Robert Hand visita o Rio de Janeiro no final de novembro, época em que os termômetros podem chegar facilmente aos quarenta graus. O que levaria um dos astrólogos mais respeitados do mundo a correr o risco de estorricar no verão carioca? O responsável pela vinda do americano é Renato Chebar, diretor do Sinarj na gestão 2011-2014 e um dos responsáveis pela programação do simpósio que terá lugar entre 28 e 30 de novembro. Hand está escalado para encerrar a programação do sábado, com a palestra Os primeiros passos para analisar potenciais relacionamentos na Astrologia. Adicionalmente, fará também um seminário na manhã e tarde de sexta-feira, 28 de novembro, com o tema Abordagem orgânica para os planetas – como nos relacionamos (inscrições abertas).
Robert Hand nasceu em 1942, em Nova Jersey. Formou-se em História e especializou-se em História Medieval, área em que é PhD pela Catholic University of America. Paralelamente, desde os 17 anos já vinha estudando Astrologia com o próprio pai, Wilfred Hand, um astrólogo voltado para previsões na área financeira e bolsa de valores. Aos 30 anos, logo após o primeiro retorno de Saturno, Robert Hand deixou para trás a perspectiva de uma carreira acadêmica e tornou-se astrólogo em tempo integral.
Em 1977 começou a explorar uma nova área: a utilização da informática para o cálculo de cartas astrológicas. Tornou-se um programador e fundou, em 1980, uma empresa chamada Astro-Graphics Services, a mesma que mais tarde se transformaria na Astrolabe, Inc. (desenvolvedora do conhecido software Solar Fire).
Entre as décadas de 1970 e 1990 Hand chegou a publicar diversos livros na linha psicológico-comportamental que então reinava absoluta no mercado da Astrologia americana. Os mais conhecidos no Brasil são, provavelmente, Planets in Transit e Planets in Composite (sobre análise de mapas compostos), ambos da década de 1970. Contudo, sua formação em História e interesse na Astrologia Tradicional acabaram por levá-lo para outras linhas de pesquisa. Em 1997, funda o ARHAT – Archive for the Retrieval of Historical Astrological Texts, uma instituição voltada para o resgate, tradução e publicação de textos astrológicos da mais remota Antiguidade (caldeus, persas etc.), do período Helenístico, da fase romana, da Idade Média europeia, da tradição árabe etc. Dezenas de autores perdidos na bruma do passado tornaram-se familiares para o público contemporâneo, sendo esta a maior contribuição de Robert Hand para a Astrologia de nosso tempo.
Hand tem sido também um membro ativo de diversas instituições astrológicas americanas e inglesas, assim como um conferencista de renome internacional.
O anúncio da vinda de Robert Hand atiçou o bom humor de astrólogos e estudantes do Rio de Janeiro, que já imaginam levar o colega americano para uma imersão na cultura local. Há quem sugira arrastá-lo para uma roda de samba na Pedra do Sal, nos arredores da Praça Mauá, com direito a feijoada e caipirinha. Outro grupo sonha em introduzir o americano nos mistérios do funk pancadão: “Há uma conexão evidente entre os rituais dionisíacos e danças como o Quadradinho de Oito”, diz uma animada estudante carioca. “Dá assunto pra um livro novo”, completa entre gargalhadas.
Outros projetos para Robert Hand incluem levá-lo para tomar sol na Praia do Arpoador, acompanhá-lo a um ensaio do Bloco das Carmelitas e fazer compras no Mercadão de Madureira (“Ele vai se sentir no mercado de Alexandria”, empolga-se a autora da ideia). Considerando que Hand tem 72 anos, a pele rosada de um americano de altas latitudes e pouca afinidade com os costumes dos trópicos, a diretoria do Sinarj terá muito trabalho em protegê-lo do carinho dos fãs cariocas. Se for bem sucedido, o Rio verá um seminário de alto nível e o Simpósio do Sinarj terá um grande fecho para a programação do sábado.