• Quem somos
  • Escola Astroletiva
  • Contato

Constelar

Um olhar brasileiro em Astrologia

  • Astrologia Aplicada
    • Cinema e TV
    • Comportamento
    • Esporte
    • Literatura e Arte
    • Personalidades
    • Saúde
  • Comunidade
    • Astrólogos
    • Memória
    • Multimídia
    • Profissão
    • Livros
  • Técnica
    • Bases
    • Novas Propostas
    • Símbolo e Mito
    • Teoria
    • Tradicional
  • Colunas
    • O Céu e Você
    • Agenda
    • Fernando
  • Astrologia Mundial
    • Brasil
    • História e Cultura
    • Mapas nacionais
    • Previsões
    • Presságios
Você está em: Home / Técnica / Símbolo e Mito / Dionísio, o deus da loucura e do despedaçamento

Dionísio, o deus da loucura e do despedaçamento

26/07/2025 por Marcelo "Cronos" Brasil

O simbolismo de Plutão expressa os mistérios do submundo do deus mitológico Hades, mas também fala de loucura, êxtase, aniquilamento e da violência dos rituais de passagem do deus Dionísio.
O Triunfo de Baco, Diego Velásquez.

O Triunfo de Baco (1629), óleo sobre tela do pintor espanhol Diego Velásquez representando o deus Dioniso ou Dionísio — Baco, na versão romana — confraternizado com um grupo de homens embriagados.

Minha concepção sobre o Plutão astrológico mudou completamente quando cheguei à conclusão de que Hades e Dionísio são a expressão da mesma ‘força’.

Falar de Dionísio não é algo fácil. Dionísio não se expressa pela via da razão, da mente, do ego, ou até mesmo da consciência. Em meu texto incluído no livro Astrologia para um Novo Ser escrevi algo sobre a grande mutação genética que é capaz de colocar o homem em outros níveis de consciência. De fato, esse era um tema que vinha caminhando entre diversas escolas de magia na época.

Esse salto no abismo de transformação física em mudança de estados de consciência estava me dando os primeiros momentos de encontro com Dionísio. Tanto que, no livro, digo que Dionísio é o décimo-terceiro deus, aquele que aparece quando completamos a jornada do herói na travessia das doze portas. Porém, o raciocínio não estava muito bem sedimentado, já que Dionísio não é um criador de consciência.

A dança de Dionísio

Não há como conhecer Dionísio sem entrar em sua dança. Ele tem diversas semelhanças com Shiva, e existe até um excelente livro a respeito. Dionísio é a figura do Sol Negro. Existem sistematicamente três deuses greco-romanos associados ao Sol Negro: Baco, Plutão e Saturno. Essas três figuras tem interessantes relações. E em toda mitologia onde se manifesta o solar, o Sol Negro se faz presente.

No final de 2003 aconteceu um eclipse solar, a morte do Sol, em Sagitário. Naquele momento tivemos dois Sóis Negros no céu: o próprio eclipse e Plutão. Assim como no caso de Lilith, que aparece duplamente no eclipse lunar.

Entrar na dança de Dionísio é terrível. É o deus (ou, em termos mais junguianos, um arquétipo) mais complexo que já se manifestou para a humanidade. Dionísio é o deus estrangeiro, aquele que por onde for não está em seu lar e não se sabe de onde veio. Dionísio e suas panteras e leopardos, senhor das sombras, o rei do mundo dos mortos andando sobre a terra. Dionísio tem seu grande poder no sangue da terra, o vinho. Sempre com sua taça, que lembra a taça do Plutão astrológico.

O vinho foi proibido no Islã, por ser sinônimo de confusão. E é, na mística islâmica, o termo utilizado para a experiência divina. E essas palavras dizem absolutamente tudo sobre a experiência dionisíaca, a confusão, o caos, a perda de controle e, ao mesmo tempo, o êxtase divino, onde somos um com o Uno, sem diferença.

Dionísio e as máscaras

Dionísio é o senhor da agonia e do êxtase. Leva à experiência narcísea, ao mergulho incontrolado na própria imagem. A experiência do espelho é contemplar o ser real, aquele que está do outro lado, o reflexo, o verdadeiro. Dionísio leva isso para a confusão, para o mergulho procurando todo o êxtase, o completo abandono, a dor final no desespero do despertar pela via errônea. E assim o faz com toda a sedução, sem o nosso controle. Acabamos por nos perder em nossas máscaras, que são absolutos atributos dos cultos de Dionísio, Ártemis e Hécate.

O teatro grego é fruto da iniciação de Dionísio, onde todos colocam máscaras iguais e se perdem na mania, na possessão divina. Dionísio é um deus que cavalga. Ele leva a experimentar a loucura, o despedaçar, o desaparecer. A tragédia grega como expressão dionisíaca, a vida sendo a tragédia.

