O período 1967-1973 foi crítico para o campeão mundial de pesos-pesados: com o título cassado e proibido de lutar em função de suas posições políticas, Muhammad Ali enfrenta a América e dá a volta por cima, mas sofre sua primeira derrota no ringue.
Muhammad Ali x EUA
Este artigo é o terceiro de uma série, cobrindo toda a carreira de Muhammad Ali. Não deixe de ler as origens do mito, que analisa a carta natal do boxeador.
1942-1954: Muhammad Ali, as origens do mito
1959-1966: o Islã e a glória olímpica
1967-1973: Muhammad Ali, o inimigo da América
1973-1999: da luta do século ao mal de Parkinson
1967 não seria menos conturbado. Num período inferior a dois anos, Muhammad Ali já havia colocado o título dos pesos-pesados em disputa nove vezes, o que indica uma agenda puxada para um campeão. Ali lutava nos EUA, Canadá, Inglaterra e Alemanha vencendo os oponentes e unificando categorias.
Não há como separar o auge do impacto de Muhammad Ali no convulsivo cenário dos anos 60 da conjunção-síntese dos eventos da época: Urano-Plutão em Virgem.
A título de simplificação, poderíamos dizer que a conjunção entre Urano e Plutão no signo de Virgem representou uma transformação e um confronto radical de hábitos, ordens as mais diversas e sistemas. Muhammad Ali, possuidor de um Grande Trígono entre Sol-Saturno-Urano-Netuno em signos de Terra, emerge como uma das lideranças precoces de sua geração justamente quando a conjunção se formava no Céu.
Entre os anos de 1964-68, quando Urano e Plutão estiveram juntos, Ali se torna campeão mundial, derrota todos os desafiantes, unifica títulos, converte-se ao Islã e muda seu nome, ganha muita fama e dinheiro, é reconvocado para as forças armadas negando-se em seguida a lutar no Vietnã. Em 1967 especificamente, é proibido de lutar e tem o título cassado (por negar-se a ingressar no exército no ano anterior), além de casar-se novamente.
A conjunção Urano-Plutão mexeu em dois temas cruciais da sociedade norte-americana: o problema da cidadania dos negros, envolvendo o que ficou conhecido como a “campanha pelos direitos civis”, e a perda do orgulho em servir ao exército por parte de seus jovens, contrários à Guerra do Vietnã. Muhammad Ali esteve no centro desta conturbada fase da vida norte-americana.
No retorno solar de 1967 vemos Mercúrio [dispositor das casas II e XI] em conjunção exata ao Sol natal. Ali estava rico e havia conquistado uma sólida e vitoriosa carreira [casa II] e enorme projeção social, com consequências políticas diretas [casa XI]. Mercúrio e Sol tinham um trígono com a conjunção Urano-Plutão na casa II, reiterando o enriquecimento e uma identidade voltada para as mudanças sociais de seu tempo. Ali falava, e muito [Sol-Mercúrio]. Reclamava, acusava, combatia, liderava e demonstrava ter uma desenvoltura muito grande com o marketing e a autopromoção, além de uma teimosia e convicção impressionantes. Depois de Martin Luther King, Jr e Malcolm X, foi a maior liderança do movimento negro norte-americano de seu tempo. O Ascendente do retorno solar cai sobre o Nodo Norte natal.
Naquela época, Netuno aplicava sextilha para o Sol, caracterizando sua sintonia religiosa e étnica baseada em fundamentos de uma mesma origem em comum. Saturno, da casa VIII, fazia o mesmo, tornando Ali “convicto” de sua “transformação” e alicerçando a opção que inspirava sua vida através de um trígono com o próprio Netuno. Uma oposição de Júpiter em Câncer à conjunção Sol-Mercúrio revela um ritmo de vida intenso e acelerado. Mas o mesmo Júpiter, na casa XII, fecha um Grande Trígono com Netuno na IV e Saturno na VIII. Temos aqui um forte indicativo de convicção espiritual e emocional com as escolhas que fizera.
Porém, uma Quadratura T formada pela Lua em Áries, Marte em Libra [exilado] e Sol-Mercúrio simboliza a cassação do direito de lutar e dos seus títulos. Envolvendo as casas III, VI e IX, ela implica diretamente o direito de trabalhar [Sol na casa VI]. Por outro lado, o Meio do Céu do retorno solar está sobre Júpiter natal e, numa outra ótica, a cassação era fruto justamente de sua opção pela independência e em defesa de suas convicções. Vênus estava em trígono com Júpiter natal e Meio do Céu da revolução solar, e Muhammad Ali viria a se casar novamente. Desta vez um casamento mais longo e quatro filhos.
