O nome grego é ICHTHUS, que é um acróstico de Cristo. Em latim é pisces. Na antiga língua do Egito a constelação era conhecida como Piscot Orion ou Pisces Hori – que significa “o peixe daquele que vem” (os peixes que pertencem ao que vem). O nome hebraico é Daguim, os Peixes, que também está ligado a uma palavra que significa multidão.
Os babilônios, assírios, persas e gregos já representavam esta constelação com a forma de dois peixes. O símbolo é um emblema da igreja primitiva e lembra também a dedicação manifestada pelos Budas da Compaixão, um símbolo de amor fraterno e união.
Psicologicamente, os peixes que surgem nos sonhos conservam muito de seu simbolismo específico de transformação ou de renascimento psíquico. Acima de tudo, Peixes simboliza o elemento líquido. Na mitologia hindu, a manifestação aparece na superfície das águas, que salva a humanidade do dilúvio e que revela aos sábios o texto sagrado dos Vedas. Na tradição cristã, os peixes representam o peixe milagroso, Jesus pescador de homens, o batismo da água.
Os povos do Oriente representavam Peixes em duplas, como símbolo de união e de fecundidade profícua. A sabedoria do signo consiste em poder mergulhar no coração do abismo, no tenebroso domínio do inconsciente, para exumar dele tesouros espirituais.
Albumazar, grande astrólogo de Bagdá (século IX), dizia que o mundo começou e termina num alinhamento em Peixes.
O ideograma escolhido pelos primeiros cristãos, que compreendia cinco letras gregas, significa peixe (i.c.t.u.s.), que se deve decompor da seguinte maneira: Iesus Cristus Theous Unios Soter – Jesus Cristo, filho de Deus Salvador.
Outros animais que possuem afinidade com o signo: os anfíbios, as aves marinhas, o albatroz, a gaivota, a baleia, o polvo, as esponjas.
O oceano
Não podemos desvincular o animal aquático peixe de seu habitat, a água, e, por extensão, o oceano. Dele deriva a vida conforme postula a ciência. No oceano, infinitas gotas formam a sua imensa massa de água, não existe diferenciação, tudo é apenas água. Assim o pisciano também se comporta como um ser que busca sua infinita conexão com o Todo divino.
O nativo quer se dissolver nesta imensidão como um espírito que se congrega ao Espírito do Pai onipotente e onipresente. O oceano representa o inconsciente – ambos sob a regência de Netuno. O pó retorna ao pó e a psique ao Oceano Primordial donde se origina a Vida. A vida em seu ciclo conserva um grande desejo de voltar para a casa no reino espiritual.
O mar exerce um fascínio sobre as pessoas, e ele está em todas as partes do mundo, tanto une quanto separa as nações. Este arquétipo de união e separação está inserido dentro do simbolismo do signo de Peixes. Ainda dentro do contexto pisciano, do polo norte ao polo sul, o mar é símbolo místico em todas as crenças. Mesmo quem não acredita em nada gosta de olhar o mar e se acalma; o mar tem esse efeito calmante. Não obstante, a fúria do mar ninguém consegue acalmar.
O mar é o lugar mais indicado para o surgimento de visões, para irrupção dos conteúdos inconscientes, é também o seu símbolo misterioso, de tudo que é indeterminado. É o símbolo do inconsciente, porque, sob os reflexos brilhantes de sua superfície, encerra insuspeitas profundezas.
Ao contrário do signo de Virgem, que delimita, Peixes não reconhece fronteiras, está ligado à dominante do infinito, e o oceano é seu símbolo misterioso e místico, aquilo que não tem tamanho, não tem comparação, sendo o local propício para o surgimento de visões ou à irrupção dos conteúdos inconsciente.
O signo representa a massa das águas marinhas onde tudo é jogado, águas de fecundação e de dissolução. Dentro da simbólica do pisciano podemos observar um modo de comportar-se de forma obscura, envergonhando-se ou vivendo num universo que o coloca à prova, ou tendendo inconscientemente a se punir por um erro imaginário, como se fosse realmente culpado.
Se não ultrapassar o grau inferior da formação de sua personalidade, está arriscado a não sair do estágio vegetativo do pensamento, com tudo o que isto implica em termos de associações superficiais, de falsas correspondências, de quimeras, de miragens. Pode fazer o papel de espírito confuso que afoga as coisas num mar de suposições; ficará contente com um mundo espectral onde os pensamentos se nublam; esta penumbra esfumaçada é, sem dúvida, o lugar do obscurantismo sonhado, da imprecisão densa, das evasões bem intencionadas, mas utópicas, ou seja, dos desvios que comportam divagações e delírios.