Os cultos de Ártemis e de Dionísio são relacionados. Em alguns lugares de culto, o ritual começava no tempo da deusa e terminava na do deus. Dionísio é o deus dos espantalhos, o senhor das máscaras. Em sua iniciação, o iniciando se deparava com diversas máscaras penduradas, como que sem rostos por trás delas. Máscaras com olhares terríveis, como o das Górgonas. No mundo infernal, Cérbero impedia a entrada no Hades. A face da Górgona, controlada por Perséfone, evitava a fuga. Dionísio é aquele que brinca com a máscara, que as dá e as tira. O deus da impessoalidade completa.

Quando se diz que na experiência dos trânsitos de Plutão existe um ‘vazio’, o termo é completamente incorreto. Dionísio é o deus da inconsciência. Dos estados de inconsciência. Dos estados alterados de (in)consciência. Ele é a variação oposta da experiência solar. É o inimigo do Sol, de Apolo, sendo seu concorrente para receber o trono de Zeus e, claro, da consciência apolínea, luminosa e esclarecedora. Quando Plutão está causando sua confusão, seu holocausto, está se alimentando da consciência, transitando informações para o ego do inconsciente, que é o Sol Negro. São os estados de morte. É o simbolismo do Arcano XIII, o transitar entre mundos, entre as deusas da morte e do sexo.

Dionísio domina as mulheres e as leva em surtos de loucura e prazer absoluto. A passagem entre Hades e Dionísio é a morte. É assim que entendo esse arcano. Até a Morte, temos Hades, os mistérios do outro mundo, do incompreendido. Depois do arcano da Morte, temos Dionísio, o mistério desse mundo. Fazer a passagem, via a entrega do Enforcado. O sentido do sacrifício do Sol e o nascimento do Sol Negro.

Violentos ritos de passagem

Observando em diversas mitologias, vemos os ‘criadores’ de Sol Negro. Desde Loki que precipita morte de Balder, o Sol, para que ele vá para os reinos de Hel. Seth, que mata Osíris e o torna senhor infernal. Hera, que praticamente mata Sêmele. Ou até os titãs que despedaçam Dionísio para o nascimento de Zeus Zagreus. Esses criadores são deuses ligados à iniciação de deuses, função completamente saturnal, de ritos de passagem divinos e violentos. Senhores de esferas não compreensíveis, pois estão além de qualquer consciência interpretativa.

Dionísio/Hades, como podem ver, não é um deus de significados fáceis. Podemos ficar a vida toda a estudá-lo. Porém é uma absoluta perda de tempo. Dionísio nos chama para experiência dele. Seu culto era perseguido e sua figura expressava uma profunda vingança. Destruía completamente seus perseguidores, lançando-os aos pedaços, como em sua própria iniciação (narrada no mito helenizado dos mistérios de Osíris). Era algo muito semelhante aos poderes das bruxas tessalianas, conforme Apuleio, que despedaçavam os homens e os juntavam novamente.

As brumas de Dionísio existiam para todos que não pertenciam a sua iniciação. Seu culto era secreto e proibido a qualquer leigo. E a punição pelos sacrilégios era o despedaçamento, normalmente pelas bacantes enlouquecidas. Dionísio é o senhor da alma feminina. É o sedutor e eterno amante, o homem cheio da mais profunda luxúria que todas sonham e ao mesmo tempo nunca irão encontrar. Pois ao encontrarem serão seduzidas e levadas ao Sabá eterno. O criador e iniciador das bruxas.

Em Guernica (1937) Pablo Picasso capta a agonia e o despedaçamento real de uma cidade basca durante a Guerra Civil Espanhola.

Dionísio se expressa em toda a idade medieval pelo Sabá das feiticeiras, onde se veste de preto. É o Homem Negro do Sabá, que cativa seus bruxos pelo juramento de sangue. Ele e a grande feiticeira, a rainha do Sabá. Todos perante o Bode Obsceno, no beijo ao ânus do senhor de todo o poder da bruxaria e do êxtase da realização de todos os desejos. E o método de encontro passa pelo Vinus Sabbati, o unguento das feiticeiras. O Sabá, a bacanal das feiticeiras, onde crianças seriam despedaçadas e devoradas.

O senhor da dissolução e o ego inconsciente

Podemos encontrar esse senhor da dissolução espalhado por toda a humanidade. É o ego do inconsciente, reino de Posseidon. O senhor da Sombra, a Pantera Negra, o devorador. É o deus que anda pela terra, que aqui a tudo domina e que quer sempre e sempre mais poder e mais poder.

Não se lhe pode resistir. É impossível de ser controlado. Tem controle absoluto. É um dos mais perigosos de todos os deuses. Contatá-lo é difícil, pois temos de entrar em seu êxtase, em sua dissolução. É ele quem cria os seres finais, que abre as portas do apocalipse individual, o senhor da Revelação, do Julgamento. Mas ele sempre chega, mais cedo ou mais tarde, e não gosta de ir embora, com todo trânsito plutoniano.