No dia 28.04.1967, em Houston (Texas), Muhammad Ali compareceu a uma audiência no exército tendo em vista sua negativa em ingressar nas tropas que lutavam no Vietnã. Após ser chamado pelo nome de “Cassius Clay” três vezes, Ali continuava a se recusar a dar um passo à frente, na apresentação. Um oficial advertiu-o de que estava cometendo uma falta passível de cinco anos de cadeia e multa de dez mil dólares. Em seguida, Ali novamente não se mexeu quando seu nome de origem foi pronunciado. No mesmo dia, a Comissão Atlética de Nova Iorque suspendeu sua licença para lutar. Outras associações estaduais seguiram a mesma decisão. Depois de ser cassado como boxeador federado, Ali fez duas lutas de exibição, ainda em 1967.
Em 1967, intensificava-se a oposição de Netuno em Escorpião na casa IV à conjunção Saturno-Urano na X. A conversão religiosa de Ali, ligada a suas raízes étnicas e que forjou uma nova identidade [Netuno na casa IV], entrava em choque com suas “responsabilidades civis” [casa X] ao negar-se a atender pelo nome de registro e a ingressar nas forças armadas. Sua carreira profissional também era atingida.
Dois meses depois do episódio acima, um júri declarou Ali culpado numa rápida sessão. Ele ganhou a sentença máxima. Depois de uma corte de apelação revogar a prisão, o caso foi para a Suprema Corte. Neste período, crescia a oposição popular à guerra e o apoio ao pugilista. Ali então montou um restaurante chamado “Champburger” e passou a dar conferências em universidades pelo país. Joe Frazier, que ganhou o título dos pesos-pesados durante o impedimento de Ali, ajudava o colega de profissão dando assistência financeira.
Como vimos, a Quadratura T do retorno solar de 1967 entre Sol, Mercúrio, Lua e Marte envolve as casa III, VI e IX. Ali ficava proibido de lutar não apenas em seu país, mas também no exterior (a Associação Mundial de Boxe seguiu a determinação norte-americana) e corria sério risco de ir para a cadeia se a Suprema Corte o condenasse no julgamento ainda por ser marcado. A longa espera era um tormento.
Na ocasião, Ali estava convicto de que estava no seu direito de não lutar na guerra em virtude de sua doutrina religiosa, o que seria um direito garantido em lei pela Constituição norte-americana. Durante três anos e meio Muhammad Ali não pôde lutar, adquirindo respeito e ódio da sociedade norte-americana.
Na vida privada, desta vez a noiva era Belinda Boyd que já era muçulmana. Ali fez com que ela mudasse o nome para Khalilah Ali após o casamento, mas a família e os velhos amigos continuaram a chamá-la pelo nome original. Seus filhos receberam os nomes de Maryum (1968), Jamillah e Liban (1970) e Muhammad Ali Jr. (1972). Os dois casaram-se em 17.08.1967 e Belinda tinha apenas 17 anos.
Ali celebra o matrimônio com o Sol outra vez sobre o Ascendente, mas desta vez acompanhado de Júpiter e Mercúrio. Belinda une-se a ele e passa a seguir a religião islâmica de modo ainda mais rigoroso, por influência de seu marido. Saturno [co-dispositor da casa VII] estava na casa IX e em trígono com Mercúrio-Júpiter, indicando a importância da questão religiosa para a consumação do casamento. Marte, na casa IV, estava em conjunção ao Fundo do Céu e Netuno, e os três recebiam quadraturas do stellium em Leão. Assim, estava fechada uma Grande Cruz com Saturno-Urano e os planetas em Aquário, nas casas VI e VII. Esta configuração sugere um certo radicalismo religioso permeando o lar e a família do novo casal, além do impasse envolvendo a suspensão do direito de trabalhar. Induz a pensar ainda que, naquele momento, Muhammad Ali se sentia como um guerreiro aprisionado e cheio de cólera, posto que tinha sido impedido de continuar a sua gloriosa carreira [Marte em conjunção com Netuno e o Fundo do Céu]. Júpiter [dispositor das casas V e VIII] estava muito próximo ao Ascendente e, junto a Mercúrio, condiz com a prole numerosa de Muhammad e Khalilah.
