Os militares entram em cena
Como é sabido, após o governo de Juscelino Kubitschek o Brasil entrou numa grave crise política que resultou no Golpe de 64. Entre 1961-63, Oscar Niemeyer publicou Minha Experiência em Brasília, foi nomeado coordenador da Escola de Arquitetura da recém-criada Universidade de Brasília, viaja ao Líbano a trabalho e torna-se membro honorário do American Architect Institute (EUA). Recebeu ainda o Prêmio Lênin Internacional da Paz, na UnB, concedido pelo governo soviético.
Em 1964, numa viagem de seis meses a Israel, quando criou a Universidade de Haifa e mais uma série de projetos, além de outra universidade em Gana, Niemeyer é surpreendido pela notícia do golpe militar no Brasil. Retorna ao país em novembro, quando é chamado pelo DOPS para depor e reafirma seu apoio à Cuba.
No ano seguinte, demite-se da UnB com mais 200 professores, em protesto contra a política universitária.
Na figura acima vemos o instante em que teve início o golpe militar no Brasil (01.04.1964, 2:00am [hora local], Juiz de Fora) sobre o mapa de Oscar Niemeyer. Urano estava em conjunção aplicativa com Plutão, na casa IV do arquiteto. Se Niemeyer fora capaz de transformar radicalmente a geografia e a política do país ao participar decisivamente na criação de Brasília, a nação seguia agora radicalizando o seu próprio processo de “metamorfose”, principalmente depois que Urano e Plutão dirigiram-se à conjunção com o Sol do Brasil, nos meses seguintes.
De certa forma, podemos concluir que a oposição Lua-Vênus do golpe, por cair no eixo Ascendente-Descendente de Niemeyer, revela que um comunista como ele era um dos principais visados. Afinal, o arquiteto recebera o Prêmio Lênin no ano anterior e era filiado ao PCB. A Grande Cruz de abril de 1964 é praticamente angular para Niemeyer, incidindo sobre Saturno transitando pelo seu Meio do Céu. Este quadro explica o convite para depor logo após o retorno ao Brasil. À medida que Urano e Plutão intensificava a oposição a Marte e Saturno natais, os militares passam a criar condições cada vez mais desfavoráveis para que pudesse desenvolver o seu trabalho.
Note que o Ascendente do golpe cai sobre a sua casa IX, assim como a conjunção Mercúrio-Júpiter estava em trígono com o Sol natal em Sagitário. A saída para Niemeyer seria, inevitavelmente, o exterior, através de países e instituições com os quais desenvolveria suas “novas parcerias” (Sagitário/Casa VII).
A situação fica ainda mais insustentável e, em 1967, o arquiteto que colaborou na tentativa de criar uma nova concepção de administração e governo no Brasil decide exilar-se em Paris. Passa a trabalhar em diversos países europeus e árabes, realizando os projetos da sede do Partido Comunista Francês, da Universidade de Constantine (Argélia) e a editora Mondadori (Milão).
A imagem acima mostra o deslocamento dos planetas lentos entre o golpe militar e o fim de 1967 para o mapa de Oscar Niemeyer. Ao final daquela “primeira fase” do novo regime, Júpiter chegava ao Fundo do Céu do criador de Brasília, intensificando e acelerando as mudanças profundas ocorridas em seu país natal durante os anos 1964-67 e que têm relação direta com a conjunção Urano-Plutão e o trânsito de Saturno em Peixes.
Este foi certamente um dos momentos mais decepcionantes e trágicos de Niemeyer, apesar de seu sucesso no exterior. Com o passar do tempo e a radicalização do regime, suas esperanças de mudança social e redenção do proletariado vão se frustrando cada vez mais. A revista Módulo tem a sede destruída, seus projetos começam a ser misteriosamente recusados e clientes a desaparecer. No entanto, é neste triste contexto que sua vida e sua carreira entrarão em nova fase.
Plutão, em 1967 (ano do exílio), formava quadratura exata com a oposição natal entre o Sol e ele mesmo, fechando uma Grande Cruz com Saturno de origem. Urano, no Fundo do Céu, aplicava quadratura a Mercúrio, fechando seus contatos profissionais em sua terra natal [Casa IV, e tome-se ainda Saturno natal afligido, na casa X]. Urano ainda estava em quadratura com o Sol natal (mudanças de rumo). Saturno em Áries, na casa X, formava trígono com Mercúrio natal. Netuno (corregente do Meio do Céu), na casa VI, um trígono com Saturno natal. As oportunidades de trabalhar em sua revolução arquitetônica pessoal não iriam cessar, assim como a enxurrada de prêmios e homenagens.
