Algol é a estrela fixa que simboliza o olho esquerdo da Medusa. Associada tradicionalmente ao demônio, tem uma das piores reputações em Astrologia. Em 16 de julho de 2024 registrou-se uma conjunção de Marte e Urano sobre esta estrela considerada maléfica e violenta, situada em 26° 30′ de Touro. O aspecto já estava ativo no atentado contra Trump, três dias antes. E continuou atuando intensamente até a tarde do sábado, 20 de julho, quando Joe Biden, pressionado por todos os lados, começou a considerar sua desistência da campanha pela reeleição. Marte acabara de ingressar em Gêmeos quando Biden fez o anúncio oficial, às 13:46 do domingo, 21 de julho.
No dia do atentado a Trump, em 13 de julho, muitos astrólogos estabeleceram uma analogia imediata com a violenta configuração celeste. Contudo, a orelha ferida de Trump guarda apenas uma semelhança aparente com a cena da decapitação da Medusa pelo herói grego Perseu. Não era o republicano de cabelos laranja que estava prestes a perder a cabeça.
Resumindo o mito da Medusa
No mito grego, Medusa era uma jovem lindíssima, uma das mulheres mais desejadas de toda a Grécia. Tratava-se de uma sacerdotisa dedicada ao culto da deusa Atena, mas acabou seduzida (ou estuprada) pelo deus Poseidon, com quem manteve relações sexuais no próprio recinto sagrado do templo. Como punição, Atena transformou-a numa Górgona — um ser horrendo, com serpentes no lugar dos cabelos — e exilou-a para os confins do mundo conhecido, provavelmente num local remoto do deserto da Líbia. Vivendo sofrimentos atrozes e desfigurada como um ser feroz, Medusa era capaz de petrificar qualquer mortal que tivesse coragem de encará-la.
Como desejava livrar-se do herói Perseu, o rei da ilha de Sérifos ordenou-lhe que partisse numa expedição punitiva contra a Medusa. Mesmo para um semideus (Perseu era filho de Zeus), tratava-se de uma missão impossível, não fosse pela ajuda de três deuses do Olimpo: Hades deu-lhe um elmo que o tornava invisível; Hermes ofereceu-lhe sandálias aladas; Atena ofereceu a Perseu um escudo que refletia todas as imagens; e o próprio Zeus, finalmente, entregou-lhe uma espada afiada, para cortar a cabeça da Górgona.
Com tanta tecnologia olímpica à disposição, Perseu cumpriu a meta e decapitou a Górgona. O mais importante, porém, é entender que este é um dos mitos fundadores da pólis grega e serve ao objetivo de afirmar o poder do estado guerreiro, patriarcal e autoritário. Na narrativa, Perseu é o herói de uma civilização que se afirma vencendo a barbárie, a natureza arcaica e as forças primitivas simbolizadas pela Medusa — não por acaso, uma mulher.
Trump e o estado patriarcal
Voltemos a Trump: o ex-presidente, agora candidato à reeleição, nada tem a ver com o destino de Medusa. Ela é a vítima do estado patriarcal, enquanto o milionário de cabelos laranja incorpora no dia a dia o papel do autocrata misógino e sempre disposto a afirmar-se pela truculência. Aliás, a violência que quase o vitimou decorreu diretamente da condescendência do governo Trump com o comércio de armas de fogo. Basta lembrar que o atirador portava um fuzil AR-15, arma de alto poder destrutivo que jamais deveria ser utilizada por civis em tempos de paz.
Na analogia com o mito, Trump desempenha, portanto, um papel semelhante ao do rei de Sérifos. É ele que, caso eleito, pretende expulsar do país 15 milhões de imigrantes ilegais e reforçar as muralhas já existentes na fronteira sul. Num de seus discursos, chegou a ameaçar o uso de armas nucleares contra o México, caso não houvesse colaboração na proposta de deter a onda migratória:
O Congresso deve aprovar imediatamente a Legislação, usar a Opção Nuclear se necessário, para parar o fluxo gigante de Drogas e Pessoas. (Trump, citado em O Globo de 2/4/2018).
Cabe lembrar que Medusa é uma vítima que, além de transformada num monstro pela deusa Atena, sofre também uma pesada campanha de difamação, semelhante ao moderno uso das fake news — arma política preferida por Trump.
A bala atirada em Trump atinge em cheio Joe Biden
O mapa de Joe Biden mostra que seu Sol natal, em Escorpião, enfrentava, desde o atentado a Trump até sua desistência à reeleição, uma oposição da tripla conjunção entre Marte, Urano e Algol em Touro. A verdadeira Medusa nos acontecimentos recentes dos Estados Unidos é, portanto, o presidente Joe Biden, vítima de sua condição de idoso — tanto quanto Medusa é vítima de sua condição de mulher —, demonizado pelo eleitorado e levado a uma espécie de suicídio político.
