Quando recebi o convite para o Presságios 2017, fiquei muito honrada e pensei em como eu poderia dar a minha contribuição num curto espaço de tempo. Sei que meus colegas irão discorrer brilhantemente sobre as tendências para 2017, com as previsões e ciclos, portanto optei por enfocar as dinâmicas arquetípicas subjacentes, presentes entre os mapas de Trump e dos Estados Unidos, através de uma análise aprofundada para que possamos entender como tal interação poderá refletir nos eventos externos ao longo deste mandato.
No meu artigo publicado em Constelar alguns dias antes das eleições americanas, Mulheres, um problema na vida de Trump, foi salientado o fato de Trump ter nascido sob um eclipse lunar, com a Lua em conjunção ao Nodo Sul na Casa IV e também Lilith neste setor de seu mapa, que é o setor das nossas origens e pátria, e foi colocado que, ao buscar essa proeminência e a presidência em sua pátria de origem, Trump estaria indo na direção de seu Nodo Sul e de repetir um passado kármico com estes assuntos.
Este eclipse lunar de seu mapa recai sobre as Casas I e VII do mapa dos Estados Unidos e, por ser um eclipse, traz pontos obscurecidos de material inconsciente exercendo pressão nas áreas em que se encontra, no caso as ligadas com a imagem do país como nação – Casa I – e ativando também as relações exteriores, as relações diplomáticas, além da defesa nacional dos Estados Unidos – Casa VII. Já no período pré-eleição, todo esse tema foi muito salientado, e a forma como foi abordada por Trump, sobre a relação dos Estados Unidos com outros povos e países, já suscitou um certo tumulto e temores generalizados nas relações internacionais. Já desde aqueles discursos prévios, suas colocações nunca foram para um lado racional e ponderado, mas sim pareciam mais ligadas a ódios reprimidos e a tentativas de recuperar o poderio americano frente ao mundo, a qualquer preço. Podemos esperar mais coisas vindo por aí nestas questões, com este eclipse do mapa de Trump ativando tais setores do país.
Além disso, ainda no setor das relações exteriores, o que dizer de seu Nodo Norte ativando o Marte natal dos Estados Unidos, o qual, por estar neste setor, já traz em si um significado bélico nestas mesmas relações internacionais? É como se Trump dissesse: “Vou guiar vocês como nação nessa direção!” A conjunção do Nodo Norte com o Sol de Trump e, portanto, a Lua Cheia de seu mapa natal ativam exatamente este Marte! Não por acaso ele tenha incorporado essa missão de salvador independente da pátria! Parece que entre todas as ativações do mapa de Trump no mapa dos Estados Unidos, esta deste setor seja a mais forte.
Mais um dado importante para corroborar nossa análise: podemos perceber que a Lilith dos Estados Unidos recai sobre o Ascendente e o Marte natais de Trump, e vice-versa, a Lilith de Trump no Ascendente dos Estados Unidos, em ambos os casos por conjunções muito próximas! Tal interconexão chama muito a atenção também. Isso ativaria questões fortes do país, ligadas novamente à sua imagem como nação, sua bandeira, seu território, ou seja, um sentimento de nacionalismo coletivo, como que trazendo à tona um questionamento profundo: “Quem somos nós?” “Qual a nossa cara?”
Lilith simboliza o lado escuro lunar refletindo questões destrutivas e da Sombra do ser humano, as quais advêm de sentimentos primitivos e de medos irracionais que podem obscurecer o lado positivo lunar fazendo-nos enxergar apenas o foco negativo. Na Antiguidade, Lilith era identificada com espíritos malignos.
O simbolismo de Lilith é ligado também a uma rebeldia, impulsividade, lutas, confrontos, supremacia instintiva, aquela que se recusa a ficar “por baixo” e a se submeter à ordem. Em cartas de nações, os significados de Lilith estão ligados a esse sentimento coletivo. Podemos perceber o quanto Trump está ativando e sendo ativado por essas energias.
Como sabemos, as armas mais utilizadas por Trump em seus discursos para conquistar a Casa Branca foram as mobilizações coletivas e xenófobas contra inimigos reais ou imaginários, remetendo a um acentuado patriotismo, com o slogan: “Make America great again!”, mexendo portanto com forças inconscientes coletivas que bradam – “Não nos submeteremos a outras raças e povos jamais, queremos nossa supremacia!” – em consonância com a posição de Lilith, que é a de escravizar, mas a de jamais ser escravizada!
Os setores onde a Lilith se encontra são aqueles em que estamos mais sujeitos às tentações, como as acima mencionadas, pois é onde ela exerce esse forte fascínio da supremacia. É o setor onde as escolhas não passam pelo crivo racional e ponderado, mas sim onde existem mobilizações inconscientes carregadas dessa energia forte e onde o motivo primeiro é o de uma não submissão à autoridade. Escolhas baseadas nesses pontos cegos têm grandes possibilidades de levarem a arrependimentos.
Este entrelaçamento está acionando também assuntos de Casa IX, mexendo com o Poder Judiciário, o Sistema Legislativo do país, os direitos internacionais, além das próprias religiões, cultos e crenças dos Estados Unidos, talvez mobilizando uma religião que diga “Acima de tudo, viva a supremacia americana!”.
Portanto, onde deveria haver a presença do Logos, do julgamento e da ponderação, podemos imaginar a força e fascínio irresistíveis de um fenômeno coletivo como esse, apaixonado, visceral e profundo. Um processo onde o coletivo falou mais alto e direto “às entranhas”, abrindo-se para uma dimensão do Todo sem uma dimensão mediadora egóica, pessoal e racional, como que buscando o resgate de uma nostalgia de algo inominável, de uma unidade como pátria que foi perdida ao longo do tempo, em grande parte devido ao advento da globalização e às imigrações.
