Sobre bibliografia de mitologia, grega principalmente, há muita coisa hoje em dia traduzida para o português. Há bons dicionários de mitologia grega – um deles editado pela Difel; há duas traduções cuidadosas editadas pela Cultrix de um dos maiores pesquisadores em mitologia grega, Karl Kerenyi, que todo mundo precisaria ler; há a tradução primorosa do grego arcaico do J. A. A. Torrano, um rapaz – agora nem tanto – que dá aulas na Letras da USP, que traduziu a Teogonia do Hesíodo, uma das fontes primárias mais importantes sobre mitologia grega – um livro pequeno e barato.
Pra uma vista de olhos mais ampla, isto é, com relação a outras mitologias que não a grega, é legal a Enciclopédia de Mitologia da Larousse editada pela Hamlyn, em 1970, mas precisa entender bem inglês pra aproveitar o livro. Uma série legal – que não sei se ainda se encontra por aí, é a Mitologia e Arte, de quatro volumes, de um francês chamado René Menard, e a edição que eu tenho é de 1965; é bem explicadinha, conta as histórias todas, e me parece que sua base principal é Kerenyi e Otto – outro feríssima que só tem em alemão, inglês e francês. Uma fonte legal é também a Ilíada, de Homero. Há muitas traduções por aí, mas uma das melhores é da Difusão Européia do Livro, cuja tradução conserva os Cantos originais.
De forma geral, a fonte mais importante para uma boa compreensão é mesmo Kerenyi, que teve a paciência de ler os autores gregos e latinos no original e escrever a mais completa mitologia grega; um dos livros é Os Deuses Gregos e o outro é Os Heróis Gregos. Depois que li os dois, agora, já adulta, entendi que todo o resto saiu dele, inclusive o famoso Campbell. A enciclopédia de mitologia da Hamlyn abarca com cuidado quase todas as mitologias existentes no mundo, com ilustrações e fotos. É uma aquisição respeitável e não é cara, diante dos preços dos livros editados no país.
Finalmente, na última década têm surgido boas traduções de Eurípides, Ésquilo e Hesíodo, três grandes da literatura e da tragédia, cujas referências à mitologia não são apenas literárias, mas descrevem bem o caráter, a cosmologia e a cosmogonia gregas. Pra dar uma sapeada em como os junguianos usaram a mitologia grega – e algumas outras mitologias – pra explicarem a teoria dos arquétipos na formação das comunidades, nada como História da Origem da Consciência, editada pela Cultrix, do Erich Neumann. A meu ver, ele força um pouco a barra, mas é interessante ver o modo de amplificar a mitologia pra entender certos comportamentos, padrões de desenvolvimento humano, sua história social de produção de arquétipos, por assim dizer. No lado feminino, tem a maioral, Jean Shinoda Bolen, que pegou e analisou todas as entidades femininas. A edição é de uma editora católica, não é um livro fácil de encontrar, mas é fundamental na linha mitologia-Jung.
Há também Roberto Sicuteri, um junguiano que escreveu um livro sobre o mito da Lilith muito bem feitinho. Não li nada dele além deste livro da Lilith, que me parece bem interessante. A Lilith já vem de uma outra linhagem, passa ao largo da mitologia grega – que tem outra figuras assemelhadas a ela, mas em tríades.
Ultimamente tenho lido o Zechariah Sitchin, cujo objetivo na vida, desde os sete anos de idade, é provar que os sumérios – de onde vem nosso antigo ofício – descendem de ETs. Mas não desistam agora: no primeiro livro de uma série de quatro, ele desenrola o resultado de sua pesquisa filológico-semântico-histórico-arqueológica, onde prova e comprova que a raiz de mitologias gregas e etruscas está na Suméria. Estou achando curioso, muito bem achado e até certo ponto espantoso.
