Condoleezza Rice, a toda-poderosa Secretária de Estado do segundo mandato de George W. Bush, nasceu no dia 14 de novembro de 1954, às 11h30, em Birmingham, Alabama. Sua família, de origem pobre e enfrentando um ambiente hostil, supervalorizava a educação como alavanca de ascensão social. Assim, Condoleezza foi estimulada desde cedo a dedicar-se aos estudos. A influência familiar ajuda a compreender por que ela cumpriu uma brilhante carreira acadêmica, tornando-se uma especialista em ciências políticas. Condoleezza dedicou-se em especial ao estudo de assuntos soviéticos, chegando a dominar a língua russa. Na adolescência já era uma ávida leitora de bons textos além de razoável instrumentista, a ponto de ter pensado seriamente em tornar-se uma pianista profissional. Seu nome, aliás, deriva da expressão da linguagem musical con dolcezza, ou seja, com doçura.
Condoleezza jamais se casou, se bem que tenha chegado a ficar noiva de um jogador de futebol. Aos 26 anos já acumulara um título de mestre e outro de doutora, o que a credenciou a dar aulas na Universidade de Stanford. Em pouco tempo galgou diversas posições na estrutura universitária, até chamar a atenção de um dos conselheiros de George Bush “pai” (presidente entre 1989 e 1993). Assim, em 1989 ela passou a integrar o staff presidencial. Daí em diante a história é conhecida: sempre ligada ao clã dos Bush, ela foi nomeada por George W. Bush (o “Bush filho”) em 22 de janeiro de 2001 para o cargo de conselheira para assuntos de segurança nacional. Após o atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 sua figura tornou-se bastante conhecida, ganhando cada vez mais espaço junto ao presidente.
Em 16 de novembro de 2004, já reeleito, o presidente indicou-a como substituta de Colin Powell à frente da Secretaria de Estado. Três dias depois Condoleezza teve de submeter-se a uma intervenção cirúrgica para a retirada de tumores benignos no útero. A posse solene (com juramento) no novo cargo deu-se apenas em 26 de janeiro de 2005, numa cerimônia fechada, e repetiu-se dois dias depois, numa cerimônia pública. Trata-se da primeira mulher negra a ocupar posto tão elevado.
Uma carta com a marca de Escorpião
Condy Rice (como é conhecida na imprensa americana) tem o Meio do Céu em Escorpião, em conjunção com Sol e Vênus e em quadratura com Marte na casa 1 em Aquário. Saturno na 9, igualmente em Escorpião, também participa do quadro de aspectações tensas. Sem dúvida é o mapa de uma mulher dura, controladora e controlada, autodisciplinada e fortemente voltada para a vida pública. Trata-se de uma workaholic, com cinco planetas em casas de Terra (a sexta, da rotina laboral, e a décima, da carreira) e uma forte necessidade de gastar energias em atividades produtivas. Seus interesses intelectuais estão muito voltados para questões de política externa e de conflitos culturais, o que pode ser observado pela presença de Mercúrio-Netuno na 9 em quadratura com os planetas da casa 6. Além do mais, Júpiter, planeta mais angular do mapa, é também um significador natural de assuntos estrangeiros.
Além da quadratura com Marte, a conjunção Sol-Vênus forma uma outra quadratura, ainda mais dramática, com Plutão na casa 7. É digno de nota, aliás, o Sol em Escorpião recebendo simultaneamente a quadratura dos dois regentes deste signo, além de estar conjunto a uma Vênus em exílio. Toda a configuração envolvendo Plutão, Marte, Sol e Vênus ajuda a entender por que Condoleezza – uma mulher considerada atraente – abriu mão de uma vida pessoal mais rica para dedicar-se exclusivamente às grandes questões da administração pública. A configuração fala de gosto pelo poder e de vontade férrea, além de uma grande dureza para com os próprios sentimentos (especialmente por causa da quadratura Plutão-Vênus). É, enfim, uma guerreira em pele de mulher, e uma guerreira que pode ser absolutamente impessoal (Sol-Plutão, Marte-Saturno) caso considere que as circunstâncias assim o exijam.
Ao tomar posse como Secretária de Estado, Condoleezza tinha seu Marte progredido em 21°55 de Peixes, formando trígono com o Sol natal. Saturno em trânsito, simultaneamente, formava trígonos ao Sol, a Vênus e ao Meio do Céu. Outro trânsito importante era o de Netuno sobre Marte na casa 1, lembrando que o Netuno natal está na casa 9, significadora de culturas distantes e países estrangeiros. Os planetas envolvidos falam, portanto, de uma pessoa que vivia um momento de aumento das responsabilidades pessoais e da carga de trabalho (Saturno-Sol), ao mesmo tempo em que ampliava o horizonte do próprio poder, vinculado a questões militares e a assuntos exteriores.
