No final do ano de 2022, o ator Matthew Perry lançou sua autobiografia. A tradução para o português foi lançada no início de 2023 e eu, como fã de Friends (sim, há questões que hoje percebo preconceituosas, capacitistas e inadequadas, mas a série foi um sucesso inegável em sua época), devorei o livro em dois dias, em meio a muito trabalho e afazeres maternos e domésticos (dormir pra que, né?).
Resumo bem resumido: Matthew conta sua vida desde a infância, a luta contra o vício e suas ponderações em relação a si, como o pavor do abandono.
Impossível não procurar e abrir imediatamente o mapa de Matthew para acompanhar a leitura e achei alguns pontos bem interessantes. Não procurei análises e leituras anteriores de outros profissionais que obviamente existem, tampouco pretende discorrer sobre todo o conteúdo do livro. Só me diverti no processo e resolvi postar.
Em retrospectiva vejo que Chandler Bing (personagem de Matthew em Friends) se tornou ao longo das 10 temporadas da série o meu personagem preferido. Ler toda a narrativa de seu intérprete sobre as lutas travadas por ele contra o álcool e as drogas durante o mesmo período em que Chandler crescia, amadurecia e se tornava tão querido me levaram a uma viagem no tempo com lembranças de cada temporada, cada episódio (É, eu tenho os DVDs de todas elas).
Como ele diz no livro: “não era que eu achasse que seria capaz de interpretar “Chandler”; eu era o Chandler” (p.97) e “alguém que detesta o silêncio e precisa quebrá-los com piadas” (p.117).
- Sol e Ascendente em Leão: para quem já o assistiu em qualquer série, filme ou participação em programas na TV esse lado é bem evidente: Matthew “chega chegando”, ele brilha e as pessoas o aplaudem.
- Sol em quadratura com Netuno em Escorpião na casa 4 junto com a oposição Lua em Escorpião na 4 e Saturno em Touro na 10 parecem sintetizar perfeitamente a problemática da profunda insegurança dele, dos traumas familiares, das sensações de abandono e do escape pelas drogas em um nível mais que intenso. Vênus na casa 12 em trígono com Netuno também é indicador de prazer através dos vícios.
- A vontade de se relacionar, casar e criar família (Lua na casa 4) constantemente afetada pelo medo de se entregar e não ser suficiente, e ser abandonado (Saturno, corregente da casa 7, em oposição à Lua em Escorpião) sabotada por ideias de “ter que sair por cima”, “cortar antes de ser cortado” (Urano, regente da casa 7 em conjunção a Júpiter).
- O palco e a comédia como fonte de reconhecimento e admiração (Regente do MC que está em Áries na casa 5 em Sagitário somados ao Sol e Ascendente em Leão).
Friends vai ao ar pela primeira vez pela NBC em 22 de setembro de 1994, às 20:30:
- A Lua da estreia na casa 10 de Matthew mostrando a popularidade que ele e a série alcançariam.
- Urano e Netuno em Capricórnio na casa 6 do ator: trabalho (muito trabalho, com dedicação) diferente e divertido em trígono com o Mercúrio-Plutão em Virgem na casa 2 da carta natal (o talento para as “tiradas” sarcásticas no momento certo).
- Plutão da estreia em conjunção partil ao Netuno natal como uma possibilidade de transformar o vício – “Eu tinha que – porra, eu queria, desesperadamente – aparecer de manhã cedo em um emprego que mudaria minha vida, então bebi menos do que de costume” (p. 114) – (ou, por outro lado, aprofundá-lo).
No livro Matthew fala ainda sobre seus questionamentos a respeito dos motivos para de ter sido salvo da morte tantas vezes. Fala sobre o prazer de ajudar outros adictos no processo de desintoxicação e na confiança em Deus: seu mapa natal tem um grande trígono entre Nodo Norte em Peixes na casa 8, Vênus em Câncer na casa 12 e Netuno em Escorpião na casa 4 (em quadratura com o Sol em Leão na 1 indicando um possível propósito que o faz se sentir mais vivo).
Para mim, ao falar sobre todas as questões de forma tão humana e sincera, Matthew não só ajuda pessoas adictas, mas tantas outras envolvidas com problemas que talvez não as coloquem tão próximas da morte, porém que as afetem num nível tão profundo que se sintam abandonadas e sem saída.
E, para finalizar: Matt, sensacional ter mandado a revista People para o seu antigo professor Dr. Webb (“Se você não mudar esse comportamento, nunca vai ser alguém na vida” [p. 45]). Sorry, sou humana, tenho um filho na educação inclusiva e a falta de confiança e tato de professores (inclusivos ou não) para com crianças e adolescentes é algo que merece resposta.