O peixe traduz a força que possuímos para regenerar e a visão de regiões profundas. Com prodigiosa faculdade de reprodução, ele ressurge, na mente humana, como um símbolo de fecundidade e do mundo espiritual e vem também associado ao nascimento e à restauração cíclica.
Um animal escorregadio
Assim como o peixe possui um corpo escorregadio que escapa de nossas mãos, o nativo também costuma proceder dessa forma: se a situação fica complicada, ele foge. Conforme o desenrolar das situações que vivencia, ele procura despistar, escorregar de fininho e sair do contexto.
O nativo pode ser escorregadio como os peixes diante de certas manifestações da vida, principalmente quanto temem enfrentar o mundo hostil à sua volta. Como a água, o pisciano está constantemente fluindo, sem conseguir, muitas vezes, manter controle sobre a própria vida. O nativo tem dificuldades com a vida prática, com o dia a dia, almejando ideais muitas vezes não suportáveis.
O nativo pode se assemelhar a um barco a vela – vai sempre em frente e, quando apanhado, escapa da mão.
Peixes no Zodíaco rege todos os lugares de provações. Simboliza a mente nadando em torno do oceano emocional do inconsciente. Na sua inconsciência tudo está certo, mas nada é perfeito e completo, vivenciando certa nostalgia em relação ao divino e a busca de uma verdade mais profunda.
A palavra consciência deriva do latim conscientia, que significa conhecimento. O inconsciente consiste na privação permanente ou na abolição momentânea da consciência, como no estado criado pela anestesia. Esse estado e todas as drogas são regidas por Netuno, regente do signo de Peixes.
Peixes rege a astronomia, os esforços realizados para chegar mais além, mediante a observação de outros sistemas. No plano espiritual, o místico deve ir além de todas as estruturas obscuras. O peixe, vindo das águas, significa sabedoria feminina e também o poder da intuição que aflora do inconsciente para o consciente. Lembra também que muitas deusas surgem do mar, trazendo suas mensagens.
Os peixes não dormem, alternam estados de vigília e repouso
O pisciano vive estados alterados de consciência. Se não os atinge pelos meios naturais procura fazê-lo através de drogas ou preparação especifica para tal estado. Pode ser transportado facilmente para um mundo de sonhos e fantasias onde realiza seus mais íntimos desejos.
Um animal que “morre pela boca”
Assim também o pisciano muitas vezes pode cometer um suicídio utilizando desmedidamente bebidas alcoólicas e outros elementos danosos à sua saúde física, mental e psíquica.
Dois peixes nadando em direções opostas: um signo dual
O emblema de Peixes são dois peixes ligados nadando em direções contrárias. Um peixe se dirige para a orla do universo, e o outro desce ao fundo do mar. Idealmente, ambos os peixes que fluem ritmicamente para o centro deveriam se tocar, e voltar novamente às suas missões (“para corajosamente ir aonde nenhum peixe esteve antes”), entrelaçando-se, unidos e separados, como um cordão de DNA.
Se o peixe se desconectar, o resultado é uma manifestação pisciana inconsciente de extremo desequilíbrio. Entre os exemplos estão o andarilho sem rumo, o viajante e o introvertido mergulhado na depressão e no vício que assombram este signo. O sistema nervoso do pisciano é tão sensível que ele tem reações muito fortes mesmo a pequenas doses de substâncias químicas ou emoções. Portanto, é crucial que pratique a discriminação quanto ao que deve ingerir ou assimilar em seus sistemas.
Peixes vive muito no inconsciente coletivo. Ele está em contato com o que a cultura esqueceu ou reprimiu: sonhos que esperam, como os peixes, sob a superfície. A tarefa do pisciano é buscar o que a cultura negou, para trazer de volta à percepção superficial.
O símbolo dos dois peixes nadando em direções opostas mostra também a dualidade que permeia o espírito pisciano e o leva a uma ação contínua. Estão inseridos na simbolização da mente nadando em torno do oceano primordial. Como o peixe em contínuo movimento e nadando em todas as direções, o nativo nunca está parado. Essa movimentação, aliada à dualidade e a um comportamento camaleônico, mostra que é preciso possuir grande determinação para se manter em determinado caminho, sem desviar ou procurar outras rotas. Essa atitude pode ser prejudicial, pois pode faltar determinação aos seus objetivos.
Assim, o peixe da esquerda, que nada para baixo, simboliza o movimento da involução rumo à matéria, e o da direita, que nada em direção ao alto, simboliza a evolução do duplo Espírito e Matéria que retorna ao princípio Uno. Pelo aspecto negativo, pode ser um signo que não leva as coisas muito a sério, mudando facilmente de direção.
