Ao longo de décadas, desde a criação do Estado de Israel, em 1948, a política do país com relação aos vizinhos muçulmanos vem oscilando entre momentos de tentativa de acordo e de completa intransigência, na dependência da avaliação de riscos à segurança vigente em cada momento. Neste movimento pendular, o atual primeiro-ministro Benjamim Netanyahu situa-se no lado mais rigoroso, seja por suas convicções políticas, seja por sua carta astrológica.
Ao contrário de outros dirigentes do Oriente Médio, Netanyahu tem dados de nascimento bem conhecidos, o que torna possível fixar seu Ascendente em Sagitário, seja nos primeiros graus, seja nos graus intermediários, como sugerem diferentes astrólogos israelenses citados pelo Astro-databank do site astro.com. De qualquer forma, não há dúvida: Bibi, como é conhecido, é um tipo jupiteriano, tanto pela regência sobre o Ascendente quanto pela quadratura deste planeta com o Sol em Libra.
Júpiter em Capricórnio na casa 2 mostra alguém cuja escala de valores está montada em cima de dados concretos, objetivos. Essa postura um tanto cética tende a manifestar-se, em especial, na carreira e na vida pública, já que Saturno em Virgem — um posicionamento no estilo “ver para crer” — é o planeta mais próximo do Meio do Céu.
Netanyahu, um político persuasivo mas de pavio curto
É fácil perceber que Netanyahu é um negociador duro, apesar da ênfase libriana. Além do Saturno elevado, encontramos também em sua carta Mercúrio regendo o Meio do Céu (Virgem) e a casa 7 (Gêmeos). Se o Meio do Céu fala da vida pública, a casa 7 mostra como o líder israelense lida com os adversários e estabelece acordos. Mercúrio está em Libra na casa 10, o que parece prometer uma disposição conciliadora. Contudo, este Mercúrio forma um aspecto de quadratura com Urano de casa 7 (ou 8, conforme o horário adotado) e uma conjunção aberta com Netuno.
A quadratura com Urano indica diálogo difícil, intransigente, além de uma impaciência que não é muito amiga de negociações demoradas e compromissos. Em outras palavras: Netanyahu é um sujeito estourado. Já a conjunção com Netuno, regente de Peixes no Fundo do Céu, mostra que o premier israelense tem uma visão idealizada de suas raízes étnicas e herança cultural. Tudo isso se traduz como dificuldade para lidar com o diferente.
Vênus, planeta de extrema importância nesta carta (dispõe do Sol, da Lua, Netuno e Mercúrio em Libra), encontra-se na casa 1 (ou na 12, colado ao Ascendente), em Sagitário. Toda a capacidade de Netanyahu para negociar com as lideranças políticas de seu país (Vênus rege a casa 11, do parlamento) e seu poder de sedução e envolvimento estão a serviços de objetivos pessoais e de uma visão de mundo egocêntrica.
Benjamim “Bibi” Netanyahu é um homem persuasivo (Vênus afetando o Ascendente), leal aos ideais de seu partido Likud (stellium em Libra) e fiel ao ideário conservador (Saturno como planeta mais próximo do Meio do Céu, Júpiter em Capricórnio, Vênus no moralista signo de Sagitário em aspecto com Plutão). Sempre foi contra a desocupação da Faixa da Gaza e defende ações incisivas para consolidar o domínio de Israel nas áreas ocupadas desde a guerra árabe-israelense de 1967.
Urano sob pressão nos trânsitos e progressões
Em várias ocasiões no passado, Netanyahu reagiu com decisões rápidas e agressivas a trânsitos desafiadores sobre os planetas de sua carta natal. Entre 2012 e 2014 o primeiro-ministro israelense viveu o trânsito de Urano em Áries em oposição ao Mercúrio libriano. Essa ênfase uraniana reforçou a quadratura já existente na carta natal e deixou o líder israelense ainda mais propenso a atitudes radicais. Um reflexo disso foi a adoção, nas eleições de 2013 e 2015, de posições mais linha dura com relação a questões de segurança nacional.
O “gatilho” da reação de Netanyahu (mapa no círculo interno) ao surpreendente ataque do Hamas ao território israelense, em 7 de outubro de 2023 (círculo externo), também é de natureza uraniana. Naquele dia, Mercúrio em trânsito estava na casa 10 do primeiro-ministro, prestes a fechar a quadratura exata com Urano radical na casa 7 (a dos inimigos abertos). Urano em trânsito, por sua vez, avança para uma quadratura exata a Júpiter natal, regente do Ascendente de Netanyahu.
Já utilizando progressões secundárias (círculo intermediário), vemos mais ativações sobre Urano natal, que, desde o início do conflito com o Hamas, vem sofrendo a pressão de dois aspectos: o da Lua progredida (por conjunção) e o de Marte progredido (por quadratura). Estas tensões vêm-se manifestando na forma de destempero, inflexibilidade, decisões precipitadas e incapacidade de abrir linhas de diálogo com os contendores.
Trânsitos e progressões podem ser vividos em diversos níveis, conforme o grau de amadurecimento, os valores éticos, o nível de consciência social e a história de vida do nativo. No caso específico de Netanyahu, as ativações de Urano e Netuno não parecem estar sendo enfrentadas de forma saudável. Enquanto as famílias dos reféns levados para a Faixa de Gaza pedem atenção prioritária para os esforços de resgate, Netanyahu insiste numa política de confronto que não comporta qualquer possibilidade de cessar-fogo.
Israel tem sido, tradicionalmente, a única democracia estável do Oriente Médio. Com o enganoso Netuno transitando no Fundo do Céu do primeiro-ministro, as bases de seu poder vêm sendo lentamente corroídas. É bem provável que a opinião pública de seu próprio país acabe levando Netanyahu à renúncia ao longo dos próximos meses.
Cristiane Bauska diz
Olá Fernando! Adorei a análise, mas Urano em trânsito está fazendo quadratura com Marte Natal, não é? Com Júpiter não seria um trígono?
Mirna diz
Não precisa publicar meus comentários afinal isso não é uma discussão política, mas como vc aplicou o mapa dele para também o momento de agora, não resisti e comentei.
Mirna diz
“cessar-fogo”
Isso significa dar ao Hamas chances de se organizar e se armar novamente e nunca mais estaremos seguros aqui. Outros 7/10 voltariam a acontecer muito rapidamente.
Mirna diz
“diálogo com os contendores”
Como se isso fosse possível Fernando