Os Jogos Olímpicos de 2000, em Sydney, foram catastróficos para o esporte brasileiro. Há décadas nosso país não voltava de uma competição de tal envergadura com tão poucas medalhas – e nenhuma de ouro. Terminadas as Olimpíadas, a imprensa esportiva brasileira ocupou-se ainda alguns dias a fazer análises e comparações. O futebol, destronado de sua condição de esporte n° 1 do país, mereceu apenas adjetivos pouco honrosos. Os jogadores foram chamados de pífios, apáticos, mascarados, e os piores atributos ficaram reservados ao técnico Wanderley Luxemburgo: arrogante, incompetente, Luxemburro. Em contrapartida, as meninas do vôlei de quadra mereciam todos os elogios. Perderam para Cuba, é verdade, e ganharam apenas a medalha de bronze, mas “um bronze com sabor de ouro”, como afirmava a imprensa. As atletas “mostraram raça”, “caíram de pé” e “honraram a bandeira brasileira”. Para uma mídia carente de ídolos esportivos, o bom desempenho do vôlei feminino foi suficiente para que Leila, Virna e companhia fossem alçadas à categoria de heroínas nacionais – com a entusiástica concordância da torcida, diga-se de passagem.
O que aquelas jogadoras de vôlei tinham de especial? Astrologicamente, quem eram as doze guerreiras treinadas pelo empolgado técnico Bernardinho?
Mesmo sem os Ascendentes das atletas, já que não temos os horários de nascimento, é possível fazer uma constatação surpreendente. Vejamos alguns aspectos:
- Leila – Conjunção Vênus-Urano; Saturno oposto a Júpiter e Netuno.
- Virna – Vênus em quadratura com Saturno; Saturno oposto a Júpiter e Netuno. Quadratura Lua-Urano.
- Fofão – Vênus em oposição a Plutão e Urano; Saturno em conjunção com Marte e oposição a Júpiter.
- Érika – Vênus em oposição a Urano; Saturno em quadratura com Netuno.
- Janina – Vênus em quadratura com Saturno e Lua. Lua em trígono com Urano.
- Ricarda – Vênus em quadratura com Júpiter; Saturno em oposição a Netuno. Lua em trígono com Urano.
- Waleuska – Conjunção Vênus-Plutão; Saturno em quadratura com Netuno.
- Elisângela – Conjunção Vênus-Urano.
- Karin – Vênus em oposição a Saturno.
- Raquel – Vênus em quadratura com Marte; Saturno em oposição à Lua.
- Keli – Conjunção Vênus-Plutão; Saturno em quadratura com Marte.
- Katia – Saturno em oposição à Lua.
Das doze jogadoras, portanto, onze apresentam Vênus envolvida em aspectos considerados difíceis, como oposições, quadraturas e também as conjunções com Urano ou Plutão. Da mesma forma, onze têm alguma oposição ou quadratura de Saturno (cinco desses aspectos são com Netuno). E as seis titulares apresentam aspectos Urano-Vênus ou Urano-Lua.
Mais ainda: 3 das jogadoras (25%) têm Vênus em Libra; cinco têm pelo menos um planeta pessoal em Libra (e todas têm pelo menos um planeta neste signo, um fator geracional). Quatro jogadoras têm Lua em Aquário e duas apresentam-na em Capricórnio, sendo, ambos os signos, domicílios de Saturno. Mais duas têm Lua em aspecto com Saturno, o que perfaz um total de dois terços da seleção com algum tipo de conexão Lua-Saturno.
Esta sucessão de reiterações explicita um padrão digno de nota. A profusão de contatos Lua-Saturno, por exemplo, sendo a Lua um planeta essencialmente feminino, fala da disciplina necessária ao sucesso esportivo. O vôlei profissional é um esporte com alto nível de exigência, solicitando dedicação exclusiva e drástica redução ou supressão das atividades típicas de uma vida “normal”. Estrelas do vôlei acordam cedo, treinam exaustivamente, passam a maior parte do tempo submetidas a uma disciplina quase de caserna e têm pouco tempo de contato com família, amigos ou namorados. Precisam aprender a calar a livre expressão dos gostos e desejos, em nome do apuro técnico e das necessidades da equipe. Assim, a presença de aspectos do restritivo e disciplinador Saturno com planetas pessoais é um fato relativamente comum entre tais atletas. Numa certa medida, atletas bem sucedidas são um espécie de sacerdotisas modernas. Enquanto se dedicam ao esporte, não vivem para si, mas para uma causa maior. Pertencem a seus clubes e seleções, assim como as antigas vestais pertenciam aos seus deuses.
Por outro lado, a forte insistência de aspectos Saturno-Netuno estabelece uma inesperada analogia com a figura do monge-guerreiro, tão comum na Idade Média. A Ordem dos Cavaleiros do Templo (os famosos templários da época das Cruzadas) também foi fundada sob um contato tenso Saturno-Netuno, e estabeleceu um paradigma de organização coletiva na qual a manifestação individual da vontade deveria ceder lugar ao espírito corporativo. É um aspecto que pode conduzir a comportamentos depressivos ou fanáticos, mas que, quando bem canalizado, pode gerar uma irrestrita adesão a causas supra-individuais.
