Na Astrologia, Plutão é o planeta da destruição, morte e regeneração. A sua descoberta ampliou o entendimento que se tinha do Sistema Solar como um reflexo da ampliação de consciência que ele representa. Quando foi descoberto estava entre as estrelas Castor e Pólux, na constelação de Gêmeos.
Plutão tem um relacionamento bem interessante com Mercúrio, o regente de Gêmeos. Mercúrio é a mente consciente. A Mente induz o ser humano a buscar dentro de si as respostas para as perguntas: Quem sou? De onde venho? Para onde vou? Segundo a mitologia, Mercúrio é quem conduz as almas ao reino de Plutão. Foi ele que negociou a volta de Perséfone para sua mãe Deméter, após ter sido raptada por Plutão. Mercúrio é o único deus que transita livremente entre o Olimpo celeste, o mundo dos homens e o mundo subterrâneo.
Mercúrio e Gêmeos têm a ver com a polaridade, representada pelo caduceu. O fato de Plutão ter sido visto pela primeira vez quando se encontrava na constelação de Gêmeos parece significar que ele é o grande unificador dos contrários, símbolo do UNO. Como ensina a sabedoria hermética: “tudo procede do UNO e se torna DIVERSO, para voltar novamente do DIVERSO ao UNO.”
Dessa forma, o Universo é o verso do Uno e a Unidade é a essência da manifestação.
Assim, Mercúrio é a Mente Consciente, tem a ver com SEPARAR–DISCERNIR, com Especulação, Polaridade, Diversidade — enfim, com as formas materiais. Já Plutão é a Mente Inconsciente, tem a ver com ELIMINAR- DESTRUIR, com Iluminação, a Unidade de tudo, Totalidade — enfim, com o Espírito que habita as formas.
A meta da vida humana é adquirir Consciência. Consciência é identificar-se com o UNO.
A palavra Sol vem de “solo” — o único, uno, indivisível.
O Ego e o Self
O Sol pode manifestar-se como EGO e se inclinar ao individualismo, à exclusão, dar ênfase à personalidade e às diferenças. Mas pode vir a se transformar no SELF e fazer brilhar a individualidade, a inclusão, enfatizar as similaridades entre todos os seres humanos, o respeito à diversidade.
Isso é o que o psiquiatra Carl Jung chamou de Individuação, que significa a realização do si mesmo, e a compreensão de que cada ser humano é um ser único, impar, especial.
Assim, Individualizar-se é tornar-se UNO.
Dizem que o planeta Plutão é o parteiro do Self, pois ele leva o que não serve mais aos propósitos do SELF e da evolução. Seus mitos abordam a problemática da morte, das perdas, e do renascimento.
O mito do rapto de Perséfone enfoca a aceitação das fases da vida com todas as suas transformações inevitáveis. Plutão reina sobre tudo que é irrevogável, definitivo, o que não tem remédio. Em Hércules e a hidra de Lerna vemos o tema do encontro com a sombra e no final a descoberta de um tesouro enterrado dentro de nós. É Plutão libertando o verdadeiro Eu (Self) que habita a forma.
Na história das deusas Inanna e Erishkigal compreendemos como Plutão pode nos despojar de tudo o que mais valorizamos na vida. Plutão retira todos os invólucros falsos, as máscaras da “Persona”.
As mudanças que Plutão traz visam restaurar o equilíbrio perdido. Ele nos quer mais inteiros, pois é o Servo da Totalidade. Quando transita fazendo aspectos na nossa carta natal ele traz a morte física ou psicológica e despedaça nossos apegos para que possamos aprender que o que realmente somos é aquela parte de nós que permanece quando tudo o que pensávamos ser nos é tomado.
Plutão é uma força que despedaça nossa ego-identidade até que a gente descubra nossa essência. Tempo de encarar nossas obsessões, nossa escuridão, nossas feridas incuráveis, as limitações da alma e do destino, o que é irrevogável, nossa vulnerabilidade, impotência e desespero.
Plutão é um Poder que não pode ser enfrentado, mas sim, reverenciado. Ele não visa destruir a matéria, pois o espírito precisa dela como veículo de sua evolução, mas sem apego. A transmutação ocorre quando ultrapassamos a polaridade e atingimos a unidade. Este é o sacro-ofício ou magna opus de que falaram os alquimistas.
Do irreal, conduze-me ao real!
Das trevas, conduze-me à luz!
Da morte, conduza-me à imortalidade!
(Upanishad)
Assim, todo sofrimento, toda perda, se traduz em ganho. O mesmo cálice amargo, que muitas vezes a vida nos oferece, pode ser também o “cálice da salvação”, para quem adquiriu o entendimento. Ou como disse Kahlil Gibran: “Tua dor nada mais é do que a concha que envolve o teu entendimento se quebrando”.
As voltas da espiral nunca voltam ao mesmo ponto, mas cada vez nos levam para mais progressos. A cada torção da espiral, a consciência se recria, despojando-se, mais uma vez, do que pensa que é para retornar ao que realmente é no contexto divino universal.
Recriar-se e reinventar-se continuamente é tarefa que todos nós temos de cumprir para ampliação da consciência, obedecendo à Lei universal da impermanência.
Conclusão
A meta de vida humana é adquirir consciência, O Homem é um ser inacabado, uma pedra bruta que precisa ser lapidada. Plutão é aquele que lapida os diamantes.
Plutão, O Rico, O ilustre, esses e tantos outros nomes para ocultar sua verdadeira face que não é escuridão, mas LUZ. E quem não conheceu a sombra não reconhece a LUZ.
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