Sitchin tem aquela preocupação acadêmica de provar tudo o que fala, o que me acalma a cabeça, por meus vícios acadêmicos pessoais de tentar dizer coisa com coisa e provar argumentação bem amarrada em cima de conceitos claros. E dando fontes: secundárias e primárias. Acho que é uma boa indicação pra mitologia (seis livros traduzidas para o português e publicadas pela editora Madras). Até agora, neste primeiro livro, Sitchin mostra como, a partir da decodificação da língua suméria mais arcaica – a linear B – foram então compreendidas 25 mil tabuletas em argila, escritas em caracteres cuneiformes, onde não apenas está toda a série de ciclos Saros – cuja invenção ou descoberta alguns historiógrafos de Astrologia atribuem aos egípcios – mas também desenhos que ilustram o sistema solar com dez planetas. É, eu disse dez mesmo, Plutão incluso!
É assombroso e pode ser interessante para os estudiosos da mitologia grega, porque ele discorre sobre uma outra raiz, uma outra origem, que remonta aos sumérios.
Nesta série de cinco artigos, a importância e o significado de Marte são passados a limpo a partir de diversas abordagens. Publicada originalmente por Constelar em março de 1999, registra um debate que se estendeu de 2 a 7 de fevereiro de 1997, através da lista de discussão Solstix. Foi o primeiro grande debate astrológico da Internet brasileira – e um dos melhores.
Leia a sequência inteira:
O amor de Marte diante da morte – Ana Ocampo e Marcus Vannuzini
Da virilidade ao projeto de vida – Valdenir Benedetti
A ereção eterna do tutor de Marte – Barbara Abramo
A guerra do desejo e a hora do sexo – Barbara Abramo e Valdenir Benedetti
O que vale a pena ler sobre mitologia – Barbara Abramo
José A. Baptista diz
No Brasil existe uma grande quantidade – e quantidade nunca foi sinônimo de qualidade, no Brasil, principalmente – de pessoas praticantes de astrologia que se acham que são astrólogos(as) só por saberem montar mapas astrais pelo computador, celular ou algum outro dispositivo que rode algum programa astrológico. Só fazer um cursinho de astrologia meia-boca – é um apena que muitas escolas e professores só pensam no dinheiro dos alunos(as) –, e não ler livros que realmente mostrem a verdadeira utilidade da astrologia como uma ciência que, depois que passou para o mundo acidental, deixou de ser ciência devido a “quantidade” de praticantes.
Além de estudar astrologia e ler ótimos livros sobre astrologia – no Brasil é raro ótimos livros sobre astrologia, 90% deles são sobre signos, horóscopos e amor segundo os signos –, deve-se ler bastante sobre o assunto mitologia, astronomia e outros assuntos também. Afinal de contas, o Mapa astral abrange 12 áreas do mundo em que as pessoas vivem e sobrevivem, como, por exemplo: Casa Astral 1 com Ascendente – desvenda a personalidade da pessoa, aqui – além de astrólogo(a) – devo agir como um psicólogo profissional orientando a pessoa sobre o que está acontecendo em seu ego; Casa Astral 2 – mostra tudo sobre o que está acontecendo com as finanças da pessoa, aqui devo agir como um orientador financeiro profissional ensinando a pessoas a dirigir suas finanças e negócios; e assim são com o restante das outras dez casas astrais.
Com relação a mitologia, o astrólogo (e a astróloga) não deve se fixar num planeta – Marte, por exemplo – como se esse planeta fosse só matéria, essa é a função dos astrônomos. Cada planeta é um arquétipo e a mitologia explica isso, por exemplo: Por detrás do planeta Marte existe um arquétipo – um ser mitológico – que age como um deus romano da guerra e, segundo ele, guerra sem sangue não é guerra, por isso ficou a fama que o planeta Marte no mapa astral – quando negativo – causa acontecimentos violentos e sangrentos, envolvendo guerras, acidentes, mortes, etc. Um astrólogo brasileiro diz em seu site o seguinte: “A realidade é que mais de 95% dos livros de Astrologia podem e devem ser utilizados como calço de mesa ou queimados.” Não concordo com ele, eu diria mais de 80%! No Brasil encontram-se ótimos livros de ótimos astrólogos, mas como nesse país não se valoriza a “qualidade”, e sim, a “quantidade”, esses livros – e seus autores, principalmente – ficam no anonimato.