Vênus e o ego feminino
A reiteração de aflições venusianas e de contatos Vênus-Urano também é digna de registro. Vênus é um princípio fundamental na constituição do ego feminino, na auto-imagem da mulher como ser afetivo e apto para a escolha e atração de um parceiro. Com Vênus afligida, é provável que uma das motivações das atletas do vôlei seja exatamente a necessidade de darem a si mesmas uma prova cabal da própria competência e talento. O contato com Urano, em especial, gera um impulso para quebrar as regras, para desenvolver a autoconfiança através de atividades pouco convencionais ou ainda uma inquietação que precisa ser trabalhada através do risco e do esforço físico.
Já o destaque para os signos de Ar parece ter relação direta com a própria escolha do vôlei em vez de outros esportes, sendo o vôlei uma modalidade gregária, coletiva, onde o talento individual jamais se impõe sem disciplina tática e sentido de conjunto.
Veremos a seguir algumas características básicas de algumas jogadoras titulares da seleção de vôlei. São traços muito gerais, já que baseados apenas nas respectivas cartas solares.
Leila, a charmosa
O stellium em Libra (Mercúrio, Sol, Urano e Vênus), somado à conjunção Lua-Marte em Aquário e a Saturno em Gêmeos, definem Leila como uma mulher de Ar, contando, inclusive, com um Grande Trígono neste elemento. Era uma atleta voltada para o grupo, comunicativa, com grande sentido de equipe e capaz de entender o jogo racionalmente. A dominante libriana fazia dela uma agregadora natural, enquanto o destaque do fator Aquário (Lua-Marte em conjunção neste signo e mais Urano em conjunção com Vênus) torna-a rápida, esperta, capaz de jogadas surpreendentes em momentos importantes.
Leila tem os dois planetas tradicionalmente considerados benéficos (Vênus e Júpiter) em domicílio, sendo que Vênus em Libra está em conjunção com Urano, que dispõe de Lua e Marte em Aquário. É esta conjunção em Libra que a torna especialmente atraente, dando-lhe um toque vivaz e exótico. Leila era o xodó do público masculino, fazendo sucesso inclusive fora do Brasil (assim que terminaram as Olimpíadas, ela viajou para as Filipinas, onde era extremamente popular, para atuar como atriz em um filme local). Neste sentido, preenche completamente o arquétipo da mulher Vênus-Libra: fisicamente bonita, simpática, agradável, elegante e com uma aparência tão delicada quanto seria possível numa atleta profissional. Seus rosto tem traços netunianos (olhos rasgados, porção média do rosto mais larga que as demais, maçãs salientes), o que faz pensar numa situação angular de Netuno ou de Peixes.
Comparando seu mapa com a carta da Independência do Brasil, vemos que o Marte de Leila em Aquário está em oposição à Vênus do país em Leão; Júpiter de Leila opõe-se à Lua brasileira, enquanto as posições de Plutão nas duas cartas também estão em oposição. São aspectos de atração, envolvendo planetas formadores do padrão coletivo de ideal feminino no mapa do país e aspectos de atração magnética, bem de acordo com o lugar que Leila ocupou nas atenções da torcida e da crônica especializada.
O interessante é que Leila, que parece tão sensível e afetiva (envolvia-se emocionalmente com as disputas e chorava nas vitórias e derrotas), não tem um único planeta em signo de Água. Contudo, a Lua em Aquário em aspecto fluente com três planetas em Libra (Sol, Urano e Vênus) garante uma adequada expressão emocional, não necessariamente grudenta, como o padrão típico de Água, mas demonstrativa e extrovertida. É alguém que se sente à vontade em contato com o público e que expressa melhor os valores femininos exatamente quando está vivenciando situações coletivas.
Virna, a concentrada
Virna era o ponto de apoio da seleção de vôlei. Com Sol-Vênus em Virgem e Lua em Capricórnio, era ela quem dava a base, o senso de realidade, o sentido prático. Trata-se da atleta mais saturnina da seleção, com seu Saturno em Gêmeos quadrando Sol-Vênus em Virgem, opondo-se a Júpiter-Netuno e formando trígonos a Urano e Marte (como Leila, Virna também tem um Grande Trígono em Ar). Nos momentos difíceis, era nela que repousava a responsabilidade mais pesada de resolver o jogo, de virar bolas impossíveis e de restaurar a confiança da equipe. São atributos de Saturno a seriedade, a concentração e a objetividade, e Virna parece ter tudo isso em alto grau.
