No sábado, 27 de maio de 2006, às 5h54 locais (correspondendo às 19h54 da sexta-feira, em Brasília), um terremoto de 6,3 graus na escala Richter sacudiu violentamente a Ilha de Java, a mais populosa da Indonésia. O número de mortos foi superior a 5.000, e algumas centenas mais faleceram nos dias subsequentes, em boa parte devido ao despreparo das autoridades locais e à falta de recursos materiais para as atividades de socorro. O primeiro voo das Nações Unidas, carregado com alimentos e outros suprimentos, chegou à ilha apenas no dia seguinte.
Enquanto os sobreviventes procuravam por comida e objetos pessoais nos escombros de suas casas, milhares de feridos foram internados precariamente em hospitais superlotados.
O epicentro do tremor foi localizado a 37,6 km ao sul da cidade de Yogyakarta, que fica em região de forte atividade sísmica (o vulcão Merapi fica a apenas 30 km da área urbana).
Estava escrito? Estava!
Desafortunadamente estava escrito, e nós, astrólogos, nada pudemos fazer! Este é um dos aspectos trágicos de nossa incapacidade de demonstrar, ao mundo cartesiano em que vivemos, que a Astrologia é uma ferramenta útil, que pode ajudar a construir, juntamente com tantas outras disciplinas, pelo menos um mundo mais fraterno, já que não pode evitar que a natureza se manifeste segundo seu propósito, ou segundo propósitos superiores. Vejamos.
Bem antes de 29 de março do ano corrente, ao se analisar o mapa do Eclipse, era visível um aspecto duríssimo que, de imediato, chamava a atenção do analista: a oposição Marte/Plutão! O envolvimento destes dois planetas, num aspecto de oposição — traduzido por enfrentamentos e antagonismos — sugeria que algo de maior poderia acontecer, seja pela natureza do aspecto, seja pela natureza dos planetas envolvidos, ambos “maléficos”.
O mapa astrocartográfico deste evento, conforme se constata na imagem, mostrava Plutão no Fundo do Céu, ameaçadoramente próximo demais da capital da Indonésia, Jacarta, e Marte avançando para o Meio do Céu. Esta configuração, por angular, “gritava” promessas. Haveria que ouvi-las…
Marte, o “pequeno maléfico”, quase na Casa 10, poderia indicar a manifestação de conteúdos complexos, complicações amplas, visíveis, ações radicais. Em Gêmeos, um potencial de intensa dissipação de energia. Plutão, por sua vez, conjunto à cúspide da Casa 4, remetia à destruição das bases, à súbita irrupção de coisas subterrâneas, a conclusões dramáticas. Em Sagitário, poderia se expressar de forma intensa, ampliada, com magnitude acima do normalmente esperado. Cruzavam os olhos, no céu, dois temíveis guerreiros. Que sofressem as consequências os mortais, aqui na Terra…
O mapa para a capital do país — O mapa do Eclipse de 29/3/2006, calculado para Jacarta, como consequência das observações acima, mostra uma configuração ainda mais atemorizadora: o Ascendente — vale dizer — o corpo físico da nação, o povo, era o Ponto Médio da oposição Marte/ Plutão, sendo a quadratura Plutão/Ascendente tecnicamente partil! O povo, em toda a sua fragilidade, iria sentir os efeitos desta nefasta oposição…
Esta conclusão tem pouco de original; a região em que a configuração tem potencial para se manifestar é, tipicamente — inclusive de histórico recente! — uma geografia passível de sofrer abalos telúricos de grandes dimensões.
Contudo, ainda mais preocupante é o significado de um ponto médio resultante da oposição Marte/Plutão. Este ponto médio (também chamado ponto focal, ou apex) passa a ser depositário de intensa energia, de uma tensão irresistível que, para chegar ao equilíbrio, usará de toda a brutalidade que seja necessário usar. A sorte estava lançada. Era esperar para ver.
A definição do tempo do evento
Fundamentadas as conclusões de que algo muito forte estava para ocorrer, e precisamente na Indonésia, cabia identificar a época em que este poderoso evento poderia se materializar. Uma das técnicas que permite antecipar esta questão é levar em consideração o trânsito de Marte! Aspectos deste planeta ao Ascendente de um Eclipse funcionam como disparadores da promessa do Eclipse. No caso, para Jacarta, o Ascendente do Eclipse estava situado em 26º56′ de Virgem. Abra suas Efemérides, agora, e veja onde estava Marte, em 27 de Maio de 2006!
Conclusões
Houvesse possibilidade de um diálogo isento e construtivo, a utilização da Astrologia, num episódio como este, poderia ser de imensa ajuda, pelo menos para minimizar as consequências. Autoridades e organismos internacionais poderiam estar mais bem equipados para prestar ajuda humanitária de maneira mais eficiente e muito mais eficaz. Não serviria, simplesmente, para motivar um artigo para uma revista especializada.