Um outro fator que nos chama bastante a atenção é o Quíron de Trump fazer uma conjunção partil (exata) com o Saturno dos Estados Unidos na Casa X, do Poder Executivo no mapa dos Estados Unidos, e em seu próprio mapa essa conjunção recai sobre a sua Casa II, das finanças pessoais. Além disso, o Saturno de Trump recai sobre a Casa VIII no mapa dos Estados Unidos, o setor dos impostos, dívidas e dos capitais estrangeiros, fazendo uma conjunção com Mercúrio na Casa VIII (novamente regente de VII das relações internacionais) e ainda o Quíron do mapa dos Estados Unidos recaindo sobre a Casa VIII – dos impostos – no mapa de Trump!
Quíron é o arquétipo do curador ferido, aquele capaz de encontrar cura para os outros, menos para si. Numa sinastria, ou seja, numa combinação de mapas, ativa pontos nevrálgicos entre os mapas dos envolvidos, pontos onde uma atenção e cuidados são necessários para promover a cura das feridas existentes e, com Saturno neste entrelaçamento, podemos esperar aí uma relação de longa duração, mas que também não será fácil, por ativar feridas narcísicas. Falamos sobre o narcisismo de Trump em nosso artigo anterior e, com o Quíron de Trump na Casa X dos Estados Unidos, será que poderíamos esperar que esse Poder Executivo – tão ambicionado por ele e em grande parte motivado pelo seu próprio narcisismo – iria mexer com suas próprias feridas narcísicas internas e inconscientes? Ativaria problemas ligados à economia do país e às suas próprias finanças pessoais? Traria muitos problemas ligados a capitais estrangeiros e a impostos em geral? Haverá a capacidade de reconhecimento e do cuidado necessários para as efetivas curas e cicatrizações das feridas nessas complexas questões?
É claro que não existem somente entrelaçamentos “ruins” entre os dois mapas, mas o que nos leva a compreender a sua vitória pela Casa Branca também é um grande fascínio de ambas as partes, o que aliás não contradiz o que foi colocado desde o início.
Temos a Vênus de Trump, regente do Meio do Céu de seu mapa, em conjunção ao Mercúrio já mencionado, o qual é também regente do Meio do Céu do mapa dos Estados Unidos, nos mostrando o fascínio existente nos propósitos e direcionamentos de ambos.
O regente de seu Meio do Céu, Mercúrio, fazendo conjunção com o regente do Ascendente do mapa dos Estados Unidos, Júpiter, nos traz também algum consolo nestas relações internacionais, talvez atenuando a tensão neste setor, como foi colocada acima.
Temos também por exemplo a Roda da Fortuna de Trump em conjunção com a Lua dos Estados Unidos, assim como a Roda da Fortuna dos Estados Unidos ativando o seu próprio Saturno, trazendo ao povo essa sensação do “pote de ouro no final do arco-íris”. Um outro entrelaçamento muito importante é entre os Nodos Nortes, os quais são fundamentais em uma sinastria.
Podemos notar também o Plutão de Trump, regente justamente de sua Casa IV, da pátria, fazendo uma conjunção com o Nodo Norte dos Estados Unidos, mais uma vez o impulsionando para incorporar esse arquétipo de poder e do salvador da pátria e mexendo com ele de forma inconsciente. São contatos poderosos com os Nodos Norte nesta sinastria, nos mostrando de alguma forma que o direcionamento entre Trump e sua pátria já estava ali bem marcado.
Conclusões
Não pretendemos esgotar todos os entrelaçamentos existentes entre os mapas de Donald Trump e dos Estados Unidos neste artigo, mas além das previsões na data de sua eleição, que também nos fornecem muitas explicações sobre a sua vitória, pela combinação de seus mapas podemos já entender as dinâmicas arquetípicas subjacentes neste contato e como esta semente estará presente não só durante o ano de 2017, mas como permeia tudo o que virá daqui para frente. Dessa forma, podemos compreender também como tal interação já estava ali bem marcada desde os mapas natais, e como poderá refletir nos eventos externos ao longo deste futuro mandato.
É inegável astrologicamente a atração e fascínio exercidos entre Trump e seu país de origem, levando-o a ambicionar a presidência e encontrando ressonância junto ao povo nesta empreitada. Podemos ver uma ligação muito poderosa e intensa em seus mapas, mas também permeada de motivações inconscientes e pontos obscuros, mexendo com energias preponderantemente profundas e coletivas de caráter passional e primitivo, em detrimento de um enfoque racional.
De uma maneira geral, o mapa de Trump aciona mais acentuadamente no mapa dos Estados Unidos os setores das Casas I, VII, VIII, IX e X, portanto o próprio território do país, as relações internacionais, o capital estrangeiro e impostos, o Sistema Legislativo e o próprio Poder Executivo.
Entre todos esses setores, o que nos chama mais a atenção em termos de uma intensidade e portanto de pontos mais nevrálgicos, seria o das relações diplomáticas ou das relações internacionais, as quais como dissemos anteriormente, trazem questões viscerais e energias arquetípicas coletivas atuantes.
Este artigo faz parte do Presságios 2017, o painel anual de previsões de Constelar, com apoio das escolas Astroletiva e Espaço do Céu. Clique na imagem para navegar pelas previsões, em texto e vídeo, de mais de uma dezena de diferentes astrólogos.
Maria Fernanda Patitucci Valente diz
Olá, Marcia,
No penúltimo parágrafo, não seria a casa XI ao invés da IX ?