A era de Touro
A era de Touro é aquela que se estende (muito aproximadamente) entre 4000 a.C e 2000 a.C. Ao longo desses dois milênios, comunidades nômades de caçadores e coletores iniciam um processo de sedentarização primeiro em torno da atividade pastoril e, logo depois, da agricultura. A fixação à terra e às riquezas dela decorrentes é a marca registrada da era de Touro.
Uma era não expressa apenas os valores de um signo, mas também os do signo oposto e complementar e, em menor escala, dos signos com que forma quadraturas. É como se o signo dominante da era representasse o Ascendente simbólico do mundo, ponto de partida de uma cruz cósmica que pode envolver todos os signos cardinais, fixos ou mutáveis. Assim, a era de Touro é também a de Escorpião no Descendente, de Aquário no Meio do Céu e de Leão no Fundo do Céu.
O eixo Touro-Escorpião explica adequadamente o processo de formação do antigo império egípcio e das civilizações mesopotâmicas estabelecidas nos vales do Tigre e do Eufrates. O desafio principal para a fixação do homem ao solo era o controle das águas dos rios, de forma a permitir a formação de reservatórios que regulassem as cheias e vazantes anuais e abastecessem canais de irrigação. A construção de diques e represas aperfeiçoa-se aos poucos, levando à extensão progressiva das áreas cultiváveis e à geração de um excedente de produção capaz de alimentar classes de trabalhadores especializados a serviço do Estado. O caso do Egito é típico deste processo, e foi o controle do Nilo que permitiu a acumulação dos recursos capazes de sustentar um enorme corpo de funcionários – sacerdotes, escribas e militares – não envolvidos diretamente com a produção agropastoril.
Escorpião simboliza a força concentrada das águas, enquanto Touro rege as construções. O represamento das águas através de enormes obras de engenharia e o aproveitamento prático dos recursos hídricos são processos típicos do eixo Touro-Escorpião. É o controle das águas (Escorpião) para manter a agropecuária (Touro) e gerar excedentes suficientes para a manutenção do Estado. Aquário no Meio do Céu responde bem à ideia de uma estrutura de poder que, pela primeira vez na história, sustenta-se não apenas pela força bruta, mas também pela capacidade de criar e administrar um sistema de circulação de riquezas baseado no controle da produção e na eficiente arrecadação de tributos.
Aplicando no Brasil de hoje
O modelo de geração de energia elétrica no Brasil depende fundamentalmente de grandes usinas hidrelétricas. Uma hidrelétrica é constituída por uma grande barragem que represa a água do rio, criando um desnível artificial. A água é canalizada para um vertedouro onde estão instaladas turbinas que permitem a conversão da energia hídrica em eletricidade. Temos aí, portanto, o mesmo simbolismo que já identificamos nas obras de irrigação do Nilo, na era de Touro: a obra de engenharia – a barragem (Touro) – e a concentração e controle da força das águas (Escorpião). O consequente ciclo de produção e distribuição da energia elétrica pode ser associado aos dois signos que fazem quadratura com Touro e Escorpião, ou seja, Leão e Aquário. Da mesma forma como no corpo humano Leão rege o coração e Aquário responde pelo sistema arterial, podemos comparar Leão com o “coração” das hidrelétricas – as turbinas – enquanto Aquário responderia pela distribuição: as linhas de transmissão que, à semelhança das artérias, levam a eletricidade da usina para regiões distantes. Outro significador natural para as linhas de distribuição de energia é o eixo Gêmeos-Sagitário, significador de viagens, em geral. Em países muitos extensos, como Brasil, Rússia e China, a energia “viaja” milhares de quilômetros em fios de alta tensão, no trajeto entre a hidrelétrica e o consumidor final.
O eixo Touro-Escorpião é de extrema importância para a compreensão astrológica da realidade brasileira, bastando lembrar que o Descobrimento deu-se com o Sol em Touro e a Proclamação da República, com o Sol em Escorpião. Já o mapa do Grito do Ipiranga, que marca o nascimento do Brasil como nação independente, tem o Ascendente em Aquário e Escorpião no Meio do Céu. Nada mais natural que tenhamos uma dependência tão grande do agronegócio e que a energia consumida no país seja gerada por imensas hidrelétricas, como a de Itaipu. Os vários mapas da formação do país criam uma inesperada analogia com a era dos faraós egípcios e dos grandes impérios mesopotâmicos.
Lua-Júpiter em Gêmeos
Se o eixo Touro-Escorpião é um significador essencial das hidrelétricas, é preciso considerar também, especificamente no caso brasileiro, o papel dos trânsitos ou progressões que tensionam a conjunção Lua-Júpiter em Gêmeos, na casa 4 do Brasil. A Lua é significadora de nutrição, enquanto Júpiter tem a abundância como um de seus conceitos fundamentais. Quando fluentemente aspectada, esta conjunção tende a indicar boas colheitas, distribuição adequada de chuvas e fartura de água nos reservatórios. Tensionada por Saturno, Urano ou Plutão, pode indicar um período de problemas. Com Saturno, especificamente, temos momentos de escassez, secura ou desabastecimento.
Onde há linhas de transmissão com a extensão das que cortam o país, há também o risco de acidentes – os temidos apagões. Tivemos alguns nos últimos 20 anos, sendo que a explicação astrológica para os períodos de crise energética podem ser sempre procurados em dois fatores:
- tensões por trânsitos ou progressões envolvendo a cruz dos signos fixos, especialmente o eixo Touro-Escorpião, ou
- ativações da conjunção Lua-Júpiter em Gêmeos, na casa 4 do país.
Foi o que aconteceu, por exemplo, em 2001, quando uma conjugação de fatores – seca, consumo elevado e planejamento inadequado – levou as autoridades a decretar um racionamento de energia elétrica que tornou mais impopular o final do governo de Fernando Henrique Cardoso. No primeiro semestre de 2001, Saturno cruzou Lua-Júpiter, o que coincidiu com um período de chuvas insuficientes e baixa nos reservatórios. Quando Saturno em Gêmeos começou a formar oposição a Plutão em Sagitário, o governo decretou medidas de racionamento. A nova crise hídrica iniciada em 2014 deve atingir seu auge exatamente com as oposições de Saturno a Júpiter-Lua do país, estendendo-se por todo o ano de 2015.
O apagão de 2001 foi ainda um desdobramento dos efeitos do grande agrupamento planetário de maio de 2000 (sete planetas em Touro), que ativou exatamente os signos que simbolizam este processo. Urano em Aquário, um significador essencial da eletricidade, formava quadratura com várias planetas em Touro, sendo que o aspecto mais exato era aquele com Saturno, um significador essencial de barreiras, obstáculos e retenções: a represa, enfim.
Conjunções múltiplas dos sete planetas clássicos no mesmo signo são fenômenos raros, só sendo possíveis por ocasião de conjunções Júpiter-Saturno. Uma superconjunção como a de maio de 2000 deixa marcas por um período de, pelo menos, 20 anos. Da mesmo forma como o Egito dos faraós dependia das águas do rio Nilo, o Brasil do século XXI também depende de seus grandes cursos d’água. Administrar a malha hidrográfica deveria ser prioridade zero para o país, até que uma nova superconjunção desloque o foco para outro aspecto da realidade nacional.