O Papa Bento XVI teve uma atuação que oscilou entre a ortodoxia do presente e o progressismo do passado; Joseph Ratzinger foi o responsável pela proposta que levou o II Concílio do Vaticano a preterir o latim pelas línguas locais nas missas, na década de 60. Por outro lado, sempre combateu a influência marxista na Igreja, atacando a Teologia da Libertação e impondo um voto de silêncio ao Frei Leonardo Boff, em 1985.
Ariano, de temperamento forte, Bento XVI [16.04.1927; 4:15AM; Markt am Inn] possui Sol em trígonos exatos com Netuno e com o MC, indicando sua vocação espiritual e fé religiosa, além da capacidade de canalizar esta vocação para o poder eclesiástico. Netuno, além de figurar no grande trígono, é o regente do Ascendente que, por sua vez, está sobre Júpiter, também como regente e domiciliado. Sua trajetória no campo da teologia é considerada brilhante.
Muito próxima à conjunção Júpiter-Ascendente está outra conjunção, envolvendo Mercúrio em Peixes e Urano em Áries, sugerindo certa intransigência em opiniões pessoais, principalmente se levarmos em conta uma quadratura que Marte (dispositor do Sol) aplica a ambos, de Gêmeos.
Os aspectos de Marte, que por sinal está em conjunção exata ao Nodo Norte e se encontra angular na casa IV, podem ser associados ao fato de que seu pai fora comissário de polícia no meio rural e sua família era frequentemente trasladada, havendo muitas mudanças de residência. E insinua uma pedra no sapato de Ratzinger: a participação na Juventude Hitlerista (pré-requisito de uma série de benefícios para os jovens da Alemanha nazista) e o ingresso no front de guerra. Numa divisão da Wehrmacht, na Hungria, ele preparou minas de defesa antitanques. Em 1944, acabou desertando.
Contribuindo para sua linha dogmática temos, além da conjunção Mercúrio-Urano quadrando para Marte, Saturno em Sagitário na casa IX. Como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (antigo Tribunal da Santa Inquisição), Ratzinger construiu uma biografia associada ao conservadorismo, rechaçando temas progressistas como celibato, uso de preservativos, aborto e homossexualidade.
A Lua em Libra, na casa VII, quadra para Plutão em Câncer, na cúspide da V (aspecto exato). O atual Papa teve a missão de policiar e reprimir excessos e dissidências dentro da Igreja, calando e punindo irmãos de fé e instituição.
A quadratura de Marte a Mercúrio e Urano tende a se manifestar como uma propensão a falar mais do que deve, de vez em quando. Foi exatamente o que aconteceu em setembro de 2006 quando, durante viagem à Alemanha, Bento XVI citou palavras de um imperador bizantino que afirmavam que o profeta Maomé só trouxe de novidade o mandamento de defender a fé pela espada, além de que o Islã só teria gerado “coisas más e desumanas”. Concluindo, argumentou que o Islã “não está preso por qualquer de nossas categorias (ocidentais), mesmo a da racionalidade”.
Tais declarações resultaram em profunda revolta da comunidade muçulmana contra o Papa, e alguns grupos terroristas chegaram até mesmo a ameaçá-lo de morte. Embora Bento XVI tenha dito que as palavras não expressavam a sua opinião, a comunidade muçulmana permaneceu revoltada, exigindo desculpas formais da parte do Papa.
Assim como a Igreja Católica, que tenta se adaptar aos novos tempos sem abrir mão de seus principais dogmas nem perder mais fiéis, Bento XVI lutou, como bom ariano, para manter as tradições apostólicas romanas fazendo o Vaticano avançar no novo milênio (Saturno trígono Urano). Sua viagem ao Brasil em 2007, a mais longa até então e no país com o maior número de fiéis, foi uma oportunidade para levar a cabo os desafios de seu pontificado, tendo em vista o crescimento do pentecostalismo na América Latina.
Ratzinger antes do Papado: a polícia dentro da Igreja
Em novembro de 1981, Joseph Ratzinger foi nomeado Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o antigo Tribunal da Santa Inquisição. Se o atual Papa chegava ao auge de sua carreira eclesiástica até então, por outro lado assumia o grande desafio de ser a “polícia” dentro da Igreja.
Netuno (um dos regentes do Ascendente) estava sobre o MC, aplicando trígonos ao Sol e Netuno natais, indicando ser este um momento mais que propício para que Ratzinger assumisse um alto posto dentro da hierarquia do Vaticano e se tornasse mundialmente conhecido.
