Capricórnio, a instalação do inverno
Quando o sol transita sobre o décimo mês astrológico encontramos o elemento Terra (elemento vinculado à sensação) do signo do Capricórnio (aproximadamente de 22 de dezembro a 20 de janeiro).
Nas comunidades agrárias do hemisfério norte, o ciclo das estações começa na primavera, com a entrada do Sol em Áries; prossegue com o Verão, com a chegada do Sol em Câncer, e com o outono, com o equinócio em Libra. Quando o inverno se instala, com seus padrões introjetados em nós, enfrentamos a seriedade e a preocupação com o futuro que podem tornar-se a tônica deste momento. Este período nos remonta à época em que os pequenos e ancestrais grupos humanos, perdidos no gelo ou nos desertos do hemisfério norte, buscavam orientação na sabedoria dos anciãos da tribo. Aqueles que já haviam passado por mais invernos e que, portanto, tinham mais experiência, eram responsabilizados pela administração e distribuição dos bens coletivos, abrigos e alimentos, que garantiriam a sobrevivência de todos até a próxima primavera.
Nesta passagem do Sol, a cada ano, mesmo que estejamos no hemisfério sul e hoje, em condições bastante diversas, trazemos dentro de nossa carga genética a memória destes ancestrais.
O signo do Capricórnio nos remete aos velhos experientes, e a cautela é sua qualidade principal.
Este é o momento de tomarmos consciência e noção de nossos limites, responsabilidades e deveres. Nos conceitos de certo e errado dentro de cada cultura, encontramos a sabedoria para enfrentar momentos difíceis assim como o receio de falhar, temendo colocar em risco aqueles que confiam em nós.
Aquário, solidariedade no frio intenso
No ponto central do inverno, o sol faz sua trajetória iluminando os padrões do signo do Ar a que chamamos de Aquário (aproximadamente de 21 de janeiro a 19 de fevereiro).
Para conseguir ultrapassar as dificuldades e rigores da época, e após o trabalho capricorniano ter sido concluído, pouco há a fazer.
O frio é mais intenso, mas a neve endurecida permite que os homens estejam ao desabrigo. Fora de casa, a busca por diversão é uma forma de ocupação coletiva para vencer o frio. Dançar, aquecer o corpo e aproveitar a liberdade do “nada a fazer” senão sonhar com a próxima primavera, é a consciência deste período onde cada um necessita de todos e todos de cada um.
A aproximação de alguém é olhada pelo grupo com receio. Pode ser uma ameaça, mas a percepção de que este alguém é humano torna-o amigo. Solidarizam-se com ele, acolhendo-o como um igual e partilham, então, seus parcos bens. Estes seres, que retornam de longas viagens ou estão vindo de outras culturas, trazem novas formas de ver a relação com a vida. Novas sementes são, então, conhecidas pelo pequeno grupo, tanto no sentido material como das ideias.
Os indivíduos de cada grupo descobrem, assim, que o universo é maior e engloba outros maneiras de ser e viver.
Neste estágio do ciclo da natureza os seres se sentem seguros juntos, são capazes de ações para beneficiar grupos humanos ou a própria humanidade como um todo, pois alcançam a noção das necessidades semelhantes, presentes em cada espécie.
As amizades, a solidariedade e o idealismo são um sonho de integração universal.
Peixes, a hora do degelo
O sol, transitando agora pelo signo de Água denominado Peixes (aproximadamente de 20 de fevereiro a 20 de março), traz a necessidade de economizar energia.
O frio é mais intenso, pois vem associado à umidade. A impossibilidade de sair do abrigo pelos riscos que a neve, degelando, representa – além do alimento que escasseia – deixa aos seres, apenas, a possibilidade de dormir para economizar energia.
Aconchegar-se aos companheiros e sentir que estão todos “no mesmo barco” é o que ocorre neste período em que o abrigo se assemelha a um útero onde a proteção, o silêncio e a quietude são condições para a sobrevivência.
A circulação se torna cada vez mais prejudicada pela baixa temperatura e a energia só é melhorada pela ingestão de frutas altamente calóricas, que sobrevivem ao inverno e pela fermentação dos cereais e frutos, transformados em bebida alcoólica.
O sol está chegando, agora, próximo ao final de um ciclo anual. Quando começou sua ascensão no solstício de inverno, no centro da fase capricorniana, chegou ao ponto máximo de afastamento da terra e, portanto, iniciou o seu retorno.
Com o degelo, a natureza cobre-se de cinzento e a água começa a penetrar o solo indo ao encontro das sementes enterradas.
O homem sonha. Constrói castelos, está nas mãos da sabedoria divina, da qual a natureza é a mãe. Nesse momento, todos se sentem em igualdade. A entrega e a confiança permitem que se abandonem, com a crença no ressurgir da vida.
Na passagem do Sol por este signo, que é síntese de todo o processo, tomamos consciência da fé, da comunhão dos homens com a totalidade da criação. Perdoamos e esquecemos, relaxamos e sabemos que tudo aquilo que termina também está recomeçando, mas com a possibilidade de um renascer mais criativo e evoluído pela experiência assimilada.
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Gostei muito da sua abordagem!