Áries, Leão e Capricórnio, signos onde o Sol se mostra mais forte, são exatamente aqueles que em seus mitos contam histórias de conflitos entre PAI e filho. Vejamos.
Signo de Áries
O Equinócio vernal. Começo da Primavera. A natureza que ficou adormecida por longos meses agora desperta e sente a urgência de ser e de crescer. Corresponde ao início da vida – à juventude.
Palavras-Chave: Iniciativa, energia, ação, coragem, agressividade, afirmação do eu, vontade pessoal, independência, combatividade.
História: Jasão e o Velocino de Ouro – O Pai Terrível
O velocino era um carneiro voador em que Frisso, filho de Atamante, Rei da Beócia, havia fugido para escapar da perseguição de sua madrasta. Chegando ao reino da Cólquida, Frisso fica sob a proteção do rei feiticeiro Eetes. Em seguida ele sacrifica o animal, cuja lã era de puro ouro, em honra a Zeus e guarda seu tosão num bosque sagrado consagrado a Ares, guardado por um dragão que nunca dorme.
Jasão é o herdeiro legítimo do trono de Iolco, usurpado por seu tio Pélias, quando ele ainda era uma criança. Foi criado pelo centauro Quíron, que o educou para ser um governante e lhe ensinou desde as artes marciais até as curativas. Adulto, resolve enfrentar o tio e reivindicar o trono. O tio concorda em devolver-lhe o trono desde que Jasão livre o reino do fantasma de Frisso e traga de volta o tosão de ouro. Jasão então reúne uma tripulação de alto nível, os argonautas, e parte para a Cólquida no navio Argos. Enfrenta todo tipo de aventura, mas, sempre protegido pela deusa Hera, consegue chegar à Cólquida, onde o rei feiticeiro Eetes promete lhe entregar o velo de ouro, se ele cumprir, num só dia, várias tarefas praticamente irrealizáveis. Mas Eros, o deus do amor, faz com que a filha de Eetes, Medeia, se apaixone por Jasão e o ajude com seus poderes mágicos, em troca da promessa do herói de casar-se com ela.
Concluídas as tarefas, o rei se recusa a entregar o velocino de ouro; então Jasão, com a ajuda de Medeia, que faz o dragão cair no sono, rouba o tosão e fogem. Anos depois, Jasão se cansa de Medeia e começa a cortejar a filha do rei de Corinto. Medeia, traída, vinga-se de Jasão matando sua noiva e os filhos que tinha com ele, e foge para Atenas. Jasão nunca mais consegue recuperar seu reino, nem a glória de herói, e morre quando uma viga do Argos cai sobre sua cabeça.
Arquétipo – O Pai Terrível
O pai de Áries envia o filho ao encontro de seu próprio destino. Muitos arianos são jogados na vida muito cedo pelos conflitos com o pai, tirânico e restritivo, ou até mesmo violento e destrutivo. Às vezes é um pai que mina a incipiente independência do filho, ou um pai que abandona ou morre. Esse pai pode ser um obstáculo, mas é também um meio de crescimento. O impulso de se lançar em situações perigosas para provar a masculinidade, próprio dos arianos, está presente neste mito. Isso é válido para os arianos de ambos os sexos. Afinal, o novo tem que destruir o velho.
Signo: Leão
O Sol aquece a terra. É o auge do Verão que traz o pleno desenvolvimento dos frutos, prontos para a colheita. Corresponde ao auge da vida, à maturidade.
Palavras-Chave: auto-afirmação, vontade, ambição, vitalidade, nobreza, dignidade, orgulho, arrogância, tirania, o desejo de brilhar sempre.
História: Parsifal e o Rei do Graal – O Pai Ferido
O Graal, um objeto misterioso, sustentador e preservador da vida, é guardado por um rei doente num castelo difícil de se achar. A região em volta do castelo está devastada. O rei e a terra só se recuperarão se um cavaleiro perfeito, de nobres virtudes, encontrar o castelo e, ao ver o que nele há, faça uma determinada pergunta. Se ele não o fizer, tudo vai continuar como está, o castelo vai desaparecer e o cavaleiro terá que iniciar uma nova busca. Se ele for bem sucedido, o rei sara, a terra floresce e ele se torna o novo guardião do Graal.