Por outro lado, era também uma jogadora inspirada: Mercúrio, em recepção mútua com o Sol, está retrógrado em Leão e formando uma quadratura com Netuno em Sagitário (que também afeta o Sol e Vênus no início de Virgem). Provavelmente, esta valente jogadora nordestina precisou do esporte como um recurso para desenvolver a autoconfiança e a disciplina capazes de permitir-lhe um uso consciente dos talentos indicados pelas quadraturas de Netuno. Estas, se são inspiradoras, são mais ainda dispersivas e apontam para o risco do excesso de imaginação, falta de sentido prático e atitudes de vítima. Trata-se, em realidade, de uma quadratura T, formada pela oposição de Netuno a Saturno em quadratura com os planetas pessoais em Leão-Virgem. Neste sentido, Virna tematiza e resume o aspecto mais presente naquela seleção feminina de vôlei de 2000, que é exatamente a relação tensa Netuno-Saturno.
Virna tinha uma presença carismática junto à torcida brasileira, pois sua conjunção Júpiter-Netuno está no Meio Céu do mapa da Independência, e Mercúrio, Sol e Vênus da jogadora ativam a casa 7 do país. Dependendo do horário de nascimento, a Lua de Virna pode estar em conjunção com Urano da Independência, aspectos suficientes para fazer dela uma atleta tão popular quanto Leila, talvez não tão adulada, mas certamente ainda mais respeitada. O que ela encarna são os valores positivos do esforçado Sol brasileiro em Virgem.
Fofão, a tranquila
Fofão era a levantadora da equipe, ou seja, a jogadora encarregada de distribuir o jogo para as companheiras, o que a obrigava a ter uma excepcional capacidade de antecipação de jogadas, incluindo a percepção dos pontos fracos das adversárias. Seu mapa é do tipo ampulheta (dois grupos de planetas formando oposições entre si). Como a oposição é um aspecto de consciência e de compromisso, a presença de cinco delas na carta de Fofão impõe uma conotação libriana, ou de casa 7, se bem que Fofão tenha apenas Urano neste signo de Vênus. Fisicamente, Fofão tem uma aparência mais frágil e delicada do que as outras jogadoras (Sol e Mercúrio em Peixes), assim como movimentos tranquilos e harmoniosos (três planetas em Touro em oposição a Júpiter em Escorpião). Dependendo do horário de nascimento, a Lua pode estar ainda nos últimos graus de Áries, mas seu papel de “alimentadora” do time, além da imperturbável segurança e tranquilidade, parecem indicar mesmo uma Lua taurina em conjunção com Marte e Saturno. Este Marte em exílio e enquadrado por Saturno e Lua é bem o retrato do uso que Fofão sempre fez de sua energia e agressividade: disciplina em vez de impulsividade, distribuição de jogo em vez de ataque direto. O toque Peixes-Touro também está presente no apelido, na voz repousada e no olhar afetuoso. Mas há algo ainda a destacar nesta jogadora: a oposição de Vênus-Sol a Plutão, indicadora de uma disposição obsessiva e de uma enorme capacidade de controle.
Érika, a fulminante
Com apenas vinte anos, Érika destacou-se entre as jogadoras mais jovens da seleção pela extraordinária violência de seus saques e cortadas. Quando acertava a mão, suas jogadas normalmente eram mortais. Tem Sol em Áries e Marte em Leão, em recepção mútua, funcionando mais ou menos como se estivessem em conjunção. Alta e de pernas longas, tem um tipo algo exótico, mas é uma predadora em corpo de gazela. Se não estivesse canalizando seu mapa para a atividade esportiva, provavelmente seria uma adolescente tímida e com sentimentos de inadequação e inquietude (o agressivo Sol em Áries em quadratura com a sensível Lua canceriana e a feminina Vênus em Touro eletrizada pela oposição com o excêntrico Urano).
Ricarda, a eficiente
Líbero da equipe (a jogadora que pode atuar em qualquer posição), Ricarda é uma morena de olhos grandes e jeito discreto, pelo que respondem o stellium em Virgem (Marte, Sol, Mercúrio e Plutão) e os quatro planetas no eixo Touro-Escorpião. Estes três signos femininos reúnem, no total, 80% dos planetas de sua carta. O estilo de Ricarda não aparecia muito, nem era uma jogadora que se destacasse pela força. Era também uma das mais caladas em quadra e quase não dava entrevistas (Mercúrio domiciliado em Virgem é o dispositor final da carta e está retrógrado, enquadrado entre o Sol e Plutão). Os olhos enormes e aguados sugerem um Ascendente Câncer, ou a angularidade da Lua. Sua contribuição para o time era a versatilidade, a eficiência e a discrição virginianas.
Nota: outros dados de nascimento
Para quem quiser levar as pesquisas mais adiante, eis as datas de nascimento das demais jogadoras da seleção brasileira de vôlei de quadra nas Olimpíadas de 2000:
- Waleuska – 1.10.79
- Elisangela – 3.10.78
- Karin – 8.11.71
- Raquel – 3.4.78
- Keli – 3.10.74
- Katia – 13.7.73
- Janina – 25.10.72