Introdução
Em 1946, o astrólogo Henri Gouchon (1898-1978) divulgou um estudo gráfico que denominou “Índice de Concentração Planetária dos Planetas Lentos”. A concepção, engenhosa e simples, pretendia estabelecer uma analogia entre a distância relativa dos planetas Júpiter a Netuno (ele não incluiu Plutão, então recém-descoberto) no Zodíaco e a repercussão destas relações angulares na Terra. Esta técnica foi “retocada”, mais tarde, por André Barbault, e até hoje mostra-se muito eficaz na identificação do “clima” intelecto-emocional das coletividades aqui na Terra. A raiz original do presente artigo é um texto do astrólogo espanhol Tito Maciá.
Veja, abaixo, o gráfico Gouchon-Barbault para o Século XX:
Como se pode observar, os picos identificam momentos em que o resultado estatístico dos sentimentos da humanidade tende para o otimismo, a esperança e o progresso; já nos vales, as coletividades se veem tomadas pelo desânimo, pela desesperança e medo.
Claramente, no gráfico em questão, os vales mostram episódios de grande impacto: a Primeira Guerra Mundial, a Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria, os violentos e transformadores movimentos dos jovens de Maio de 1968 em Paris, a Guerra Irã-Iraque. Creio que se poderia considerar a existência de um movimento dinâmico, talvez nomeando-o onda cósmica, a regular o comportamento das massas aqui na Terra.
Nas palavras do próprio Gouchon,
A propósito de circunstâncias extraordinárias, se poderia dizer que existe um efeito, uma relação entre este gráfico e os períodos de transtornos mundiais, sobretudo econômicos como se pode ver em 1914-18 e 1938-45. Cada depressão não corresponde a uma guerra, porém enquadra sempre alguma anomalia de ordem econômica.
Para o Século XXI, o gráfico do Índice Cíclico tem a seguinte conformação:
Observe: o intervalo de tempo compreendido entre 2020-2022 evidencia um período de grandes desafios (aqui, por exemplo, teremos, depois de mais de 200 anos, a retomada da conjunção dos Cronocratores da Astrologia Medieval, Júpiter e Saturno, em signos de Ar, além de outras configurações “duras”, que lhe seguem. Esta questão é explorada com mais detalhes no artigo 2020: Júpiter-Saturno e a refundação do Capitalismo). É, na perspectiva deste gráfico, o momento mais adverso de todo o Século XXI!
A modernidade
Em fins do século passado, um expert em programação e astrólogo chamado Miguel Garcia, da Espanha, juntamente com seu colega Tito Maciá, desenvolveu um trabalho de fundada maestria – Una Formulación Matemática de los Harmogramas y de la Fuerza de los Números en las Cartas Astrales – em que evolui com o conceito de Harmogramas para, enfim, desembocar no seu programa Armon, com o qual foram calculados os gráficos que, a partir de agora, complementam este texto (O trabalho de Miguel Garcia pode ser encontrado em Una Formulación Matemática de los Harmogramas y de la Fuerza de los Números en las Cartas Astrales).
No programa Armon, contrariamente ao gráfico do Índice Cíclico antes mostrado, os picos identificam as crises, os vales os períodos de relaxamento. Abaixo a curva de 1.000 anos de história, que começa em 1 de janeiro do ano 1, às 00h00m01s (para este tipo de abordagem o local é indiferente).
Observa-se, claramente, a grande ênfase de um pico que se situa aproximadamente entre os anos 300 e 500. Algo de realmente muito significativo deve ter ocorrido, para que a curva se evidencie de modo tão expressivo, tão marcante.
Reduzindo-se o horizonte temporal de observação para o intervalo de tempo 380-430, o gráfico reconfigura-se com a seguinte imagem (cabe observar que, no céu, o mapa convencional – é só um exemplo! – do dia 1/7/411 mostra os planetas de Júpiter a Plutão numa conjunção estreita de somente 6 graus de arco, recebendo uma quadratura de Urano retrógrado desde Aquário).
O que aconteceu entre 410-414 que gerou este pico tão elevado na onda do gráfico?