Parsifal, criado pela mãe num bosque isolado, um dia vê passar cinco cavaleiros e resolve seguir com eles, sem ao menos despedir de sua mãe, que acaba morrendo de desgosto. Na viagem, briga com o cavaleiro vermelho e o mata. Encontra uma donzela em apuros, apaixona-se e se inicia sexualmente com ela, mas acaba abandonando-a, tal como fez com a mãe. Chegando a um rio profundo e sem passagem possível, ele vê um pescador que lhe indica o caminho para o castelo. No mesmo instante, do rio emerge o castelo, e ele entra. O rei estava ferido na coxa ou na virilha, dependendo do narrador. Então ele tem a visão de uma espada, uma lança gotejando sangue, uma moça trazendo um graal de ouro cravejado de pedras preciosas e outra moça com uma bandeja de prata. Ele permanece em silêncio e não ousa dizer nenhuma palavra enquanto vê os objetos. Vai dormir e, quando acorda, o castelo está deserto. Ao sair encontra uma mulher que lhe diz que ele fracassou, pois não fez a pergunta. Parsifal vai embora e passa por muitas aventuras e muito sofrimento, o que lhe confere sabedoria e compaixão. Só então é capaz de reencontrar o castelo, ver o Graal e fazer a pergunta fatal: – a quem serve o graal? Ao som destas palavras, o rei fica curado e revela ser seu avô. A terra floresce novamente e ele se torna o guardião do graal.
Arquétipo: o Pai Ferido
O padrão leonino pode ser uma infância sem pai ou sem o princípio paterno, mesmo que exista um pai físico, mas ele parece ausente. O leonino irá buscar esse princípio masculino na aventura da sua própria vida. Na juventude costuma ser indiferente e egoísta. No mito, só o sofrimento traz maturidade e compaixão a Parsifal, e ele finalmente faz a pergunta. O rei ferido na coxa ou na virilha é um símbolo de castração e incapacidade de renovar a vida. Muitas vezes, o pai do leonino é uma pessoa ferida, incapaz de fornecer um modelo amoroso adequado e um direcionamento na vida. O rei já curado é seu avô, um pai de ordem superior ou divina. A carência de um pai físico faz o filho descobrir o pai divino ou pai interno. O leonino precisa descobrir que é o próprio sol, e, portanto, ele tem que ser pai de si mesmo.
Signo: Capricórnio
Solstício de Inverno. A noite é mais longa. A natureza morreu, tudo está imóvel, árido, sem energia. Mas no fundo da terra as sementes dormem e um novo ciclo de fertilidade está sendo preparado. Corresponde ao declínio da vida, à velhice.
Palavras-Chave: Responsabilidade, prudência, administração, disciplina, seriedade, perseverança, rigor excessivo, autoritarismo, inflexibilidade de princípios.
História: Cronos-Saturno – O Pai Castrador
Urano, deus do Céu, mantinha todas as noites um encontro amoroso com sua esposa Geia e a cada noite a fecundava. No entanto, Urano odiava os filhos que eram gerados, de forma que, assim que nasciam, escondia-os em cavernas e grutas, sem jamais deixá-los sair para rever a luz. Urano obtinha uma tremenda satisfação com esse terrível comportamento. A esposa Geia estava muito triste com essas violências e não podia mais suportar o peso de tantos filhos enclausurados em seu interior pedregoso. A deusa estava tão cheia de pobres vítimas sofrendo nas trevas que planejou vingar-se do feroz esposo. Geia então falou com seus numerosos filhos, revelando o desvairado hábito do marido. Eles ficaram estupefatos, mas somente o filho mais jovem, Cronos, falou em nome dos irmãos e fez uma solene promessa de punir o pai. Comovida, Geia acolheu a oferta do corajoso filho e ofereceu-lhe uma foice afiada, sugerindo-lhe um estratagema a ser praticado contra o pai. E, assim, Cronos se escondeu e, quando, no meio da noite, Urano se aproximou de Geia para abraçá-la, ele saiu do esconderijo, agarrou o pai Urano por um braço e, com a foice, feriu-o de forma atroz extirpando-lhe os órgãos sexuais. Geia, solícita, recolheu em si as gotas de sangue que brotavam do esposo e, fecundada pelo sangue, deu à luz as Erínias, os gigantes e as ninfas, que deram início a uma nova estirpe humana. O sexo de Urano caiu no mar e dele nasceu Afrodite. Depois do sanguinolento fato, Cronos, pondo-se no lugar do pai, tornou-se senhor do Céu, e desde esse momento – diz o mito – o Céu não quis mais se aproximar da Terra para o encontro noturno. Dessa maneira cessou a procriação e seguiu-se o domínio de Cronos. Tempos depois, um oráculo predisse que Cronos teria o mesmo destino fatal que seu pai. Cronos então passou a devorar todos os filhos que nasciam para evitar que a profecia se cumprisse.
