Jorge Leal Amado de Faria nasceu em 10 de agosto de 1912, na Fazenda Auricídia, município de Itabuna, na região cacaueira do sul da Bahia. Morreu quase 89 anos depois, mundialmente conhecido e aclamado.
Sol em Leão, Lua em Câncer, Mercúrio em Virgem, Júpiter em Sagitário e Urano em Aquário. Isto mesmo: Jorge Amado tinha nada menos que cinco planetas em domicílio em sua carta natal, cujo horário exato desconhecemos, mas que, mesmo analisada como carta solar, permite preciosos insights sobre o potencial astrológico que justifica uma das mais bem sucedidas carreiras literárias do século XX.
Em primeiro lugar, há que notar a Lua em Câncer. A Lua é importante no mapa de todos os escritores, por ser um símbolo da imaginação, da memória e do padrão de resposta emocional aos estímulos do ambiente. Mercúrio é um significador da fala e dos atos de linguagem, mas é a Lua que define muito do mundo interior que salta da memória para as páginas e cria um laço de empatia com o leitor.
A Lua pode ser comparada a um grande espelho. Em Câncer, seu signo de domicílio, este espelho é especialmente retentivo, tornando-se capaz de guardar e refletir imagens acumuladas desde a mais tenra infância. Signo das raízes familiares e do vínculo com os ambientes da primeira fase da vida, Câncer deu a Jorge Amado uma qualidade que, sem ele, talvez jamais tivesse merecido a invenção de um neologismo: a baianidade. Jorge Amado tornou-se universal porque conseguiu compartilhar sua memória afetiva e foi ele, mais do que ninguém, quem colocou a Bahia como um marco obrigatório do imaginário nacional.
Ilhéus, com seus coronéis e fazendas de cacau, é o cenário de boa parte dos romances da primeira fase do escritor. Mais tarde o ambiente se amplia, mas continua a focalizar a temática regional. Foi assim que os terreiros de candomblé, as comunidades de pescadores e os tipos populares do Recôncavo ganharam o mundo. Para entender melhor a mágica transição do regional para o universal, é preciso observar que a Lua não está sozinha em Câncer, mas que forma uma conjunção com Netuno, planeta significador do sonho, da dissolução das fronteiras e da imaginação elevada à última potência. A conjunção Netuno-Lua tem uma conotação universalizante, capaz de criar uma cumplicidade entre o escritor e leitores de contextos culturais muito distantes. Um deles foi o cineasta Roman Polanski, que, da sua fria Polônia natal, lera Jorge Amado na juventude e apaixonara-se pela Bahia. Gabriela, Tieta e Teresa Batista não são personagens construídas a partir de um rigoroso perfil psicológico, mas sim frutos de voos de imaginação, com toda a dose de sedução que só um delírio netuniano pode ter.
Mas há também Mercúrio em Virgem, retrógrado e formando quadraturas com Saturno em Gêmeos e Júpiter em Sagitário. À primeira vista, e traduzindo ao pé da letra a simbologia das interações planetárias, podemos pensar: Mercúrio em Virgem, chato e detalhista como ele só, em quadratura com um planeta tão restritivo quanto Saturno? Deve ser o mapa de um redator de manuais técnicos! Ocorre que Mercúrio neste seu domicílio de Terra não é necessariamente detalhista e enfadonho. A expressão-chave para compreendê-lo é disciplina intelectual. Por causa desta configuração Jorge Amado conseguiu desenvolver uma rotina de trabalho produtivo com a palavra, transformando-se num operário do romance capaz de desovar livros no mercado com a regularidade de um artesão medieval.
Afligido pela quadratura com Saturno, Mercúrio tem uma necessidade ainda maior de precisão. A escolha da palavra exata torna-se uma obrigação. O perfeccionismo eleva-se a níveis tensos, compelindo o escritor a exigir o melhor de si. E que não nos enganem as fotos do escritor vestindo bermudas e a produzir best-sellers no conforto de uma casa à beira-mar: cada livro de Jorge Amado deve ter sido fruto de suor e paciência, planejamento minucioso e incontáveis revisões. Saturno também salvou Jorge Amado de perder-se nas piores possibilidades da quadratura Mercúrio-Júpiter, que, se indica uma tendência ao estilo hiperbólico e generoso realmente presente em sua obra, induz, por outro lado, ao dogmatismo, à superficialidade e à dispersão intelectual. Com a disciplina imposta por Saturno, a quadratura Mercúrio-Júpiter manifestou-se de maneira mais produtiva, o que podemos perceber na evolução das diversas fases da carreira do escritor.
