Anos Negros na Terra do Sol
Em 1964, quando Plutão está unido ao Sol do Brasil, o Presidente João Goulart é deposto, inaugurando um momento de inferno, tempo de mortes e perseguições na História do Brasil. Plutão – o Senhor dos Infernos – é um planeta que revela momentos de crise e de perdas. Em julho deste mesmo ano, Mário Covas torna-se líder do seu partido. Júpiter, o Líder, continuava conjunto em arco solar com Plutão – o significador do poder. Júpiter é um planeta que estimula o que toca. Faz crescer. O mesmo Plutão que escurecia a luz (Sol) do país adentrava a sua casa 4 – a das raízes. Aqui é o início da mistura da vida de Covas com os destinos do Brasil.
Este é um artigo em três partes. Você está na segunda. Veja as demais:
Em 1965, Covas filia-se ao MDB, já que só será permitido a existência de dois partidos políticos, Arena e MDB.
No ano seguinte, é eleito novamente para um novo mandato.
Em 1967 é escolhido como líder do MDB na Câmara. A liderança é uma marca de sua trajetória política. Em 12 de dezembro de 1968, lidera os deputados no MDB na sessão que nega licença ao governo federal para processar o deputado Márcio Moreira Alves (MDB), acusado de fazer um discurso ofensivo aos militares. No dia seguinte, é decretado o AI-5 – Ato Inconstitucional nº5, que proibia qualquer direito de expressão. É exatamente neste ano que Plutão – o Deus das Trevas – faz conjunção em trânsito com Mercúrio – o Deus Falante – no mapa do Brasil, calando a boca do país. Lembre-se que é exatamente este planeta, Mercúrio, que rege o mapa de Mário Covas. Sem falar que, se compararmos o mapa dele com o de Pindorama, veremos seu Ascendente em conjunção exata a Júpiter e Lua em Gêmeos. Ele, evidentemente, estimulava a liberdade de expressão do nosso país, representado por essas posições enterradas no Fundo do Céu do mapa da Independência. Além disso, tinha em comum com o Brasil Júpiter em Gêmeos, cujo maior valor é o a da livre comunicação e o direito de ir e vir. Direitos que o levarão a lutar com toda a sua força e por toda a vida.
Notamos ainda que seu Sol em Touro faz conjunção a Saturno em Touro na casa 3 no mapa do Grito do Ipiranga. Saturno na 3 num mapa de uma pessoa traz muitas vezes a obstrução da livre comunicação. Há uma censura e consequente embotamento do falar. É como se a pessoa se inibisse, entre outras coisas, ao ter que emitir opiniões. Se levarmos essa configuração para uma coletividade, teremos exatamente a limitação do aprendizado do ensino básico (casa 3 também rege o primeiro contato com o ensino), assim como incontáveis momentos de censura da expressão de pensamento. Brasil, enfim. Acontece que as frustrações neste campo fazem com que, gradualmente, a opinião vá sendo manifestada com maior segurança, até que a pessoa torna-se uma autoridade no campo a que se dedica. Mário Covas tocava consideravelmente este ponto do mapa e, de certa forma, sua personalidade ajudou a amadurecer o Saturno de casa 3 do Brasil, que vai do medo de emitir opinião ao seguro e consistente exemplo de alguém que só diz o que faz. E faz o que diz e pensa.
E o que falou, ao defender Márcio Moreira Alves, custou-lhe muito caro. Em 1969 seu mandato é cassado. E seus direitos políticos são suspensos por dez anos, o que o obriga ao exílio.
Um trecho do discurso de 1968:
“Creio no povo, anônimo e coletivo, com todos os seus contrastes, desde a febre criadora à mansidão paciente. Creio ser desse amálgama, dessa fusão de lama e emoções, que emana não apenas o Poder, mas a própria sabedoria. E, nele crendo, não posso desacreditar de seus delegados. Creio na palavra, ainda quando viril ou injusta, porque acredito na força das ideias e no diálogo que é seu livre embate. Creio no regime democrático, que não se confunde com a anarquia, mas que em instante algum possa rotular ou mascarar a tirania. Creio no Parlamento, ainda que com suas demasias e fraquezas, que só desaparecerão se o sustentarmos livre, soberano e independente.
Creio na liberdade, este vínculo entre o homem e a eternidade, essa condição indispensável para situar o ser à imagem e semelhança de seu Criador”.
