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Hefesto, precursor da era industrial e do fascismo

11/06/2022 por Cid Marcus

Os gregos viam Hefesto como um ferreiro exímio, capaz de fabricar maravilhas tecnológicas, mas também como um deus feio, mutilado, amoral e sem ética.
Hefesto

Hefesto, o ferreiro manco (esquerda), entregando a Tétis as armas de Aquiles, por Antoon van Dyck (1630-1632).

Hefesto é uma divindade grega, o deus da forja, da metalurgia, das barras incandescentes, deus dos nós, deus que produz maravilhas em cima do fogo. Hefesto é o deus do elemento ígneo aplicado à produção de bens materiais. Os gregos, digamos, doaram esta divindade para falar do poder de criar coisas através do fogo, isto é, a industrialização, o progresso tecnológico e tudo mais.

O que Hefesto faz ninguém tira, ninguém rompe, ele é o deus que cria armas ofensivas e defensivas, cria robôs, é o ourives divino. Porém Hefesto é um deus mutilado, tem um defeito nos pés, é coxo, da mesma forma como as chamas são claudicantes. A chama vai para lá e para cá, e a ambiguidade da chama corresponde a Hefesto. O fogo pode levar para cima ou se transformar no inferno — a tecnologia e a ciência. E mais: Hefesto tem os pés virados para trás, mas é um deus que produz coisas maravilhosas, senhor do elemento ígneo. Ele vive nas regiões vulcânicas, nas ilhas, domina esta força toda que está nos vulcões, é um modelo do homo faber que viria, da futura era industrial. O grego já cantou a bola quando criou este deus.

Mas cuidado com as maravilhas que Hefesto cria: elas nos fascinam, e a palavra fascínio vem de fascys, que significa enfeixar, prender, atar. Todo mundo preso, atado, e desta palavra sai fascismo também. Então é a tecnologia fascista — no sentido etimológico — que hoje manda no mundo, esta tecnologia que embasbaca, que nos espanta, e da qual não podemos nos libertar mais. É maravilhosa e infernal ao mesmo tempo.

A tecnologia, que viria para unir, separa, e tal ambiguidade é Hefesto, um deus que cria as maravilhas que nos levam para diante mas tem os pés voltados para trás, não esqueçam disso. Hefesto é um deus amoral, aético, e esse é outro caráter da ciência moderna: a ética absurdamente amoral do cientista que não questiona a maravilha que tem de produzir.

Numa passagem do mito, Hefesto vai acorrentar Prometeu nas rochas, e dizem para Hefesto — “Mas é um outro deus que você está prendendo, Prometeu é parente de Zeus, é uma divindade…” , e Hefesto responde: “Olha, eu não quero saber disso, meu negócio é que recebi a incumbência para prender, eu vou prender…”

Hefesto é o cientista que recebe a ordem e vai gerar aqueles horrores, átomo, bomba, clonagem e todas estas experiências que vêm por aí, que são produzidas por absurda falta de ética. Para a ciência e a tecnologia bastam a perfeição técnica, cientistas não entram em cogitações, a perfeição técnica também bastava para Hefesto, maravilha. E essa maravilha prende, fascina e você não se liberta mais.

Mussolini em parada militar fascista

Mussolini e suas tropas. As grandes paradas militares nazifascistas eram um recurso de fascinação, palavra que vem de fascys, significando enfeixar, atar.

Os gregos enxergavam a tecnologia que viria, e hoje a tecnologia vai bem, obrigado, o mundo produz coisas maravilhosas, mas a qualidade de vida piora proporcionalmente, com mais violência, mais agressão. Que está acontecendo? Por que 62% da população americana chegaram à droga? Temos Bill Gates, o apóstolo da nova era, temos maravilhas tecnológicas, mas isso não satisfaz, não dá tranquilidade, não melhora, não cura… o que está acontecendo?

Hefesto e sua forja

Hefesto por Pieter Paul Rubens (1577-1640).

Hefesto está por trás disto, os pés para trás, a sua dupla natureza, o defeito físico compensado pela produção maravilhosa. Hefesto é o conflito do saber fazer e do saber viver. A, educação hoje está preparando toda esta moçada para o caminho da tecnologia. Se um moleque de quatro ou cinco anos já não mexe em computador, ele está fora. Não vai ser competitivo.