Vênus em Virgem aplicava trígono exato ao Meio do Céu, assinalando a intenção de se casar. Uma quadratura também exata com Júpiter natal sugeria [junto com os outros aspectos, especialmente o modo tenso como Marte-Netuno se apresenta] a possibilidade de que viesse a ter casos extraconjugais. A Lua, sobre o Sol natal na noite do casamento, dá a dimensão de um “novo começo”. Vênus, em conjunção com Plutão e o Nodo Norte natal, passa a mesma ideia, principalmente em se tratando de um casamento [Lua e Vênus]. Marte natal, por sua vez, recebia a conjunção do Nodo Norte, abrindo caminho para uma nova experiência como marido e homem.
A reconciliação e o retorno
No final de 1970 Ali estava perto de completar 29 anos (não competia desde os 25) e a Suprema Corte enfim aceita, pressionada pela opinião pública, a justificativa de que Muhammad Ali poderia abster-se de lutar na guerra por suas convicções religiosas, e o absolve. Sem entrar nos ringues nos anos de 1968-69, ele chegou a dar 4 exibições em 1970. O grande retorno, quando venceu Jerry Quarry por nocaute no terceiro assalto, ocorreu em Atlanta, em 26.10.1970.
A cidade de Atlanta fica no estado da Geórgia, tradicionalmente conhecido pelo racismo e como símbolo da resistência ao movimento pelos direitos civis. Como lá não havia uma federação estadual de boxe Ali podia lutar, o que nos estados com federações não era permitido. De qualquer modo, com a absolvição da Suprema Corte o fim do veto das federações e demais associações de boxe era questão de tempo.
Muhammad Ali aproveitou-se do fato de Jerry Quarry ser branco – ele era chamado de “a última esperança branca” no boxe – e investiu pesado no marketing da luta, tendo em vista dar uma conotação de confronto racial. Colocando mais polêmica no evento, a luta seria na Geórgia, tornando-se também uma espécie de ato político. A casa onde Ali estava hospedado chegou a ser alvo de tiros. Ali voltava aos ringues mais provocador e abusado do que nunca.
Na noite da luta, Lua e Plutão aplicavam conjunção com Netuno e estabeleciam um trígono com o Sol natal. Ali renascia para o boxe. O pugilista passava por seu primeiro retorno de Saturno, naturalmente ocupando a casa X e envolvendo sua conjunção Saturno-Urano natal [Saturno é dispositor do Sol na casa VI, do trabalho, e da casa VII, dos confrontos e adversários]. A passagem do Nodo Norte pela casa VII sinaliza a liberação (praticamente garantida, depois da absolvição na Suprema Corte) para voltar a enfrentar adversários e competir. Uma conjunção Marte-Urano [liberdade para um atleta] em que o último formava trígonos com Lua, Mercúrio e Júpiter, reitera o momento favorável. Sol, em conjunção exata com Mercúrio [dispositor das casas II e XI], indica o prenúncio de nova fase em sua vida material [II] e o fim do litígio envolvendo as associações profissionais de boxe [XI]. Uma conjunção entre Júpiter e o Fundo do Céu natal e uma outra entre Vênus e Netuno na casa IV representavam a vitória final da opção étnica/religiosa de Muhammad Ali. Vênus-Netuno posiciona-se harmonicamente diante do Grande Trígono de elemento Terra nas casas II, VI e X.
Nos dias que antecederam a luta Marte aplicou conjunção a Plutão e a Netuno natal de Ali, revelando as tensões e o atentado sofrido em Atlanta. Restava ainda, entretanto, o OK da Associação Mundial de Boxe, que viria no ano seguinte.
Finalmente no dia 08.03.1971 Ali pôde desafiar o campeão que lhe ajudara financeiramente, Joe Frazier, e disputar novamente o título mundial, que lhe havia sido tomado.
A promoção envolvendo o combate – afinal, Ali estava de volta e invicto há dez anos e Joe Frazier também nunca havia perdido – foi a maior até então, sendo chamada da “a luta do século”. Cada lutador embolsou US$ 5 milhões (uma soma inédita), mas o ônus final foi de Ali, que sofreu ali a primeira derrota de sua carreira.