A festa de Ano Novo lembra o passado
Em 1976, a filha Silvia, com 19 anos, morre em acidente de moto durante o réveillon, fato que fez Covas não mais comemorar a data. Na ocasião, novamente Plutão – o Deus das Perdas – conjunto à cúspide da casa 5 – a dos filhos – em oposição a Urano. Sol e Lua conjuntos a Saturno na casa 8 – também significadora da morte. A Lua, em progressão secundária, está também na casa dos filhos, de mãos dadas com Plutão em trânsito. Mais uma vez, Mário Covas conhece a força do destino através de uma perda cruel. Nesta ocasião também havia Sol em progressão, conjunto a Júpiter – o princípio disfarçado de deus que rege as doutrinas – e é exatamente aí que entra em contato com o Kardecismo, após conhecer o médium Chico Xavier. A perda (Plutão) faz conhecer outra doutrina religiosa (Júpiter).
Em 1978, quando Júpiter caminha na sua casa 1, Covas renasce, e aí decide coordenar a campanha de FHC ao Senado. Em 1979, já com a abertura, retoma seus direitos políticos. O Presidente Figueiredo aprova o pluripartidarismo e, neste mesmo ano, Covas filia-se ao PMDB.
Em 1982, aos 52 anos, é eleito para o terceiro mandato como deputado federal. No ano seguinte, é nomeado prefeito biônico de São Paulo pelo Governador Franco Montoro, cargo que deixará somente em 85. Nesta ocasião, 1983, Plutão já fazia oposição ao seu Sol em Touro. Toda vez que Plutão se opõe ao Sol – significador da energia vital e do coração – pode-se pensar em complicações cardíacas. Em 1986 sofre um infarto e é submetido a uma angioplastia. É eleito senador neste mesmo ano. Aliás, foi o senador mais votado de toda a história do Brasil, com quase 8 milhões de votos. Neste período há a presença de Plutão, em arco solar, em exata conjunção com o Fundo do Céu. Quando Plutão toca os ângulos do mapa, em trânsito ou em progressão, ocorrem os confrontos com a morte ou perdas e, em consequência, momentos de reestruturação da própria vida.
É importante lembrar que, antes de ser eleito, Covas foi um dos principais líderes a favor das Diretas Já, que entusiasmou a nação a partir de 1984. Infelizmente, o povo não foi ouvido e, em 1985, Covas apoia Tancredo Neves, na eleição indireta para Presidente. O outro candidato, derrotado, era Paulo Maluf, começando assim as sucessivas batalhas, todas ganhas, contra este que seria seu principal adversário político.
Em 1987, novas complicações cardíacas fazem-no implantar duas pontes de safena. Em 1988 cria junto com Franco Montoro, José Serra, José Richa e FHC, o PSDB, do qual é eleito primeiro presidente. Adivinha? Júpiter em conjunção com o seu Sol. Júpiter – o Deus da Expansão – coroando sua pessoa (Sol).
Antes, ainda no PMDB, torna-se um dos relatores da Nova Constituição do Brasil, liderando, ao lado de Ulysses Guimarães, este momento de luz no país.
Em 1989, já no PSDB, sai como candidato à Presidência da República na primeira eleição para presidente após os anos da ditadura. Perde. E, em 1990, também é derrotado na eleição para o Governo do Estado de São Paulo. É importante entender que essas derrotas não expressam fracasso, já que o próprio Covas foi agente direto do processo de abertura política e de democratização das instituições brasileiras. De qualquer forma, Netuno – O-Que-Confunde, andava sobre seu Saturno natal. E Saturno – o Deus da Limitação, em arco solar, ao Meio do Céu – a casa da exposição pública. Sem falar de Netuno, também em arco solar, em oposição ao Sol, marcando aí o início de um processo de desapego, já que Netuno trata da vida espiritual ou imaginativa, em detrimento das coisas terrenas.
Em 1993 é submetido a cirurgia para retirada da vesícula biliar. E, um ano depois, é internado no Incor devido a uma erisipela (infecção de pele) na perna direita.
Aos 64 anos, em 1994, é eleito Governador de São Paulo. Neste momento, ocorre o trânsito de Saturno conjunto ao Meio do Céu – a casa da imagem pública. Dois anos depois demite os secretários do PFL que faziam parte do governo após os pefelistas decidirem apoiar Celso Pitta (PPB), afilhado de Paulo Maluf, para as eleições à prefeitura da Capital. É curioso notar Urano – o Deus dos Rompimentos – transitando sobre a Lua – significadora dos laços. E a Lua, em arco solar, sobre Urano. Mário Covas, afirmando sua coerência, não pensa duas vezes em romper com quem ajudou a eleger FHC e ele próprio para o cargo de Governador. Também Plutão em trânsito fazia aspecto com a cúspide da casa 7 – a dos parceiros e também dos inimigos declarados. O lento caminhar de Plutão neste ângulo faz novamente pensar em perdas, complicações de saúde e câncer, já que Plutão é o significador dessa doença.
O começo do Fim da Construção – os últimos anos de Mário Covas