Júpiter, Saturno e o engajamento político
Júpiter e Saturno são dois planetas vinculados à esfera da atuação social do indivíduo. Falam de sua inserção na comunidade, tanto em termos de vinculação a um ideal maior – o partido político, o sindicato, o projeto coletivo – quanto das responsabilidades que tais vínculos implicam. Jorge Amado corporificou a configuração Mercúrio-Júpiter-Saturno na década de 30, quando Netuno em trânsito formou conjunção a Mercúrio em Virgem e ativou por quadratura os outros dois planetas. Corresponde ao trânsito o ingresso de Jorge na faculdade de Direito, em 1931, mesmo ano em que lança O País do Carnaval, seu primeiro livro. Em 1933, surge o romance Cacau, que é apreendido pela censura e liberado logo depois para esgotar-se em apenas 40 dias. É o período também em que Jorge Amado adere ao Partido Comunista e torna-se um admirador de Luís Carlos Prestes, o que o obrigará a arcar com as consequências de sua militância: em 1937, já filiado à Aliança Nacional Libertadora, é preso e submetido a interrogatório. No mesmo ano em que lança Capitães de Areia, seu livro de maior sucesso até hoje, é obrigado a partir para o exílio no Uruguai, de onde só retorna em 1942, para ser novamente preso por um período de três meses, em plena ditadura de Vargas.
Naqueles anos, Netuno transitava lentamente por Virgem. Ao atingir Mercúrio em 1931, revela o escritor com preocupações sociais. Ao ativar Marte em Virgem, nos anos subsequentes, desperta também o militante político, o “escritor subversivo” que adere à utopia socialista e combate o regime autoritário do caudilho Vargas. Nos mesmos anos, Plutão transitando em Câncer cruza a conjunção natal Lua-Netuno, significando um período de aprofundamento e radicalização de posições. É a fase dos romances de cunho social, que utilizam a ficção para denunciar a realidade perversa das desigualdades socioeconômicas e do poder intocado dos coronéis. Netuno-Marte, diga-se de passagem, é um aspecto característico do cruzado, daquele que combate (às vezes de forma sacrificial) por uma causa maior.
Se observarmos as progressões secundárias, tudo isso ganha novas confirmações. 1931, ano da estreia em livro e do ingresso na faculdade, corresponde ao momento em que o Sol progredido atinge Mercúrio em Virgem, afetando também por quadratura Saturno e Júpiter. Jorge Amado tinha não mais do que 19 anos, mas o chamado para a carreira de escritor e político já se tornara irreversível.
Político? Sim. Em 1946, após a queda de Vargas, Jorge Amado elege-se deputado federal pelo Partido Comunista, o que o leva a interromper a atividade literária por dois anos. Em 1948 tem o mandato cassado e busca o exílio em Paris, de onde será expulso em 1950. Daí segue para Praga e viaja diversas vezes à União Soviética, onde acompanha o lançamento local de seus livros e recebe o Prêmio Stalin de Literatura. Só retornaria ao Brasil em meados dos anos 50. Os anos essenciais para compreender esta faceta da vida do escritor são aqueles que medeiam entre 1931 e 1937, quando uma sucessão de trânsitos, progressões e arcos solares ativam fortemente o Mercúrio natal, planeta que consideramos chave para a compreensão da carta do criador de Gabriela. Por outro lado, Netuno é também de vital importância, sendo responsável pela motivação utópica que o levou a desafiar o regime e a enfrentar a prisão e o exílio. Em 1937, por exemplo, ano em que completa 25 anos e sofre a primeira prisão, Jorge Amado acabara de passar pela conjunção de Netuno ao Sol por arco solar. Já a fase da expulsão de Paris e de aproximação com o regime soviético, no final dos anos 40, é caracterizada por um trânsito de radicalização: a passagem de Plutão sobre o Sol leonino.
Anos 50: Netuno, Urano e mudanças temáticas
O retorno ao Brasil, nos anos 50, parece trazer a Jorge Amado um novo estímulo e uma guinada em sua temática. É a fase do trânsito de Urano em Câncer sobre as posições natais de Lua e de Netuno. Como Urano tem uma função libertadora, Jorge Amado livra-se neste período da obrigação de ser um escritor engajado, a serviço de uma causa social e da transformação de consciências. As questões sociais continuarão presentes, se bem que não mais de maneira tão ostensiva e panfletária. A literatura deixa de ser um instrumento político e transforma-se num fim em si. Novamente, uma ativação netuniana anuncia a mudança: entre 1952 e 1955, Netuno vai atingindo sucessivamente, por arco solar, os três planetas da configuração mais importante do mapa do escritor – Mercúrio, Saturno e Júpiter – do que resulta uma literatura menos comprometida com o realismo estreito e pronta para deixar fluir os conteúdos da invenção ficcional. Os frutos começam a aparecer no fim dos anos 50 e prosseguem pela década seguinte com Gabriela, Cravo e Canela, A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água, Os Pastores da Noite e Dona Flor e Seus Dois Maridos. A conjunção de Urano em trânsito com o Sol e logo em seguida com Vênus natal parece ter também um papel importante como detonador do que Jorge Amado tinha de mais leonino.