Arquétipo – O Pai Castrador
O pai de Capricórnio é um pai exigente e que exige que o filho pague um preço, que aceite suas regras. Ele é aquele que contraria, que impõe limites e provoca sentimentos de ódio e, consequentemente, de culpa, no filho.
Muitos nativos deste signo, ao invés de terem um pai em quem confiar e se apoiar, precisam cuidar de um pai problemático que é motivo de preocupação.
O velho rei tem que morrer, o novo rei precisa nascer, os dois precisam lutar entre si e, na morte, revelarem-se um só. Essa dualidade pai-filho é um dos temas de Capricórnio.
O mesmo tema está presente na história de Cristo, filho de Deus Pai que também nasceu em Capricórnio, no solstício de Inverno no Hemisfério norte, data em que nascem vários salvadores do mundo. Essa é a época do ano em que o Sol está mais fraco e o mundo, mais escuro. A terra está desolada, estéril e as pessoas anseiam pela redenção. Em Leão, no mito de Parsifal, a terra também está em ruínas, mas, aqui, a identificação é com o velho rei doente à espera da redenção. Os capricornianos parecem estar sempre à espera de uma redenção de seus sofrimentos, mesmo aqueles que alcançaram o sucesso material que é enfatizado neste signo.
A responsabilidade que oprime, a limitação e a servidão, estão sempre presentes na vida desses nativos, na forma de inúmeras obrigações que escravizam, sem esperança de libertação.
O filho tem que encarar a punição do pai, para descobrir que o pai está dentro dele, e o pai tem que encarar a rebelião do filho, para descobrir que é seu próprio espírito jovem, que ele acreditava ter superado há tempos. Então percebemos que o pai terrível era na verdade o pai misericordioso, assim como Cronos, ao ser destronado por Zeus, foi banido para a Ilha dos Bem-Aventurados, onde se tornou um rei bom e sábio.
Leia também: O papel de pai em tempos de Plutão em Capricórnio
José A. Baptista diz
O que seria da Astrologia sem a Mitologia – e o que seria da Mitologia sem a Astrologia. Com mais de seis mil de estrada a Astrologia continua mais viva do que nunca, pena que é na quantidade de astrólogos, praticantes e adeptos – e quando se trata de quantidade, a qualidade come poeira na estrada astrológica. No Brasil, por exemplo, o que impera é a alta quantidade de astrólogos, praticantes e adeptos, mas a qualidade está bem abaixo do que seria a normal, principalmente no dias atuais em que as pessoas pagam para não ler, achando que aprendem Astrologia via celular, Facebook e Youtube.
E sobre os estudos da Astrologia, pouco se aprende lendo livros de astrólogos(as) autores brasileiros, estes deixam muito à desejar, pois o conteúdo dos mesmos só falam de signos e nada de conteúdo resultantes de pesquisas sérias e profundas sobre o assunto Astrologia. Pode-se contar nos dedos astrólogos(as) autores brasileiros que realmente se dedicaram à se debruçarem sobre as pesquisas astrológicas, a maioria deles estudaram e outros atualmente estudando Astrologia para ganhar dinheiro. Com isto, o ótimos astrólogos(as) continuam no anonimato enquanto os astrólogos(as) de plantão continuam ativos como plantas daninhas na plantação que, no final, está resultando em mais descredito que crédito para a Astrologia.
E a Internet está contribuindo – diretamente – para a má fama da Astrologia, principalmente no Brasil, pois ela facilita em muito que pessoas leigas tomem conhecimentos básicos e se denominem astrólogos(as) e, devido a incultura brasileira, todos – ou quase todos – passem à se consultar com essas pessoas que se dizem astrólogos(as). Quero ver esses astrólogos(as) de plantão montar mapas astrais como fazíamos na Era a. C. (antes dos Computadores, segundo Maria Eugênia de Castro) e na Era a. I. (antes da Internet – segundo José A. Baptista).
Tereza Kawall diz
Divani, adorei seu artigo, muita informação preciosa e útil para todos que gostam destes temas, grata!