Já no mapa de Trump, a mesma tripla conjunção Marte-Urano-Algol caiu próxima ao Meio do Céu (24º de Touro) e em quadratura com Marte junto ao Ascendente. Num primeiro momento, o efeito desta intensa ativação dos ângulos foi de fortalecimento de sua imagem pública. Contudo, foi exatamente o aumento da vantagem de Trump sobre Biden junto à opinião pública que provocou a desistência do adversário e a ascensão de Kamala Harris, uma rival muito mais jovem e bem articulada.
Quando observamos os planetas do mapa do atentado sobre a carta de independência dos Estados Unidos, vemos que a Lua americana foi fortemente ativada pelas quadraturas vindas da casa 6. É um indicador da comoção da opinião pública americana, mas também das reviravoltas que ocorreriam nos dias subsequentes, com a desistência de Biden provocando a emergência de Kamala e uma guinada talvez decisiva nas eleições. Marte, Urano e Algol afetando a Lua podem significar violência, mas também podem simbolizar uma inesperada ventania renovadora.
O anúncio da desistência de Biden
O presidente Joe Biden anunciou sua desistência à candidatura para um novo mandato às 13:46 do domingo, 21 de julho, enquanto se recuperava de covid em sua casa de praia, em Rehoboth City, Delaware. No mapa do anúncio, Mercúrio na 10 aplicava uma quadratura a Urano na 6, ambos aspectando tensamente o Sol natal de Biden. Sem dúvida foi uma decisão difícil e traumática. Contudo, no médio prazo será melhor para o líder democrata, que, com Saturno transitando no seu Fundo do Céu, parece ter tido sensibilidade suficiente para entender que a permanência na disputa seria ainda mais desgastante.
O papel simbólico de Kamala Harris
Se a sombra do mito da Medusa pairou com tanta força sobre a política americana em julho de 2024, cabe agora perguntar: que analogias podemos traçar para Trump e Kamala Harris, agora que, simbolicamente, a cabeça de Joe Biden já foi devidamente cortada e exibida em praça pública?
O papel de Trump, como colocado anteriormente, tem muito a ver com o do Rei de Sérifos, o instigador por trás da expedição de Perseu. Mas, de agora em diante, no embate entre Trump e Kamala parece desenhar-se outra analogia mítica: os confrontos entre o truculento deus Ares e a cerebral e articulada deusa Atena. Como resume o professor de História pela UFPE, Paulo Alexandre, em interessante artigo para o site historiablog.org:
Esta dupla de filhos de Zeus representa dois lados da guerra na mitologia grega. Atena, com sua sabedoria e estratégia, é a figura da guerra justa e pensada, enquanto Ares, com sua violência e impulsividade, personifica a brutalidade e caos da batalha. Ambos, entretanto, são fundamentais para entender as visões gregas sobre a guerra e o conflito.
Trump e Kamala têm a mesma ênfase geminiana (o Sol dele e o Ascendente dela) e ambos nasceram sob a Lua Cheia. Contudo, enquanto o Marte em Leão no Ascendente do candidato republicano ruge de forma assustadora, Kamala traz a habilidade de um Sol em Libra na 5 em trígono com o estruturado Saturno no Meio do Céu. A campanha eleitoral e os debates diretos devem deixar bem claro o contraste entre a ferocidade de Ares e a inteligência de Atena. Cabe lembrar que, nos mitos gregos, Ares nunca leva vantagem sobre sua esperta irmã!
Por outro lado, há um ponto que pode trabalhar fortemente por Trump: Plutão, que hoje está em Aquário favorecendo a ascensão de lideranças políticas mais técnicas, por ironia voltará pela última vez a Capricórnio em 2 de setembro, onde permanecerá até 20 de novembro, duas semanas depois da data da eleição americana. Esta volta a Capricórnio pode dar um último alento ao estilo político dominante desde 2008: a concentração de poder nas mãos de líderes idosos ou conservadores (o arquétipo capricorniano), autocráticos e sempre dispostos a perpetuar-se no poder. Basta pensar em Putin, Netanyahu, Narendra Modi e Xi Jin Ping.
A campanha eleitoral americana será, portanto, uma batalha de vida ou morte entre uma Atena de mente afiada e um Ares com sangue nos olhos e apoiado pelo poder de Cronos. Para complicar a disputa, o mentiroso Hermes correrá de um ouvido a outro, com suas planilhas, dados manipulados e notícias fake. Quem sobreviver leva o império.
LUIS REYES GIL diz
Sol de Trump está em Câncer, no texto a certa altura afirma-se que está em Gêmeos. De resto, parabéns de novo.
Abraço
GiL
Redação Constelar diz
Olá Luis, o sol de Trump realmente está em Gêmeos, ele nasceu em 14 de junho de 1946, às 10:54, no distrito de Queens, Nova York. Quem tem Sol em Câncer é o país, nascido num 4 de julho. Um abraço!