(…) enraivecidos pelos maus tratos que sofriam nas mãos dos oficiais romanos, os visigodos se rebelaram. Em 378, derrotaram os romanos na histórica batalha de Adrianopla. Esse episódio revelava que Roma já não podia defender suas fronteiras. (…) Em 410 Roma foi saqueada pelos visigodos.
(PERRY, Marvin. Civilização Ocidental. Martins Fontes, 2002. O grifo é meu).
A Pax Romana, um dos períodos mais exitosos e produtivos da história de Roma, se exaurira. Era o início do fim do poderoso Império Romano.
Se observarmos os seguintes 1000 anos da história, o gráfico que obtemos é o seguinte:
Mais uma vez um pico de alta evidência nos chama a atenção. Dois episódios são claramente significativos no período: Em 1305 o Papa Clemente é expulso de Roma, episódio conhecido como “Cativeiro de Avignon”. Tão importantes, talvez, como este, dois fenômenos de profunda repercussão coletiva: surgem bolsões de fome na Europa, que se foram ampliando e que levariam a um período de cerca de 15/20 anos de subnutrição crônica. Na China emergem os primeiros episódios de uma doença extremamente agressiva – a Peste Negra – depois uma epidemia que, no subsequente pico do gráfico, entre 1340 e 1350, ceifaria entre um terço e um quarto da população europeia à época. Enquanto isto, a Guerra dos 100 anos, entre Inglaterra e França, já mobilizava as pessoas desde 1338/39.
Passada a crise, assim como na queda do Império Romano, o mundo nunca mais seria o mesmo.
Como historiado acima, o gráfico, em “alta definição” repercute isto com grande clareza:
Parece inquestionável a colagem da curva com o fenômeno histórico.
Pois bem, e o que fazemos, afinal, com este gráfico? Para responder a essa pergunta, necessário se faz um exercício de imaginação. Não há certezas, sim conjeturas, hipóteses, ilações.
A onda cósmica, a que antes nos referimos, já começa a piscar no radar coletivo, caro leitor. Tal qual mostrado no gráfico do Índice Cíclico Gouchon-Barbault, este será o momento mais adverso dos 50 anos que começam em 2000. Na verdade, é o período mais crítico de todo o Século XXI!
Prognóstico experimental
Considerando os movimentos atualmente deflagrados pelo presidente dos EUA, Donald Trump (“America First”), numa escalada protecionista sem precedentes na história econômica mundial recente, e a circunstância astrológica particularmente influente – relevante e crucial, mesmo! – da conjunção Júpiter/Saturno em 2020, é plausível inferir que as questões de caráter econômico-financeiro serão a ênfase do período. Cabe esperar desempenhos instáveis de países por razões as mais diversas, por exemplo, frustrações de safras agrícolas ou epidemias de difícil combate. As instituições financeiras (anote isto), vão operar em ambientes de instabilidade, com flutuações súbitas e imprevistas.
No âmbito individual, deveria ser imperiosa a construção de “fronteiras de proteção”: não se endivide! Não a financiamentos de longo prazo (há exceções, óbvio). Tenha pronta uma alternativa para a perda de renda. Assegure-se de que investimentos em ativos financeiros sejam realizados em organizações confiáveis e aplicações seguras.
Prepare-se com antecedência para a tempestade. Ela está chegando!
E, como nos exemplos antes assinalados, pós 2022 o mundo já não será o mesmo…
José A. Batista diz
Da minha parte isto pode acontecer – e a margem para acontecer é algo como 80% – devido já estarmos no grande ciclo de “Saturno” de 360 anos, que iniciou em março de 1764 até 2124; devido também já estarmos no ciclo médio de “Júpiter/Netuno” de 90 anos, que iniciou em março de 1945 até 2034; e também, devido ao pequeno ciclo de “Saturno” de 36 anos, que iniciou em março de 2017 até 2052. Além desses ciclos, em 2022 teremos uma quadratura de “Saturno” em Aquário (Ar) com Urano em Touro (Terra). E as quadraturas são reforçadas quando os planetas – principalmente os pesados e lentos, como Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e plutão – envolvidos nas quadraturas recebem aspectos positivos de outros planetas lentos. Outro fator astrológico que, em março de 2022, por exemplo, também estará contribuindo para que isto ocorra, é a grande quantidade de planetas abaixo do horizonte (noite) e acima do horizonte (dia) – não ocorrerá uma distribuição de planetas pelos doze signos, e sim, por somente cinco signos: Capricórnio, Aquário, Peixes, Áries e Touro.
