Mercúrio em Libra no Ascendente em trígono com Saturno é um aspecto que, à primeira vista, não sugere um atentado terrorista de trágicas consequências. Mas, no mapa do pior ato terrorista das últimas décadas, Mercúrio estava a serviço de configurações bem mais sinistras.
Terça-feira, 11 de setembro, 8h45 da manhã, horário de verão da costa leste americana. Este foi o momento em que o primeiro avião sequestrado chocou-se contra a torre sul do World Trade Center, em Nova Iorque. O mapa mostra Mercúrio colado ao Ascendente Libra, em trígono e sextil respectivamente com Saturno em Gêmeos e Plutão em Sagitário.
Aparentemente, uma configuração inocente. Mas Mercúrio — o mercador, o mensageiro, o intermediário, o agente, enfim — é regente de Virgem na nebulosa casa 12, que guarda aquilo que não pode ser mostrado, ou que não se quer ver. Mercúrio rege também a casa 9, das grandes distâncias, das culturas estrangeiras e também das religiões e concepções filosóficas.
Mercúrio bem aspectado significa, neste mapa, que havia um recado a ser dado, e que os mensageiros conseguiram transmiti-lo com sucesso. O recado era assustador: vinha de muito longe, talvez de outro continente (casa 9) e trazia à luz uma ameaça de grupos que se sentem excluídos (casa 12) da ordem imposta pelas potências hegemônicas.
O Sol está junto à cúspide da casa 12, representativa daquilo que está à margem da sociedade — terroristas, inclusive. É regente da casa 11 — projetos e esperanças. Está em órbita de quadratura com Saturno na 9, regente da 4, significadora do chão, da pátria, da terra natal, das raízes e também da segurança emocional.
Saturno em Gêmeos e as torres derrubadas
Saturno simboliza estruturas. Regendo a 4, representa os alicerces, seja do indivíduo, seja da nação. Um projeto secreto e aterrorizante, consubstanciado em uma liderança oculta (Sol na cúspide da 12), acabara de sacudir os alicerces da nação mais rica do mundo. Literalmente, o mapa fala de esperanças (casa 11) eclipsadas (casa 12).
Saturno também simboliza construções, que são estruturas físicas, e, entre estas, as torres e fortificações. O Pentágono, quartel-general do poderio militar americano, tem analogia com um castelo medieval. O World Trade Center era constituído por uma dupla torre, expressão mais do que evidente de Saturno em Gêmeos.
Um terceiro significado de Saturno são as estruturas administrativas — a administração pública, a burocracia, a estabilidade e respeitabilidade das instituições. O último conceito saturnino que aqui nos interessa é a segurança, entendida como a estrutura de defesa que indivíduos e instituições erigem como proteção contra os riscos da relação com o entorno.
Sempre que a segurança é posta em cheque, surge o medo, outro conceito saturnino. Como resposta ao medo, surge um comportamento de supercompensação, normalmente traduzido sob a forma de rigidez e inflexibilidade, mais dois assuntos regidos por Saturno.
Em oposição a Saturno está Plutão, um planeta invisível que, por analogia, rege processos igualmente invisíveis. Plutão rege Escorpião, simbolizando, entre outras possibilidades, a eliminação súbita e inexorável de estruturas aparentemente estáveis.
A possibilidade da destruição em massa é associada a este planeta, sendo significativo que a descoberta de Plutão, no início dos anos 1930, tenha ocorrido ao mesmo tempo em que se realizavam as primeiras experiências que levariam ao desenvolvimento das armas nucleares.
Plutão é também uma expressão do poder manipulador — aquele que não se vê, mas está sempre presente, como o Grande Irmão do 1984, de George Orwell. Ainda mais: Plutão rege conteúdos arcaicos, que estão nas profundezas do inconsciente ou que se escondem, de forma insuspeita, nas entranhas da aparente civilização.
