O astrólogo medieval Masha’Allah nos fornece preciosas indicações para julgar os ingressos solares em sua obra De revolutionibus annorum mundi (Sobre as revoluções dos anos do mundo). Desta obra, eu pinço algumas que terão relevância no ano de 2017.
No capítulo XX: “Observe o regente do ano e o significador do rei para ver se estão retrógrados: isso significa a perda e a fraqueza do rei e dos cidadãos do mesmo reino.”
Júpiter, regente da casa dez e significador do rei, bem como do povo, por reger o Ascendente, encontra-se retrógrado e numa casa maléfica, a oitava casa (levando- se em conta os signos inteiros, trata-se do oitavo signo contado a partir do Ascendente).
Haverá no próximo ano um encontro entre planetas que é particularmente indicativo de problemas, a oposição entre Marte e Saturno: tal aspecto ganha maior relevância em vista de seu posicionamento vir a incidir sobre os ângulos do ingresso solar, e a oposição à casa dez mostra uma violenta oposição ao governo, que pode culminar em protestos. Vejamos o que Masha’Allah diz a esse respeito:
Capítulo XV – “Observe o maléfico que aspectou o regente do ano ou o significador do rei… se o regente do ano não for o significador do rei, o que é temido recairá sobre os rústicos, porque sofrerão mortandade.” – Aqui Saturno, situado na casa dez, representa o regente do ano por ser o planeta mais próximo do Meio do Céu e a Lua lançar aspecto a ele. Saturno angular representa, como o texto diz, uma aflição sobre os rústicos, ou seja, o povo, e esta aflição está associada a uma fraqueza do rei. Se retomarmos anos anteriores onde a oposição entre Marte e Saturno ocorreu nos ângulos do ingresso solar, veremos que isso se deu na época de Richard Nixon e seu famoso escândalo político denominando Watergate, e durante a administração de Jimmy Carter, quando houve a invasão da embaixada americana no Irã.
Em ambos os casos ficou patente para o povo a debilidade do governante em enfrentar as crises que se apresentavam. No caso de Trump, isso pode lhe custar forte oposição, vista novamente através dos aspectos dos planetas situados em Áries no ingresso solar de março, em aspecto de inimizade a Júpiter, regente do Meio do Céu.
Abu Ma’shar, outro expoente da astrologia medieval, menciona em seu livro Flores da Astrologia que os anos onde Saturno se destaca ou rege o mapa de ingresso são os anos de fome e escassez, especialmente se este estiver em conjunção ou oposição a Mercúrio. Logo abaixo coloquei o mapa de ingresso do solstício de Câncer, que apresenta a oposição entre os planetas que Abu Ma’shar menciona. Este ingresso ocorre logo após a oposição de Marte e Saturno, cujo mapa mostra a mesma incidência de planetas atacando a casa do rei, a casa dez.
Mercúrio representava na astrologia antiga os coletores de taxas, e Saturno, sendo o planeta da contenção e austeridade, quando junto ao primeiro pode representar mudanças na política fiscal e econômica, ajustes nos impostos, junto com a alta de preços, outro fator associado a este aspecto.
A oposição entre Marte e Saturno incide exatamente sobre a oposição Sol-Lua na carta natal dele, outro testemunho de Trump vir a ser golpeado pelos maléficos. É digno de nota que o mapa da oposição repita o Ascendente e posicionamento de Saturno do ingresso em Áries. Igualmente, a carta de ingresso do Sol em Câncer, que repete novamente tais posicionamentos do signo Ascendente e de Saturno, mostra que este trimestre iniciado no solstício de verão pode vir a ser o mais crítico do ano.
Mercúrio tem sua queda em Peixes, signo do Ascendente que representa os rústicos, o povo – as medidas e ajustes na economia levados a cabo por Trump podem desagradar o povo americano.
Marte, regente da casa do dinheiro, está em detrimento no mapa de ingresso solar em Áries, e em queda e corrompido pelo Sol no mapa de Solstício em Câncer: como rege a economia, o dinheiro do país e as leis (a casa nove), podemos ver que tanto um como o outro aspecto tendem a sofrer ao longo de 2017 – novamente corrobora o que foi mencionado: adoção de leis impopulares e que desagradam, e isso somado a uma crise na economia ou adoção de medidas igualmente impopulares.
Marte e Saturno podem mostrar um ambiente social convulsionado por protestos – desobediência civil, confrontos com autoridades e mesmo atentados podem se fazer presentes. O final de Maio e início de Junho são épocas para se prestar atenção.
No mapa de ingresso solar em Câncer, temos o regente da casa do dinheiro, Marte, em queda e aflito por combustão. Mercúrio oposto a Saturno significa a alta de preços e crise no comércio. Mercúrio está prestes a deixar seu signo de domicílio e cair nos raios do Sol. Isso poderia mostrar uma queda na economia americana e a inoperância, ou medidas ruins tomadas pelo governante, que afetam para pior todo o quadro mencionado. Mercúrio rege a casa sete das relações comerciais com outros países.
Se jogarmos o mapa para a astrocartografia, conforme a figura acima, uma das áreas onde Mercúrio e o Marte em queda e combusto incidem é a China, um prenúncio de problemas econômicos chineses que podem ter impacto sobre os Estados Unidos e vice-versa, afetando as relações entre os dois países. Claro que outros locais também são cortados por estas linhas, mas a China parece o país mais importante em termos de economia mundial.
O eclipse total de 2017
Há outro fator astrológico importante que atuará em 2017 e que, se levarmos em conta o que foi descrito, pode atuar como se gasolina tivesse sido atirada ao fogo: um eclipse total do Sol que ocorrerá em 21 de Agosto de 2017, a 28 graus de Leão, visível nos Estados Unidos, e que atinge em cheio o Ascendente de Donald Trump e tem em sua proximidade nada menos que Marte, o explosivo planeta presente no Ascendente do futuro presidente. O eclipse, portanto, incidirá sobre o Ascendente e Marte do magnata ao mesmo tempo que Marte estará retornando a seu signo natal!
Vejam a descrição que William Lilly faz em seus escritos sobre eclipses desse naipe, parafraseando os astrólogos árabes: “Eclipses do Sol em signos de fogo mostram o banimento de algum grande rei, príncipe ou homem eminente, ou seu aprisionamento ou decapitação.”
O eclipse no terceiro decanato de Leão “pressagia aprisionamentos, pilhagens, sitiamento de cidades, profanação de lugares sagrados’’. Podemos ver por esta descrição um ambiente de convulsão social, acirramento de ideologias, intolerância racial ou religiosa, uma crescente hostilidade ao governante e ele próprio propenso a atitudes tirânicas, temerárias e inclinadas à injustiça (pelo decanato e proximidade de Marte): a menção ao banimento do rei mostra que a essa altura não serão poucos que “desejarão sua cabeça”, por assim dizer.
Segundo Ptolomeu, o eclipse, com duração de quase três horas, teria efeito por quase três anos e, próximo do Meio do Céu, começaria a ser sentido dentro de cinco a oito meses, sendo na segunda parte de sua duração a sua maior força – isso mostraria a crise mais forte em torno do segundo semestre de 2018. Porém, acredito que, pelo que foi mencionado acima, pode vir a ser sentido quase que de imediato.
Este artigo faz parte do Presságios 2017, o painel anual de previsões de Constelar, com apoio das escolas Astroletiva e Espaço do Céu. Clique na imagem para navegar pelas previsões, em texto e vídeo, de mais de uma dezena de diferentes astrólogos.