Em 1957 a União Soviética assombrava o Ocidente e lançava o primeiro satélite artificial, o Sputnik. Começava enfim a corrida espacial. A invenção pioneira consistia numa esfera de metal pouco maior do que uma bola de basquete, com antenas que transmitiam sinais de rádio e sendo capaz de dar uma volta ao redor da Terra em aproximadamente 96 minutos. 40 anos de pesquisa aeroespacial soviética levaram a que fossem escritas as primeiras linhas de um novo capítulo da história da humanidade.
Os soviéticos comemoraram garbosamente o feito – que deixava os americanos para trás –, anunciando: o mundo podia agora constatar que “a nova sociedade socialista era capaz de tornar realidade o mais ambicioso sonho do Homem” (Pravda, 05.10.1957).
Os Estados Unidos, que sempre desfrutaram de uma condição estrategicamente privilegiada por se localizarem na América do Norte e longe da Eurásia, tinham então motivos para temer: o objeto russo conseguia passar sobre os céus de grandes cidades norte-americanas várias vezes ao dia, tendo seus sinais captados tanto por corporações de rádio como a RCA e a BBC como por radioamadores. Se os EUA ganharam a primeira aposta da Guerra Fria com a criação das bombas A e H, a URSS dava o troco largando primeiro na corrida espacial e sobrevoando perigosamente as cidades além da cortina de ferro.
O feito teve repercussão em todo o mundo, inclusive no Brasil. A população mundial seguiu atentamente notícias e análises veiculadas pela imprensa já a partir do dia seguinte. Em território norte-americano, o Sputnik provocou o medo de que uma guerra real fosse deflagrada. Nas Nações Unidas, um tenso jogo de poderio tecnológico e militar era travado em discursos com múltiplos sentidos e demonstrações de poder. No leste e no oeste, os cientistas começaram a competir cada vez mais acirradamente.
“Nenhum acontecimento desde o ataque japonês a Pearl Harbor teve tamanha repercussão sobre a vida pública americana”, escreveu Walter McDougall, historiador que leciona na Universidade da Pensilvânia. A magnitude do evento é comparável ao 11 de setembro. O Sputnik lançou os Estados Unidos numa crise de confiança que só foi inteiramente revertida com a chegada à Lua. Entre 1957 e 1971 mais de 1.200 satélites e sondas espaciais foram lançados pelos dois países.
Segundo a Wikipédia, o Sputnik foi lançado de Baikonur, no Cazaquistão, no dia 04.10.1957, às 19:28:34 (UTC). Vê-se o Sol e Júpiter numa conjunção exata em Libra, junto a Marte, na casa III. É interessante observar que, se uma das viagens mais sonhadas até então havia sido empreendida pela Humanidade, ainda que não tripulada (Sol-Júpiter), a missão do Sputink era orbitar pela Terra (casa III, isto é, pelas “redondezas”). Sol, Marte e Júpiter aplicavam sextilhas a Saturno e Urano, envolvidos positivamente com um dos aspectos mais significativos em termos de avanços tecnológicos (Saturno trígono Urano/Sagitário X Leão). Saturno e Urano, por sua vez, formavam um Grande Trígono com o MC.
Urano em quadratura para os Nodos: prenúncio de que a corrida tecnológica e espacial poderia no final custar caro aos soviéticos
O Ascendente é Leão e Urano está na casa I, comprovando que uma verdadeira revolução estava sendo feita no campo das ciências, cobrindo de louros, naquele momento, aquela que se mostrava como a nação mais pioneira do mundo. É interessante observar que Urano formava uma quadratura exata para o eixo nodal (Touro/Escorpião), talvez indicando que seria justamente a corrida tecnólogica (e espacial) que levaria a União Soviética à bancarrota.
A Lua estava em Aquário, reforçando o caráter uraniano da empreitada. Num quincúncio com Mercúrio (este na casa III, aquela na casa VIII), evidenciava-se um novo e grande capítulo na guerra de nervos que opunha soviéticos e norte-americanos a cada conquista e avanço noticiado por um ou por outro. A quadratura entre Lua e Vênus em Escorpião reforça esta tese. Um trígono entre o verdadeiro satélite e Netuno cobria de fantasias a Humanidade: chegar à Lua era um sonho cada vez mais tangível. A oposição com Plutão (este na casa II), aponta novamente para o alto custo da corrida espacial, além da já sugerida “guerra de nervos”.
Aliás, já que as tensões inerentes à Guerra Fria parecem inextrincavelmente ligadas ao lançamento do Sputnik, convém notar que Sol, Marte e Júpiter estão diretamente envolvidos com Netuno em Libra, um dos símbolos astrológicos mais importantes para aquela contenda de lógica bipolar, que se iniciou oficialmente com o discurso de Harry S. Truman em 12.03.1947, com o advento da “Doutrina Truman”, que previa uma luta sem tréguas contra a expansão comunista no mundo.Em 07.10.1957, o jornal O Globo noticiava que “os círculos estrangeiros em Moscou não conseguem compreender por que os dirigentes comunistas não adiaram o lançamento do satélite artificial até uma data mais próxima do 40º aniversário da Revolução Bolchevista, a 7 de novembro”. Dados a conjuntura astrológica amplamente favorável ao lançamento e o conhecido interesse soviético por fenômenos ocultos e paranormalidade, é de se suspeitar que astrólogos poderiam ter tomado parte na missão, escolhendo um céu apropriado.
Quando observamos o céu do lançamento do Sputnik para a União Soviética, encontramos Sol, Marte e Júpiter na casa X, demonstrando a importância e a magnitude daquela conquista, só comparável à vitória na 2ª Guerra Mundial, com a tomada de Berlim e o hasteamento da bandeira soviética no Reichstag. Urano estava na casa VIII, entre a conjunção Saturno-Netuno em Leão (um emblema do nascimento do Comunismo), conferindo pioneirismo ao bloco soviético, que se equiparava e ameaçava de vez a hegemonia capitalista, revelando um poder assombroso. Saturno, na casa I, sugere ainda que a URSS trabalhava duro e via seus esforços recompensados esplendidamente (trígono com Urano, sextil com Sol, Marte e Júpiter na casa X).Vênus estava sobre o Ascendente soviético, derramando sobre a Revolução um enorme magnetismo. O alcance deste magnetismo também pode ser verificado pelo trígono entre Lua e Netuno, nas casas III e XI. Plutão em Virgem, sobre Marte e a Parte da Fortuna na casa IX (orbe mínima), simboliza a própria conquista do espaço. Vê-se, pois, o impacto do evento sobre a imagem soviética (Marte é o dispositor do Sol e do Ascendente).
É também nesta época que o país inicia sua gloriosa trajetória nos esportes olímpicos e parecia imbatível em várias esferas de atuação (Plutão conjunto a Marte), envolto numa magnífica aura de otimismo (conjunção com a Parte da Fortuna) e cada vez mais apto a exportar a sua revolução (casa IX), como se veria na vitória de Fidel e Che em Cuba, no quintal norte-americano. Todavia, é interessante observar novamente que foi justamente a corrida espacial e tecnológica que esgotou o esforço soviético. Não importa: este foi um dos momentos mais gloriosos de sua história.