O papel de Plutão: o componente arcaico do ataque às torres gêmeas
Muitos dos ingredientes dos acontecimentos de 11 de setembro têm analogia direta com Plutão. Fanáticos de comportamento obsessivo, dispostos a morrer por uma causa, ou por um líder, lembram atitudes típicas de épocas anteriores aos tempos de liberdade de pensamento e de expressão.
Nossa mentalidade admite que haja fanáticos deste tipo em lugares remotos, “atrasados”, ainda não alcançados pelas luzes da modernidade. Mas vê-los eclodir na cidade-síntese de tudo que o progresso tecnológico e a cultura de vanguarda puderam criar soa bem mais assustador.
A oposição Plutão-Saturno aparece no eixo das casas 3 e 9 do mapa, exatamente a do comércio, das comunicações e das viagens de qualquer natureza. Aviões de passageiros — veículos de transporte, enfim — foram utilizados como arma de destruição em massa ao serem dirigidos contra edifícios da alta administração e torres comerciais (Saturno em Gêmeos).
Plutão rege, na carta, a casa 2, dos valores e dos bens móveis. O objetivo dos ataques foi a afirmação de valores plutonianos, implicando a noção de destruição e transformação radical de estruturas, ou ainda a sabotagem do sistema financeiro internacional, que Nova Iorque tão bem corporifica.
O mesmo eixo casa 3-casa 9 também apresenta uma agressiva oposição Marte-Lua. Marte rege a casa 7, dos inimigos declarados, e está em Capricórnio, signo de sua exaltação. A Lua, por ser regente do Meio-Céu, simboliza autoridades e dirigentes. O próprio presidente dos Estados Unidos, portanto.
Mas a Lua é também uma significadora essencial de gente comum, e as mais de três mil pessoas provavelmente mortas na bola de fogo em que se transformaram as torres gêmeas e o Pentágono são testemunhas eloquentes da agressividade desta oposição da Lua ao planeta do fogo.
A importância da oposição Vênus-Urano
Uma última oposição é a que coloca em confronto Vênus em Leão e Urano em Aquário. Vênus rege o Ascendente, fator de máxima importância no mapa de um evento. Vênus em Leão pode exprimir — neste mapa, pelo menos — e exibição orgulhosa e ostentatória da beleza, do bem-estar, do conforto de uma sociedade próspera e poderosa.
Urano são os atos súbitos, que ferem como um raio; são os aviões e tudo que vem do ar; são os comportamentos excêntricos e os objetos erráticos; é a surpresa e o despertamento.
O aspecto guarda total analogia com o caráter súbito e ousado dos ataques aéreos (Urano na casa 5, a dos riscos assumidos como confirmação do valor pessoal). Nova Iorque, a Grande Maçã (Vênus regendo o Ascendente), viu surgir do ar a destruição fulminante.
Para a cidade, era um corte súbito nos projetos e esperanças (Vênus na cúspide da 11); para os terroristas, era o fim de uma espécie de jogo cheio de adrenalina onde o sacrifício pessoal ganhava ares de suprema bravata.
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LUIS REYES GIL diz
Maravilha, muito boa a análise. Sintética e precisa, duas qualidades saturninas e mercurianas.
O Robert Zoller, astrólogo, falecido no ano passado, fez as previsões do 11 de setembro. No link a seguir, transcrição dessas previsões dele, muito precisas também.
Comprei o livro dele sobre previsões e partes arábicas. parece que traz bastante coisa a respeito do Guido Bonati, que ele traduziu do latim.
Abraço
https://obituaries.nydailynews.com/us/obituaries/nydailynews/name/robert-zoller-obituary?pid=195268921
Hamilton Rodrigues Ruivo diz
Um trabalho, ao mesmo tempo, intrigante e muito bem concatenado, porém difícil de ser compreendido por quem nada sabe de astrologia, como eu..
Espero, tão logo passe a atual situação de pandemia, e tiver condições financeiras fazermum curso preliminar para poder entender, no mínimo, um poquinho à respeito.
Agradeço o envio da matéria.
H. R. Ruivo 11.09.22021