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A DESCOBERTA DO MEIO DO CÉU

Início do artigo
| Parte 2
Ascendente x Meio do Céu
Enquanto o Ascendente é a identificação
de si para si mesmo, o Meio do Céu é a identificação
de si como símbolo ou como representação de expectativas
sociais. É o desdobramento ou uma espécie de resultante
da persona do Ascendente ao longo de seu desenvolvimento e integração
entre os elementos internos e pessoais e os externos e sociais. O abdicar
do individual, a perda de referencial em si mesmo, tomando como centro
não mais o ego, mas a condição humana no mundo. Talvez
possamos dizer que o Meio do Céu é uma resultante do ideal
do Ascendente de projeção de si mesmo no mundo e uma maturação
do mesmo pela aplicação individual tendo em vista objetivos
que fazem parte das necessidades de grandes grupos de pessoas.
O Meio do Céu ocorre após as experiências
da sétima (o outro, as sociedades, as parcerias, o declínio
do ego), da oitava (o ingresso numa sociedade onde requer-se compromisso
e a consciência da necessidade da contribuição para
os demais) e da nona casa (a participação na ritualística
social, os protocolos, as regras que preparam para a assunção
das responsabilidades vindouras). É a passagem do particular para
o geral, o sacrifício da auto-importância em prol de um bem
maior. É o início da percepção que levará
à expressão do que os místicos entenderiam como o
desenvolvimento do amor-dedicação universal.
É no momento que nos tornamos "indivíduos",
no sentido junguiano da palavra, que acabamos por deixar de sê-lo,
no sentido sociológico. O indivíduo, então, passa
a reproduzir seu mito pessoal conscientemente. Esse processo só
pode ocorrer como amadurecimento, quando o indivíduo passa a ser
co-autor da obra que inconsciente e aleatoriamente produzia. Com a tomada
de consciência do significado do Meio do Céu em nosso mapa
(que não ocorre de súbito, mas após um bom processo
de maturação, coisa que leva tempo e requer experiência
de vida, embora possa ocorrer relativamente cedo), obtém-se uma
diretriz e uma sensação de eixo, de prumo. Deixamos de ricochetear
em profissões ou em lugares sociais que, sim, têm analogia
com o signo e os planetas associados ao Meio do Céu em nosso mapa,
já que não temos como deixar de sermos o que somos, mas
que não satisfazem aquela centelha íntima que direciona
nossa vontade e nos faz sentir como que familiarizados com o papel que
desempenhamos.
Quanto mais se amadurece - e, repito, amadurecimento, embora
tenha a ver com a idade, não necessariamente ocorre numa idade
específica e nem todo amadurecimento é completo - mais próximo
se fica da consciência que está relacionada ao signo e planetas
ligados ao Meio do Céu.
Persona-Social, Persona-Símbolo e Mobilizadores de Multidões
Exemplos (extremos) de vidas que passaram a reproduzir,
com grande clareza, um drama arquetípico, freqüentemente identificado
em mitos de diversas culturas: Chico Xavier, Ghandi, Antônio Conselheiro,
Sócrates etc. Isso não quer dizer que somente pessoas que
tenham desenvolvido uma persona social capaz de mobilizar multidões
ou que tenham tido impacto ad eternum no pensamento humano sejam
as únicas a desenvolverem o sentido de persona-símbolo do
Meio do Céu. Um cidadão comum que tenha atingido um bom
grau de ativismo e que se tenha tornado relativamente conhecido por suas
obras, que tenha bom grau de credibilidade, está vivendo seu Meio
do Céu. E às vezes plenamente, se estivermos falando de
uma perspectiva holística da vida. É possível que
ele ali esteja realizando seu dharma (termo hindu que significa, no sentido
teosófico, "dever", "missão", grosso
modo).
Gandhi
(à esquerda) e o beato Antonio Conselheiro (abaixo, em foto do
corpo após a tomada de Canudos) foram pessoas que, de maneira bastante
diversa, vivenciaram plenamente o sentido do Meio do Céu.
Dizer a alguém que está havendo um grande
desenvolvimento da persona social ou da persona-símbolo implica
dizer que sua vida já não mais lhe pertence, ao contrário
do que parece ser para o ego individual relativamente despercebido de
seu eixo de conexão com o restante da sociedade. Ela pertence a
um desígnio maior, mesmo que esse desígnio não tenha
nada de aparentemente espiritual, e obedece a uma lógica diferente
daquela dos interesses individuais de autopreservação. A
lógica, então, é a que transcende o indivíduo
e que encontra eco na necessidade da humanidade de encontrar seu referencial
de se realizar como obra da Criação (se usarmos a terminologia
cabalística). A vida do indivíduo passa a ser uma espécie
de, na falta de um termo menos limitado, "patrimônio humano",
não mais algo privado. Ele tem que preencher determinadas expectativas
sociais ou espirituais de sua época.
Pode-se
alinhar a consciência com esse ser modelar que existe dentro de
si à medida que se dirige o esforço pessoal para situções
e atitudes análogas aos símbolos envolvidos na dinâmica
do Meio do Céu. É um tipo de alinhamento com a vocação
do indivíduo. E à palavra "vocação"
atribuem-se, aqui, conotações além das meramente
profissionais, apesar de isso cobrir boa parte dos atributos do Meio do
Céu.
