Um planeta está retrógrado (abreviatura: Rx), quando seu movimento aparente (quando visto da Terra) se dá no sentido contrário à ordem dos signos. Isso pode ocorrer com todos os planetas. Já os luminares, o Sol e a Lua, não retrogradam. Além dos planetas, que ficam retrógrados em determinados períodos, movimentam-se sempre no sentido retrógrado os nodos lunares e os equinócios. Os nodos estão ligados aos eclipses, ao apagar dos luminares, ao escuro, às noites, ao sono, ao crescer e ao diminuir. Já o movimento de precessão dos equinócios, relativamente lento, pois leva em torno de 72 anos para percorrer um grau da eclíptica, permite associações com a duração média da vida humana, com o número de batimentos cardíacos por minuto, com o apagar da vida, com grandes ciclos, com eras e com períodos do processo evolutivo. Quando o Sol está nos equinócios, os dias e as noites têm a mesma duração. Essa igualdade do número de horas permite que se associe aos equinócios também o equilíbrio, fundamental nos processos vitais da Natureza. Embora caminhe para trás, a precessão dos equinócios vincula-se ao futuro.
O planeta retrógrado, por voltar à mesma longitude após reassumir o curso direto, tem seus significados astrológicos fortalecidos, pois esse passar pelo mesmo lugar, duas vezes seguidas, parece que funciona como o aplicar duas demãos de tinta na mesma superfície.
Astrologicamente, o andar para trás pode ser ligado à necessidade de repetir, rever, revisar, recuar e a voltar, até no sentido de renascer. São associações que envolvem atenção, concentração de esforços, preocupação e sacrifício, na busca de aperfeiçoamentos e de soluções mais adequadas, ligadas aos significados dos retrógrados da carta astrológica. A busca desses aperfeiçoamentos, no entanto, não deve pecar por exageros, comuns nessas situações. Nessa busca deve, ou deveria, estar presente sempre o equilíbrio, um dos princípios vinculados aos equinócios.
A seguir será vista, como exemplo, a carta astrológica de Ayrton Senna.
Ayrton Senna
Ayrton Senna, piloto profissional de Fórmula-1, morto em consequência do acidente ocorrido às 14h13 do dia 1° de maio de 1994, quando liderava o Grande Prêmio de San Marino, em Ímola, na Itália, nasceu no dia 21 de março de 1960, às 2h35, na maternidade Pro-Matre, em São Paulo, conforme dados pesquisados e publicados pelo jornal Folha de S.Paulo em 2 de maio de 1994. A causa do acidente não foi determinada na época. O que se sabe é que houve falhas inegáveis quanto à segurança da pista e a condições da corrida. Sua morte causou profunda consternação nacional e teve extraordinária repercussão internacional. Foi enterrado em São Paulo, no dia 5 de maio, com honras de Chefe de Estado. Seus seguros de vida envolviam valores que atingem muitas dezenas de milhões de dólares.
Quando Senna nasceu, estavam retrógrados Urano, Netuno, Plutão e Mercúrio. Observando as posições desses planetas na figura, destaca-se Netuno Rx, junto do Meio do Céu, regendo a casa II, dos ganhos e das vitórias, significando talvez a exagerada e ilusória preocupação em vencer sempre. Nesse mesmo sentido atua o trígono de Netuno Rx com Mercúrio Rx, em queda em Peixes (signo de Netuno) na casa II. Mercúrio Rx rege a casa V, das competições, e a casa VIII, dos ganhos por associações, das transformações e da morte. Na cúspide da casa VIII está Plutão Rx (morte), regente do Meio do Céu, em oposição a Vênus, na casa I. Vênus rege a casa IX, o estrangeiro, e a casa IV, o fim. Na casa VII, dos confrontos, das disputas e das associações, está Urano Rx (o não convencional, o imprevisível), regente do Ascendente, em queda, em oposição ao Ascendente e a Marte.
No conjunto, os significados atribuídos aos retrógrados concordam com a questões mais valorizadas pelo piloto: ser vitorioso sempre; associar-se às equipes mais avançadas tecnologicamente; assumir os plutonianos riscos que envolvem as disputas de Fórmula-1 e contar com netuniana proteção.
No artigo Retrógrados e autoaperfeiçoamento serão vistas algumas cartas astrológicas de pessoas com histórias conhecidas. Também será considerada uma carta, sem planetas retrógrados – com o intuito de se encontrar diferenças, que possam ser justificadas por essa ausência.
(Artigo originalmente publicado em Constelar edição 35, de maio/2001)