As obras desta época são fortes, coloridas, ensolaradas, fixando definitivamente a imagem da Bahia como uma terra exuberante povoada de mulheres sensuais. Gabriela, por exemplo, torna-se um ícone da mulher dos trópicos, e é curioso notar que Jorge Amado tinha o Sol em conjunção com Vênus no mapa da Independência do Brasil, sendo Vênus em Leão exatamente o símbolo do padrão feminino presente no imaginário nacional, enquanto Urano, regente moderno de Aquário, é o regente do Ascendente do país (autoimagem). Em outras palavras, Jorge Amado, através de Gabriela e outras protagonistas de seus romances, ajudou a lançar luz sobre um padrão de comportamento feminino que já estava presente no cotidiano do país, mas não de forma tão explícita. Ao descobrir que gostava de Gabriela, o Brasil tomou consciência de quanto gostava do toque exuberante de Vênus em Leão.
Em 1961, quando Júpiter e Saturno em trânsito formam oposições sucessivas a Netuno natal e Plutão em trânsito chegava à posição natal de Mercúrio, Jorge Amado é eleito para a Academia Brasileira de Letras. Estava com 49 anos e já era, na época, talvez o único escritor brasileiro que vivesse apenas de direitos autorais.
José A. Baptista diz
Sou de opinião que não se deve fazer análises astrológicas de uma pessoa sem saber a hora exata do nascimento dela e nem mesmo definir o ascendente solar para ela, ascendente este que é revelado pela exata hora do nascimento do Sol no lugar onde a pessoa nasceu. Contudo, como tudo já aconteceu fica fácil definir um perfil astrológico para a pessoa, mesmo não sabendo os dados corretos do nascimento da mesma. Aqui no caso do Jorge Amado, ascendente solar em Leão à 17 graus e 20 minutos, para um nascimento da estrela Sol às 05h. e 59m. de 10/08/1912.
Já quanto o ascendente natal, segundo minhas análises utilizando-se o método CAL (Código Astral Natal), concluí que o signo Ascendente no nascimento de Jorge Amado pode ser Aquário à 28 graus e 13 minutos (28º 13’ ou 338º 13’), hora do nascimento: 18h. e 10m.; ou então, Ascendente em Peixes à 06 graus e 15 minutos (06º 15’ ou 336º 15’), hora do nascimento: 18h. e 43m., um sábado. Aqui, a “concepção” ocorreu em “01/11/1911 à 01h.14m. e/ou às 13h.20m.” (Quinta-feira), Ascendente Lunar (posição da Lua em Aquário/Peixes mais o Ascendente [ou Descendente] da concepção conjuntos), à 28º 13’ (328º 13’ – Aquário) e/ou à 06º 15’ (336º 15’ – Peixes). Também aqui, o MAC (Mapa Astral Concepção) de Jorge Amado, que tem o signo de Aquário ou Peixes regendo a CA1 (Casa Astral 1), mais Quíron e a Lua conjuntos; Descendente em Leão à 28º 13’ e/ou em Virgem à 06º 15’.
Já há um bom tempo que venho observando que os astrólogos(as) brasileiros ficaram dependentes dos sites astro.com e astrotheme, no que se refere a montar mapas astrais de personalidades brasileiras ou não, sobre a hora do nascimento. Ou seja, se esses dois sites desconhecem a hora do nascimento dessas pessoas – como aqui no exemplo: Jorge Amado –, esses astrólogo(as) ficam de mãos atadas, e isso é ruim – muito ruim.
À partir das informações contidas no livro “Astrologia Revelada” desenvolvi o meu próprio método astrológico que chamo de CAL (Código Astral Lunar), já que todo o processo para descobrir a hora do nascimento e, ou então, retificá-la, se utiliza-se a fase da Lua no nascimento, primeiramente, para em seguida, utilizar a fase da Lua na concepção, principalmente.
Se todos os astrólogos(as) brasileiros – e os não brasileiros também – deixassem o orgulho de lado e lessem o livro “Astrologia Revelada”, escrito por Jefferson T. Alvares, com certeza não ficariam dependentes de sites como astro.com e o astrotheme, como se fossem iniciantes em astrologia.
É dolorido escrever isto, mas alguém tinha que fazê-lo – e sobrou pra mim! Dois grandes problemas no Brasil com relação a Astrologia: Primeiro é que cada astrólogo(a) se acha melhor que o outro – mas existem algumas exceções –; Segundo se refere “quantidade” de astrólogos(as) existentes no Brasil. E como é sabido por praticamente todos, “quantidade” nunca foi sinônimo de “qualidade”, principalmente no que tange a Astrologia, sendo por isso que ela é mais difamada que elogiada.