Dois pontos na carta astrológica possuem correlações importantes com o nascer, com o início de uma existência. Um é o Ascendente e o outro é o Fundo do Céu. O Ascendente, em determinado instante e lugar, é a interseção da eclíptica com a parte leste do plano do horizonte local. É o ponto da eclíptica que está subindo, que está ascendendo, ou nascendo, nesse horizonte e instante. Esse ponto, cúspide da I, casa que melhor representa a personalidade, é um dos elementos mais particulares e característicos do nascimento, inclusive por sua ou suas imagens simbólicas. O Sol, a Lua e os Planetas, em seus movimentos aparentes, diurnos, nascem nessa parte leste do plano do horizonte local.
O Fundo do Céu, da mesma forma, em determinado instante e lugar, é a interseção da eclíptica com a parte inferior do meridiano local. É a cúspide da casa IV. O Sol, a Lua e os planetas, em seus movimentos aparentes, quando atingem essa parte do meridiano, estão nos pontos mais afastados do horizonte. A partir daí, começam a se aproximar novamente do horizonte leste, iniciando seus ciclos de nascimentos em um novo dia. Ou seja, os nascimentos começam, ou têm início, nesse semiplano que determina a cúspide da casa IV.
Em gestações humanas normais há o intervalo de nove meses, ou de nove signos, separando as posições do Sol na concepção e no nascimento. Entre as casas IV e I, na ordem dos signos, também há nove casas. O Ascendente, que caracteriza o instante em que a pessoa passou a ter vida separada do corpo da mãe, está adiante nove casas da cúspide da IV. Essa igualdade numérica reforça as correlações com o nascer, que envolvem as casas IV e I. O que nasce, na I, teve sua gestação na IV. Esta última casa também está associada à conclusão da gestação e aos términos de situações ou estados. A IV está associada ao início e ao fim das coisas, pois o gerar implica sempre associar elementos existentes para que componham um novo organismo. Os elementos utilizados durante a gestação deixam de existir nas formas em que se encontravam antes, para virem participar da nova forma que está sendo gerada. Câncer, signo natural da IV, possui significados semelhantes aos desta casa. É um signo ligado ao passado, à origem, à memória, aos ancestrais e à família. A Lua, sua regente, astro feminino, é a significadora geral da mãe; Lua que se exalta em Touro, outro signo vinculado à nutrição.
Em essência, a IV coincide com os princípios maternos de gestação, proteção e amamentação, ou seja, essa casa se identifica e vincula-se com mãe, com o início, com a agregação e com a desagregação dos elementos que constituem os seres e as coisas.
Na figura astrológica, a casa IV, com os astros aí presentes, mais seu ou seus regentes, sempre representa a mãe, embora possa representar também a família, a moradia, o vestuário e os demais bens ligados à proteção. O pai, apenas como componente familiar e protetor, pode ser associado a essa casa. O pai, como aquele que complementa a mãe, é representado pela X – casa oposta à IV – com os astros aí presentes e seu regente ou regentes. Saturno, regente natural da X, é um dos significadores gerais do pai. O Sol, pela polaridade com a Lua, como princípio masculino e central do sistema, é o outro significador geral do pai.
A X é a casa do pai, da autoridade, daquele que fornece o sobrenome ao filho. Está associada à forma como a pessoa se projeta e é reconhecida em seu meio.
Em torno do eixo determinado pelo Fundo do Céu e Meio do Céu, giram os significadores da família como um todo, dos pais em particular, das origens, das metas, dos fins, da autoridade e do poder. É o eixo que envolve de um lado o meio restrito, familiar, e de outro, o meio amplo, social, em que vive o indivíduo. O eixo determinado pelo Ascendente e Descendente envolve significadores do próprio indivíduo e de suas associações, complementações e antagonismos pessoais. Parece que o mundo de cada um gira em torno dos eixos formados por suas casas cardeais. Casas que têm por base, inclusive na figura astrológica, a IV, a significadora da mãe, dos inícios e dos fins.