Por que os Estados Unidos entregaram tanto poder nas mãos dessa mulher que carrega as marcas de Marte e Plutão? Três personagens de desenhos animados, chamados Docinho, Lindinha e Florzinha, provavelmente têm a chave da resposta…
Condoleezza Rice e as Meninas Superpoderosas
A superposição do mapa do lançamento do seriado das Meninas Superpoderosas, em 1998, com a carta de nascimento de Condy Rice revela algumas similaridades impressionantes:
- os dois Sóis estão praticamente em conjunção, ambos em Escorpião;
- em ambos os casos, Sol e Vênus estão em conjunção;
- nos dois mapas, Vênus forma um aspecto tenso com Plutão (conjunção no mapa das meninas e quadratura no de Condoleezza);
- ênfase em Câncer: este é o signo Ascendente no mapa das Meninas e signo lunar de Condy Rice (sem esquecer que é o signo solar dos Estados Unidos);
- as Meninas têm Júpiter proeminente, enquanto Condoleezza tem ênfase na casa 9 e Júpiter como planeta mais angular.
São semelhanças demais, portanto, para serem interpretadas como mera coincidência. Os mesmos temas astrológicos atravessam o mapa de um dos desenhos animados mais vistos no país e de uma das mulheres mais poderosas desse mesmo país.
Os temas Júpiter/Sagitário/casa 9 e Câncer/Lua são comuns também ao mapa dos Estados Unidos, país que nasceu com Sagitário no Ascendente e Sol em Câncer. Estão aí as ideias de expansão ilimitada, de patriotismo exacerbado, de “polícia do mundo”. Já o tema Escorpião, dominante nas duas cartas, fala do trânsito mais importante vivido pelos Estados Unidos durante o governo Bush: a passagem de Plutão pela primeira casa do mapa nacional.
Se isolarmos apenas o cabelo de Florzinha e sua extravagante fita, podemos descobrir algumas associações reveladoras. Esses estranhos objetos na cabeça dela serão realmente um laçarote? Se alguém enxergar duas ogivas nucleares, provavelmente não estará longe da maior paranoia que se esconde na alma americana. Ou seriam dois gigantescos falos, sinalizando a apropriação do poder masculino?
Contudo, a mais rica das analogias é aquela que podemos fazer entre Docinho, a líder das Superpoderosas, com o poder justiceiro de Zeus ou de Xangô, simbolizado na machadinha (abaixo, em detalhe de quadro de Marcio Melo – o site vale uma visita!). Este simbolismo pode ser associado a Libra e Sagitário, signos totalmente condizentes com o papel de Florzinha como “guardiã da verdade e da justiça” – sem precisar lembrar que Sagitário é o Ascendente dos Estados Unidos.
Conclui-se que tanto as Meninas quando Condoleezza são respostas ao mesmo tipo de desafio, consubstanciado nos trânsitos sobre o mapa radical dos Estados Unidos.
Existem ainda diversos outros pontos de contato entre Condoleezza Rice e as Meninas Superpoderosas:
- A supressão da infância – As Superpoderosas são crianças aparentemente normais, mas que já carregam desde a primeira infância o fardo de salvar a cidade; Condoleezza também foi precoce, já tocando piano desde os três anos e acelerando os estudos a ponto de obter o grau de mestre em Ciências Políticas com apenas 21 anos. Tanto Condoleezza quanto as Superpoderosas em seu mapa de pré-lançamento (1995) apresentam uma conjunção Sol-Saturno.
- O contraste entre o nome e a postura – Tanto Condoleezza (“com doçura”) quanto Docinho, Lindinha e Florzinha carregam nomes delicados que não condizem com a violência que faz parte de seu cotidiano. Pertencem ao gênero feminino, mas apenas tanto quanto as Erínias da lenda. Vênus-Plutão deixa, aqui, sua marca mas poderosa. É interessante notar que a Secretária de Estado do governo Bush tem uma ênfase bem definida no elemento Água, o mesmo acontecendo com o trio de menininhas poderosas. Nos dois casos, Escorpião e Câncer são os signos em evidência.
- A questão da competência feminina – As Superpoderosas salvam com frequência o medíocre e incompetente prefeito de Townsville (alguma semelhança com George W. Bush?), que não dá um passo sem antes consultar a Srta. Bellum. Condy Rice, com tanta ênfase Marte-Plutão, é a própria Srta. Bellum! O traço notável em comum é que Rice e as Superpoderosas são competentes não pelos atributos especificamente femininos, mas porque desenvolveram habilidades que as tornaram competitivas num mundo de homens. Em outras palavras, seu poder decorre da exacerbação de uma única característica do elemento Água, que é a capacidade de defesa contra ameaças externas (Câncer e Escorpião, dois signos “cascudos” que escondem a própria sensibilidade). Na prática, isto equivale a uma distorção ou mesmo uma supressão do princípio feminino.
Condoleezza foi especialmente poderosa no segundo mandato de George W. Bush (2005-2008), quando Plutão transitava pela segunda metade de Sagitário e os conflitos externos dos Estados Unidos ganharam uma conotação de “guerra santa” contra o chamado Eixo do Mal. Saddam Hussein, um ditador com afinidade com a figura do Macaco Louco (foi treinado pela CIA e era, num primeiro momento, aliados dos Estados Unidos), foi executado durante este período.
Leia também: As Meninas Superpoderosas de Júpiter e Plutão
Eliane Caldas diz
Simplesmente amo esse tipo de analogia da arte com a Astrologia. Descobrir a relação da cultura de massa com eventos sociais que muitas vezes ainda não aconteceram e encontrar na Astrologia a ferramenta que que possibilita esta revelação é maravilhoso. Inspiração ( Netuno) e insight ( Urano) juntos, embasados pelas técnicas.
Grata pelo texto