Frazier, que ajudara Ali durante a interrupção das lutas fazendo comerciais com ele e mantendo-o no meio profissional do boxe, recebera na época elogios do ex-campeão, dizendo que seriam amigos até a velhice. Mas quando a luta foi marcada, tudo mudou. Ali manteve o velho estilo de provocações desancando Frazier, que não tinha um décimo da desenvoltura do rebelde pugilista. O relacionamento entre ambos rapidamente se deteriorou.
Ali apelidou Frazier de “Uncle Tom” (um ajetivo altamente pejorativo entre a comunidade negra) e disse que se qualquer negro apoiasse seu rival seria um traidor da raça, posto que Frazier tinha vários brancos em seu staff. Ora, quem traiu foi Ali [traições cabem muito bem para um tipo como ele, vide a Quadratura T entre as casas VI, IX e XII].
Frazier, irado, treinou como nunca. Numa luta brutal, Frazier ganhou por pontos após quinze assaltos, uma decisão unânime dos jurados. Ia por terra uma invencibilidade de 31 lutas em quase 11 anos. Ali admite que na preparação da luta foi arrogante e displicente e “perdeu por se preocupar em falar mais do que treinar”.
Vejamos agora os trânsitos da luta. A bolsa altíssima e inédita que Ali faturou está intimamente relacionada à passagem de Plutão sobre Netuno, na casa II, ativando o Grande Trígono natal. Mas, além do dinheiro, Ali levou apenas uma grande lição e a primeira derrota nas costas.
A Lua estava no final da casa XII na noite do combate, aproximando-se do Ascendente. O ego de Ali estava em alta. Esta luta, a que teve o trânsito do Nodo Norte mais próximo da cúspide da casa VII e de Vênus, teve o oponente como vencedor, o primeiro boxeador a derrotá-lo. É interessante observar este evento específico de sua carreira tendo em vista a antiga amizade entre os dois, que azedou, e a língua solta e provocadora de Ali, simbolizada pelo stellium em Aquário. Uma das grandes lições de sua vida, sem dúvida. A invencibilidade é, para o boxeador, algo comparável simbolicamente à própria virgindade. Saturno, na casa X, estava seriamente afligido pela Lua, o Eixo Nodal e em tensão com o stellium em Aquário. Marte, em quadratura com Plutão e Netuno natal, estava na casa V, indicando arrogância, e Vênus na casa VI em quadratura com Marte natal insinua uma preparação física aquém do necessário.
Em 1971, já liberado pelos tribunais desportivos, Ali vence Jimmy Ellis em 26 de julho e torna-se campeão da Federação Americana de Boxe. No dia em que volta a ser o campeão nacional, o Sol estava em conjunção com Plutão e a Parte da Fortuna, ressaltando sua agressividade e a fome de competir e vencer. Plutão em Virgem, por sua vez, seguia fazendo conjunção a Netuno natal, tendo a companhia da Lua. Lembre-se que no retorno de Ali ao boxe, na Geórgia, também havia Lua-Plutão sobre Netuno. Em suma: outra ativação importante de seu Grande Trígono.
Júpiter, na casa IV, aplicava oposição exata a Urano natal, sendo um aspecto importante numa luta de boxe posto que é capaz de liberar uma tremenda fonte de energia. Um circuito poderoso de aspectos harmônicos envolvia esta oposição, conectando-a com o Sol natal, Lua-Plutão e Netuno, além de Vênus em Câncer.
Mercúrio na casa I, num trígono com Marte natal, sugere preparo físico, agilidade, rapidez e boa variação de golpes. Marte, sobre a cúspide da casa VII e Vênus, dá a exata dimensão da importância da luta. Ali venceu por nocaute no décimo assalto.
Marte, em conjunção exata com Vênus e a cúspide da casa VII, sinalizava o importante combate. Lua e Plutão estavam sobre Netuno natal [a luta certamente lhe rendeu um bom dinheiro] e o Nodo Norte estava sobre a conjunção Lua-Mercúrio. Ali, enfim, reencontrava aos poucos o caminho das grandes vitórias.
Lutando em Família
Na noite de 1º de julho de 1972 Muhammad Ali viveu um episódio inusitado, quando fez uma exibição contra o próprio irmão, Rudy Clay, que é dois anos mais velho. O início da década de setenta marca, como já vimos, a conjunção de Plutão a Netuno natal na casa II, quando Ali passa a fazer um sem número de exibições, ganhando muito dinheiro. Na verdade, o showbiz esportivo havia se desenvolvido bastante desde o início de sua carreira e o pugilista desfrutava da popularidade para encher o caixa.