Identifique em seu histórico pessoal, manifestações
profissionais ou não dos arquétipos associados ao Meio do
Céu (o signo da cúspide, o dispositor ou os planetas da
casa 10). O que você viveu de análogo a isso? Pergunte-se:
"Que tipo de simbólica eu incorporo perante as expectativas
da sociedade?"
Mas e se...?
Em função do que foi escrito nos parágrafos
anteriores, é bem possível que seja feita uma pergunta como
esta: "Mas e quando o Sol (ou algum outro fator importante do mapa)
está no Meio do Céu? O indivíduo já age, sente
e pensa como um símbolo vivo?" Não. Se assim fosse,
diversas pessoas que enfrentam crises sucessivas em suas vidas profissionais,
as que têm dilemas existenciais e aquelas que têm certa dificuldade
em definir um lugar social não existiriam. Mesmo com o Sol na casa
10 é preciso passar por um processo de amadurecimento e integração
para expressá-lo em todo o seu potencial. Quando você desenvolve
a auto-estima, isso repercute também no Meio do Céu. Tem
que ser assim, do contrário não estaríamos falando
de uma integração com a totalidade do ser. Identificar-se
com o Meio do Céu significa atuar como símbolo, coisa que
é inerente a todo ser humano em nível inconsciente. É
viver o mito pessoal.
E quanto às pessoas que não se realizam? Elas
deixam de experimentar o Meio do Céu em suas vidas? E quanto àquelas
que têm tudo sem esforço ou têm uma herança
que as permite uma vida muito confortável? Elas já nasceram
realizadas e por isso não precisam passar por um processo de autodesenvolvimento?
Estas perguntas também podem ter surgido na mente de vários
leitores, mas o fato de alguém se "realizar" (ênfase
nos aspas, por favor) é bastante relativo. Por um lado tanto o
primeiro quanto o segundo tipo de pessoa pode não ter desenvolvido
suficientemente sua consciência social, permanecendo circunscritas
nos limites de suas inseguranças (tantas vezes produzidas pelomodo
como a própria sociedade se estrutura num mecanismo repressivo
e coercitivo) ou de suas visões de mundo cristalizadas. Essas pessoas,
podem não ter sido encorajadas a desconsiderar toda uma estrutura
estratificadora da sociedade (mesmo a nossa), indo adiante em seus objetivos.
Por outro lado, nem sempre a realização como indivíduo
integrado vem acompanhada do enriquecimento. Ele até pode vir da
plenitude decorrente do uso dos talentos (casa 2 do mapa astrológico)
e das repercussões que isso terá no futuro (uso dos talentos
ao longo do tempo, otimizando-os e adaptando-se a novas circunstâncias).
Aí já estamos falando do desdobramento da casa 10 na casa
11, que remete à idéia de futuro ou projeções
dos ideais para a posteridade.
Quanto a quem "tem tudo", não necessariamente
se chega a essa plenitude enquanto ser. Embora tais pessoas sejam materialmente
estabelecidas, chegar à consciência do Meio do Céu
é um estado de ser, algo que implica haver a passagem por um processo
de morte do ego. Aliás, diga-se de passagem, a expressão
"morte do ego" aqui é tratada não como "anulação
do ego", mas como seu uso subordinado a algo maior do que ele - uma
anulação total do ego inviabilizaria uma atuação
mais contundente na sociedade, faria com que se perdesse o poder motivador
e mobilizador. O processo também envolve o contato com uma filosofia
ou visão de mundo dilatada, algo que transcenda a importância
da vontade pessoal. Quando se atinge esse grau de consciência, a
perseguição do ideal de prestígio resulta na percepção
de que aquele prestígio é um elemento secundário,
apenas um suporte para um trabalho maior e mais importante que o indivíduo
sente que precisa realizar e que a ele se subordina.
Tendo tudo isso em vista, faz parte do processo que leva
a atingir um estado de auto-estima quando, ao invés da busca pura
e simples por prestígio, aceitação e privilégios,
integra-se a esta faceta o interesse pelo bem do grupo.
Quando se atinge esse ponto, ao invés de se utilizar
de subterfúgios - e tremendos esforços que enrijecem e esterilizam
a criatividade - para a manutenção de uma ilusória
posição de poder, abre-se caminho para uma postura de serviço
à humanidade (casas 11 e 12) e de reintegração da
imagem-símbolo (a persona social integrada à personalidade)
à memória coletiva através de atos de abnegação
e remissão das fraquezas humanas.
O Meio do Céu abre a consciência individual
para o processo de indiferenciação. E o faz justamente por
intermédio de um emergir de conteúdos arquetípicos
no indivíduo.
Para finalizar, gostaria de propor um breve exercício
em 5 passos com base no que foi visto ao longo deste artigo:
- Observe o signo e o ponto deste signo em que se encontra
o Meio do Céu em seu mapa.
- Veja se sobre ele e se por dentro da casa 10 neste momento
está passando Marte, Júpiter ou algum planeta de translação
mais longa, como Saturno, Urano, Netuno ou Plutão.
- Anote suas sensações, as circunstâncias
de vida que você enfrentou nos últimos meses, seu modo
de pensar, o modo como os outros o vêem, suas preferências
etc.
- Descubra o que dizem as descrições comuns
a respeito do planeta que você encontrou passando pelo Meio do
Céu de seu mapa.
- As mudanças em sua atitude têm relação
com a descrição do tal (ou tais) planeta(s)?
Após feito esse exercício, experimente-o com
outras pessoas de seu convívio. É uma boa maneira de começar
a entender o que vem acontecendo com você e com os seus.
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Hollanda.
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