Nota do Editor – O trânsito de Vênus sobre o disco solar, visível quando Vênus está exatamente entre o Sol e a Terra, é um fenômeno cíclico, mas pouco comum. A última ocorrência foi no ano de 2012, e só voltará a ocorrer daqui a um século, em 2117. Ao longo da história, este trânsito não passou despercebido por astrônomos, astrólogos e sacertodes. Em algumas culturas, como a asteca, foi associado a graves acontecimentos de ordem social e religiosa.
Da Enciclopédia livre Wikipedia:
Os astecas (1325 até 1521; a forma azteca também é usada) foram uma civilização mesoamericana, pré-colombiana, que floresceu principalmente entre os séculos XIV e XVI, no território correspondente ao atual México. (…) Sua civilização foi destruída pelos conquistadores espanhóis, comandados por Fernando Cortez.
(do verbete Astecas, da Wikipedia)
A civilização maia foi outra cultura mesoamericana pré-colombiana, notável por sua língua escrita (único sistema de escrita do novo mundo pré-colombiano que podia representar completamente o idioma falado no mesmo grau de eficiência que o idioma escrito no velho mundo), pela sua arte, arquitetura, matemática e sistemas astronômicos. Inicialmente estabelecidas durante o período pré-clássico (2000 a.C. a 250 d.C.), muitas cidades maias atingiram o seu mais elevado estado de desenvolvimento durante o Período clássico (250 d.C. a 900 d.C.), continuando a se desenvolver durante todo o período pós-clássico, até a chegada dos espanhóis. No seu auge, era uma das mais densamente povoadas e culturalmente dinâmicas sociedades do mundo.
(do verbete Maias, da Wikipedia)
Hernán Cortés ou Fernando Cortez, ou ainda Fernán Cortés (forma que utilizava para assinar em suas cartas), nasceu em 1485, na cidade espanhola de Medellín, e faleceu em 2 de dezembro de 1547, em Sevilha, também na Espanha. Em 10 de fevereiro de 1519, Hernán Cortés Monroy Pizarro Altamirano partiu de Havana, Cuba, para iniciar sua grande conquista.
Quando chegou ao México, Montezuma, imperador dos astecas, acreditou que era o Deus Quetzalcoatl que voltava do exílio para vingar-se. A chegada de Cortés ao México em 1519 coincidiu com a data precisa do calendário maia que indicava a chegada de Quetzalcoatl para reclamar a cidade de Tenochtitlán. (…) Auxiliado por sua amante nativa Marina de Viluta, fez pactos com os povos inimigos dos Astecas e criou uma rede de alianças que assegurou sua vitória em Otumba e a tomada de Tenochtitlán.
(do verbete Hernán Cortés, da Wikipedia. A ilustração retrata o primeiro encontro entre o conquistador espanhol e Montezuma.)
Logo após ter fundado a cidade de Vera Cruz, Cortés entrou na cidade de Tenochtitlán em 9 de novembro de 1519. Em 1520, entre 30 de junho e 1º de julho de 1520, segundo Cortés, Montezuma foi atingido por uma pedra quando tentava acalmar seu povo, acabando por morrer três dias depois em razão do ferimento.
Tenochtitlán era a capital do império asteca. (…) A maior parte da cidade foi severamente destruída na década de 1520 pelos conquistadores, e a Cidade do México foi erguida sobre as suas ruínas.
(do verbete Tenochtitlán, da Wikipedia)
Quetzalcóatl é uma deidade das culturas da Mesoamérica, em especial da cultura asteca, também venerada pelos toltecas e maias. É considerada por alguns pesquisadores como a principal dentro do panteão desta cultura pré-hispânica. (…) Representa as energias telúricas que ascendem, daí a sua representação como uma serpente emplumada. Neste sentido, representa a vida, a abundância da vegetação, o alimento físico e espiritual para o povo que a cultua ou o indivíduo que tenta uma ascese espiritual.
Posteriormente Quetzalcóatl passou a ser cultuado como deus representante do planeta Vênus, simultaneamente Estrela da Manhã e Estrela da Noite, correspondendo, com seu gêmeo Xolotl, à noção de morte e ressurreição. Deus do Vento e Senhor da Luz, era, por excelência, o deus dos sacerdotes. (…) Segundo fontes incertas e tradições orais, uma das representações deste deus é um homem branco, barbado e de olhos claros. Esta representação seria uma das justificativas da teoria de que os povos indígenas, durante a conquista da Nova Espanha (Mesoamérica), acreditaram que Hernán Cortez era Quetzalcóatl. (…) e essa é uma das razões pelas quais os espanhóis dominaram tão facilmente a América Central.
(do verbete Quetzalcóatl, da Wikipedia)
O domínio espanhol
Outro fato que pode ter contribuído para a pouca resistência dos astecas ao domínio espanhol é que pouco antes da chegada de Cortez a Tenochtitlán, entre os dias 25 e 26 (em Tempo Universal) de maio de 1518, Vênus transitou sobre o disco solar. Fenômeno que foi visível em Tenochtitlán, e que deve ter sido observado por Montezuma, ou de seu conhecimento.
A passagem de Vênus sobre o Sol se dá 4 vezes a cada 243 anos, em intervalos de 8, 105,5, 8 e 121,5 anos. A passagem anterior a 1518, de Vênus sobre o Sol, se deu em novembro de 1396.
Visibilidade do trânsito de Vênus sobre o Sol
O trânsito de Vênus sobre o Sol de 1518 foi observado no final da tarde de 25 de maio de 1518 em toda a área cinza do mapa ao lado, conforme ilustração fornecida pelo M Nautical Almanac Office.
Observação: o cálculo da ‘separação mínima’ pode ser feito pelo software Riyal (gratuito e desenvolvido pelo astrólogo Juan Antonio Revilla, de Costa Rica):
Sol/Vênus:
13Ge17 / 13Ge18
0°08’25”
Eclipse: em 26 de maio de 1518, à 1h57min.
A ilustração seguinte mostra o que foi visto por Montezuma e pelos sacerdotes astecas naquela data:
Marte, regente do Ascendente, apesar de dignificado, encontra-se na casa 6 das submissões, em quadratura com Saturno retrógrado, regendo a casa 4, do fim. Além disso a figura tem algo muito particular e preocupante: o Sol, Vênus e Mercúrio estão juntos na casa 8, das transformações e morte, em quadratura fechada com Júpiter em detrimento. Mercúrio, em seu próprio signo (Gêmeos), rege a casa 8 e é dispositor de Júpiter. Sendo Júpiter o regente das casas 2 (dos valores) e 5 (que é a oitava derivada da casa 10, do poder); Vênus, na casa 8, rege a casa 12 (dos enganos, sofrimentos e inimigos ocultos) e a casa 7 (dos inimigos declarados), e o Sol, também na casa 8, rege o Meio do Céu.
Possivelmente, sendo a civilização asteca representada por Vênus e pelo Sol, astros que estão literalmente juntos na casa 8, acompanhados de Mercúrio – regente dessa casa, todos em quadratura com Júpiter, significador geral dos deuses -, o mapa do trânsito de Vênus sobre o disco solar apresenta concordâncias significativas com o fim e com as circunstâncias em que ocorreu o fim da civilização asteca.