O símbolo representa ainda os diferentes tipos de piscianos – o que está evoluindo e progredindo espiritualmente e o outro que se insere num mundo confuso, nadando sem saber seu destino, onde encontrar o continente. Com o seu caminho da transformação e da transcendência, piscianos são constantemente colocados em situações em que nadam contra si mesmos.
Um peixe remonta a correnteza e se agita no mundo fecundo da água enquanto o outro desce em sentido inverso
Essa é uma imagem dos sucessivos caminhos e das reencarnações do ser humano ao longo de sua existência eterna. O nativo pode vivenciar dificuldades de concentração, pois está sempre mudando, de acordo com as impressões externas que recebe do meio ambiente. O último signo sacrificial impõe, como o de Virgem, uma purificação. Ao contrário deste último signo, porém, a purificação de que se trata não é mais a do corpo, mas o definitivo termo da encarnação e das reencarnações (para purificação) na face da Terra.
Os peixes se fundem com o próprio ambiente
No signo de Câncer, vive-se a fecundidade no líquido amniótico. Em Escorpião, o ser atravessa uma temporada no inferno, onde deverá fazer a aprendizagem do abandono das posses e da carne. No signo de Peixes, o amor e a fusão no universo são solicitados. Vivencia-se em Peixes a santificação pela água – o batismo sacratíssimo.
O amor pisciano encontra-se na base de todos os sacramentos, no batismo (a integração numa comunidade), no casamento (a fundação de uma comunidade), na extrema-unção (a partida de uma comunidade visível com destino a uma comunidade invisível), no sacrifício da missa (a participação mística de uma libertação e de uma remissão dos pecados).
Significados do Ideograma
Os peixes estão desenhados como duas luas crescentes: uma significa a dissolução da forma antiga, e a outra, o início do novo. Se os glifos da lua crescente forem virados para o lado contrário, eles formarão um círculo e assumirão uma forma de ovo – símbolo da totalidade.
Fisgados pelos outros e vacilando para frente e para trás, permitem-se ser dependentes de outras pessoas.
No próprio nome Peixes (em português) verificamos o simbolismo do ideograma. A letra X tem forte conotação com o próprio ideograma, assim as letras iniciais “Pe” tem relação com o órgão regido pelo signo de PEiXes.
Os pés regidos por Peixes são a parte do corpo capaz de sujar-se mais facilmente, lembrando nossos erros, pecado e a remissão.
Uma união simbólica
O glifo de Peixes lembra a união simbólica entre o céu e a terra de uma forma indiferenciada, onde tudo se interpenetra e se conecta, a fusão num todo maior. Os dois peixes nadando em sentido contrário refletem que o pisciano é conectado com dois mundos: o físico e o espiritual, e pode passar de um mundo para o outro, captando o espírito por trás da matéria e concretizar a matéria em espírito.
Peixes está em contato com as profundezas emocionais e psíquicas de que eles temem perder o controle. O signo se deixa levar por esta ou aquela emoção muito facilmente, segundo as ocasiões, oferecendo muito pouca resistência a qualquer tentação.
Peixes é o sonhador, o romântico, o cosmologista (Copérnico, Galileu, Einstein eram piscianos).
Um fio de ligação
A ligação entre os dois peixes é o fio de ligação da própria vida, o qual, quando se rompe, sempre causa a separação do corpo/psique.
Uma representação do fim e do começo, uma verdadeira síntese, onde os extremos se tocam. Lembra a fase terminal – o fio que desliga o corpo da própria vida material. Subsiste a ideia de separação, que pode ser causa de solidão, ou de uma privação que leva a pessoa até a ser alimentada na boca.
Fala-nos da morte como divisão corpo/psique: um refletido no outro, um impondo restrição à vontade.
Ambos os peixes vivem numa luta pela separação e ao mesmo tempo união com o Todo universal e cósmico. A morte ou a integração rompe as ligações. Quando desfeitas, cada “peixe” segue para o seu lado.
O final de uma jornada e ao mesmo tempo o início de um novo ciclo
O pisciano Edgar Cayce, quando em transe, era capaz de entrar no inconsciente coletivo e dar informações às pessoas sobre saúde e outros assuntos. Nesse estado de consciência, presente, futuro e passado estão todos ligados.
O fim e o início (consciente e inconsciente estão ligados independentemente de tempo) de todas as coisas, as nossas descobertas mais profundas estão conectadas em algo infinito e eterno. Daí, a interligação entre o princípio e a finalização.