A progressão lunar de Niemeyer ao final de 1967 fornece dados importantes. A Lua passou sobre sua conjunção entre Netuno e o Nodo Norte e, naturalmente, formou oposição com Vênus e o Nodo Sul natais. Vê-se que o exílio também está diretamente ligado a este setor do mapa de Niemeyer, com suas utopias revolucionárias (Netuno-Nodo Norte) interferindo nos destinos de sua vida (Vênus, regente do mapa). Estas oposições em seu eixo nodal de nascimento sugerem, como disse anteriormente, as idiossincrasias na vida de um arquiteto militante inserido no meio “capitalista”.
Sol e Marte progredidos faziam aspectos positivos com o Sol natal, favorecendo o prosseguimento de sua carreira e o contato com o exterior (casas IX e XI). Sol e Marte progredidos também estavam em harmonia com Plutão natal, remediando consideravelmente o trauma de Plutão em trânsito fechando a Grande Cruz entre o Sol, Plutão e Saturno. Mercúrio, exatamente sobre Marte, ramificava as oportunidades de trabalho e diversificava o leque de nações e instituições com as quais viria a trabalhar.
Europa, África, Oriente Médio
No início da década de 70, já com mais de 60 anos, recebe uma homenagem do American Architect Institute mas, em protesto contra a guerra do Vietnã, desliga-se da Academia de Artes e Ciências dos Estados Unidos. Abre finalmente um escritório em Paris em 1972 e acompanha uma exposição sobre sua obra na Europa no ano seguinte.
No início daquele ano Júpiter, corregente do Meio do Céu, aplicava nova conjunção ao Sol natal, indicando a perspectiva de montar uma estrutura que permitisse atuar no exterior mais facilmente, formalizando de vez o fato de estar radicado fora do Brasil. Uma oposição entre Saturno e Netuno muito próxima ao eixo Ascendente-Descendente indica a triste situação do exilado, cerceado no direito de trabalhar livremente em seu país (Satuno na casa I, em quadratura com Marte natal) e de estar em contato com seus amigos no Brasil (Netuno na casa VII). Por outro lado, Netuno, corregente do Meio do Céu, estava em conjunção com Mercúrio, garantindo inspiração em alta e um mercado cada vez mais favorável no exterior.
Ao final de 1972, Urano na casa V aplicava aspectos positivos à oposição natal entre Sol e Plutão, estimulando sua produção criativa e, talvez, atenuando a decepção com os acontecimentos no Brasil, que na época se encontrava no auge da repressão. Júpiter e o Nodo Norte, em Capricórnio, passavam sobre sua conjunção Vênus-Urano, ampliando os horizontes profissionais e a fé no trabalho, bem como as parcerias.
Em 1976, morria Juscelino Kubitschek. Com isto, ia-se para sempre o parceiro de duas das mais importantes páginas de sua vida, Pampulha e Brasília.
Note que Mercúrio, Vênus e Marte estavam em posição análoga a Júpiter, Urano e Plutão no drama da perseguição e do exílio em 1967, envolvendo diretamente sua Quadratura T natal. Saturno aplicava quadratura à sua Lua em Touro, que também recebia uma oposição de Urano. A vida de um dos amigos mais queridos chegava ao fim, alguém que era intimamente ligado à sua trajetória pessoal de sucesso e com quem desenvolveu as mais ambiciosas esperanças. Urano, porém, estava em trígono com o Meio do Céu e Júpiter sobre o Ascendente. A vida, claro, continuava, e oportunidades para seguir em frente na carreira não faltavam.
Próxima etapa: Oscar Niemeyer, a vida começa aos setenta (1978-1993)
NIEMEYER, A SÉRIE COMPLETA:
1 – Dos cabarés da Lapa à arquitetura moderna (1907-1927)
2 – Niemeyer, o boêmio que virou marido (1928)
3 – Niemeyer e Lúcio Costa: a descoberta do Modernismo (1934-1939)
4 – Pampulha, a revolução da arquitetura brasileira (1940-1943)
5 – Um comunista na terra do Tio Sam (1945-1947)
6 – Niemeyer e Le corbusier: do Copan ao Ibirapuera (1949-1955)
7 – Brasília, a utopia de Juscelino e Oscar Niemeyer (1956-1960)
8 – O regime militar e o exílio (1964-1976)
9 – Oscar Niemeyer, a vida começa aos setenta (1978-1993)
10 – A paixão aos 99 anos (1997-2007)