Futebol — É o esporte mais popular do planeta, e o que desperta maiores paixões. Toda sua linguagem relaciona-se com dois universos, o erótico e o militar. A terminologia militar está presente em conceitos como ataque e defesa, ponta-de-lança, artilheiro, esquadrão (time), disciplina tática, tiro (chute) e tantos outros.
Já a conotação erótica é patente no jargão dos locutores esportivos, que, pelo menos no Brasil, esmeram-se nas expressões de duplo sentido: “pimba na gorduchinha” (a bola), “entrar com bola e tudo”, “vazar a rede do adversário”, “agasalhar a pelota” (referente ao goleiro), “acariciar a pelota” (antes de bater um pênalti), “dar um trato na bola” ou “a bola gosta de jogador que sabe tratá-la”, “a nega tá lá dentro” (do gol adversário) e assim por diante.
Dentre os torcedores, homens identificam-se normalmente com os grandes atacantes goleadores (simbolicamente, homens viris e promíscuos que “traçam” todas as mulheres que encontram), enquanto a torcida feminina prefere os goleiros: simbolicamente, estes fazem o papel do homem fiel que defende a mulher possessivamente da agressão dos outros machos; é de se notar também que o goleiro pode usar as mãos – a carícia – enquanto os outros jogadores limitam-se aos chutes e cabeçadas – a agressão).
Alguns goleiros, como Raul e Leão, que defenderam a seleção brasileira na década de setenta, chegaram a ter torcidas femininas próprias, fato extremamente raro na vida de um atacante. Todo este conjunto de referências erótico-militares lembra Marte em seu domicílio em Escorpião. Já a supervalorização dos pés e das chuteiras (“A seleção é a pátria em chuteiras”, como dizia Nelson Rodrigues) fala de uma regência pisciana, já que Peixes é o signo a que se atribui esta parte do corpo. Finalmente, o sentido coletivo do futebol (originalmente, Football Association) é um traço aquariano. Temos então uma tripla regência Escorpião-Aquário-Peixes, bastante compatível com a própria fixação do brasileiro por este esporte, como veremos a seguir.
Basquete — É um esporte para gigantes, sendo que muitos atletas apresentam o físico avantajado (grandes e pesados, com perfil jupiteriano), enquanto outros destacam-se pela flexibilidade e agilidade (corpo longilíneo, esguio, fino, com braços e pernas desproporcionais). O importante são as extremidades do corpo: os braços (habilidade manual, precisão nos arremessos) e as pernas (a impulsão para os saltos).
A maior parte do tempo a bola está no ar, e o movimento é permanente. O fato de jogarem cinco atletas em cada equipe é outro fato significativo, sendo o cinco um número mercuriano. Sem dúvida, este esporte que exige rapidez vertiginosa de reflexos e de movimentos está no eixo Gêmeos-Sagitário.
Vôlei de quadra — É um esporte de competição, mas que, ao contrário do basquete, handebol ou futebol, não exige contato físico entre os adversários. Os movimentos são sempre ascendentes e a bola está no ar a maior parte do tempo. Tais características são compatíveis com os signos aéreos.
O sentido de equipe é essencial: joga-se com o time e para o time. A própria quadra, com a rede ao centro, lembra o simbolismo da balança, com o fiel e os dois pratos. É um esporte regido por Libra, fato visível inclusive no biotipo dos atletas, pois a tendência é que o vôlei auxilie no desenvolvimento de corpos proporcionais e atraentes, sem os desequilíbrios tão comumente encontradas no basquete (corpos excessivamente longilíneos), no futebol (hipertrofia da musculatura da perna), na natação (ombros excessivamente largos), na ginástica (baixa estatura e coluna arqueada) e assim por diante.
O vôlei cria atletas reconhecidos tanto pelo público masculino quanto feminino como ideais de beleza física (Vênus). Paula Pequeno, Giovane, Maurício e Leila foram exemplos de jogadores que provocaram suspiros em torcedores do sexo oposto, algo difícil de acontecer em outros esportes, com raras exceções.
Vôlei de praia — Ao contrário do vôlei de quadra, o vôlei de praia é uma atividade solar, alegre (as torcidas são normalmente as mais festivas, coloridas e bem humoradas dentre todas as modalidades olímpicas). O fato de serem apenas dois jogadores em cada equipe acentua o papel do jogador como “vedete”, permitindo maior destaque individual. Contra o pano de fundo da regência libriana do vôlei, emerge um forte sentido leonino. Portanto, uma dupla regência Leão-Libra parece-nos adequada ao vôlei de praia.
Os esportes e as cartas do Brasil: país do futebol ou do vôlei?
Desde que foi introduzido no país, no final do século XIX, o futebol ganhou um número cada vez maior de adeptos, a ponto de tornar-se uma avassaladora paixão nacional. A “ditadura” do futebol em parte foi responsável pelo descaso em relação a outras modalidades, quadro que começou a ser revertido gradualmente com a popularização do automobilismo, na década de setenta, e do vôlei, nos anos oitenta. O Brasil chegou ao final do século XX como o país do futebol, do vôlei e dos autódromos (o basquete e o boxe sempre tiveram seu público fiel, mas restrito).
Deixemos de lado os bólidos de Fórmula 1 e concentremos a atenção nos esportes olímpicos: o gosto pelo futebol está perfeitamente representado no mapa da Independência, onde ascendem os últimos graus de Aquário e boa parte de Peixes ocupa a casa 1. Escorpião, naturalmente, ocupa o Meio Céu. Ainda mais: Marte, o planeta da atividade física, também se encontra em Escorpião, fechando o circuito, de forma que todos os significadores do futebol estão em destaque no mapa da Independência. E a primeira Copa do Mundo conquistada pelo país, em 1958, aconteceu exatamente sob a ativação de Marte da Independência por Netuno em trânsito.
Já a paixão pelo vôlei, ainda recente, tem um enraizamento paradoxalmente muito mais arcaico, já que se relaciona com o próprio mapa do Descobrimento. Admitido um Ascendente libriano para a carta do avistamento da terra por Pedro Álvares Cabral, e admitida a regência libriana para esse esporte, percebe-se porque o Brasil identificou-se tanto com o vôlei, a ponto de transformar-se numa das grandes forças mundiais nas quadras.
O impulso decisivo para a popularização do vôlei e elevação de seus principais jogadores à categoria de ídolos nacionais ocorreu exatamente no final dos anos setenta e início dos oitenta, quando Plutão, corregente do Ascendente da Colônia (Escorpião interceptado na 1), aproximava-se do Ascendente daquela carta, nos últimos graus de Libra. Em 1980, numa partida promocional com a seleção americana, a seleção masculina brasileira conseguiu atrair mais de cem mil pessoas ao Maracanã, cujo gramado abrigou uma quadra improvisada. Foi um recorde mundial de público.
Tanto o futebol como o vôlei são esportes coletivos, onde o sentido de equipe prevalece sobre os recursos individuais. Em ambos os mapas, o do Descobrimento e o da Independência, o Sol está na casa 7, a das associações, implicando interação e coordenação de esforços. Aliás, como a força do Brasil está nos esportes coletivos, explica-se por que jamais teremos muito o que comemorar nas Olimpíadas, onde a maioria das medalhas vem dos esportes individuais, especialmente do atletismo e da natação.
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