A exibição de Ali contra seu irmão marca o final da conjunção exata entre Plutão e Netuno natal e, por consequência, do trânsito de Plutão por um signo de Terra [Virgem] e dos momentos mais marcantes da passagem do planeta pelo Grande Trígono natal do boxeador. É importante ressaltar que o Nodo Norte aplicava conjunção ao Sol natal, formando trígonos com Plutão em Virgem e Netuno na casa II, e este é um momento importante para a compreensão da trajetória de Ali no período.
Nas Olimpíadas de Munique, naquele mesmo ano, atletas negros subiram ao pódio com luvas pretas e punhos cerrados em protesto. O grupo Panteras Negras dominava a cena da luta pelos direitos civis. Por outro lado, Muhammad Ali está cada vez mais envolvido com o showbiz e os grandes negócios esportivos. Milionário e uma referência no movimento de resistência negra, ele era, no entanto, cada vez mais parte do próprio sistema. De qualquer modo, o envolvimento de Plutão e do Nodo Norte no Grande Trígono natal de Ali revela transformações envolvendo os rumos e os significados pessoais atribuídos a sua própria vida.
Outro Grande Trígono aparecia no céu de Ali: Urano em Libra e uma conjunção Vênus-Saturno em Gêmeos [Vênus é dispositor da casa III] harmonizavam-se com o stellium em Aquário. É interessante observar que Vênus-Saturno em Gêmeos envolve a “luta” com seu irmão. Obviamente que este era um “combate” em que todos ganhavam. Contudo, Vênus-Saturno está em quadratura com o Eixo Nodal e a Lua em Peixes.
O Sol estava em Câncer [família] em oposição a Júpiter em Capricórnio [negócios], também simbolizando a “briga entre irmãos” em prol do faturamento a ser embolsado. Urano na casa III [irmãos] recebia quadratura do Sol. Finalmente, Mercúrio-Marte em Leão, outra combinação que alude a “conflitos” entre irmãos, estava sobre Plutão e Parte da Fortuna na casa XII, sendo a conjunção de Mercúrio, exata.
Ao longo de 1972-73 Muhammad Ali ainda faria muitas outras exibições, além de combates “oficiais”. Ele foi capaz de suportar 12 assaltos com o maxilar quebrado numa luta com Ken Norton, em 31.03.1973. Esta luta abre uma fase da carreira de Ali na qual Urano aplica quadratura ao Sol natal. Com mais de 30 anos, o boxeador enfrentava rivais cada vez mais jovens [Urano, codispositor da casa VII] em combates onde a tática principal era assimilar o maior número possível de golpes para fazê-los se cansarem e, nos últimos rounds, reverter o quadro. As sequelas de “boxeador tardio” viriam mais tarde, na década de 1980. Não importa: Muhammad Ali queria a qualquer custo recuperar o título cassado em 1967.
A maré não era das melhores. Ali torcera o tornozelo ao querer “revolucionar” o jogo de golfe tentando acertar o buraco com a bola em movimento, o que prejudicou seriamente a sua preparação. Ali acabou levando um soco no queixo quando estava com a boca aberta, no segundo assalto. Resultado: quebrou o maxilar e dois dentes da parte de trás de sua arcada. Mesmo resistindo até o final, perdeu por pontos e, pior, para um lutador tecnicamente inexpressivo e desconhecido, mas com um soco muito potente. Imediatamente após o combate, Muhammad Ali foi para a mesa de operações, numa cirurgia que levou 90 minutos. Para muitos, a carreira de Muhammad Ali havia chegado ao fim.
Saturno, o dispositor do Sol, fazia uma estreita quadratura com o Eixo Nodal de nascimento, cujo Nodo Sul recebia a companhia da Lua e de Mercúrio. Um sério acidente envolvendo a parte óssea e sua carreira entrava numa encruzilhada. Uma conjunção entre Marte e Júpiter, na casa VI, fechava uma Quadratura T com Marte, Plutão e Parte da Fortuna natais, indicando os acidentes que ocorreram antes e durante a luta, além da intervenção cirúrgica. Com Marte em Aquário, a Quadratura T era exata. Já vimos que a quadratura que Urano começava a formar com o Sol natal indicava uma fase em que as lutas castigariam cada vez mais a saúde do pugilista. Das dez lutas entre as derrotas para Frazier e Norton, todas foram contra lutadores inexpressivos. Ali estava cada vez mais desacreditado.