Oscar Niemeyer, a arquitetura do espetáculo

Niemeyer possui um mapa muito marcante, como podemos ver primeiramente pela Quadratura T entre Sol, Saturno e Plutão, entre as casas I, VII e X.

A quadratura T entre Sol, Saturno e Plutão na carta natal de Oscar Niemeyer: 15.12.1907, 16:53h LMT, Rio de Janeiro. Fonte: Maria Eugênia de Castro.

Não é à toa que ele é considerado um dos precursores da chamada “Arquitetura do Espetáculo”. Suas intervenções são impossíveis de serem ignoradas; ele fazia questão de que suas obras causassem “surpresa” e criassem grandes impactos. A “obsessão” em fazer uma arquitetura radical, essencialmente modernista e grandiosa, se coaduna com o lado festeiro, o apetite sexual, a militância comunista e o envolvimento em brigas. Do ponto de vista urbanístico, sua ânsia por grandes espaços para que as pessoas possam circular entre prédios monumentais revela a natureza das tensões entre Sagitário, Gêmeos e Peixes.

O eixo nodal de Niemeyer é marcante.

Outra importante configuração em seu mapa é o eixo formado por Vênus [regente do mapa], Urano e o Nodo Sul em Capricórnio e Netuno [co-regente do Meio do Céu] e o Nodo Norte em Câncer. Temos aqui fatores explicativos de algumas condições envolvendo sua vida tais como a dicotomia entre o hedonismo e a perseguição de fins e causas que o mobilizam “messianicamente”, como a sua arte, a mulher, o comunismo e a relativamente tardia decisão de seguir uma carreira profissional (ainda mais se considerarmos a época de sua juventude). Basicamente, creio eu, este quadro astrológico tem relação direta com fato de ser um arquiteto militante vivendo em contradição com a sociedade capitalista, o que também é sugerido pela Quadratura T na qual se encontra o Sol natal.

Quanto ao Ascendente no final de Touro entendo ser o correto posto que o grande medo do ex-lutador de jiu-jitsu e “subversivo” sempre foi andar de avião e sua vida está ligada à mais “concreta” das artes, a Arquitetura. Por outro lado a proximidade do Ascendente com o signo de Gêmeos faz todo sentido para o menino que vivia mexendo as mãos no ar e, quando sua mãe lhe perguntava o que estava fazendo, dizia: “Estou desenhando”.

Lua e Ascendente de Niemeyer, em Touro.

A Lua em Touro e na casa XII traduz o rico manancial de inspiração que o “escultor de monumentos” possuía. Apesar de festeiro sempre buscou “preservar” o casamento, “dormindo todas as noites em casa”. O sextil da Lua para Netuno e os trígonos para Vênus e Urano criam canais originais de expressão afetiva e artística e, por envolverem Capricórnio e a casa VIII, têm essa dimensão grandiosa e até mesmo agressiva, apesar da incrível beleza de seus projetos sinuosos e “poéticos”.

Júpiter [co-regente do MC], na casa III, em quadratura com a Lua e trígono para Mercúrio, ressalta sua vida e carreira agitadas, as mudanças de residência por conta dos trabalhos e do exílio, o homem que gostava da rua, além da inteligência, inclinação filosófica e a personalidade em relação a suas idéias. Os países estrangeiros sempre o acolheram.

Júpiter, a dupla Marte-Saturno e a Parte da Fortuna.

Por fim, Marte e Saturno na casa X indicam a força de suas convicções e determinação, mas ao mesmo tempo a instabilidade profissional ocasionada pela mudança no regime político do Brasil nas décadas de 60 e 70. O trígono entre Marte e Netuno [co-dispositor da casa X] é especialmente importante. Repare que a Parte da Fortuna está na casa V, em Libra, revelando a alma de artista.

Niemeyer e o Brasil

A Quadratura T de Oscar Niemeyer cai nas casas II, IV/V e X do mapa do Brasil, permitindo especulações interessantes. O arquiteto é uma das personalidades mais reconhecidas no país e no exterior, tendo interferido diretamente na gestão do Brasil [construção de Brasília].

A Quadratura T de Niemeyer toca fundo no mapa do Brasil.

Saturno, na cúspide da casa II, insinua justamente o alto custo da nova capital. Plutão, na casa IV, revela o homem que mexeu poderosamente em fundamentos cruciais da nação. Ademais, como Plutão está próximo da casa V, Niemeyer também pode ser pensado como um grande agente da expressão criativa do próprio Brasil. Note que a Quadratura T de Niemeyer fecha uma Grande Cruz com Mercúrio em Virgem, o dispositor do Sol do Brasil [novamente a “gastança” em Brasília e problemas com a perseguição militar].

Ênfases em Câncer e Capricórnio nas casas V e XI do Brasil.

A conjunção Vênus-Urano-Nodo Sul cai na casa XI, com trígonos muito estreitos com o Sol do Brasil. Niemeyer foi um dos grandes expoentes de nossa “modernidade”, influindo no funcionamento da nossa sociedade e com íntima proximidade ao poder. Netuno e Nodo Norte, na casa V [sextilhas exatas com o Sol], extrapolam a importância do artista e o impacto estético de sua obra pelo país.

Outros aspectos relevantes da sinastria entre Niemeyer e o Brasil.

O Ascendente, na casa IV, reforça a importância de suas interferências na própria estrutura que sustenta o Brasil, assim como a conjunção que a Lua faz a Saturno em Touro revela a sua arte e inspiração pelas ruas, embelezando a nossas cidades. Marte, em oposição ao Sol de 1822, aponta os conflitos que teve com o regime militar e a disposição em não se dobrar a eles. Júpiter, porém, ao fazer conjunção a Vênus-Nodo Sul em Leão, sugere os próprios benefícios que colheu ao também trabalhar para as oligarquias brasileiras.

Niemeyer é, de fato, uma personalidade muito complexa, assim como o país em que nasceu. A celebração de seu centenário em 2007, num momento de ênfase no elemento Terra, fez todo o sentido. Acompanhe esta longa e impactante trajetória.