Para poder dedicar-se exclusivamente à Congregação, ele teve de renunciar ao posto de Arcebispo de Munique poucos meses depois. Dali em diante, Ratzinger iria defender a doutrina católica sustentando as posições da Igreja contra o aborto, eutanásia, contracepção e homossexualidade.
Astrologicamente, podemos concluir que tal nomeação representou uma transformação radical em sua vida, pois no dia 25.11.1981 Plutão fazia oposição exata ao Sol de Ratzinger. A natureza do cargo impunha-lhe a dura missão de punir e excomungar quem se desviasse da linha doutrinária do Vaticano.
Uma conjunção entre Sol e Urano sobre seu Saturno natal na casa IX indicava seu novo papel perante a tradição, além de abrir horizontes para voos futuros (no caso, a própria eleição como Papa). Urano aplicava ainda trígono exato à sua posição natal, assim como Mercúrio e Lua faziam aspectos positivos para os planetas na casa I, garantindo certa autonomia e espaço dentro da nova missão.
Por fim, Marte (dispositor do Sol natal) estava exatamente sobre o Descendente, revelando que esta missão consistia justamente em enfrentar antagonismos dentro da Igreja, identificando e reprimindo seus “inimigos”. Um deles foi o brasileiro Leonardo Boff, a quem o atual Papa impôs um voto de silêncio em 1985, pela condição de líder da Teologia da Libertação. Plutão, em oposição direta ao Sol natal de Ratzinger e com a companhia de Júpiter (um dos regentes de seu Ascendente), também estava na casa VII.
Uma de suas primeiras medidas foi a carta polêmica distribuída a todos os bispos do mundo, declarando confidenciais todas as investigações internas da Igreja, incluindo os casos de abuso sexual envolvendo padres. Quem desrespeitasse a regra poderia ser excomungado.
Habemus Papam!
Em seu 78º aniversário, Joseph Ratzinger via-se na antevéspera do conclave que elegeria o novo Papa. Vejam o seu retorno solar de então:
Vênus e o Nodo Norte estão em Áries, sobre o Sol natal, indicando que ele se encontrava num momento muito significativo do ponto de vista da popularidade e do valor pessoal. Em se tratando de uma pessoa com idade avançada, vislumbramos a ideia de que toda a sua biografia estaria sendo apreciada, dada a importância da decisão que viria a ser tomada.
Saturno, regente do Ascendente, está sobre o Descendente, configurando-se numa séria expectativa quanto ao reconhecimento das suas capacidades (Ascendente Capricórnio) e as suas relações interpessoais (casa VII).
Marte, dispositor do Sol, toma parte no trígono que Júpiter aplicava a Netuno, insinuando que sua jornada pessoal na atribuição de sentido à própria existência (Nodo Norte conjunto ao Sol), teria o poder de colocá-lo em vias de concretizar suas maiores aspirações espirituais e religiosas (Júpiter trígono Netuno).
A conjunção entre Sol-Vênus-Nodo Norte aplicava trígonos para Plutão na casa XI. Suas chances no conclave (casa XI) não poderiam ser desprezadas, de maneira alguma. Entretanto, o mesmo grupo de planetas, na casa III, quadrava para o eixo Ascendente-Descendente e Saturno, sugerindo alguma resistência às suas ideias e forma de pensar. Naquele instante, isso angustiava o futuro Papa.
Observemos agora o mesmo mapa sobreposto ao mapa natal de Ratzinger:
Plutão está no MC, à semelhança de Netuno quando Ratzinger assumiu a Congregação para a Doutrina da Fé. Vênus e Nodo Norte aumentam consideravelmente as chances de sucesso; um novo ciclo na vida espiritual e eclesiástica estava por vir (levando-se em conta o Grande Trígono natal entre Sol-Netuno-MC).
O trígono entre Marte, Júpiter e Netuno incidia sobre a Lua natal de Ratzinger, conferindo popularidade e uma sintonia com os anseios do Vaticano. Sua força dentro da Igreja era grande. Saturno, em trígono exato com Júpiter natal, indicava boas chances de progresso pessoal, principalmente pelo destaque que este último possui na carta natal do então cardeal.
Num dos mais rápidos conclaves da história, dias depois, Bento XVI sagrou-se Papa.