Encaro Plutão como um planeta de limites entre o sistema solar e a galáxia, como um elemento de dissolução final, um devorador, um homem que quer domínio. É por essa ação que ele age, sem que percebamos. Planejou com Zeus o rapto de Perséfone, sua sobrinha, rainha infernal, que em alguns mitos é a despedaçada. A experiência plutoniana é do despedaçar, do rasgar, do não ser possível conter. É o fluxo de poder que tira a razão e leva ao impulso puro.

Enquanto o domínio de Saturno sobre o consciente é real e perceptível, Plutão não pode ser encontrado em vias racionais e estruturadas. Ambos são mestres em conter e obter forças ao libertar. E a libertação dionisíaca, aquela que era pregada pelos órficos, é pela purificação máxima. Destruição daquilo que nos faz reais e conscientes, pela integração entre consciência e inconsciência, dissolvendo-as. Nesse caso Plutão não é um senhor da morte. Ele é aquele que Kerenyi associou com a palavra grega Zoé, vida plena e eterna, em contraparte com Bios, vida física.

O Cristo Negro e o Sol do despertar

Dionísio é o Cristo Negro, o Logos que desce para a mansão dos mortos. O Cristo após o sacrifício de morte, despedaçamento e desaparecimento total. Pronto para o renascer e transcender estados. Quando o Sol da Meia-Noite passou no meio das presas da Grande Serpente (ou quem sabe, o Pássaro, ou quem sabe, o Dragão) que cria a ilusão do mundo. Viver a experiência dionisíaca é ser o Sol nascente, onde, segundo os gregos, estava Lúcifer, a estrela da manhã. E o Sol do despertar, ou Abraxás.

Dionísio é tão sedutor e traiçoeiro quanto o próprio caminho da humanidade. Absorvê-lo é ser como Shiva. É trilhar o caminho de Shiva. É ser o Louco na beira do abismo. É saltar nele como se salta em um buraco negro, passar pelo lado desconhecido do universo e se tornar um buraco branco radiante, criador de galáxias, ou como Shiva, de universos.

ASTROLETIVA FAZ ANIVERSÁRIO E VOCÊ GANHA TRÊS EVENTOS

Explore também:

Quíron em Áries e os Nativos Algorítmicos: a dependência das IAs

Iansã, a guerreira do vento

Biden, Trump, Kamala e o mito da Medusa

Arquivado em: Símbolo e Mito Marcados com as tags: 2004, Dioniso, Grécia, mitologia, Plutão

Sobre Marcelo "Cronos" Brasil

Marcelo Brasil é um especialista em informática. Contudo, é muito mais conhecido como Cronos, pesquisador de mitologia, religião e magia com participações em congressos de Astrologia e no livro Astrologia para um Novo Ser, publicado em 2000 sob a coordenação de Valdenir Benedetti. Cronos foi também um ativo moderador de listas de discussão nos primórdios da Internet no Brasil. No momento seu contato é ignorado.

Visite a página do autor.

Escola Astroletiva 26 anos

Seções

  • Astrologia Mundial
  • Astrólogos
  • Bases
  • Brasil
  • Cinema e TV
  • Colunas
  • Comportamento
  • Esporte
  • Fernando
  • História e Cultura
  • Literatura e Arte
  • Livros
  • Mapas nacionais
  • Memória
  • Multimídia
  • Novas Propostas
  • O Céu e Você
  • Personalidades
  • Presságios
  • Previsões
  • Profissão
  • Saúde
  • Símbolo e Mito
  • Teoria
  • Tradicional
  • Email
  • Facebook
  • Twitter

ACERVO 1998-2013

  • Arquivo por edição
  • Arquivo por autor
  • Índice Temático

Nuvem de Assuntos

1999 2000 2001 2002 2004 2007 2008 2011 2012 América Latina antiguidade Brasil cultura de massa eleições epidemias Estados Unidos Europa Futebol graus simbólicos Grécia guerras história Islamismo Júpiter lunações Marte mitologia Música Netuno perfis Plutão política previsões Psicologia Região Sul religião retificação Rio de Janeiro Saturno São Paulo tragédias trânsitos Urano Vênus Ásia

CONSTELAR, ANO 27

Constelar é um site voltado para a difusão da astrologia de boa qualidade produzida por autores brasileiros e do mundo latino. Em atividade desde 1998, reúne um dos maiores acervos em língua portuguesa. Logomarca: representação pré-histórica das constelações de Virgem-Libra, Pedra do Ingá, PB.

Últimos artigos

  • Dionísio, o deus da loucura e do despedaçamento
  • Quíron em Áries e os Nativos Algorítmicos: a dependência das IAs
  • A gênese da arrogância americana – With Love, WTC
  • Bussunda, o humor jupiteriano dos Cassetas
  • Um mago na Lua Cheia em Sagitário

Copyright © 2025 · Constelar, um olhar brasileiro em Astrologia · Editor: Fernando Fernandse · Terra do Juremá Comunicação Ltda.

Copyright © 2025 · Metro Pro Theme em Genesis Framework · WordPress · Login