Os peixes representam a dissolução da matéria quando a substância retorna à essência, o estado sólido se desintegra e volta ao estado primitivo.
Duas forças, uma yin outra yang, procurando o equilíbrio
O pisciano busca alcançar o equilíbrio por sentir-se sempre inseguro ante as ocorrências que a vida reserva. É preciso lutar e domar as forças contrárias que habitam o interior do ser humano. Muitas vezes determinadas forças podem levar a caminhos não convenientes e serem danosas para a própria subsistência. Algumas fontes astrológicas dizem que o símbolo representa golfinhos, que são mamíferos que desenvolveram um cérebro límbico ou emocional.
Os dois peixes mostrando dois caminhos que podem ser seguidos
Podemos dizer que o girar da roda do Zodíaco culmina em dois caminhos: o do amor e doação e o de ações improdutivas. No que tange ao pisciano, representa a possibilidade de dois diferentes caminhos a percorrer, um que leva à evolução espiritual e outro da confusão e da decadência. Quando envolto em caminhos obscuros, corre o risco de perder a personalidade, tornando-se desonesto, imoral, corrupto e facilmente persuadido.
A relação pisciana com a tragédia do voo Air France 477
Numa reflexão mais aprofundada de Peixes, podemos ter como pano de fundo o acidente do Airbus da Air France, que fazia o voo Rio-Paris em 31.5.2009 e levou à morte de 228 pessoas nas proximidades de Fernando de Noronha. O acidente ocorreu onde havia apenas o céu e o mar. Mas o mar confunde, indistingue, abstrai, mais do evidencia a tragédia. Pode-se assinalar um traçado no mar, mas ele não aparece suficientemente para expressar o trágico. De tudo que se vê, evidencia-se tão somente o alto-mar. Sua magnificência está mais próxima da metáfora metafísica, seja da morte, seja da fortuna, que dos afetos trágicos. Mais do que piedade e compaixão, o mar exibe a sua própria grandeza. Por isso, no mar, em busca dos sinais dos mortos do voo 477, encontraram-se os sinais de nossa própria insuficiência. No mar, como no espaço abissal, é difícil sustentar um drama subjetivo individualizado: nele se enxerga melhor a nossa condição comum do que nossa vida particular. Tudo isso é pisciano e ligado ao próprio oceano.
Herminia diz
Gostei muito do artigo. Sou pisciana e já li tanta bobeira sobre meu signo que me causam indignação. Obrigada nos brindar com suas palavras e conhecimento.
Leticia Pimenta diz
O melhor artigo que eu já li sobre o assunto até hoje. Parabéns! !
Magda diz
Madre Tereza não é de peixes
Ismael diz
Ele não disse que era, ele citou uma qualidade de madre Teresa que aparece no ápice de peixes, a comparação entre madre Teresa e o signo é a compaixão. Saiba interpretar
José A. Baptista diz
Ela poderia ter alguma coisa de Peixes, como, por exemplo: Quase todas as pessoas que são de Sagitário são concebidas no signo de Peixes, de 20/02 às 20/03. Além disso, como ela era virginiana no Solar, o DC – Casa 7 – era regido pelo signo de Peixes, portanto, publicamente ela era uma pessoa pisciana. Ou seja, amava as pessoas do mundo externo mais que ela mesma. Também tinha Quíron em Peixes à 00º10’, a sua paixão maior era poder curar as dores, as feridas e os sofrimentos – da alma, principalmente – de outras pessoas. Pelas poucas análises que fiz, o Ascendente de Madre Teresa deve ser Peixes, praticamente no início – algo como, de 00º10’ à 05º. Também não descarto a possibilidade dela ter o Ascendente em Sagitário, neste caso, então, Peixes regeria a sua Casa 4, também no início.
Segundo William Lilly, sobre a aparência física das pessoas com Ascendente em Peixes, ele diz o seguinte: “Uma estatura baixa, mal composto, não muito decente, uma face bastante grande, compleição pálida, o corpo carnudo ou inchado, não muito direito, mas encurvando um pouco a cabeça”.
Texto extraído do livro Christian Astrology, William Lilly – Londres, 1647. Tradução parcial do capítulo XVI Tradução da versão inglesa por Paulo Alexandre Silva, DMA
Camila Souza diz
Amei..
Muito profundo, é um privilégio ser pisciana
Grace diz
Nossa, descrição completa !!!!!
Adamastor Gonloz diz
Interessante esse conteúdo, mas será que realmente condiz com a realidade esse negócio de cérebro ter relação com o signo?
Vania M F G Cavalcanti diz
Adoro os textos da Constelar! Sao muito elucidativos e enriquecedores!
Parabens ao grupo!