e aplicando sextil para Júpiter) indicava ser este um momento apropriado para buscar uma infraestrutura de muito maior suporte em que novas condições profissionais se adequassem às suas grandes ambições. A presença da Lua pode insinuar que a família de Hamilton teve influência direta nessa aproximação com Ron Dennis, mas certamente o magnetismo e a força pessoal do promissor piloto foram decisivos para impressionar o mandachuva da McLaren, que assistiria ainda seu ex-piloto Ayrton Senna morrer naquele ano.
Quatro anos depois, em 1998, Hamilton entrou para o McLaren’s Development Programme, com a idade de 13 anos. Seu contrato incluía a opção futura de ingresso na F1 e Hamilton foi o mais novo a conseguir isso. Seu retorno solar daquele ano trazia um aglomerado de planetas em Aquário. A Lua, contudo, aplicava trígonos ao Sol natal de Hamilton e à passagem do Nodo Norte por Virgem, formando um grande trígono. Todavia, o rumo que a sua preparação na McLaren seguiria dali para frente tem íntima relação com Aquário.
Hamilton, um produto da neurociência?
Hamilton começou então um trabalho inédito na Fórmula 1: um neurocientista neo-zelandês foi convocado para lapidar a talentosa promessa numa máquina de vitórias. Simulações de computador e videogame que colocavam Hamilton diante de todos os movimentos e circunstâncias de um carro numa corrida de F1 começaram a fazer parte do dia-a-dia do jovem piloto, tendo em vista estimular e aprimorar suas reações instintivas e suas qualidades inatas. Conceitos de neurociência e psicologia foram aplicados para que suas possíveis fraquezas e lacunas enquanto piloto fossem corrigidas e permitissem um maior desenvolvimento da sua técnica, colocando ainda eventuais medos, constrangimentos ou traumas sob controle.
Este preparo, somado às suas qualidades inegáveis desde a infância, permitiu que Lewis Hamilton se transformasse num piloto com um foco muito determinado e um controle da própria agressividade, além de uma consistência formidável. Depois dele, todos os analistas preveem que daqui por diante os futuros pilotos serão preparados de maneira idêntica. A ênfase em Aquário no retorno solar de 1998 atesta esse pioneirismo. Além disso, trata-se do primeiro negro na categoria.
A verdade é que, além de ser o estreante mais espetacular de toda a história da Fórmula 1, Lewis Hamilton, abençoado com um talento natural do mais alto nível, parece ser mentalmente muito bem preparado – mesmo tão jovem. Para Ron Dennis, “a autoconfiança vem geralmente somada à arrogância, mas não há um pingo de arrogância em Lewis”. Sua tranquilidade e calma explicam, em parte, o grande interesse e surpresa da mídia com o novo fenômeno em tão pouco tempo. E, é claro, as poles e as vitórias.
Pior para o leonino recém-chegado Fernando Alonso, que possui Lua conjunta a Marte em Câncer (em quadratura com uma conjunção entre Júpiter e Saturno em Libra) e vem odiando a possibilidade de ser colocado em segundo plano numa equipe inglesa francamente ansiosa em ver um campeão britânico. Que, por sinal, vem sendo “criado em casa” há muito tempo.