americo ayala jr. diz
Sim, José Batista, a observação do fenômeno astrológico através da análise dos ciclos é fascinante e muito enriquecedora. Também aprecio muito revisar o passado para poder inferir o futuro. Como afirma meu amigo e astrólogo Tito Maciá, “as primaveras não são nunca iguais, mas se parecem”. Obrigado pelo seu comentário.
Glauci diz
Gostaria de acrescentar que os eventos históricos citados ocorreram em períodos de queda da temperatura global, sendo os eventos de fome e peste negra durante a LIA – Pequena Era do Gelo que teve seu pior período de resfriamento batizado de Mínima de Maunder. Há gráficos online relacionando os piores eventos na sociedade humana com os períodos de Grande Mínima Solar e que parecem se alinhar com os gráficos desta Onda Cósmica! Não por acaso estamos entrando novamente em um período de Grande Minima Solar e que os pesquisadores apontam talvez venha a ser igual ou pior que a Mínima de Maunder. 2020 coincide exatamente com o início deste grande ciclo solar de baixa intensidade e a partir de 2030 é previsto um período de quase um seculo de resfriamento global – áreas afetadas seriamente seriam a agricultura e economia mundiais. Mais informações busque por Ice Age Farmer Wiki. Seria ótimo poder ter um trabalho astrológico que cruzasse dados com os dos ciclos solares e períodos de resfriamento no planeta. Infelizmente a cegueira do “aquecimento global” impede que muito seja pesquisado nesta área…
Haroldo diz
“Na semana que passou [este artigo e de julho de 2015] a imprensa brasileira foi contagiada por uma notícia surpreendente: estaríamos próximos a ingressar numa “mini-era do gelo”. “Preparem seus casacos” e “o inverno está chegando”, diziam as chamadas mais sensacionalistas, em meio a imagens de nevascas.
Neste texto, vamos mostrar qual a verdadeira ciência por trás desse propalado “mínimo de atividade solar” e seus possíveis impactos, de onde veio essa “informação” (e como estudos científicos legítimos podem findar completamente ignorados, alguns, e distorcidos, outros, pela imprensa marrom) e qual o seu contexto (porque a indústria fóssil precisava imediata e desesperadamente de um factóide como esse nestes últimos dias). E contamos, claro, com a ajuda dos/as leitores/as do nosso blog para difundir um posicionamento científico realmente embasado sobre o tema! Vamos lá?”
Autor do blog “O Que Você Faria…”:
Alexandre Araújo Costa, Dr. em Ciências Atmosféricas, Professor Titular da Universidade Estadual do Ceará
Continuar lendo o artigo em http://oquevocefariasesoubesse.blogspot.com/2015/07/a-falacia-da-mini-era-do-gelo.html
americo ayala jr. diz
Olá Haroldo, obrigado por me remeter ao blog mas, definitivamente, o tema me é, digamos, adverso. Eu não tenho um mínimo de informação para poder acompanhá-lo.
De todo modo, sinto-me grato que se tenha interessado pelo meu artigo.
Obrigado por sua intervenção. Abraço cordial.
José A. Batista diz
Na matéria é interessante observar o quadro gráfico “Reconstruction of Total Solar Iradiance”. Neste quadro gráfico notei que existem ciclos de 700 anos para a alta e de 700 anos para a baixa na irradiação solar, e dentro dos ciclos de 700 anos, temos ciclos de 350 anos para a média-alta e de 350 anos para a média-baixa na irradiação solar
americo ayala jr. diz
Olá Glauci, suas observações são muitíssimos interessantes; trata de tema que, óbvio, por não ser da área, eu desconhecia completamente. Não sei – ainda que considere extremamente interessante a observação – se poderei elaborar “um trabalho astrológico que cruzasse dados com os dos ciclos solares e períodos de resfriamento no planeta”. Gostaria muito de faze-lo! Muito obrigado pelas observações e sugestões.