Especulações
sobre os Vetores do Tempo da Cultura Maia
Considerando o tempo como sendo a sucessão
dos anos, dos dias, das horas, dos instantes, que envolve a noção
de presente, passado e futuro, existem dois vetores a partir de
um ponto dessa seqüência, um relativo ao tempo anterior
e o outro ao tempo posterior a esse ponto. Mas, quando se pensa
em seis vetores, dentro do conhecimento que dispomos, esses vetores
somente podem ser aplicados às qualidades não uniformes
do transcorrer do tempo - o que concorda com a não homogeneidade
do transcorrer do tempo. De fato, pode-se entender que o mesmo instante
de tempo tem conotações diferentes para cada pessoa,
dependendo (entre outras coisas) de relações astronômico-astrológicas
existentes no instante admitido e no instante do nascimento dessa
pessoa. Dessa forma o tempo não transcorre homogeneamente
para o mesmo indivíduo, nem tem as mesmas qualidades para
diferentes pessoas, no mesmo instante.
Sendo os maias excelentes astrônomos, é
possível que seus vetores do tempo também tenham correlações
astronômico-astrológicas.
Admitindo que Saturno, o significador astrológico
do tempo, também representasse o Tempo para os maias, possivelmente
os outros seis planetas da astronomia antiga se correlacionassem
com os seis vetores do Tempo na cultura deles.
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(*) O lado do heptágono regular inscrito
em uma circunferência é aproximadamente igual à
metade do lado do triângulo eqüilátero inscrito
nessa mesma circunferência - isso estabelece importante
correlação entre esses números ligados
à divindade. (O erro cometido quando se usa esse processo
gráfico é menor, por falta, que 0,00173 do raio). |
Procurando elementos que possam concordar com isso,
foi construída a figura ao lado, a partir de heptágono
regular (*). Nessa figura, Saturno, o Tempo, ocupa o vértice
mais elevado e os outros planetas antigos ocupam os outros vértices.
No conjunto, os astros estão na ordem aparente
quando vistos da Terra: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol,
Marte, Júpiter e Saturno. Essa ordem apresenta uma primeira
e conhecida correlação com o transcorrer do tempo:
infância (Lua), adolescência (Mercúrio), juventude
(Vênus), idade adulta (Sol), idade do máximo potencial
profissional (Marte), idade do usufruto de ganhos (Júpiter)
e velhice (Saturno). Saturno, regente de Capricórnio, elevado
na figura, concorda com a posição desse signo no zodíaco
natural.
Observação - Na disposição
planetária da figura, quando os astros são unidos
de três em três, surge o heptágono estrelado
que deu origem aos nomes dos dias da semana em diferentes idiomas.
Na figura, os astros abaixo de Saturno, estão
em três linhas paralelas, ou em três níveis diferentes.
Lua e Júpiter no primeiro nível, o mais próximo
de Saturno; Mercúrio e Marte no segundo nível; e no
nível mais distante (ou mais profundo) estão Vênus
e o Sol.
Na figura há três triângulos com
vértice comum em Saturno e os outros vértices no mesmo
par de astros das paralelas.
O primeiro desses triângulos é formado
por Saturno, Lua e Júpiter.
A Lua, em termos astrológicos, é ligada
ao passado (à mãe, à origem) e Júpiter,
como regente de Sagitário, é associado às metas,
aos alvos a serem atingidos, à re-ligação (ou
religião), ou seja, ao futuro. Câncer, signo regido
pela Lua, também tem ligações com a mãe,
com a família, com o passado, com a memória. Portanto,
a trindade, ou triângulo, Saturno, Lua, Júpiter, permite
próximas ligações com o Tempo.
O triangulo seguinte, com Mercúrio e Marte
no lado oposto a Saturno, também possui importantes correlações
com o Tempo, pois Mercúrio, o mitológico mensageiro
dos deuses, representa movimento, e Marte representa a força
e a energia. Sem movimento não existe Tempo. O Tempo somente
pode ser considerado se houver movimento. Por sua vez, para que
haja movimento é necessário que haja energia.
O terceiro triângulo é o de lado Vênus
e Sol - astros cujos movimentos fundamentam os calendários
maias.
Os triângulos citados também podem ser
considerados em conjunto. Quando se admitem os dois primeiros, formados
por Saturno, Lua, Júpiter e Saturno, Mercúrio, Marte,
surgem novos elementos associados ao Tempo. A linha Mercúrio-Júpiter,
ou Gêmeos-Sagitário (considerando os signos que esses
planetas regem), está ligada aos pequenos e aos grandes deslocamentos
ou movimentos, à busca de novos conhecimentos ou de novos
horizontes.
A linha Lua-Marte, ligada à Câncer e
a Áries (ou às casas IV e I - ou Ascendente) permite
correlações com concepção e com nascimento
nove meses após (nove signos ou casas após). Dessa
forma, essa linha pode ser vinculada à herança genética,
ao passado e também ao futuro, a algo que está determinado.
As linhas Mercúrio-Lua e Marte-Júpiter
acrescentam ao primeiro triângulo elementos ligados a movimento
e energia, como foi considerado antes.
Quando se admite o primeiro triângulo, Saturno-Lua-Júpiter
e o terceiro Saturno-Vênus-Sol, surgem mais elementos que
levam a associações com o Tempo: a linha que une os
luminares, Sol e Lua, está ligada a calendários (solares
e lunares); a linha Vênus-Júpiter, que une os dois
benéficos da astrologia antiga, é ligada a processos
de crescimento, além de ser Vênus um dos pilares das
medidas do Tempo na cultura maia.
Podem-se ainda considerar juntos o segundo e o terceiro
triângulos: Saturno-Mercúrio-Marte e Saturno-Vênus-Sol.
A linha Vênus-Marte une representantes de polaridades opostas,
complementares, a mulher e o homem, permitindo assim ser associada
com procriação e com continuidade da espécie.
A linha Mercúrio-Sol acentua significados
dos movimentos do Sol: movimento diurno, movimento aparente na eclíptica
e movimento precessional - todos ligados ao Tempo.
A figura ainda admite outras linhas, quando considerados
dois dos triângulos iniciais, como as linhas Lua-Mercúrio,
Marte-Júpiter, Lua-Vênus, Sol-Júpiter, Mercúrio-Vênus
e Sol-Marte. Essas linhas "laterais" (que não cortam
o eixo de simetria da figura) parece que apenas reforçam
significados dos vértices Lua e Júpiter do primeiro
triângulo.
Urano, Netuno e Plutão
Continuando com a distribuição, pelos
vértices do heptágono, dos planetas conhecidos após
Saturno:
Urano no mesmo vértice que a Lua;
Netuno no mesmo vértice que Mercúrio, e
Plutão no mesmo vértice que o importante Vênus
da cultura maia.
Com isso permanecem seis "vetores" do Tempo
- as mesmas linhas da figura inicial. Esses três últimos
planetas, em termos astrológicos, por estarem associados
à alta tecnologia, ao futuro, ao muito grande, ao sonho,
às imagens, às pesquisas e às transformações,
talvez possam também estar ligados à forma de domínio
maia do Tempo, ao processo que permitia a eles obter informações
diretas do passado e do futuro.
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V. Martinez.
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