Preparam-se indivíduos, mas não seres socialmente aptos. Investe-se no indivíduo como se fosse um cavaleiro armado: computador, karatê, é isto que você quer, seu filho tem que ser altamente competitivo, todo pai quer que ele vá ser bonzão lá na frente. Agora pergunte: o que ele acha do compromisso social? Zero, nenhum. Hesíodo cantou a bola das eras industriais que viriam: cuidado com a tecnologia, ele apontou…

Fascismo — Mussolini, líder fascista italiano, assim como sua mulher, morreram e foram atados pelos pés em praça pública ao término da Segunda Guerra Mundial. Os pés são símbolo do signo de Peixes, que tem relação com a ilusão, a fascinação.

Perder o presente e viver de esperança

No mito, quando a jarra que Pandora trouxe liberta todos os males, fecharam a jarra e seguraram a esperança, e esta foi a pior coisa que Zeus poderia ter feito aos humanos, porque os humanos perderam o presente e agora vivem sempre pensando no futuro. A maior desgraça que nos aconteceu é a Helpys grega, viver de esperança, em vez de viver o aqui e o agora.

A noção de esquizofrenia também surge na Grécia através de um deus, Cronos, da segunda dinastia divina — a primeira é Urano e Geia, a segunda é Cronos, que castra seu pai, Urano. Tal castração, na mitologia, tem o nome de esquizogenia, ou seja, separação, corte; esquizo em grego é cortar, fender, separar. Assim, com Cronos nos separamos do todo. Daí para a frente vamos perder, viemos para a matéria. Cronos inaugura a segunda dinastia, que traz os Titãs, e é neste reino que aparecemos nós, os humanos.

O grande segredo dos deuses com relação a nós é que eles sabem que estamos sempre nos dividindo. O dia em que aprendermos a não nos dividirmos mais, seremos deuses. Só isso. O dia em que o judeu e o árabe perceberem que vêm do mesmo tronco semita e não se deixarem mais manipular pelos americanos, acaba a divisão. A divisão veio exatamente com a conquista do fogo, é o preço que temos que pagar.

Adquirir a luz é o nosso processo de individuação, e você paga um preço elevadíssimo para se individualizar. Você se separa do outro, porque o intelecto faz você passar na frente, ele não põe você em relação ao outro. O que põe você em relação com o outro é a via espiritual.

Cid Marcus é professor em São Paulo. Nadia Greco e Rose Villanova, que fizeram a transcrição, vivem na região de Campinas.

Como Hefesto, a sociedade tecnológica criou maravilhas a partir do domínio do fogo, mas falta-lhe o sentido ético.

Nota sobre Hesíodo:

Provavelmente contemporâneo de Homero, o poeta grego Hesíodo parece ter vivido no século VII a.C. Dele chegaram até nós dois longos poemas — a Teogonia e Os Trabalhos e os Dias — que são importantes fontes de informação sobre as concepções grega a respeito do mundo, da relação entre os deuses e os homens e da evolução da sociedade. Sobre Hesíodo diz Otto Maria Carpeaux em sua História da Literatura Ocidental, volume I (RJ, Edições O Cruzeiro, 1959):

A Teogonia revela crenças religiosas pré-homéricas: a narração das cinco idades da Humanidade, da idade áurea até a idade do ferro, está imbuída de um pessimismo pouco homérico, e os mitos do caos, da luta dos deuses, dos gigantes, de Prometeu e Pandora, cheiram ao terror cósmico, próprio dos povos primitivos. Ao leitor de Hesíodo, vem-lhe à mente a tenacidade com que as camadas incultas da população guardam as tradições religiosas, já esquecidas pelos “intelectuais”. O pessimismo é o da gente simples, laboriosa, sem esperanças de melhorar as suas condições de vida. Os Trabalhos e os Dias (…) é uma espécie de poema didático, que estabelece normas de agricultura, de educação dos filhos, de práticas supersticiosas na vida cotidiana. (…) camponeses que se queixam da miséria e da opressão e cujo ideal é a honestidade, cuja esperança é a justiça. Hesíodo (…) parece representar o pessimismo popular (…).

Longos trechos dos poemas de Hesíodo podem ser encontrados vertidos para o inglês em sites como o Online Medieval and Classical Library, da Universidade de Berkeley.

Leia também, de Cid Marcus:

  • Hesíodo e os mitos: Grécia, o país dos oráculos
  • A nostalgia da idade do ouro

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Arquivado em: Símbolo e Mito Marcados com as tags: 2001, Grécia, Hesíodo, mitologia

Sobre Cid Marcus

Pesquisador em mitologia com reconhecimento internacional e professor universitário na área de Comunicação (Semiologia). Escreveu para a revista Thot, publicada pela Associação Palas Athena do Brasil Faleceu em abril de 2022. Veja todos os artigos do autor.

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